Capitulo Sete

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Lindsay

Eu trabalhei hoje no modo automático, quando à noite caiu, Isa e eu entramos no meu carro para irmos a casa dos meus pais. Ligo o rádio e coloco uma boa música, está tudo certo para sairmos, daqui até a Filadélfia é mais ou menos umas duas horas, abasteço o carro no primeiro posto e seguimos viagem, jogando conversa afiada.
- Isa, você acha mesmo que minha mãe foi capaz de fazer isso comigo?
- Lee, se ela fez não foi por mal, mesmo que tenha causando alguns traumas permanentes em você. Sorri tentando descontrair
- Amiga, que tipo de mãe faz uma merda como essa?
- As que acham que estão fazendo o melhor para suas filhas?
- Não a defenda, sei que ela é como uma mãe para você, mas se ela fez isso, não tem justificativa.
- Calma Lee, nem sabemos se isso é verdade, seus pais estão muito felizes porque estamos indo para casa.
- Eu sei, mas isso está me corroendo por dentro. Meu peito dói com a possibilidade.
- Daqui a pouco a verdade será dita.
- Tomara.
Meus pais ficaram eufóricos quando comuniquei que passaria o final de semana com eles, ainda mais quando disse que a Isa iria junto. Nós somos amigas desde o colegial e ela não saia lá de casa, seu pai foi embora quando ela era apenas uma menina e sua mãe trabalhava muito, ela não tinha tempo para ficar com ela, e para ela não ficar sozinha, ela ficava comigo e meus pais. Ela sempre dormiu mais lá do que na sua própria casa. A sua mãe faleceu há alguns anos, estávamos na faculdade e a Isa não se perdoa por não está presente, foi um acidente e ninguém poderia prever, mas mesmo assim, ela se culpa.
Depois de percorrer todo o caminho entre falar demais e ficar quieta com meus próprios pensamentos, enfim chegamos a Filadélfia. Estaciono o carro na casa onde cresci, é uma casa de dois andares, branca com detalhes azuis, é enorme para três pessoas, eu nunca entendi a necessidade de ter uma casa tão grande, mas minha mãe sempre fez questão. O jardim é grande e bonito, minha mãe sempre gostou de cuidar das roseiras, senti falta daqui, meus pais abrem a porta e andam apressados em nossa direção.
- Meninas, como estão lindas. Diz minha mãe sorrindo.
- Minhas bonequinhas. Meu pai abre os braços para que nos duas possamos nos aninhar nele.
- Oi pai. Eu me enterro em seus braços, segurando ao máximo a vontade de chorar.
- Oi minha pequena, tudo bem? Ele diz segurando meu rosto em suas mãos.
- Está sim, senti tanta sua falta. Dou outro abraço apertado nele, limpando minhas lágrimas que teimam em querer cai.
- Nem me fale meu anjo, minhas duas meninas longe de mim, está sendo difícil. Eu o solto e ele abraça a Isa que está chorando, ela fica assim todas as vezes que vê o quanto meus pais a amam. Eu vou de encontro a minha mãe.
- Oi mãe.
- Oi minha princesa, você está tão bonita. Sem nenhuma crítica? Isso é novidade.
- Obrigada. Segurando o impulso de dizer o que eu penso, eu a abraço.
- Vamos entrar. Diz ela toda empolgada.
- Claro. Eu concordo, Isa está entrando enquanto conversa animadamente com meu pai. Eu pego as mochilas e os acompanho.

******

- O que você tem querida? Questiona meu pai durante o jantar.
- Por quê? Pergunto, sem entender.
- Está tão calada, você mal tocou na comida.
- Ah, é que estou cansada, trabalhei o dia inteiro, só quero tomar um banho e dormir um pouco.
- Então faça isso meu amor. Fala minha mãe.
- Vai Lee, eu ajudo a Débora com os pratos.
- Tudo bem, se precisarem de qualquer coisa estarei em meu quarto, obrigada. Dou um beijo em cada um e subo.
Meu quarto é bem espaçoso, tem uma cama de casal no centro e ele é todo no tom rosa, minhas coisas ainda estão exatamente como no último dia que eu estive aqui, até umas roupas que deixei ainda estão no closet, fico feliz de estar tudo no lugar, fui muito feliz aqui.
Depois de um bom banho, coloco o pijama e fico pensando no Deus Grego de olhos negros, queria tanto que ele estivesse aqui comigo, ele entrou na minha vida de um jeito tão estranho, passei somente um final de semana com ele e não consigo parar de pensar em tudo que fizemos juntos. Ele se tornou tão importante para mim, em tão pouco tempo, que chega a me assustar, eu estou tão ferrada. E para ajudar, ainda tem o Daniel, que está tão lindo, mais maduro, e parece que o que sentia por ele não morreu como eu imaginava, caso essa história seja verdade, o que farei? No caso ele também será uma vítima. Adormeço com meus devaneios rondando meu cérebro, cansado de toda essa merda.
- Lee, acorda, já passam das nove amiga.
- Nove horas da madrugada? Pergunto indignada. - Ah não, me deixa dormir.
- Amiga, são nove horas da manhã, não é madrugada, para de drama.
- Ok. Esfrego os olhos. - Eu já vou levantar.
- Eu sei o que você está fazendo. Agora ela tem toda minha atenção.
- O que eu estou fazendo?
- Evitando sua mãe e a conversa que você veio ter com ela. Coloco minhas mãos no rosto, ela as retira para que eu possa encara-la.
- Eu sei Isa. Eu solto um suspiro longo. - Eu vou conversar com ela depois do almoço, eu quero aproveitar meu pai um pouquinho mais, se isso for verdade, eu vou querer ir embora ainda hoje.
- Tudo bem Lee, só lembre-se que eles a amam.
- Nunca me esqueceria disso amiga. Eu entendo o que ela quer dizer com isso. - Mas eu tenho o direito de ficar magoada.
- Claro que tem, todo direito.
- Eu vou me arrumar, já desço. Ela me dá um beijo na testa e se vai.
Depois de fazer minha higiene matinal, eu troco de roupa e desço para tomar café. A conversa fluiu bem durante a primeira refeição do dia, meus pais contaram de seus projetos para uma viagem que irão fazer. Meu pai era juiz, ele se aposentou e minha mãe sempre cuidou somente da casa, então podem viajar e se ausentar quando bem entenderem, eles estão planejando ir a Paris, onde passaram a lua de mel, eles sempre sonharam e voltar lá.
- Filha, o que você gostaria para o almoço? Pergunta minha mãe.
- Por mim pode ser lasanha.
- Tudo bem, então será lasanha. Ela diz sorrindo e indo em direção a cozinha.
- Meninas, vamos dar uma volta na cidade? Pergunta meu pai.
- Claro. Diz Isa empolgada.
- Eu adoraria papai.
- Ótimo, estejam prontas em dez minutos. Ele fala e se retira.
- Aí amiga, meu coração está em frangalhos. Falo para Isa.
- Eu imagino, mas se você veio até aqui, precisa descobrir o que aconteceu.
- Eu sei, mas é tão difícil para mim, se minha mãe tiver algo a ver com isso, vai partir meu coração.
- Vai sim, mas ela deve ter uma boa explicação, certo?
- Assim eu espero.
- Vamos logo amiga, daqui a pouco o Paul estará aqui e nem nos arrumamos.
- Verdade, meu pai odeia esperar.
Nós nos encaminhamos até meu quarto, trocamos de roupa e passamos uma maquiagem leve. Eu pego minha câmera e descemos correndo. Meu pai está impaciente andando de um lado para o outro, o senhor Paul Williams gosta de tudo a sua forma e é engraçado quando as coisas saem do seu controle, fica vermelho e só falta furar o chão, mas não sai da linha, sempre muito elegante.
- Minha nossa, eu achei que não desceriam mais.
- Desculpe papai, somos mulheres, sabe como é.
- Sei sim, sua mãe é bem pior. Risos
- Verdade, mas não deixe ela te ouvir. Isa fala baixinho.
- Deus me livre, ficaria ouvindo por um ano inteiro. Caímos na gargalhada.
- Do que vocês estão rindo? Minha mãe pergunta saindo da cozinha.
- Nada não mulher, é só as garotas que estavam demorando. Ele tenta desconversar.
- Verdade Débora, nós demoramos um pouco e o Paul estava para furar o chão. Isa sorri para ela.
- Sei bem como ele fica. Minha mãe se aproxima dele, lhe dá um beijo casto e sorri.
- Tudo bem, vamos?
- Vamos.
Pegamos o carro e durante o trajeto eu tiro várias fotos, eu adoro tudo nessa cidade. Percorremos o centro e compramos algumas coisas, eu como sempre não resisto e compro uma pulseira para Hanna, é linda, tem uns pingentes relacionados a moda, é a cara dela, para minha maluquinha compro algumas tintas para tatuagem, ela adora essas coisas. Isa e eu entramos em várias lojas e compramos algumas roupas novas, estávamos precisando disso, meu pai enquanto fazemos compras, foi se encontrar com um amigo no café mais conhecido da cidade, nós marcamos de nos encontramos com ele lá.
- Oi papai, já está quase na hora do almoço, mamãe não irá gostar se nos atrasarmos.
- Verdade meu anjo. Ele faz uma careta, ele sabe bem a mulher que tem. - Me deixem apresentar a vocês, este é meu amigo Sebastian Vogue, Sebastian, estas são minhas meninas, Lindsay e Isabella.
- É um prazer finalmente conhece-las, seu pai fala muito de vocês.
- O prazer é todo nosso. Diz Isa.
Sebastian é um coroa muito bonito, quando jovem deve ter arrasado corações, ele é alto, forte, acho que ainda malha, seu corpo é bem definido, seus cabelos já estão grisalhos, sua barba por fazer o deixa com um ar sexy, se eu fosse um pouco mais velha eu pegava fácil.
- Desculpe Sebastian, mas as meninas têm razão, você já conhece a Débora, ela não gosta de esperar, você não gostaria de nos acompanhar para o almoço?
- Oh não, obrigado meu amigo, mas estou indo para casa almoçar com minha esposa.
- Tudo bem então, foi muito bom te rever.
- Eu digo o mesmo. Fala Sebastian ao meu pai.
- Tchau. Dizemos ao mesmo tempo, Isa e eu. Ele acena e saímos.
Em casa nos lavamos para almoçar, o cheiro está divino, eu amo massa e a melhor de todas elas, é a lasanha. Quem não gosta de uma boa massa, não é?
Eu mal consigo olhar nos olhos da minha mãe, essa dúvida está me corroendo, eu realmente tenho que colocar em pratos limpos, para poder seguir minha vida em paz, eu só não sei como irei reagir caso minha mãe tenha mesmo algo com isso.
- Lee? Sou tirada dos meus devaneios pela minha mãe.
- Oi? Eu levanto meu olhar do prato para encara-la.
- O que está havendo com você princesa? - Quase não tocou na lasanha.
- Oh desculpe, estava pensando em umas coisas, mas vou terminar de comer.
Ela não fica satisfeita com minha resposta, mas assente com a cabeça. Eu não estou sabendo lidar com isso, nunca fui de esconder o que sinto, ou penso, minha cara não nega. Agora estou passando por um momento constrangedor, porque caso isso não seja verdade, minha mãe ficará chateada e com toda razão. E se for verdade? Aí quem não saberá o que fazer, será eu. Após terminamos o almoço, Isa e eu ajudamos mamãe a arrumar a cozinha, quando guardo o ultimo prato, digo a ela.
- Mãe, nós podemos conversar?
- Sim querida, nós podemos ir até meu quarto.
- Pode ser no meu? - Assim o papai não entrará de repente.
- Se você prefere assim.
- Sim, prefiro.
Nós nos encaminhamos até meu quarto sem trocar uma única palavra, eu não sei por onde começar essa conversa, eu estou apavorada com o que pode vir, mas seja o que Deus quiser. Em meu quarto, nós nos sentamos em minha cama e enfim minha mãe quebra o silencio.
- O que houve princesa? - Você está estranha desde que chegou aqui.
- Mãe, eu tenho uma pergunta para te fazer e não sei por onde começar.
- Que tal pelo começo, minha querida. Eu respiro fundo e tomo coragem.
- Mãe, esses dias atrás eu encontrei o Daniel, ele me contou uma coisa em que eu não quero acreditar, mas precisava vir até aqui para perguntar pessoalmente. Minha mãe fica pálida e abaixa a cabeça, nesse momento meu coração perde uma batida.
- Filha, eu posso explicar. Ela diz com os olhos cheios de lágrimas.
- Então é verdade? Pergunto incrédula.
- O que aquele cretino te contou meu anjo?
- Mãe, me fala que isso não é mesmo verdade?
- Sim. Ela diz com um fio de voz, meu peito é comprimido e eu sinto falta de ar.
- Você chantageou o Daniel para ele terminar comigo? Minha voz sai esganiçada.
- Filha ele não era homem para você. Minha incredulidade é imensa.
- E eu posso saber por quê?
- Lindsay, ele era um menino largado, não estava nem aí para a vida, danificava patrimônios públicos, privados e se vestia como um maloqueiro. Enquanto ela tenta se explicar, minhas lágrimas caem livremente.
- Em primeiro lugar, ele não danificava o patrimônio de ninguém, aquele grafite foi para que a empresa se conscientiza-se e parasse de danificar o meio ambiente. Eu não faço questão alguma de enxugar minhas lagrimas. - Em segundo, a roupa não diz nada sobre uma pessoa, nunca julgue o livre pela capa. A cada palavra proferida por mim, ela fica mais pálida. - E em terceiro, ele nunca foi um sem noção, só aceitou sua chantagem ridícula, porque não queria perder a oportunidade de entrar na faculdade que sempre sonhou, se isso não é se importar com futuro, eu não o que é.
- Independente de qual era seus motivos, ele não tinha o direito de danificar o patrimônio alheio.
- E nem você tinha o direito de intervir assim na minha vida, me dê uma justificava descente.
- ELE NÃO ERA HOMEM PARA VOCÊ.
- Fale baixo, não quero que meu pai saiba disso assim. É difícil de acreditar que minha mãe fez isso. - Quem teria que decidir isso era eu, não você.
- Lindsay, minha filha, eu só quero o seu bem.
- Dessa forma, se intrometendo na minha vida assim?
- Filha, entenda, eu não queria te magoar, quando percebi como ficou após o termino, quase voltei atrás, mas sabia que isso seria o melhor para sua vida.
- Mãe, quem tem que entender alguma coisa aqui é você, por que achou que tinha esse direito?
- Porque sou sua mãe.
- E daí? - Isso não te dá o direito de se intrometer na minha vida, hoje o Daniel está formado em medicina como sempre sonhou, ele sempre foi muito estudioso, você não o conhecia para julga-lo, não posso acreditar que minha própria mãe fez isso comigo, eu sofro com o abandono dele até hoje, nunca mais consegui me relacionar com alguém de verdade, por medo, e a culpa é sua mãe. Falo os gritos, extravasando toda minha frustação.
- Me perdoe querida, não queria lhe causar nenhum mal.
- Mas causou, muitos.
- Não sei o que dizer princesa, sempre sonhei com um príncipe encantado para você meu bem.
- Já lhe passou pela cabeça, que eu nunca quis um príncipe?
- Não. Ela diz olhando em meus olhos.
- Pois então, esse sempre foi seu erro mãe, nunca me perguntou o que eu sinto, o que eu preciso, sempre fez à sua maneira, nunca pensou que do seu jeito poderia ser o jeito errado?
- Filha, tudo que eu sempre fiz, foi para te proteger.
- Proteger do que mãe? Pergunto aos berros, já estou sem paciência com essa conversa, ela não me dá uma boa justificativa, se é que tem uma que justifique isso.
- Do mundo.
- Mais um erro seu, não há como me proteger do mundo, estamos aqui para isso, errar e aprender com nossos erros, mas a senhora nunca aprende com os seus, não é a primeira vez que interfere na minha vida assim. Seco minhas lagrimas. - Mas chega, a partir de hoje, você não palpita, nem me dirá o que fazer ou vestir, sempre fiz de tudo para agrada-la e é assim que me retribui, me dando uma facada nas costas?
- Lee, eu te amo filha.
- Eu sei disso mãe, eu também te amo, mas agora estou magoada demais, sai do meu quarto, por favor.
- Filha... Eu a interrompo erguendo a mão em sua direção.
- Agora não mãe. Meu pai entra no quarto pálido e pergunta.
- O que está acontecendo filha, ouvi seus gritos lá de fora?
- Pergunte a sua esposa. Isa entra logo em seguida e me olha espantada, ela sabe que é verdade, só pelo meu olhar.
- Isa, converse com ela filha, diga a ela que fiz o que fiz, porque eu a amo.
- Débora, eu não posso fazer nada, deixe ela se acalmar, está magoada agora, tocar nesse assunto só vai magoa-la mais.
- Tudo bem querida, você tem toda razão. Diz minha mãe para Isa, meu pai continua me encarrando sem entender nada.
- Vamos homem, depois eu explico.
Meu pai vem até mim e me abraça, um abraço apertado, choro um pouco mais em seus braços enquanto ele alisa meus cabelos, dizendo que seja lá o que tenha acontecido ficará tudo bem, ele me liberta do seu abraço de urso e dá um beijo em minha testa, passa pela minha mãe com um olhar mortal, ela o segue, nos deixando sozinhas em meu quarto, Isa e eu.
- Lee, o que foi aquilo?
- É tudo verdade Isa. Ela vem atém mim e me abraça, ela me leva até a cama e nos deitamos juntas, eu continuo a chorar, até que adormeço em seus braços.
Quando abro os olhos é fim de tarde e a Isa está adormecida ao meu lado, sempre que fico muito triste e choro, Isa fica comigo até eu adormecer e se deita ao meu lado para que eu acorde e não me sinta sozinha, ela é a melhor amiga que alguém poderia ter. Eu me levanto e meu corpo reclama, estou toda dolorida, parece que tomei uma surra. Tomo banho decidida a não ficar aqui nem mais um minuto, de banho tomado, acordo a Isa para que ela possa se arrumar e pegarmos a estrada. Enquanto ela vai para seu quarto tomar banho e arrumar sua mochila, eu pego uma caixinha que guardo no closet com algumas recordações, lá tem muitas fotos do Daniel e eu, nunca tive coragem de rasgar ou jogar fora, foi uma época incrível e não queria me desfazer das lembras. Têm fotos do começo do nosso namoro, nós estávamos sentados embaixo de uma arvore e fazíamos careta para câmera, tem outra em que estamos sentados em um balanço, pedimos para uma jovem que passava por ali tirar.
- Lee. Levanto minha cabeça e vejo que a Isa está parada na minha porta.
- Entra. Digo a ela que vem até mim.
- O que é isso? Estendo as fotos para ela.
- Minhas fotos com o Daniel.
- Achei que havia se livrado disso.
- Não tive coragem, ainda bem que não o fiz, no fim, o Daniel não era culpado.
- Não totalmente não é, porque poderia ter conversado com você para tentarem uma solução.
- Eu sei, mas ele era muito jovem e você sabe que seu sonho sempre foi ser médico, não tiro a parcela de culpa dele, mas minha mãe foi uma megera.
- Calma amiga, tudo vai se ajeitar.
- Assim eu espero, porque ficou um sentimento de relacionamento mal acabado, entre o Daniel e eu. Eu encaro a foto em minha mão. - Ainda tem o Gabriel, que entrou na minha vida e abalou minhas estruturas, estou completamente ferrada.
- O que você está pensando em fazer?
- Não sei, só sei que nesse momento, eu quero ir embora, vamos?
- Vamos sim, eu estou com tudo pronto.
- Ótimo.
Guardo todas as fotos do Daniel na caixinha e coloco no meu closet novamente, em um compartimento secreto. Chegando ao andar de baixo, meus pais estão na sala com cara de pouco amigos.
- Aonde você vai filha? Pergunta meu pai.
- Para minha casa.
- Mas você só iria embora amanhã.
- Eu sei, mas neste momento preciso ir, o senhor me entende?
- Tudo bem filha, eu te entendo, até eu estou querendo ir embora.
- Não fale assim Paul, eu achei estar fazendo a coisa certa. Meu pai ignora minha mãe e me abraça para se despedir, ele chama Isa para abraçá-lo também.
- Minhas meninas, se precisarem de mim é só avisar, eu estarei sempre aqui para vocês duas, tudo bem?
- Claro papai, eu te amo muito.
- Eu também te amo meu anjo.
- Te amo Filha. Diz ele olhando para Isa.
- Eu também te amo. Ela diz emocionada.
- Tchau dona Débora.
- Tchau Isa. Eu sinto seus olhos em mim. - Filha você não vai me dar um abraço?
- Agora não mãe, eu estou magoada e esse abraço não seria verdadeiro, você sabe que eu não sou assim.
- Tudo bem, eu vou respeitar.
- Ótimo.
Isa e eu pegamos a estrada de volta para casa, eu choro durante todo o caminho de volta para New York, minha cara está inchada e amassada, eu devo estar horrível, mas nada se compara ao meu coração. Eu estava pensando em tudo que o Daniel e eu poderíamos ter vivido, em como minha mãe sempre se intrometeu na minha vida, em muitas coisas era o correto a se fazer, pois ela é minha mãe e sempre quis o meu bem, mas em outras, ela me sufocava. Minha mãe não gostava que eu escolhesse minhas próprias roupas, dizia que não sabia me vestir e que não é assim que deve se comportar uma dama da sociedade, eu sempre fui da seguinte opinião, foda-se à sociedade, eu nunca me importei com essas coisas.
Quando o Daniel e eu começamos a namorar, eu passei a me vestir como sempre quis, minha mãe concluiu ser por influência dele, mas na verdade, minha mãe nunca me conheceu e isso é bem triste.
O sonho da Dona Débora sempre foi me ver casada com o filho de um de seus amigos, Isaac Jones, os pais dele e o os meus são muito amigos, nós crescemos juntos. Eu fiquei com ele algumas vezes, nada demais, mas nunca gostei dele desse jeito, éramos muito amigos, mas para agradar minha mãe, eu tentei. Até o dia que eu vi o Daniel pela primeira vez, eu achei que seria amor platônico, afinal o cara era lindo e cobiçado pela escola inteira, por que ele iria querer a mim? Mas eu estava completamente enganada, quando ele chegou para conversar comigo a primeira vez, eu pensei que fosse pegadinha, mas ele passou a falar comigo todos os dias, eu fui me apaixonando cada dia mais, além de lindo, ele tinha uma visão incrível sobre o mundo. Eu acabo adormecendo enquanto penso sobre minha relação com minha mãe e como era bom ter o Daniel comigo.
- Lee, chegamos. Acordo atordoada.
- Nossa, foi rápido.
- Claro, você babou e roncou o caminho inteiro. Ela sorri.
- Ei, eu não babo e nem ronco. Faço cara feia e ela gargalha.
- Eu sei amiga, só baba um pouquinho. Eu reviro os e rimos juntas.
Sei que ela está tentando me distrair, mas eu estou um caco, eu amo meus pais, sempre quis agradar minha mãe, mas nunca fui suficiente, ela sempre tinha algo a reclamar, não sou perfeita e estou longe de ser, mas a partir de agora só irei viver a meu modo. Não que eu já não viva, aqui em New York eu faço o que quero, mas ainda me segurava bastante por ela. Agora, eu vou fazer uma tatuagem, eu sempre quis ter uma, mas minha mãe como sempre dizia que isso não é coisa de gente descente, será que ela sabe o que é uma pessoa descente?
Entramos no AP e as meninas estão na sala conversando, assim que nos vê, vem até nós.
- Oi Lee, você está horrível. As palavras saem da boca da Jesse e seu rosto se contorce em uma careta, ela falou sem pensar.
- Nossa amiga, obrigada, era realmente tudo que eu gostaria de ouvir agora. Às vezes a Jesse não tem noção nenhuma, essa minha maluquinha.
- Oh desculpe, como você está minha linda? - Fora a aparência, é claro.
- Igual à aparência. Sorrio para ela e Hanna vem me abraçar.
- Oi Lee. Fala com seu jeitinho meigo.
- Oi meu anjo, como você está?
- O importante aqui, é como você está. Ela diz.
- Eu vou ficar bem meninas, só preciso tomar um banho e ficar sozinha no meu canto um pouco, tudo bem?
- Claro Lee, o que você quiser. Jesse me tranquiliza, Hanna e Isa concordam com um balançar de cabeça.
- Obrigada meus amores.
- Vou preparar algo para você comer. Hanna anda em direção a cozinha sem me dar a oportunidade de recusar, garota esperta.
- Jesse, sabe aquela tatuagem que estou enrolando para fazer, agora irei fazê-la.
- O quê? Perguntam as duas juntas.
- Isso aí.
Digo e vou para meu quarto, deixo Isa e Jesse de boca aberta no meio da sala, essa será a nova eu, fazendo o que me dá vontade. De banho tomado e de pijama confortável me sento na cama e ouço uma batida de leve na porta.
- Entra.
- Trouxe seu lanche. Hanna entra com o sorriso no rosto.
- Obrigada meu anjo. Ela carrega uma bandeja com pão com peito de peru e leite morno com canela.
- Coma tudo.
- Sim senhora. Bato continência e ela sorri.
- Você quer conversar? Pergunta realmente preocupada.
- Agora não, prometo que conto tudo para vocês amanhã ok.
- Tudo bem. Ela alisa meu rosto com carinho. - Eu só perguntei por que não parece estar bem, nunca te vi assim.
- Eu não estou mesmo, mas ficarei.
- Eu vou deixar você descansar. Ela beija meu rosto e sai.
Após comer o lanche que Hanna trouxe, escovo os dentes, ligo minhas músicas e fico com meus pensamentos, eu só quero dormir, acordar e descobrir que tudo não passou de um pesadelo, onde minha mãe não é uma vadia manipuladora. Depois de um bom tempo me torturando, tentando encontrar uma boa razão para tudo isso, eu adormeço.
Quando eu acordo, eu sinto um corpo pesado sobre o meu, uma mão na minha cintura e uma perna muito pesada sobre as minhas, não pode ser uma das meninas, elas não pesariam tanto assim. Eu tento me livrar dos braços e pernas enrolados a mim e quando me viro, me deparo com o Gabriel dormindo aqui no meu quarto, na minha cama, só de cueca, como ele entrou aqui? O homem é lindo até dormindo, seus traços são tão fortes, seus lábios estão entre abertos, minha vontade é enfiar minha língua na sua boca, desço meu olhar até seu abdômen e fico babando na perfeição a minha frente.
- Gosta do que vê? Pergunta ele me assuntando, fico vermelha.
- O que está fazendo aqui? Pergunto ignorando totalmente sua pergunta.
- Eu vim cuidar de você princesa.
- Como sabia que eu estava em casa e precisava de cuidados? Pergunto levantando uma sobrancelha.
- Um passarinho ruivo me contou. Um sorriso lindo surge em seu rosto.
- Será um passarinho morto amanhã. Ele arregala os olhos.
- Você não queria que eu estivesse aqui? - Se quiser posso ir embora. Pondero o que ele diz e percebo que gostei da sua presença.
- Não, não vá.
- Eu não vou a lugar algum, só se você quiser que eu vá. Ele me dá um selinho e me olha nos olhos.
- Você está bem?
- Não, eu não estou nada bem.
- Quer conversar princesa?
- Não sei, é uma história um tanto intima, você quer mesmo ouvir? Quero falar com ele, mas não quero que ele me veja tão quebrada, não quero falar sobre o Daniel, justamente com ele.
- Por mim tudo bem, mas só fala se você quiser.
- Tudo bem, eu quero. Prefiro deixar tudo às claras, sei que ele está aqui porque ainda quer transar comigo, ele não se apega, eu acredito que não irá se importar.
- Sou todo ouvido. Ele diz sentando e me trazendo para o meio de suas pernas torneadas.
- Sabe aquele cara, de quem você me salvou na Brook aquele dia?
- Sei sim. Eu sinto seu corpo se enrijecer, acho que ficou irritado ao lembrar-se do Daniel, por quê?
- Então, ele foi meu namorado no colegial, estávamos muito apaixonados e no baile do último ano, eu decidi que estava na hora de darmos o próximo passo. Eu sinto minhas bochechas esquentarem. - Uma semana antes do baile ele ficou meio estranho, mas como tinha muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, eu não pensei que fosse algo sério. Eu me sinto estranha falando essas coisas para ele, mas eu sinto que eu devo falar. - No dia do baile foi incrível, dançamos e curtimos à noite, após ele tirar minha virgindade, ele me deixou em casa e pediu para que nunca mais falasse com ele.
- Filho da puta. Gabriel esbraveja.
- Está tudo bem, me deixa terminar de contar.
- Ok.
- Nos últimos dias de aula, ele ficou desfilando com uma garota que nunca havia visto na vida, isso me magoou muito, fiquei sem entender nada, porque estávamos bem até o dia do baile e do nada ele fez isso. Eu me viro um pouco para que eu possa olhar para ele. - Eu não consigo me apegar a ninguém por causa do que houve no meu passado, por isso minha regra de dois encontros, tenho medo de me machucar. Ele fica atento a cada palavra pronunciada por mim. - Agora eu descobri que ele terminou comigo porque minha mãe o chantageou, ele era um jovem assustado, acabou aceitando a chantagem dela. Eu não consigo identificar o que ele está achando de tudo isso. - Por isso fui até a Filadélfia, tirar essa história a limpo, infelizmente é tudo verdade e minha mãe mais uma vez, só pensou no que ela acha que é melhor. Ele seca uma lágrima do meu rosto que eu nem sabia que estava ali.
- Sinto muito Lindsay.
- Eu também. - Sinto mais pela minha mãe, o que passa na cabeça de uma mãe para achar que pode manipular a vida de alguém assim?
- Olha princesa, eu não sei o que passou ou passa pela cabeça dela, mas acredito que achava estar fazendo o melhor.
- Eu sei que sim, mas estou muito magoada e para mim é difícil de compreender. Ele me abraça forte e me da um beijo no topo da cabeça.
- Obrigado.
- Pelo quê? Pergunto confusa.
- Por desabafar comigo.
- Eu que agradeço por me ouvir e por estar aqui.
- Não agradeça por isso, eu senti sua falta. Eu me afasto um pouco para poder olha-lo nos olhos.
- Eu também senti a sua.
- Sério? Pergunta ele um tanto feliz, eu acho.
- Sério.
Então ele me beija, enfia suas mãos nos meus cabelos para me manter no lugar, passa sua língua pelos meus lábios e mordisca de leve, diminui o ritmo e passa seus lábios bem devagar nos meus, isso me deixa muito excitada, passo minhas mãos por seus cabelos e acaricio seu rosto, ele para de me beijar e seus olhos estão em chamas.
- Princesa hoje eu vim aqui para te fazer companhia, não quero me aproveitar do seu momento fragilizado, por mais que eu esteja louco para me enterrar em você, não será esta noite, tudo bem? Eu afirmo com a cabeça meio a contra gosto, ele me da outro beijo, mas esse é calmo, lento.
- Vem, deita aqui no meu peito, me conta mais sobre você.
- Contar o quê? Eu me aconchego no seu peito e inalo seu cheiro, é tão gostoso.
- Sua história.
- Qual parte, infância, adolescência ou vida adulta?
- Todas as partes.
- Ah, eu posso até te contar, mas você também terá que contar a sua, combinado?
- Combinado, você conta sua infância eu conto a minha.
- Ok. - Minha infância foi bem tranquila, sou filha única e meus pais sempre me paparicaram bastante, eu era um pouco sapeca e arteira, mas nada demais, minha cor preferida era rosa, minha mãe me vestia que nem uma boneca, quase todos os dias eu estava de rosa, meu quarto era rosa, alias quase tudo era rosa naquela época, foi quando ganhei minha primeira câmera fotográfica, que também era rosa, me apaixonei por fotografias, daí veio a minha profissão. Ele sorri. - Não tenho o que dizer da minha infância Gabe.
- Gosto quando você me chama assim. Levanto meu olhar para ele que esta me olhando com um sorriso lindo nos lábios.
- Bom saber. Digo. - Agora sua vez
- Minha infância também foi tranquila, minha mãe tinha um tipo de distúrbio, mas nós éramos muito felizes, meus pais eram muito apaixonados um pelo outro e pela vida, era bonito de se ver, sempre cuidaram de mim com muito amor, meus amigos e eu sempre aprontávamos muito.
- Infância divertida não?
- Com certeza, agora me conte sua adolescência.
- Minha adolescência foi uma fase muito boa, conheci uma das minhas melhores amiga no colegial, Isa, ela é incrível, você ira conhecê-la, passei a curtir rock e gostar de preto para o desgosto da minha mãe, meu pai me comprava roupas pretas escondido dela, era engraçado, ela ficava louca quando me via toda de preto.
- Então você era rebelde na adolescência? Ele pergunta com um sorriso de lado.
- Claro que não, se colocar uma roupa preta e curti rock for rebeldia, então boa parte do mundo é rebelde.
- Verdade, mas o que sua mãe tem contra a cor preta?
- Quem sabe. Falo dando de ombros. - O restante você já sabe.
- Lindsay, minha adolescência não foi fácil, perdi meus pais quando tinha treze anos, fui morar com minha tia, irmã da minha mãe, mas alguns anos mais tarde ela também se foi, a única família que tenho de sangue é meu avô, mas ele não fala comigo desde a morte dos meus pais.
- Nossa Gabe. Sinto muito.
- Não sinta, eu já me acostumei, tenho a Bah, ela é minha governanta, ela trabalha na minha família há anos, é como uma mãe. Eu sinto meu peito ficar apertado. - E também tem a família Collins, eles eram amigos dos meus pais, cresci com eles frequentando minha casa, me tornei amigo dos seus filhos, são como irmãos, todos eles me acolheram muito bem.
- Que bom que você tem a eles. Eu engulo o nó na minha garganta. - Posso te fazer uma pergunta?
- Quantas perguntas você quiser.
- Por que seu avô não fala com você? Sinto ele se remexer embaixo de mim, acho que ficou desconfortável, me apresso em dizer. - Se não quiser não precisa falar disso.
- Pode ser em outro momento, esse assunto é um tanto doloroso ainda para mim.
- Tudo bem, sem problemas, me desculpe pela minha invasão.
- Não se desculpe, você pode me perguntar o que quiser, ok?
- Ok. Eu te dou um selinho. - Agora minha vida adulta você já sabe, sou fotografa, moro com minhas três melhores amigas e trabalho em uma revista.
- Só conheci duas das suas melhores amigas.
- Conhecerá a Isa em breve.
- Você também sabe bastante da minha vida adulta, sou advogado, moro sozinho, tenho quatro melhores amigos muito idiotas e conheci uma mulher incrível recentemente.
- Jura? Falo com cara de espanto
- Sim, eu juro, ela é uma morena muito linda, inteligente, que me conquista à cada dia. Pronto agora o homem me derreteu inteira.
- Posso dizer o mesmo senhor Clark. Digo montando em cima dele e mordiscando seu pescoço.
- Ah Lindsay, assim fica difícil ser um cara legal.
- Quem disse que eu quero que você seja legal? Pergunto com os olhos semicerrados, ele me joga na cama e monta seu corpo em cima do meu.
- Não me provoque princesa. Ele diz passando seus lábios no meu pescoço, me causando arrepios.
- E se eu quiser te provocar? Pergunto aranhando suas costas de leve.
- Ai você terá que arcar com as consequências senhorita Williams. Ele pressiona sua ereção na minha pélvis. Eu quero arcar com todas as consequências.

Inesperada PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora