Clandestino

❍ veinti

❝ Saudades de alguém. Certo? ❞

JANTAR.

Se antes era a modelo quem estava totalmente sem ânimo, agora pelo o que parecia ser é o jogador.

Entretanto, depois de mais uma sessão de fotos porém sendo um treinamento na passarela, antes do show oficial, o fotógrafo a convidou para uma saída ao fim do expediente.

Se passaram muitos dias para finalmente isso acontecer. E pelo o que parecia, Kyara estava conseguindo se distrair um pouco além do esperado.

— Eu não gosto muito, prefiro esse — apontou para o cardápio, explicando que optava pelo outro prato. — Mas, não sei, se for de sua preferência..

— Lhe convidei, a escolha é sua. — sorriu, notando em seguida a presença de alguém servindo a bebida na taça para os dois. — Pode não ser um bom momento, mas você lembra que eu havia comentado sobre já ter ouvido falar muito de você? Na primeira sessão..

— Sim, eu me lembro — completou. — Por que?

— Bom, uma das coisas que ouvi de você foi que era bastante próxima de um jogador de futebol.

— Tenho James Rodríguez como meu melhor amigo, alguns amigos em clubes mas...

— Em outro sentido. — cortou. — Digo, além de apenas amizade. Estou me referindo à Paulo Dybala, você o conhece?

Kyara automaticamente engasgou-se com o que bebia, mas de um jeito discreto. Desconfortável apenas em mencionar o nome do argentino, pois acreditava ter avançado durante esse tempo. E bom, não teria como em qualquer hipótese mentir sobre o assunto, já que tinham resolvido esse detalhe meses atrás.

— Sim, mas ele também é um amigo. — suas amigas também tinham parado de comentar sobre ele, mas parece que esse tipo de coisa continuaria a perseguí-la e relembrá-la de que não seria tão fácil assim de esquecer. — Onde soube disso?

— Uma vez estava exposto em um site de fofocas, mas faz um bom tempo. Continha até uma foto dos dois na praia... Fernando de Noronha! Isso!

— Se for parar para acreditar em tudo o que vê...

— Não foi algo que eu acreditei.. Apenas, queria me certificar de que não estaria me envolvendo com alguém comprometida. — Matthew justificava, mas ao que tudo indicava apenas piorava sua situação.

— Acredite, Matthew. Se eu estivesse comprometida, não estaria na sua frente agora.

O loiro assentiu, mesmo que ainda sem graça com a resposta e totalmente arrependido por ter sido ele a tomar essa iniciativa do assunto um tanto, desnecessário.

Ela por um momento, parou para pensar no quê o argentino estaria fazendo agora. Não ficaram tão ausentes como imaginavam, sempre ele ligava para ela, perguntando como foi o dia, chegando até mesmo em conversarem além da madrugada.

Mas não queria focar nisso agora.

O jantar foi servido e com ele foi possível esquecer do assunto anterior. Engataram em uma conversa divertida, conhecendo um pouco mais de cada um dos dois.

☪

Entretanto, mesmo se lembrando

Do que sua amiga havia dito

Não estava esperando esse ato.

Após deixá-la em seu apartamento e se encerrado a noite no restaurante, Matthew não conteve a sua necessidade que estava cada vez mais crescente de a beijar.

E bom, ele não lhe deu tempo para recuar.

Não é que ela não queria. Na verdade, ela queria, mas não queria. Confusão total em sua cabeça, e nem sabia por onde começar a organizar.

— Eu... — ela nem sabia o que dizer. Ficou desnorteada demais para pensar em uma frase.

— Sim?

— Eu preciso entrar — se completou rapidamente. — Boa noite!

Entrou, deixando o loiro para trás e nem dando tempo do mesmo também se despedir. Matthew pelo outro lado da porta, sorria com as mãos no bolso, por ter conseguido roubar um beijo da modelo.

Kyara havia se escorado na porta, mas uma chamada lhe tirou de seus devaneios tão aéreos. Retirou o celular de sua bolsa, congelando por dentro ao ver de quem se tratava, ainda mais depois do ocorrido à segundos atrás.

— Paulo? — deixou suas coisas pelo caminho, sendo também seus saltos. Passou a mão pelos seus cabelos em uma forma de os alinhar. Era incrível em apenas uma ligação dele já ficava agitada. — Aconteceu alguma coisa?

— Quando você vem para cá? — o argentino tinha uma voz manhosa, o que a deixava ainda mais enfeitiçada, por mesclar o jeito carinhoso com o sotaque.

— Não faço idéia. — suspirou, colocando no alto falante para poder retirar seu vestido.

— Estava fazendo o quê? Na sexta ligação que você atende.

A voz de antes carinhoso, muda para uma completamente preocupado mas de um jeito diferente, interessado, como se a garota estivesse aprontando algo de errado.

— Eu dei uma saída — não queria mentir, mas também precisava ocultar detalhes bastante significativos. Mesmo que, no pensamento dela, ele pudesse não dar muita importância. — Paulo, você bebeu?

No outro lado da chamada, escutou uma gargalhada até que gostosa de se escutar. O que a fez lembrar que já fazia tempo que não o via, desde do ano novo... O sentimento de saudade chegou próximo a ela.

— Eu preciso beber para falar com alguém que amo?

Kyara havia terminado de se trocar, e ainda sem acreditar no que o jogador disse, sentou-se na cama com um sorriso tímido nos lábios.

— Também te amo, Dybala. — fazia meses que não proferia isso para ele, e até se assustou por voltar a dizer, mesmo que fosse a verdade. Na Itália, ele sorriu com a pequena declaração dela, morrendo de saudades da brasileira, que não poupou esforços para relevar esse fato.

— Você faz muita falta — ela se perguntou por que ele estava dizendo essas coisas, que se tivesse o objetivo de a deixá-la amolecida, ele conseguiu completamente. — Estou ao ponto de ir te buscar e trazê-la de volta.

Sem jeito, mordeu os lábios, desejando também a mesma coisa que ele. Estava parecendo uma adolescente apaixonada, e dificultava cada vez mais em lembrar do acordo que tinham feito.

— Faz isso de propósito? — ainda sorrindo, questionou.

— Isso o que?

— Deixar as pessoas sem graça.

E mais uma vez, o argentino se permitiu a rir do comentário da garota. Por ele, passaria o dia todo conversando com ela, mas os seus trabalhos não deixavam. E se fosse possível e ainda melhor, queria que fosse pessoalmente.

— Se tratando de você, é bem legal.

— Mais que audácia é essa? Não lhe dei o direito....

— Não precisa, eu sou a lei. — disse, e ela logo fez uma série de protestos contra o que ele havia dito, pois a modelo alegou ser uma frase dela, e não do jogador.

No fim, os perceberam

Que a noite

Estava sendo uma aliada para os dois.