Clandestino

❍ treinta y cinco

❝ A intuição nunca falha. ❞

atenção!: algumas cenas podem serem consideradas ofensivas e sensíveis para você; se ver que não se sentir bem, pule!

SUSTOS.

Kyara nem havia percebido o quanto estava indisposta nesses dias.

E não era para menos. Estava repleta de trabalhos em sua cola, ora ou outra tendo de viajar para as cidades que, mesmo não fosse tão distante, era cansativo. Sobretudo, a adaptação a esse rumo já havia se concretizado e não tinha com o que reclamar, apenas aguardar um dia de folga para desfrutar de seu próprio apartamento.

E esse dia parecia ter chegado.

— Eu não tô muito no clima... — a garota comentava, se olhando no espelho e mesmo que gostasse do que via, não se sentia apta a agitação de festas.

— Você não está no clima há tempos, é o nosso dever como amigas te colocar para o bom caminho!

Bom caminho?

Caminho esse de festas, muita música alta que a faria ensurdecer sua audição e com isso era possível acompanhar os corpos se movimentarem das dezenas de pessoas conforme ditava um ritmo do que se ouvia.

E muita, mais muita bebida que a faria esquecer de até mesmo o seu próprio nome.

Definitivamente, isso era tudo, menos um bom caminho.

— Eu super acredito em você. — respondeu para Lais em ironia. Kyara estava exausta, o dia havia sido cheio e sair com esses saltos finos terminaria de acabar com a modelo de vez.

— Kyara, o que você está fazendo? — Camila, que milagrosamente foi para a cidade novaiorquina, perguntava incrédula ao ver ela jogada na cama.

— Só descansando a vista... — seus braços estavam apoiados em cima de si, com os olhos fechados e tentando aproveitar a calmaria de seu quarto.

— Terá outra hora para descansar sua vista, agora vamos! — Evelyn entra no cômodo após ter finalizado o seu batom vermelho, a arrastando pelo braço e escutando as relutâncias da brasileira.

                                                   ☪

Havia acertado em cheio.

A animação das pessoas cada vez mais crescente, seja pelo efeito do álcool, pela música estrondosa que poderia facilmente ouvir estando a quarteirões de onde estava — e realmente não duvidava disso. — ou pela atração das mesmas em querer aproveitar do calor do momento e ficarem sem compromisso algum.

Tudo aquilo estava lhe dando dor de cabeça, e nem teria feito cinco minutos que havia chegado.

Certo, poderia ser chamada de sem graça, mas definitivamente não queria ter se quer levantado e saído de sua tão aconchegante, cama. A não ser que fosse para ir na cozinha, coletar comidas de seus armários e geladeira.

— Kyara, se anima! — Camila chacoalhou seus ombros, em uma tentativa de deixá-la feliz por estar ali. As três estavam, menos ela. — Sabe do que você precisa?

— Eu não....

— Bebidaaaaaa! — Eve chegava, com a voz arrastada e visivelmente mais animada do que quando havia saído do apartamento. Segurava um copo em suas mãos, que logo deduziu ser a mesma coisa que ela havia falado com tanta felicidade. — Essa daqui acabou. — olhou para o recipiente vazio, com desânimo. — Mas, eu sei que você pode pegar mais pra gente não é?