Capitulo Trinta e Dois

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Gabriel

Minha garganta está seca e eu mal consigo engolir minha saliva, meus olhos estão pesados, eu os abro e encaro o teto branco demais, onde eu estou? Eu sinto uma mão quente na minha, eu olho para baixo e a vejo, ela está adormecida ao meu lado, olho ao redor e confirmo que estou em um quarto de hospital, eu aperto sua mão e tento chamar seu nome, mas minha voz falha, eu não consigo pronunciar absolutamente nada, aperto sua mão mais uma vez e fecho meus olhos buscando forças para chamar seu nome, juntando forças do fundo da minha alma, enfim minha voz sai.
- Lee. Ela se levanta e me olha com suas safiras azuis, seus olhos se enchem d’agua e meu coração se aperta no peito.
- Gabe! Ela alisa meu rosto. - Graças a Deus você acordou, eu vou chamar o medico.
- Não! - Fica aqui ao meu lado só mais um pouco. Ela assente e continua alisando meu rosto. Será que ela me perdoou? Eu espero que sim, não quero ficar longe dela nunca mais.
- Ah Gabe que susto, eu... Ela começa a chorar e meu coração se comprime no peito, vê-la assim tão machucada e frágil me corta o coração.
- Ei, não chora Lee, está tudo bem agora. Eu limpo suas lagrimas com uma das mãos e elas continuam a descer por seu belo rosto.
- Por que você fez aquilo Gabe, por que entrou na frente de uma bala por mim? Ela funga e me encara com seus lindos olhos azuis, os olhos mais lindos do mundo.
- Por que eu não quero existir em mundo que não tenha você. Ela me olha com amor e meu peito se enche de uma forma que parece que vou explodir.
- Eu estou falando sério Gabe, você poderia ter morrido. Eu tento sentar na cama, mas a dor em meu peito me faz gemer. - Fique quieto, eu vou chamar o medico. Eu seguro sua mão.
- Eu estou falando sério Lee. Eu molho meus lábios que estão ressecados. - Estar longe de você durante essa semana me matou um pouco a cada dia, saber que você foi sequestrada por minha causa, me fez sentir ser o pior dos homens, olhar para aquela arma apontada em sua direção me fez ter o pior dos medos, medo de não tê-la em meus braços nunca mais, eu não saberia viver sem você Lee, sem você o meu mundo simplesmente não existe. Ela se joga em meus braços com seus olhos marejados. - Ai. Eu resmungo sentindo uma fisgada no peito.
- Desculpe. Ela sorri envergonhada. - Eu também te amo e eu não quero que se culpe em momento algum referente a esse sequestro, se tem um culpado nisso é aquele filho da puta do Munhoz e da Melissa. Sua voz abaixa um tom quando toca no nome da Melissa.
- O que aconteceu lá Lee? Ela engole em seco.
- Depois falamos disso, agora me deixe chamar o medico. Eu assinto e ela me beija nos lábios de leve e se retira do quarto. Eu fico pensando em tudo que tenho para falar com ela, não sei nem por onde começar, mas ela não parece estar com raiva, isso é um grande avanço, eu espero.
- Olá senhor Clark, vejo que acordou. O medico é alto, forte, tem uns trinta e cinco anos mais ou menos, é bonito e jovem demais para um medico, ele adentra o quarto acompanhado da Lee, seu sorriso é convidativo em direção a minha mulher e isso me irrita, o cara é bem apessoado e não me agrada nem um pouco seus grandes olhos direcionados a ela.
- Oi doutor. Digo sem muito entusiasmo.
- O que é isso meu rapaz, hum? Ele balança a cabeça em negativa. - Você é um rapaz saudável e tem uma vida longa pela frente, por que esse mau humor todo? Minha vontade é dizer para ele que meu humor só se alterou por que eu vi como ele olha para a minha garota.
- Deve ser porque tomei um tiro. Ele sorri de lado e me encara.
- Agradeça a Deus rapaz, você nasceu de novo. Ele pega sua lanterna e vem até mim. - Olhe para luz. Ele a balança de um lado para outro e eu sigo a luzinha com os olhos. - Você está sentindo alguma dor?
- Não! - Para falar a verdade eu estou ótimo, só dói quando me mexo. A Lindsay observa tudo bem quietinha próxima à cama, minha vontade é mandar esse medico embora e a segurar em meus braços e não solta-la nunca mais.
- Isso é um excelente sinal. Ele anota umas coisas na prancheta e sorri para a Lee, idiota. - Seu namorado está se recuperando bem senhorita Williams, ele terá que fazer alguns exames de praxe, mas eu acredito que em breve eu lhe darei alta. Ela sorri e eu me pergunto por que diabos ele não disse isso olhando para mim?
- Essa é uma excelente noticia doutor. Ela continua sorrindo para ele e eu estou ficando muito incomodado.
- Eu vou chamar uma enfermeira para trocar seu curativo. Ele fala olhando para mim. - E você senhorita Williams, se cuide hein, deixe esse braço quietinho, até mais. Ele sai em seguida.
- Que porra foi essa? Pergunto puto e ela parece confusa.
- Não entendi Gabe. Ela se aproxima da cama e se senta na poltrona ao meu lado.
- Por que esse cara estava cheio de sorrisinho para você? Um sorriso surge no seu belo rosto.
- Ah é isso. Ela coloca sua mão na minha. - É uma longa historia. Diz encabulada.
- Tenho muito tempo. Ela assente.
- Quando chegamos aqui no hospital eu não queria fazer meus exames, e também fiz um pequeno escândalo, isso tudo para vir na mesma ambulância que a sua. Seu rosto cora da forma que eu amo. Eu só não entendi ainda o motivo dele estar se abrindo todo para ela.
- Me explique melhor.
- Eu tive que ser sedada para que meus exames fossem feitos e assim eu fiquei muito conhecida aqui no hospital. Ela cobre seu rosto com a mão boa que estava na minha e se esconde. Ela estava mesmo preocupada comigo? Ah como eu amo está mulher.
- Lee, nós precisamos conversar. Ela fica ereta na cadeira.
- Agora não Gabe, você ainda está debilitado. Eu respiro fundo.
- Lee, eu estou bem, pronto para outra. Ela arregala os olhos.
- Não diga isso nem brincado está me ouvindo? Ela fica muito seria e eu tento não sorri para não irritá-la, eu falho miseravelmente, ela fica linda brava, ver sua preocupação comigo me enche o peito de tanto amor.
- Me desculpe, eu não falarei mais. Ela assente. - Eu também gostaria de me desculpar. Eu olho em suas safiras e continuo. - Por eu não ter confiado no seu amor por mim.
- Gabe... Eu não permito que ela termine.
- Me deixe falar, por favor.
- Tudo bem, mas não se exalte. Eu concordo com um leve balançar de cabeça, mas antes que eu diga qualquer coisa uma enfermeira baixinha e com um sorriso doce entra no quarto.
- Boa noite queridos, vejo que o bonitão acordou. Ela pisca para Lee que sorri para ela.
- Graças a Deus. A Lee junta suas mãos como se fosse rezar.
- E ai moço bonito, eu posso trocar seu curativo? Seu sorriso é realmente encantador.
- Claro. Ela começa a fazer seu trabalho, quando eu vejo a cicatriz no meio do meu peito, eu me lembro da dor que eu senti e do medo de perder a Lindsay, quando eu vi a Melissa apontar a arma para ela e puxar o gatilho quando viu o Logan entrar na sala, eu não pensei duas vezes ao não ser me atirar em cima dela, mas a dor foi tanta que eu apaguei e quando acordei ela estava aqui ao meu lado nessa cama.
- Essa moça te ama sabia? Eu olho surpreso para a mulher. - Você precisava ver seu rostinho quando soube que você estava no quarto, ela teve alta, mas não arredou o pé daqui. A Lindsay me olha com os olhos brilhando e eu estou todo cheio.
- Eu também a amo muito. Ela sorri.
- Disso todos nós sabemos, você levou tiro por ela menino, se ela duvidar do seu amor é porque é uma tonta. Ela pega suas coisas e sorri para Lee. - Mas ela sabe que é amada.
- Sim, eu sei. Ela me olha daquele jeito que eu adoro, mas seu rosto ainda está roxo e eu quero saber exatamente o que aconteceu naquela noite.
- Que bom querido. Ela pisca para mim e sai nos deixando sozinhos mais uma vez.
- Lee eu preciso que saiba como tudo aconteceu desde que eu recebi aquelas fotos.
- Você não acha que é melhor deixarmos esse assunto para depois? Ela levanta uma sobrancelha.
- Não, eu preciso expurga isso de dentro de mim. Ela assente e se ajeita na cama ao meu lado, ela não deita, mas sua proximidade é muito bem vinda.
- Tudo bem Gabe, vamos colocar tudo em pratos limpos e depois nunca mais tocaremos nesse assunto que só nos faz mal. Eu assinto.
- Tudo começou quando acordei com as ligações que ninguém respondia, eu me irritei e fui tomar banho, quando sai tinham muitas ligações perdidas e duas mensagens, nelas continham duas fotos sua beijando o Henrique, nessa hora eu fiquei cego e quebrei meu celular, não querendo acreditar que você havia feito àquilo comigo, conosco.
- Gabe...  Eu a calo colocando o dedo indicador em seus lábios.
- Me deixe terminar ok?
- Tudo bem. Ela diz claramente contrariada, mas me deixa falar.
- Meu dia foi um inferno, cada reportagem que eu lia me matava um pouco por dentro, eu não queria ver ninguém e nem falar com ninguém, muito menos você. Respiro fundo lembrando-me daquela maldita foto. - Quando sai do escritório fui direto a uma loja comprar outro celular, como eu havia te dito no dia anterior, eu fui para o pub do Jerry me encontrar com os rapazes, mas quando sai da loja ainda era cedo, chegando lá eu pedi uma garrafa de uísque, eu queria beber para esquecer até meu nome, e eu o fiz, bebi, a moça que você viu ao meu lado se aproximou de mim e eu vi você, eu vi minha diaba, naquele momento eu só queria te beijar. Uma lagrima rola por seu rosto e isso me faz sentir o pior dos homens. - Não chore Lee.
- Ver aquela cena me machucou muito Gabe. Merda, eu não queria que ela ficasse assim, mas eu preciso falar.
- Eu sei Lee, eu peço desculpas. Ela nada diz então eu continuo. - No dia seguinte eu acordei na cama dessa moça, eu me senti o pior dos homens, eu não conseguia lembrar-me de nada e foi ai que o Dylan me ligou contando que você apareceu no pub e me viu com a tal de Kimberley, meu desespero só aumentou, eu tentei entrar em contato com você para explicar tudo, mas você não quis me atender. Seu choro agora é compulsivo.
- Você transou com aquela mulher? Eu arregalo os olhos.
- Não! Ela me olha confusa.
- Eu não entendo. Ela limpa uma lagrima. - Você não disse ter acordado na cama da mulher?
- Sim, eu a encontrei dias depois no pub, ela me disse que eu só falava de você e adormeci, não toquei nela. Eu faço uma careta. - Eu me sinto o pior dos homens Lee, eu sei que não fui correto com você e nem com aquela moça, mas eu nem sabia o que estava fazendo e eu não vou colocar a culpa na bebida, por que quem escolheu beber como senão houvesse amanhã, fui eu.
- Eu fico feliz que não tenha dormido com ela. Ela parece aliviada.
- Eu também fico e peço que me perdoe por ter sido um babaca de marca maior.
- Agora isso é passado Gabe, eu não me importo mais com o que aconteceu aquele dia, eu só espero que nunca mais se repita. Eu respiro um tanto aliviado, que bom que ela é muito melhor do que eu.
- Isso nunca mais irá se repetir. Eu respiro fundo. - Ainda tem mais Lee. Ela franze o cenho.
- Como assim tem mais? Pergunta incrédula.
- Fique calma, eu não fiz nada. Ela continua a me encarar aguardando meu relato. - Aquelas fotos quem me mandou foi a Melissa. Ela não parece surpresa.
- Eu já desconfiava. Seu semblante se fecha.
-O Henrique te beijou a pedido dela, eu mandei investigar o numero e cheguei até ela, eu pedi para dois dos meus seguranças irem para Los Angeles atrás do Henrique, eles deram uma prensa nele e ele abriu o bico. Agora ela parece chocada.
- Aquele filho da puta. Ela esbraveja.
- Ele disse que uma moça loira e muito bonita havia digo para ele beija-la, disse até que pagaria, mas ele disse que faria de graça por te amar. Eu quero quebrar esse babaca na pancada. - Ele fez o que ela pediu, ela tirou as fotos e entregou uma copia para todos os sites de fofocas.
- Eu não fazia ideia que ele fosse tão baixo. Ela parece triste.
- Não fique assim princesa, isso fazia parte de um plano e o Henrique foi só mais um peão.
- Que plano? Pergunta alarmada.
- A Melissa já estava mancomunada com o Munhoz, eles armaram para que nós brigássemos e eu retirasse a sua segurança, mas como isso não aconteceu eles adiaram seu sequestro. Ela me ouve atentamente. - Enquanto eles te investigavam descobriram sobre sua exposição e da sua amizade com a advogada que na mente doentia dele o havia ferrado, Isa. Outra enfermeira entra no quarto para ministrar meus remédios e sai, a Lee me ajuda a sentar na cama e eu continuo contando. - O plano daquele filho da puta era matar todos vocês, mas sua arrogância o fez deslizar em algumas coisas.
- Em quê? Pergunta com curiosidade.
- Quando eles te pegaram nos fundos da galeria, meus seguranças os seguiram até certa parte da cidade, em um bairro fora de Manhattan, tudo bem que seria como procurar uma agulha em um palheiro, mas seu pai, meus seguranças e até mesmo a Jesse não sossegaram até encontrar alguma pista e finalmente achar o paradeiro de vocês.
- A Jesse? Eu sorrio para ela.
- Aquela baixinha é danada. Seus olhos brilham de emoção.
- Minha maluquinha é tão especial.
- Sim ela é. Ela sorri. - Depois ele me ligou de um telefone descartável e deu para rastrear até o mesmo bairro, então sabíamos que estávamos indo pelo caminho certo, mas o que a Jesse descobriu é que nos deu a certeza do cativeiro.
- E o que ela descobriu?
- Ela conversou com uns caras barra pesada, eles frequentam seu estúdio, os homens disseram que um ex militar estava alugando um galpão a pouco mais de duas semanas e que havia algo suspeito, então pegamos o endereço do tal galpão e quando invadimos, eles não nos esperavam, eu não imaginei que teria tantos homens guardando o lugar, e para piorar eles eram treinados, acho que eram ex fuzileiros, não que meus homens não sejam eficientes, mas a briga foi boa, assim que entramos avistamos quatro caras armados, eles nos receberam na bala e nós revidamos para logo em seguida outros virem, eu tentei avançar pelos lados com o Logan me dando cobertura, mas eu me deparei com o Munhoz, até o momento eu não sabia quem estava por trás dessa merda toda, ele apontou uma arma em minha cara e cuspiu todo seu ódio, ele ia atirar em mim, mas o Logan foi mais rápido.
- Ele está morto? Seus olhos mostram o quanto está chocada com a história toda.
- Está sim, eu o vi soltar o ultimo suspiro. Eu tenho que fazer essa pergunta a ela. - Lee a Melissa está morta? Ela me encara com os olhos tristes.
- Sim, Logan atirou nela no momento em que ela disparou contra nós. Eu fecho os olhos e me sinto culpado por essa merda toda.
- Eu não queria que as coisas acabassem assim. Eu solto um longo suspiro. - Depois que o Logan apagou o Munhoz outros homens apareceram, ele me mandou seguir para encontra-los e ficou lá me dando cobertura, mas quem diria que seria ele a matar a Melissa?
- Ninguém Gabe, se o Logan não tivesse atirado nela talvez nós dois estivesses mortos agora, ela era louca, mas ainda era jovem e tinha uma vida toda pela frente, o pior é saber que ela te amava de um jeito maluco, mas te amava. Essa declaração me deixa mais para baixo, eu sei que ela me amava e que eu nunca correspondi, hoje eu sei o que é o amor e imaginar a Lindsay me tratando exatamente como eu a tratava, isso me dói, eu fui um verdadeiro merda com todas as mulheres com quem sai, eu nunca prometi nada a nenhuma delas, mas eu poderia ter sido menos grosseiro e ter feito como o Brian, nunca repetir uma mulher. - Agora vamos esquecer esse assunto, já passou e eu não gosto nem de lembrar.
- Aquele filho da puta bateu em vocês e isso será muito difícil de esquecer Lee, se eu pudesse, eu o mataria de novo.
- Não pense mais nisso amor, ele não merece nem nossos pensamentos. Eu paraliso.
- Repete o que você disse. Ela me olha confusa.
- O quê? - Que ele não merece nem nossos pensamentos? Eu balanço a cabeça em negativa.
- Não, antes disso. Ela sorri.
- Para não pensar mais nisso? Ela me provoca.
- Entre essas duas frases. Seu sorriso se amplia.
- Amor... Eu fecho os olhos e absorvo cada letra dessa palavra, eu adoro quando ela me chama de amor.
- Eu te amo tanto senhorita Williams. Eu abro meus olhos e suas safiras me encaram.
- Eu também te amo senhor Clark. Ela se aproxima de mim e me beija, não é um beijo nada sutil, pelo contrario, esse beijo me acende e me deixa em chamas, como eu senti falta disso.
- Mulher, nós estamos em um hospital, não me faça estourar meus pontos e fazer uma cena aqui para todos que quiserem assistir. Ela solta uma gargalhada gostosa que me alegra alma.
- Nada disso, nem pense nessas coisas por um tempo, afinal você estava em uma mesa de cirurgia a menos de três dias e quase vai de encontro ao pai celestial, eu não quero ter que passar por isso nunca mais. Ela respira profundamente. - Eu prometo me comportar.
- O difícil sou eu resistir a você. Ela me beija de leve nos lábios.
- Vamos dormir um pouco amor, você precisa descansar e já passou por emoções demais, para uma noite.
- Sim senhora. Eu bocejo. - Eu realmente estou ficando cansado.
- Eu também. Ela ajeita minha cama, se deita ao meu lado e logo pegamos no sono.
Na manhã seguinte eu acordo com uma enfermeira me olhando de cara feia, droga, deve ser porque a Lee está na cama comigo, mas eu não ligo, eu faria de novo, porque dormir com a mulher que eu amo não tem preço. Eu peço à enfermeira que não a acorde e ela parece sentir pena desse pobre coitado aqui e não a acorda, manuseia meus medicamentos e se retira falando que em breve meu café da manhã estará aqui. Eu fico observando o sono da minha princesa, seu rosto está em um tom arroxeado e um pouco inchado, eu agradeço por não ser mais grave. A Isa e o Ethan me pareceram bem pior, como será que eles estão?
- Bom dia! Seus olhos azuis me encaram.
- Bom dia princesa, dormiu bem? Ela sorri e se ajeita na cama.
- Com você eu sempre durmo bem. Meu sorriso quase rasga meu rosto.
- Fico lisonjeado. Ela beija de leve meus lábios. - Lee como o Eth e a Isa está?
- Apesar dos pesares, bem, eles saem do hospital hoje, quem sabe não passam por aqui.
- Então não houve nada grave. Eu respiro mais aliviado.
- Eles quebraram algumas costelas e tiveram alguns hematomas, mas ficarão bem. Ela quer me contar algo, mas não sabe como.
- O que houve princesa? Seguro seu queixo com o polegar e o indicador para que possa em encarar.
- O seu avô não sabe que você está no hospital, eu pedi para a Bah não contar, eu não queria preocupa-lo. Ela parece se sentir culpada.
- Ei, está tudo bem, se o velhote soubesse de tudo iria enfartar, mas agora que está tudo bem, nós podemos contar a ele.
- Sim, eu estou morrendo de saudades dele. Eu estreito meus olhos para ela.
- E de mim não? Ela ergue sua sobrancelha direita e me encara.
- Meu amor, eu sinto sua falta há todo momento, antes de me afastar de ti já estou com saudades. Meu peito se infla com a emoção de ouvir essas palavras, como pude ficar tantos anos sem está mulher?
- Idem! Ela alisa meu rosto e se levanta.
- Eu preciso de um banho. Eu a imagino entrando no chuveiro, nua, a água caindo sobre seu corpo, ah mulher, você vai me deixar maluco. - Por que está me olhando assim? Ela me olha com o pescoço pendendo para um lado.
- Assim como? Finjo-me inocente.
- Como se você fosse o lobo mal e eu a chapeuzinho vermelho. Eu solto uma gargalhada e me encolho com a dor em meu peito, droga.
- Excelente analogia amor. Ela pisca para mim. - Mas eu estou mais para o caçador. Ela me olha fingindo espanto.
- Gabriel Clark, tenha modos, estamos em um quarto de hospital e o senhor tem que se recuperar e ficar 110% para eu poder fazer tudo que tem passado em minha mente nada poluída. Ela sorri e eu acompanho, seu sorriso é tão lindo.
- Ah senhorita Williams, não me provoque.
- Não está mais aqui quem falou. Ela entra no banheiro me deixando com uma baita ereção, filha da puta.
- Bom dia! Uma enfermeira loira, baixa e muito magra entra no meu quarto, eu jogo o lençol sobre minha ereção e tento me controlar, você me paga Lindsay.
- Bom dia. Respondo envergonhado.
- Como está se sentindo?
- Muito bem.
- Que bom, eu vim para te ajudar a tomar banho e refazer seu curativo. Eu a olho espantado, como assim me ajudar a tomar banho?
- O quê? As palavras saem antes mesmo que pense no que acabei de dizer.
- Não se preocupe, se preferir eu posso chamar um enfermeiro.
- Eu prefiro. Se entrar com essa mulher no banheiro a Lindsay me mata.
- Certo, eu vou chama-lo. Ela sai do quarto e eu respiro mais aliviado, não demora e um rapaz moreno, de estatura mediana e olhos verdes adentra o quarto.
- Bom dia senhor Clark, meu nome é Des Sprouse, mas pode me chamar somente de Des.
- Bom dia Des.
- Amor à água está... Ela para no meio da frase e encara o rapaz a sua frente. - Me desculpe eu não sabia que estava acompanhado. Ela sorri envergonhada.
- Bom dia senhorita Williams. Ele sorri para ela, o que há com os homens deste lugar?  Além de olharem para minha mulher de uma forma que não me agrada em nada, eles precisam ser tão bonitos? Eu acho que o pré-requisito para trabalhar nesse lugar, além de exercer a função tem que ter uma beleza extrema, ninguém merece.
- Bom dia Des, como tem passado? Ela termina de secar o cabelo naturalmente.
- Muito bem obrigado. Que merda está acontecendo aqui, que intimidade é essa? Eu continuo olhando para eles sem entender nada. - Vamos para o banho senhor Clark?
- Vamos. Respondo de mau humor, ela se aproxima de mim.
- Amor, eu vou até a cantina comer alguma coisa enquanto você toma banho. Ela se aproxima da minha boca e sela nossos lábios em um beijo rápido, mas não antes de eu conseguir sentir seu cheiro misturado à limpeza. Não há nada melhor. - Cuidado com o Des. Ela sussurra, se afasta e pisca para mim, eu fico sem entender nada.
Ela sai sorrindo e eu ainda não entendi o porquê do seu comentário, Des tira meu curativo e me ajuda a levantar, eu fico meio tonto, ele diz que normal, isso aconteceu porque eu fiquei muito tempo deitado e perdi muito sangue. De banho tomado e com a camisolinha horrível do hospital eu volto a me deitar, eu mal saio do coma e já quero sair dessa merda de lugar. Eu tomo meu café da manhã com vontade, está delicioso eu não sei se é por que eu estava faminto, mas fazia tempo que eu não comia com tanto gosto.
- É aqui que tem um puto? Dylan coloca sua cabeça para dentro do quarto e meu sorriso é automático.
- E ai veado. Ele entra no quarto com uma caixa de chocolate e um buquê nas mãos. –Para quem é essa porra de buquê?
- Para a Lindsay é claro. Ele pisca para mim, eu mereço, todos os homens resolveram agradar minha garota?
- Posso saber por quê?
- Porque ela passou por várias coisas e é digna de receber o melhor. Ele me olha como se eu fosse um grandessíssimo imbecil e eu me sinto o pior dos seres humanos agora, meu ciúme me deixou cego, as pessoas só querem agrada-la, afinal ela passou por poucas e boas nos últimos dias, e eu insensível nem me dei conta da minha babaquice.
- Eu sou um idiota não é? Pela sua cara eu já sei a resposta.
- Você ainda tem dúvidas? O babaca abre um sorriso e não tem como não acompanha-lo.
- Obrigado cara por isso, pelo carinho com a minha garota. Ele dá de ombros.
- Sua garota é incrível e merece o melhor cara, eu tenho uma pontada de inveja de você. Eu olho para ele surpreso. - Até hoje eu não consegui me entender com aquela ruiva petulante, ela me dá nos nervos. Eu sorrio me lembrando da ruivinha e seu gênio de cão, coitado do meu amigo.
- Ela é uma pessoa incrível, você vai perceber isso com o tempo.
- Incrível só se for para você, ela é uma bruxa isso sim. Eu solto uma gargalhada e paro no instante seguinte, sentindo uma pontada no meu peito.
- Não me faça rir seu idiota. Ele parece preocupado e sua cara de palerma me faz querer rir mais, eu tento me segurar, mas está cada vez mais difícil. - Você não está ajudando fazendo essa cara. Eu digo entre um riso e uma pontada, merda.
- Pare de rir seu puto. A Lee entra no quarto e enruga suas sobrancelhas sem entender o que se passa aqui, ela me olha e depois olha para o Dylan um tanto confusa.
- O que estão aprontando?
- O Dylan... Eu continuo rindo sem parar e minha dor aumenta, eu nem sei por que estou tendo um ataque de riso, a única coisa que eu sei é que essa merda dói e eu não consigo parar.
- Eu não fiz nada Lee, esse merda que começou a rir, gemer e não para mais.
- Gabe, olha seus pontos amor, você está se machucando. Eu tento ao máximo me acalmar e o ataque vai passando.
- Obrigado amor, sem você eu não conseguiria. Ela assente.
- Do que vocês estavam falando para você ter um acesso de riso? O Dylan me olha, seus olhos me pedem para não falar.
- Nada importante Lee. Ela sensata como sempre, aceita minha explicação e não me pergunta mais nada.
- Eu já ia me esquecendo. Dylan pega as flores e o chocolate e oferece para ela que sorri lindamente. - São para você. Ela pega as flores e seus olhos se enchem de lagrimas.
- Obrigada Dylan, não precisava, elas são lindas.
- É o mínimo que eu poderia fazer, depois de tudo que você passou. Ela se aproxima do meu amigo e o abraça, pegando ele desprevenido, ele retribui o abraço e eu por incrível que pareça, me pego sorrindo.
- Já pode soltar minha mulher agora. Digo brincado e eles se soltam rindo do meu comentário.
- Relaxa Gabe, ela te ama, eu ainda não sei por que, mas ela ama. Ela sorri para mim e eu me derreto todo, eu estou realmente fodido.
- Eu poço fazer uma lista se vocês quiserem. Antes que possamos responder Isa entra acompanhada do Brian.
- Oi. Ela me cumprimenta.
- Oi Isa, como você está? Ela sorri e se aproxima da minha cama.
- Viva, graças a você. Eu sinto uma emoção que não sei explicar. - Eu quero te agradecer por tudo Gabe, senão fosse você, nós não estaríamos aqui. Eu não gosto nem de imaginar.
- Não me agradeça, eu faria tudo de novo. Ela balança a cabeça em negativa e encara a Lee.
- Eu irei te agradecer pelo resto da minha vida, além de me salvar, você quase morreu para salvar a vida da minha melhor amiga, a pessoa mais importante nesse mundo para mim. Seus olhos se enchem de lagrimas e eu seguro ao máximo para não chorar também, a amizade delas é muito bonita.
- Eu morreria por ela, eu a amo. A Lee segura minha mão e deposita um beijo nos meus dedos, ela se aproxima da Isa e alisa seu rosto manchado de roxo pela violência sofrida por aquele desgraçado.
- Eu te amo tanto. Isa pega a mão da Lee e as duas se abraçam desajeitadas, uma está com o braço engessado e a outra com o lado esquerdo todo imobilizado por causa da sua costela.
- Eu também te amo.
- Eu quero te agradecer por salvar a mulher da minha vida. Brian me abraça do jeito que dá e todos nos olham.
- Eu fico feliz por ter conseguido chegar a tempo. Ele assente
- E então amor, o Des te apalpou? A Lee me pergunta baixinho para que somente eu ouça.
- O quê? Ela começa a rir e minha ficha cai, o cara é gay e eu com ciúmes dele.
- Engraçadinha. Eu faço uma careta para ela. - Ele será mais um amigo, eu gostei muito dele, eu só não tinha gostado da intimidade de vocês, mas agora que sei que ele não tem interesse pela minha mulher, nossa amizade será duradoura. Ela solta uma gargalhada e todos a olha sem entender nada.
- Piada interna. Ela diz e eles dão de ombros voltando a conversar. - Eu sei que o Des é um cara incrível, eu só estava pegando no seu pé porque eu percebi seu ciúme. Ela beija meus lábios de leve, essa diaba estava me provocando, não tem como não sorrir.
Dylan, Brian, Isa, Lee e eu engajamos em uma conversa legal, sobre outros assuntos, depois de meia hora mais ou menos eles se vão e ficamos mais uma vez a Lee e eu. Na parte da parte o Ethan também recebe alta e vem me ver, ele me agradece por tudo e se emociona, eu também derramo algumas lagrimas, a Lee nos acompanha. A mãe do Eth me abraço e agradece inúmeras vezes por ele ter sido salvo por mim, eu estou me sentindo a porra de um herói, mas eu sei que eu fiz o que fiz por ama-los. A Lee é o amor da minha vida, o Ethan um dos meus melhores amigos, a Isa é uma amiga querida e eu tenho muita estima por ela, afinal ela é como uma irmã para a Lee e é o grande amor da vida do Brian, eles são pessoas que eu amo demais, não tem como não me arriscar para vê-los felizes, a felicidade deles sempre será a minha e se fosse necessário eu faria tudo de novo.
Os dias se passam em câmera lenta, mesmo tendo a melhor das companhias ao meu lado, mas a única coisa que eu quero é ir embora desse hospital. Eu recebi a visita da Bah todos os dias e isso me deixou imensamente feliz, ela é como uma mãe e me dá tanto carinho que eu me sinto acolhido. Sua aparência estava péssima, ela emagreceu nesses dias que fiquei em coma, agora ela está mais corada e seu sorriso demonstra o quanto está feliz por me ver melhorando a cada dia.
Meu avô até o momento não sabe onde estou, nós achamos melhor assim, eu liguei para ele inúmeras vezes para acalma-lo, ele acredita que eu esteja viajando a negócios, eu não quero deixa-lo preocupado, sei que se souber que estou no hospital vai querer vir até aqui e ele tem que evitar esse tipo de lugar, assim que eu for para casa contarei tudo a ele. Eu recebi a visita de todos os meus seguranças, eles continuam fazendo seu trabalho, uns estão aqui no hospital e os outros na minha casa, mesmo que aquele desgraçado tenha morrido eu nunca mais baixarei minha guarda e protegerei quem eu amo com unhas e dentes. Paul veio me ver algumas vezes, sua esposa nem chegou perto de mim, mas eu realmente não me importo com sua opinião, à única coisa que me importa é o amor que sinto por sua filha e se ela não aceita, o problema é somente dela. Mariza e Gustavo vieram quase todos os dias, eles também fazem questão de dizer que sou da família e que a família permanece sempre unida, isso me deixa emocionado, os rapazes, Brian, Henry e Dylan, sempre que podem estão por aqui, as enfermeiras brigam pela bagunça e o barulho, tudo bem que elas ficam afetadas, afinal nós somos uns gatos. Risos.
Hoje finalmente eu irei para casa, eu não aguento mais ficar neste lugar, a comida é uma merda, aquele dia eu estava realmente faminto, porque nunca mais comi com gosto, na verdade a Lee me empurra a comida goela a baixo. O medico vem até meu quarto e fica flertando com a Lee, eu peguei um ranço desse cara, ele olha minha cicatriz que está em perfeito estado e me libera, graças a Deus. A Lee vai para casa comigo, seus pais já voltaram para Filadélfia e seu primo também já foi embora, as meninas entenderam que é importante para nós dois estar juntos neste momento.
Meu avô quase me matou quando contei a ele toda a verdade, esse homem ficou furioso e sobrou até para Lee, depois ele nos abraçou e chorou, disse que sentiu nossa falta esses dias e que não sabe o que seria dele se o pior tivesse acontecido. Ele entendeu que queríamos poupa-lo de tudo e que nunca mais iremos assusta-lo assim, ele concordou e ficou tudo bem, na medida do possível, na verdade, a cada dia que passa ele fica mais debilitado, eu vejo o quanto ele emagreceu e o quanto essa doença maldita o maltrata, a senhorita Windler me disse que ele está em uma fase ruim, mas que essa doença é assim mesmo e que ele é muito forte, a única coisa que eu peço a Deus é mais tempo com ele, o maior tempo possível.

Inesperada PaixãoWhere stories live. Discover now