❍ seis

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Pode pensar o que quiser.
Mas é ele quem rouba seus pensamentos

DESCONFIANÇAS.

Que perfume.

Seu cheiro estava espalhado por toda extensão do seu quarto, ainda escurecido mesmo presumindo que o amanhecer já estivesse chegado. Começou a questionar se era o seu cansaço ou realmente o jogador se esforçou para não fazer nenhum barulho se arrumando para o treino do clube italiano.

Rezava mentalmente para que ainda fosse cedo o suficiente, assim voltasse ao outro quarto sem que ninguém notasse. Já que não continha nenhum aparelho com horas, essa era a sua única opção a recorrer nesse momento.

Após algum tempo de preguiça, levantou-se e caminhou em direção a porta, de volta ao outro cômodo em que ela estava. Entretanto, para a sua surpresa, Paulo tinha deixado ela trancada. E quase não acreditou nisso.

Começou a vasculhar o seu quarto atrás de alguma cópia reserva. Se ele trancou por precaução caso alguém entrasse em seu quarto mesmo que achasse algo muito improvável — ou nem tanto, já que cartões e Eve se dão muito bem — e a vissem aqui, ao menos deveria ter dito que ela teria acordado no mesmo horário que ele para assim então retornar ao outro quarto. E mesmo sendo uma coisa errada era preciso achar uma chave que abrisse, pelo menos continuava a insistir que tinha uma outra chave. Procurava, em várias partes até que por um milagre dentro de uma caixinha exposta na estante, estava uma chave. Só torcia para que fosse a certa.

Sim, sua intuição nunca falha, pensou.

Depois de abrir e conseguir o que a modelo queria, tratou em colocá-lo de volta no mesmo lugar e para a sua tranquilidade ela não tinha feito bagunça enquanto procurava. Olhou para os lados se certificando de que não passaria ninguém ali. E cuidadosamente fechou a porta, conseguindo e cumprindo o seu objetivo.

Podendo respirar em paz

Ou talvez ainda não.

— ... Eu acho que essa garota morreu... Kyara! — tomou um susto ao ouvir o chamado de Eve do lado de fora do cômodo. Ainda mais que, após o término do banho, acabou notando uma marca um tanto indesejada em seu pescoço.

Se lembrou de ontem

A consciência pesa.

Escondeu, pondo os cabelos para o lado, enquanto os penteava e abria a porta para a mesma entrar. Ela olha estranhamente para a garota e analisa o lugar por completo buscando vestígios de algo suspeito. Caminha ao banheiro, olha dentro do guarda roupa e até mesmo em baixo da cama.

O que você está fazendo? — permitiu-se a questionar, já que quem estava começando a estranhar tudo aquilo era a própria.

Procurando. — continuou sem entender nada, até ela mesma ir olhar de trás da porta. — Mi hermano pode aparecer do seu esconderijo!

Que? — a olhou incrédula, gargalhando logo em seguida por tamanha paranóia. — Ele não tinha um treino?

Ah, é — ela senta na cama, suspirando desapontada. — Paulo foi mais rápido e saiu mais cedo pra evitar a minha inspeção. — Eve coloca sua mão no queixo pensativa.

De onde você tirou isso? Está doentinha? — passou a mão na sua testa para ver se estava quente.

Falando sério, você estava aqui ontem a noite? — Eve pergunta enquanto ela abria a mala para escolher uma roupa.

E para onde eu iria? Dá uma volta pela cidade em plena madrugada?

Não na cidade, mas sim no quarto de alguém.

ClandestinoWhere stories live. Discover now