❍ cuatro

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Promessas foram feitas para serem quebradas?
Então essa se juntará a lista?

DESTINADA.

Tantos times pela Europa e por que justamente esse teria de ser representante?

Nem no seu pior pesadelo se imaginaria trabalhando no mesmo ambiente que ele. Compartilhando o mesmo lugar. E quem sabe, até a mesma sala?

Era péssimo imaginar essas situações. Ainda mais agora que desempenha um "relacionamento" com o português. Ele havia a feito esquecer ao menos por um bom tempo desse seu penhasco interminável. Devolveu a consciência de que poderia seguir em frente sem se lembrar daquela noite mágica, tão mágica que a faz sonhar com ela até hoje. Pôde respirar novos ares sem pensar que é outra a quem está com ele.

Sem pensar que ele havia lhe esquecido tão facilmente, que quase entraria em um diálogo com o argentino para a ensiná-la esse método.

Era engraçado. Está relatando a desilusão amorosa na qual devem pensar que teria no mínimo cinco metros de distância dele. Se auto enganou-se, pois aqui estavam na mesma sala da residência da família.

Por que tem que inventar essas coisas agora? Por que? — Paulo comentava impaciente ao ter escutado uma conversa com sua mãe. E adivinhem? O argentino havia descoberto que a irmã esteve alguns minutos na mesma mesa que o colombiano. Talvez, a sua parcela de culpa nessa história tenha aumentado.

Paulo era bastante protetor, ainda mais se tratando de sua irmã caçula. O que é normal em todas as famílias. Ele afirmava que era por um bem maior, que assim ela não se sairia magoada por nenhum homem.

Mas, talvez ele não estivesse ciente de que a irmã já seja maior de idade, e que é inevitável não se relacionar com alguém.

Mesmo que, nem tenha chegado perto disso se tratando do colombiano. E também, mesmo que, a modelo quisesse muito que ficassem juntos.

É apenas um homem. — Alicia tentava o convencer de que o ocorrido não era nada demais. — Não tem mal algum nisso.

Um jogador. E todos sabemos como essa história irá acabar. Não esqueça da promessa que fizemos, nada de jogadores ou colegas meus. Pode ser algo irrelevante agora mas isso é para o seu bem. Muitos deles só pensam em apenas diversão.

E como pensam. — deixou se levar pela situação do momento mesmo que murmurando baixo, os componentes da sala de estar, tiveram uma audição bastante apurada fazendo com o que os olhares se desviassem totalmente para a garota.

Era incrível como o seu sistema funcionava.

O objetivo era evitar chamar atenção, mas como de costume as coisas parecem não saírem conforme o esperado. Ou o combinado. Não sabia. Elas sempre quebram o acordo de qualquer jeito.

Quebrar acordo.

Enganou-se plenamente pensando que eles voltariam ao foco principal da conversa e esqueceriam o pequeno incidente de falar coisas desnecessárias. Por alguns, a cena poderia ter prosseguido a diante. Para outros, achou que deveria permanecer naquela mesma base.

Queira ou não é o melhor a se fazer. É um risco na qual não permitirei que ela passe. Uma garantia de proteção...

Proteção é uma coisa. Querer decidir em quem ela irá ficar ou mandar no coração de alguém é outra totalmente diferente. — Não faz isso, não faz isso! — Você não acha que ela já está bem grandinha para tomar suas próprias decisões? — Ele sabe sim, para com isso garota! — Nem todos os jogadores de futebol pensam da mesma forma que você. — Kyara! — Agora, cabe a ela decidir se terá essa experiência de tentar ou não.

É, não foi por falta de aviso.

Afinal, o sistema anti-problema da sua cabeça funcionava maravilhosamente bem.

Paulo a olhava incrédulo. Talvez não crendo que aquelas palavras saíram mesmo da boca da brasileira. Não o culpava, afinal nem ela mesma estava acreditando. Todos estavam quietos demais para protestar alguma coisa. O argentino estava também quieto demais absorvendo todas aquelas, querendo ou não, indiretas. Pôde só então reparar no pequeno sorriso que se formou em alguma hora nas duas restantes mulheres da casa. Alicia e Eve. E mentalmente se perguntou o que continha de engraçado.

Está errada. Eu convivo o tempo inteiro com eles, acha que não sei do que estou falando? — faz uma pausa, enquanto se aproximava cada vez mais dela. — E para quê ter experiência se você sabe que aquilo é o errado? Não vê que outras pessoas já testaram e não deram certo? Aprende com o erro dos outros.

Os outros, não são todos iguais. Ninguém é igual, Paulo! Todos têm suas características próprias que as fazem distinguí-las um dos outros. Não é porque não deu certo com aquele, que dará errado para todas as pessoas do mundo. — cruzou os braços, convicta, e aparentemente com o sorriso nos lábios. — Você está errado.

O argentino a olha tão intensamente, que por um momento pensou que ele estivesse desvendando todos os seus segredos por trás de seus olhos. Mesmo que fosse desconfortável, não deixou transparecer.

Ele odiava ser contrariado.

E ela sabia perfeitamente disso.

Não vou perder meu tempo com você.

O silêncio se devastou sobre o cômodo e ambos não pensaram duas vezes em se retirar daquela cena cômica que até pode ser comparar ao de filmes. Alguém fala algo que não deve, duas pessoas começam uma pequena discussão enquanto os demais ficam apenas apreciando o espetáculo. O clima fica estranho. E alguém toma alguma atitude de ir embora por estar envergonhada depois de tudo.

Bom, acho que encontraram os seus papéis nessa trama.

Era estranho observar pelo vidro do automóvel que o estádio continuava intacto desde a última passagem pela vecchia signora. O seu último vestígio de presença foi pelo ano passado quando o time da casa eliminou o barcelona pela champions league com o placar de três a zero. E com direito a dois gols dele. Quando ainda estavam naquele mesmo lance. Um "relacionamento" nada comprometedor e nada sério.

Pelo o que presumia, seu empresário junto com os dirigentes da juventus já aguardavam a chegada dela na sala de reuniões. Conhecia basicamente todos os lugares de acesso e até os que não eram acessíveis por pessoas comuns. Entretanto, não a julguem. O argentino a fez conhecer esses lugares, nas quais podem terem sido conhecidas da melhor forma possível.

Agradeceu genuinamente a recepcionista a quem a guiou até a sala, cumprimentando a todos. Os argumentos para lhe convencer de fechar o contrato haviam se iniciado, mostrando-a todos os pontos tanto como do contrato como o o que era preciso saber sobre o assunto. Tentou afastar qualquer pensamento que fosse retirar sua atenção e se permitiu a entender tudo passo a passo.

Pensou na proposta e todos naquela sala almejavam uma reposta. Por fim das dúvidas, acabou agradando a todos fechando de vez o contrato e assinando em confirmação. Ela tinha uma outra empresa a prestar sua competência. E o mais engraçado, é que não tinha comentado com ninguém sobre esse assunto. Apenas em uma única coisa em que não parou para pensar, seria a reação dele ao saber que a qualquer momento poderiam se esbarrar em algum dos corredores.

De qualquer forma,

Estava ansiosa, mas ao mesmo tempo, desconfortável

Se essa possibilidade fosse comprovada.

ClandestinoWhere stories live. Discover now