Capitulo Quatorze

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Gabriel

Lindsay e eu estamos à algum tempo dentro do carro, acabamos de fazer amor e agora estamos aqui, sentindo a sensação de estarmos juntos, com nossos corpos suados e colados, essa mulher me deixa maluco, quero comer ela em todos os lugares, não me importa onde. Depois de nos recompor, entramos em casa, sigo direto para o quarto com a Lee em meu calcanhar, eu ainda não matei minha sede de estar enterrado nela. Eu fecho a porta atrás de mim e a puxo em minha direção, tomo sua boca como se não tivesse acabado de beijá-la, ela retribui com a mesma intensidade.
- Você me deixa maluco sabia? Pergunto olhando em seus olhos.
- Idem. Ela fixa seus olhos nos meus e eu vejo tanto sentimentos misturados, eu não consigo decifra-la, mas de uma coisa eu sei, ela me quer assim como eu a quero, não sei se na mesma proporção, mas só dela me desejar, eu me sinto imensamente feliz.
- Eu adoro seu cheiro, a maciez do seu cabelo, cada curva do seu corpo, eu adoro tudo em você. Ela acaricia minha barba por fazer e beija a ponta do meu queixo, é um gesto simples, porém deixa meu pau mais duro, essa filha puta nem sabe o poder que tem sobre mim, se ela souber, eu estarei realmente encrencado.
- E você me encanta cada dia mais com suas palavras, mas a cima de tudo, com seus gestos.
- Essa é minha intenção, eu quero alcançar seu coração Lee.
- Você já conseguiu isso Gabe. Meu peito se enche de alegria, nunca pensei sentir o que sinto por ela e saber que ela gosta de mim, nem que seja um pouquinho, me deixa feliz.
Eu a pego no colo e a beijo com ternura, transmitindo todo meu amor a essa mulher, caminho com ela até minha cama e a deposito com todo o cuidado possível. Nunca imaginei que pudesse haver um sentimento como esse, um amor intenso por uma pessoa que não fossem meus pais, porque o único amor de verdade são os dos pais para com seus filhos e vise e versa, pelo menos era o que eu acreditava. Apesar de ver meus pais sempre tão apaixonados, eu nunca pensei encontrar um amor assim, e agora aqui estou eu, amando uma mulher linda, dona de uma doçura única e de uma inteligência inigualável, se ela me aceitar, eu serei dela para sempre.
Sem muita demora arranco seu vestido e fico admirando sua beleza, ela sorri encabulada, isso a deixa mais linda se é que isso é possível. Eu retiro minhas roupas devagar sem tirar meus olhos dos seus, gosto da sinceridade que é transmitida por seu olhar, ela nunca deixa meus olhos em uma conversa, nem quando estamos transando, somente quando está perto de um orgasmo, ai ela fecha seus olhos e abre um belo sorriso, o que me deixa mais apaixonado, porque sou eu quem está lhe proporcionando prazer, e isso me deixa satisfeito. Eu nunca fui um cara egoísta na hora do sexo, mas nunca tive tanta vontade de satisfazer alguém como com ela.
Depois de me despir eu a convido para um banho, ela aceita de prontidão, como não estou com muita paciência para esperar a banheira encher, entro no boxe e ligo a ducha, me aproximo dela e me ajoelho ficando de frente para sua bucetinha linda, me aproximo e inalo seu cheiro, para mim é uma perdição, ela geme com meu gesto, abro seus lábios com os dedos e dou uma lambida no seu clitóris, ela geme mais, meu pau está tão duro que chega doer. Eu chupo seu clitóris com força e ela puxa meus cabelos, me trazendo para mais perto, chupo e mordo de leve, enfio dois dedos dentro dela e brinco com seu pontinho, ela está tão molhada, seu gemido sai alto quando encontro seu ponto sensível, continuo a fodendo com os dedos e chupando seu clitóris com mais força, sinto seu canal apertando meus dedos, não demora muito para ela atingir seu orgasmo, ela chama meu nome algumas vezes e fala algumas palavras inelegíveis. Eu retiro meus dedos dela e os chupo, sentindo seu gosto, eu me levanto e a beijo, permitindo que ela sinta como seu sabor é sensacional. Abandono sua boca e beijo seu pescoço, colo e seios, ah seus seios fartos são tão gostosos, chupo e mordo, dando a devida atenção para cada um deles, ela geme e se contorce, me deixando mais aceso, meu pau está babando e louco para estar dentro dela, então sem muita demora, eu me enterro nela sem nenhuma delicadeza, ela solta um grito e eu urro, como ela é apertada, por mais lubrificada que ela esteja, sempre entro com um pouco de dificuldade, meu pau é grande e grosso, ela é toda pequena e apertada. Eu começo a me movimentar, eu preciso de todo meu alto controle para não gozar no primeiro movimento, meu pau está latejando dentro dessa bucetinha gostosa, ela está me deixando totalmente viciado em me enterrar dentro dela. Eu me movimento cada vez mais rápido e sinto nossos corpos se chocando a cada bombada, ela aranha minhas costas e chama meu nome com a voz sexy, me fazendo perder o controle e fode-la cada vez mais forte, nunca transei com ela com um pouco mais de força, como eu gosto, mas ela não está me dando opção, estou ensandecido e com uma sede dela, que me assusta. Depois de aumentar meus movimentos a Lindsay atinge mais um orgasmo e logo em seguida eu atinjo o meu.
- Eu te machuquei?
- Isso foi incrível, como poderia me machucar?
- É que peguei um pouco pesado hoje.
- Eu adorei. Eu me retiro dela e a coloco no chão.
- Tem certeza que está tudo bem? Fico preocupado, ela me parece tão inocente e eu peguei pesado, não quero que ela saia correndo daqui.
- Estou falando sério, eu estou bem, mais do que bem. Ela deposita um beijo nos meus lábios.
- Tudo bem, eu posso te lavar?
- Claro. Ela me olha com malicia.
- Safada.
- Acho que você tem uma grande parcela de culpa nisso. Ela fala fazendo cara de inocente.
- Jura?
Ela sorri e eu pego a esponja, espalho sabão liquido e começo passar por todo seu corpo, eu a grudo na parede e roubo alguns beijos enquanto a esponja desliza por suas curvas perfeitas, eu estou pronto para tê-la mais uma vez, será que vai ser sempre assim? Nós não podemos nos encostar, que estarei de pau duro que nem um adolescente? Fala sério Gabe, você já é adulto, já teve tantas mulheres que nem é possível contar, agora está ai, que nem um moleque. Paro nossos beijos abruptamente, senão me enterrarei nela aqui de novo, de novo e de novo...
Ela me olha um tanto confusa, mas entendi o que está passando pela minha cabeça, ela pega a esponja da minha mão e começa a me lavar, ela ensaboa meu peito, barriga e braços, é uma grande tortura, eu pego a buchinha das suas mãos e coloco mais sabão, eu a viro de costas e começo a esfregar, passo a esponja bem devagar pelo seu traseiro arredondado, passo minha mão por seus braços e alcanço seus seios, acariciando-os enquanto os lavo, coloco pressão nos bicos, ela fecha os olhos e eu deposito um beijo no seu pescoço. Desço minha mão pela sua barriga e posiciono a buchinha na sua entrada, mas ao invés de lava-la eu posiciono minha mão na sua entrada, sentindo a sensação do calor que meneia.
- Tão quentinha. Enfio um dedo dentro dela.
- Ah...
- Você é minha perdição mulher. Enfio outro dedo dentro dela e seguro seu seio esquerdo com a outra mão, eu aperto seu mamilo e ela geme.
- Ah Gabe.
- Goza mais uma vez para mim Lee, goza cachorra. Eu aumento a velocidade das minhas investidas e ela se derrete nos meus braços, sua buceta aperta meus dedos, eu massageio seu clitóris com movimentos circulares com o polegar, ela grita e eu aumento a pressão, ela geme ainda mais, eu sinto que está alçando sua liberação e não há nada que me deixe mais satisfeito. Eu mordo seu ombro e ela goza nos meus dedos. Ela se vira e nos beijámos com tanta paixão que eu fico sem folego, suas pernas se fecham em minha cintura mais uma vez, nossos corpos se encaixam perfeitamente, me movimento devagar e olho em seus olhos o tempo todo, ela é perfeita, como não encontrei esta mulher antes? Eu a seguro pela bunda e a ajudo a me cavalgar, cada vez mais rápido, ela enfia suas mãos pelos meus cabelos e puxa de leve, expondo meu pescoço, ela deposita beijos molhado e macios, me deixando louco, não demora muito e eu atinjo mais um orgasmo. De banho tomado e relaxados, nós vamos nos deitar, ficamos conversando até que ela pega no sono, eu me aconchego ao seu lado e adormeço.
Na manhã seguinte eu acordo relaxado e muito feliz, a Lindsay está adormecida ao meu lado e seus cabelos estão espalhando pelo travesseiro, uma brecha da cortina está aberta e um pouco de luz está batendo sobre ela, parece uma visão de tão linda.
- Apreciando a vista?
- Sempre princesa.
Ela sorri e esfrega os olhos, está claramente com sono, afinal fomos dormir tarde, por mim nem teríamos dormido, mas temos que trabalhar daqui a pouco e se tem uma coisa que eu aprendi sobre a Lindsay, é que ela adora dormir.
- Bom dia!
- Bom dia Lee, dormiu bem?
- Sim, só queria poder dormi mais. Ela faz manha.
- Pare de ser preguiçosa.
- Ei, olha como fala mocinho.
- Está me repreendendo? Semicerro os olhos.
- Você que está me ofendendo a essa hora da manhã. Risos
- Me desculpe senhorita, não está mais aqui quem falou.
- Acho bom mesmo.
- Agora, levante-se, eu quero tomar café com você.
- Sim senhor. Ela bate continência, abusada.
Eu me dirijo para o banheiro e a deixo despertar melhor. Faço minha higiene matinal e vou para o meu closet escolher uma roupa. Quinze minutos depois estou pronto e a Lindsay nem saiu da cama.
- Levanta mulher.
- Já estou indo, é que não dormi quase nada essa noite e de manhã eu sou uma negação. Ela faz careta.
- Percebi. Um sorriso surge em meu rosto, deposito um beijo casto em seus lábios.
- Estou indo. Ela diz se levantando e indo em direção ao banheiro.
- Eu vou para cozinha e te espero lá hein, sem enrolação mocinha.
- Daqui a pouco eu te encontro lá. Ela fala do banheiro.
Vou até a cozinha e a Bah está preparando o café, o cheirinho invade minhas narinas, eu gosto do cheiro do café quando está sendo preparado, é difícil alguém que não goste.
- Bom dia Bah.
- Bom dia filho. Eu gosto muito da forma como ela me trata.
- O que temos para o café? - Estou faminto. Eu me sento na bancada da cozinha.
- Café, leite, iogurte, pão, bacon, ovos e um bolo que eu fiz.
- Uau, tem comida para um batalhão.
- Você não disse estar faminto?
- Eu também estou, que cheirinho maravilhoso, bom dia Bah.
- Bom dia senhorita Lindsay, se precisarem de algo estarei na área de serviço.
- Tudo bem, obrigada.
- Então você está com fome? Pergunto a ela com segundas intenções.
- Com muita. Ela aperta meu pau sobre a calça, cachorra.
- Não me provoque.
- O que eu fiz? Ela pergunta fingindo inocência.
- Safada. Ela me beija e senta-se ao meu lado.
- Eu preciso mesmo de café, hoje o dia será longo.
- Por quê?
- Primeiro: Eu não dormi muito, então eu ficarei torcendo para que o dia acabe logo.
Segundo: Tenho muito trabalho e nem sei que horas sairei da revista.
Terceiro: Eu estarei longe de você e quando estamos longe o dia demora mais a passar.
- Vem aqui. Eu lhe dou um beijo com paixão, ela me surpreende a cada dia.
- Se quiser podemos nos ver hoje, amanhã e depois... Ela sorri.
- Seria ótimo, irei ver como está minha agenda, minhas amigas malucas não estão passando por uma boa fase.
- Nem você não é?
- Por que pergunta Gabe?
- Porque você nunca mais tocou no assunto da sua mãe.
- Eu ainda estou remoendo essa história, quando eu estiver pronta entrarei em contato com ela, falei com meu pai esses dias e ele me disse que ela está triste e muito arrependida, mas o que ela fez me magoou muito.
- Eu posso imaginar.
- Você fala de mim, mas eu percebi que quando sorri não é com a mesma alegria, o que esta havendo?
- É essa história do meu avô, eu tenho um encontro com ele hoje e não sei bem se eu quero ir.
- Vai sim, talvez essa seja sua ultima chance de vê-lo, de saber o que houve no passado e encerrar essa pagina da sua vida.
- É,  você tem razão meu anjo, eu vou falar com ele.
- Fico feliz, espero que vocês possam se entender.
- Eu também. Depois de tomarmos café passo na revista para deixa-la.
- Entregue.
- Obrigada.
- Não me agradeça, o prazer da sua companhia não tem preço.
- Pare de ser fofo ou eu posso me apaixonar.
- Estou torcendo por isso. Eu me aproximo dela e a beijo.
- A é? - Então tudo isso é um plano para que eu caia na sua rede?
- Com certeza. Ela sorri.
- Acho que está dando certo.
- Que bom. Ela me da um beijo rápido saindo do carro, eu saio em seguida e me apoio na lateral, observando minha princesa se afastar, mas antes de passar pela porta ela pergunta.
- Mais tarde nos falamos?
- Com certeza.
Eu sigo para o escritório, preciso resolver umas coisas antes de ir ao hospital visitar meu avô, sei que não será uma conversa fácil, ainda mais pelas circunstâncias. Quando entro no escritório vejo o Ethan com uma perna em cima da mesa da minha secretaria, meio sentado, falando algo no seu ouvido, ela está toda soltinha, eu pigarreio e ela me olha assustada.
- Atrapalho?
- Desculpe senhor.
- Ethan, venha até minha sala. Eu passo sem responder a senhorita Cortez, não quero me estressar logo cedo, então vou direto a raiz do problema, meu amigo.
- Bom dia para você também Gabe. Fala ele vindo atrás de mim.
- Seria se eu não pegasse você dando em cima da minha secretaria.
- Ei cara, eu não estava comendo ela na mesa, só estávamos conversando.
- Se eu não tivesse chegado eu não duvido, por isso não tem uma secretaria, come todas e depois se livra delas.
- Claro, depois elas grudam que nem carrapatos.
- Você como advogado deveria saber que elas poderiam abrir um processo contra você, por assedio.
- Elas nunca fariam isso, perderiam a chance de me ter de novo.
- Como você é convencido.
- Eu já te falei que sou incrível.
- Só me faz um favor, não se jogue em cima da minha secretaria aqui no escritório, não me faça dispensa-la, gosto do trabalho dela.
- Fica calmo aí cara, não tocarei mais nela, aqui. Ele levanta as sobrancelhas e eu tenho que rir.
- Você é um lixo, sabia? Ele sorri.
- Mas me fala, é hoje que você vai falar com seu avô certo?
- Sim e é por isso que te chamei aqui, quero que você vá a uma reunião na parte da tarde com uma cliente, mas não dê em cima dela.
- Por que eu faria isso?
- Porque além dela ser uma linda mulher, você é puto que não pode ouvir falar em buceta.
- Ei, não é bem assim, mas ela é gostosa mesmo? Pergunta empolgado demais para o meu gosto.
- Isso não vai dar certo, eu vou desmarcar e marcar para amanhã.
- Não Brow, eu vou.
- Mas sem palhaçada hein.
- Você sabe que quando se trata de um cliente, eu sou profissional.
- Quando esse cliente não é um rabo de saia você realmente é um profissional excepcional, mas quando tem mulher no meio, eu fico preocupado.
- Pode ir encontrar seu avô na boa, eu não vou dar mancada.
- Espero que se lembre da ultima merda que fez.
- Aquilo foi passado, eu era jovem e sem noção.
- Você continua sem noção Eth.
- Ah, qual é. Ele faz cara de ofendido.
- Pra cima de mim não.
- Beleza, você vai ver que não vou fazer merda dessa vez.
- Assim espero.
Ethan sai da minha sala e eu chamo a senhorita Cortez, ela vem até mim com cara de espanto, como se estivesse indo para forca. Na hora de flerta com meu amigo ninguém fica apreensivo não é?
- Senhor?
- Senhorita Cortez, quero que encomende um buque de Dália rosada e mande nesse endereço. Eu anoto para ela que está mais chocada do que quando entrou.
- Algo mais senhor?
- Sim, mande escrever isso aqui no cartão. Anoto tudo e dou a ela que sai logo em seguida.
Sei que Amanda está estranhando, eu nunca pedi para que ela mandasse flores a alguém, mas a Lindsay me desperta tudo que há de bom, eu gosto de vê-la feliz, seu sorriso é lindo e saber que ela irá sorrir ao receber esse buque, me deixa satisfeito.
Minha manhã passou bem rápida, tinha tanta coisa para resolver que nem senti as horas passarem, eu pedi para a senhorita Cortez pedir meu almoço, eu quero resolver tudo e ficar com a tarde livre para poder conversar com meu avô tranquilamente. Faltando dez minutos para as duas eu arrumo minhas coisa na pasta e saio.
- Senhorita Cortez, eu estou de saída e não volto mais, se precisar de alguma coisa estarei no celular.
- Tudo bem senhor Clark.
- Não chegue perto do Ethan. Ela arregala os olhos.
- Sim senhor.
Eu saio sorrindo, não consigo evitar, essa merda vai acabar em demissão, eles parecem cachorros no cio, eu gosto da Amanda, espero não ter que chegar a esse ponto.
Entro em meu carro e sigo para o Câncer Hospital NYC, é lá onde meu avô está internado. Lá chegando eu vou até a recepção me identificar e saber onde fica seu quarto, uma enfermeira me acompanha até o quarto e nos deixa a sós. Ele está adormecido, eu entro e me sento em uma poltrona ao lado de sua cama. Ele não mudou muito desde a última vez que eu o vi, ele está muito magro, seu estado é deplorável, é de dar nó na garganta de qualquer um, eu estou tentando ser forte e não chorar, por mais que ele tenha me abandonado, eu o amo. Eu espero até que ele acorde, a enfermeira me diz que poderia demorar um pouco por conta dos remédios fortes. Depois de uma meia hora ele enfim abri seus olhos, eu fico sem saber por onde começar essa conversa, massa antes que eu abra a boca ele fala.
- Que bom que você veio filho. Eu só consigo balançar a cabeça em afirmativa, ele continua. - Eu sei que nos últimos anos eu tenho sido um grande filho da puta, mas eu quero te explicar tudo.
- Eu espero por essa explicação há quinze anos, por quinze malditos anos.
- Eu sei meu filho, eu preciso que me perdoe por isso.
- Não sei se sou capaz de fazer isso.
- Gabe, quando eu perdi seu pai, meu único filho, eu perdi o chão, sua avó havia morrido há alguns anos antes, isso me deixou completamente acabado.
- O que eu tive a ver com isso, por que me abandonar quando eu mais precisei de você?
- Eu fui egoísta Gabe, eu não conseguia olhar para você, você me recorda muito ele, então eu achei melhor me afastar, mas com o passar dos anos eu me tornei uma pessoa amarga e solitária, eu sabia que você não me queria por perto, então não impus minha presença, mas agora que estou partindo, eu tinha que te dizer meus motivos, por mais egoísta que eu tenha sido, eu te amo meu filho e espero que me perdoe, eu não conseguiria ir em paz sem o seu perdão.
- Ainda bem que você sabe que foi um filho da puta egoísta, eu não sei se você se recorda, mas eu perdi meus pais naquele acidente e de quebra o meu avô que nem naquele carro estava. Eu tento controlar minhas lágrimas. - Você imagina como isso foi difícil para um garoto de apenas treze anos? Estamos nós dois chorando, eu não sei se o meu choro é de raiva ou tristeza.
- Eu só me dei conta disso tempos depois, eu sei que não mereço seu perdão, mas mesmo assim, eu o quero.
- No momento não posso te dizer nada, eu preciso de um tempo para assimilar tudo isso que você acaba de me dizer.
- Ainda tem mais Gabe.
- Mais?
- Sim, como você sabe, eu fiquei tomando conta de toda a empresa e com minha partida é você que assumirá tudo.
- O quê? Pergunto incrédulo.
- Sim Gabe, esse sempre foi o sonho do seu pai.
- Nunca foi o meu, não faço questão, eu não cuido nem das ações da minha mãe.
- Eu sei meu filho, eu cuido.
- Como assim?
- Sua tia passou para um representante cuidar, por que ela nunca entendeu dessas coisas, eu estava arrependido, a única coisa que poderia fazer é cuidar do seu patrimônio, eu não queria que soubesse que estava por trás de tudo, as ações lhe rede muito dinheiro e eu não confio em qualquer um, por isso pedi para o meu funcionário procurar sua tia e dizer que iria cuidar de tudo e desde então eu administro suas finanças.
- Eu nunca fiz questão de dinheiro, por isso não fui atrás de como isso funciona, fora que todo mês entra uma quantia exuberante na minha conta.
- Exatamente, esse valor é das ações da sua mãe, o rendimento da empresa eu deposito em uma poupança que fiz para você quando ainda era um bebê, eu sempre depositei dinheiro lá para o seu futuro. Eu ia te entregar quando fizesse dezoito anos, mas por causa da minha burrada isso não foi possível, mas agora tem uma fortuna acumulada por todos esses anos.
- Esse dinheiro não me importa.
- É seu Gabe, você pode fazer o que quiser com ele, mas lembre-se, esse dinheiro veio do suor de anos do seu pai. A minha vontade é mandar ele se foder, mas algo em mim não permite isso, eu sei que eu amo esse homem que tem apenas um fio de vida, mas meu orgulho e a ferida aberta por tantos anos, não me deixam demonstrar todo amor preso aqui dentro.
- Tudo bem, eu vou pensar em tudo que conversamos, amanhã eu volto para ver como você está. Eu tento ser durão e não transparecer como estou acabado por dentro.
- Ok filho.
Antes que ele diga qualquer outra coisa, eu saio com meus olhos cheios de lágrimas, eu nem sei se essa é ultima vez que vou ver meu avô, e meu orgulho idiota não me permitiu lhe dar um abraço. Eu paro no corredor um pouco a frente de seu quarto e resolvo voltar, quando entro no quarto ele está chorando, eu vou até ele e lhe dou um abraço, transmitindo todo meu amor guardado por anos. Que se foda seus motivos, eu o amo e quero que ele saiba que por mais filho da puta que ele tenha sido, eu vou ama-lo por toda minha vida. Como eu me arrependo de não tê-lo procurado antes, eu poderia ter mudado essa merda toda, mas como ele, eu fui orgulhoso demais, hoje me parece tarde, meu avô não tem muito tempo e nós perdemos anos de nossas vidas juntos, porque somos dois turrões. Depois de um tempo o abraçando em silencio, eu lhe dou um beijo na testa.
- Amanhã eu volto vô.
- Até amanhã filho.
Outra lágrima rola por meu rosto, eu senti tanta falta de ser amado por ele, sempre quis saber o que tinha feito de tão errado para ele se afastar assim de mim, ele errou e feio, mas agora isso ficou no passado e como a Bah diz, eu sou um merda de coração mole.
Eu entro no carro e fico sem rumo, ver meu avô a beira da morte mexeu muito comigo, eu não sei para onde vou, só ligo o carro e saio com ele pelas ruas, quando dou por mim estou em frente ao apartamento da Lindsay, ainda é cedo e eu sei que ela não chegou do trabalho e para piorar ficará até mais tarde. Com a correria da manhã eu me esqueci de carregar o celular, estou sem bateria. Eu decido ir até o bar do Jerry, não quero ficar em casa e falta muito para a Lee chegar, ligo o carro e me dirijo para lá.
- Oi Sam.
- Gabe, você aqui essa hora? Sorridente como sempre.
- Eu preciso de uma bebida e não quero ficar em casa.
- Está tudo bem?
- Não, mas vai ficar.
- Quer conversar?
- Obrigado Sam, mas eu só quero um uísque.
- Tudo bem, eu vou buscar.
- Obrigado.
Sam vai pegar minha bebida e eu fico sentado no balcão com meus pensamentos. A vida é tão curta, nós achamos que temos tempo, essa teoria sempre cai por terra, depois que meu avô se for, eu não terei nenhum parente vivo, seria cômico, senão fosse trágico.
- Aqui está.
- Valeu. Ela me deixa sozinho e vai atender uns caras em uma mesa.
- Ei bonitão!
- Ruivinha?
- Eu mesma, o que faz aqui essa hora?
- Eu vim tomar um drink e ver o tempo passar.
- Eu posso te acompanhar?
- Claro, sente-se, Sam servi minha amiga, por favor.
- Claro. Quando ela vê quem é, faz careta, a cara da Jesse não está diferente, o que será que eu perdi aqui?
- Você frequenta esse bar faz tempo? Pergunto confuso.
- Não, conheci o Jerry a pouco, ele fez uma tatuagem comigo e me convidou para conhecer o bar dele, eu gostei do lugar e do dono também, e você? Essa ruivinha não é fácil.
- Desde a época da faculdade.
- Uau, faz tempo então.
- Está me chamando de velho?
- Sim. Ela gargalha e eu tenho que acompanha-la. Sam demorou um pouco para servi-la, mas enfim chegou com uma cerveja.
- Você é doida.
- Ei, nunca chame uma mulher de louca. Balanço a cabeça em negativa.
- Como ela sabia que você queria cerveja?
- Por que virei uma cliente assídua. Ela faz outra careta ao olhar para Sam, eu não estou entendendo nada.
- O que tá pegando entre vocês duas?
- Nada.
- Se você diz.
Ficar no bar conversando com a Jesse me fez esquecer um pouco meus problemas, ela é muito divertida, depois que o Jerry chegou o papo ficou ainda melhor, o cara é incrível, não é a toa que somos amigos há tantos anos. Eu olho para o relógio e quase caio para trás, já são oito e meia, quero ver a Lindsay.
- Galera eu fui.
- É cedo Gabe, fica ai Brow, fazia tanto tempo que não conversamos assim.
- É verdade Jerry, a vida ficou corrida depois da faculdade, eu senti falta das nossas conversas, mas eu preciso ir, quero ver minha princesa.
- O quê? Ele pergunta com seus olhos quase saltando para fora.
- É isso mesmo que você ouviu Brow, eu estou apaixonado.
- Achei que morreria antes de ver essa proeza.
- Eu também meu amigo.
- Você está indo lá para casa?
- Eu estou, você quer uma carona?
- Você se importa se eu for agora? Ela pergunta ao Jerry.
- Claro que não, eu irei fechar o bar só mais tarde, então se quiser ir, tudo bem.
- Certo. Ela se despede dele com um beijo de parar o trânsito, caralho, a baixinha mostra a que veio, eu fico meio sem graça e me afasto um pouco.
- Tchau Gabe, vê se aparece.
- Eu virei com mais frequência, até mais Jerry. Eu dou um abraço nele.
- Tchau Sam, até mais.
- Tchau Gabe.
A ruivinha passa por mim que nem um furacão e não olha na cara da Sam, ai tem. Pego meu carro e seguimos para o apartamento delas, ainda bem que a Jesse chegou, assim quase não bebi, se tivesse ficado sozinho teria ficado bêbado e não iria ver minha princesa.
- Jesse?
- Quê?
- Será que a Lindsay vai ficar brava se eu aparecer sem avisar?
- Eu acredito que sim, mas quando ela ver essa sua cara de cachorro que caiu da mudança, ela vai ficar com pena e te acolher.
- Você realmente sabe como elevar a moral de alguém. Digo com sarcasmo.
- Disponha. Sorrio e balanço a cabeça, essa maluca me diverte.
Descemos do carro e seguimos para o saguão do prédio, cumprimentamos o porteiro e vamos para os elevadores. Eu subo em completo silencio, a Jesse senti meu nervosismo e fica quieta também, espero que a Lee não se importe de eu vir sem avisar. Na porta do apartamento eu travo.
- O que foi?
- Nada.
- Então entra.
Depois de passar pelas portas eu fico mais tranquilo, não tem ninguém na sala e a casa está em completo silencio, dar de cara com suas amigas não me agradaria. Jesse acena com a cabeça mostrando o corredor que dá nos quartos, eu agradeço com um sorriso e sigo para lá, bato na porta e aguardo ela abrir, mas ao invés disso...
- Entra. Ela grita, eu abro a porta e lá está ela, usando uma blusinha de alcinha vermelha, mostrando um pouco da sua barriga e uma calcinha preta muito pequena, meu pau acorda.
- Oi.
- Gabe, o que esta fazendo aqui? Ainda da porta pergunto.
- Incomodo?
- Claro que não, só estou surpresa.
- Desculpe, eu não queria te atrapalhar, ver meu avô mexeu comigo e eu precisava te ver.
- Não se desculpe Gabe, você vai ficar ai na porta?
- Não. Ela sorri e eu entro no quarto, ela vem até mim e seu cheiro invade minhas narinas.
- Eu te liguei para agradecer as flores, são lindas, mas seu telefone só dava caixa postal.
- Meu celular descarregou, mas eu fico feliz que gostou.
- Você andou bebendo?
- Um pouco, quando sai do hospital era cedo e eu não queria ir para casa, então eu vim para cá, mas me recordei que você chegaria mais tarde, então fui para o bar do Jerry.
- Entendi.
- Lee, eu posso tomar um banho?
- Claro, tem tolha no armário do banheiro, enquanto isso eu vou pegar ao para você comer.
- Não precisa.
- Precisa sim.
- Obrigado. Como não me apaixonar?
Eu sigo para o banheiro, tiro minhas roupas as dobro e coloco em cima da cadeira, ligo o chuveiro e deixo a água cair sobre meu corpo, de repente me sinto exausto, tem tanta coisa acontecendo na minha vida ao mesmo tempo. Há um mês, se alguém me dissesse que eu perdoaria meu avô e estaria apaixonado, eu diria que essa pessoa é louca, mas aqui estou eu, triste pela noticia da doença do meu avô, e completamente apaixonado por essa mulher. De banho tomado eu saio com a toalha enrolada em minha cintura, a Lindsay me olha com desejo.
- Apreciando a vista, senhorita Williams?
- Sempre. Eu sorrio de lado e vou até ela na cama, te dou um beijo longo e cheio de saudade.
- Você está linda.
- Posso dizer o mesmo. Ela passa sua mão pelo meu abdômen.
- Cachorra. Pego sua mão e deposito um beijo.
- Agora coma. Ela me trouxe sanduiche, suco e frutas.
- Sim senhora. Depois de comer tudo que estava na bandeja, ela a retira das minhas mãos.
- Quer conversar? Eu balanço a cabeça confirmando, ela se senta ao meu lado.
- Lee, eu nunca pensei que ver meu avô nesse estado me deixaria tão abalado.
- Sinto muito. Ela beija meu rosto.
- Eu também, por vários motivos. Um grande nó se forma em minha garganta. - Eu sinto por ele só ter me procurado agora, por eu não tê-lo procurado, por eu ser tão orgulhoso e turrão como ele, nós perdemos quinze anos e eu não poderei recuperar esse tempo perdido, porque em breve ele não estará mais aqui.
- Eu realmente sinto muito.
- Sabe por que ele se afastou de mim? Ela balança a cabeça em negativa.
- Porque sou parecido com meu pai e isso o magoa, você tem noção do quão egoísta ele foi?
- Muito, mas deve ser muito difícil para um pai perder seu único filho, não que para uma criança perder os pais não seja, eu sei que ele foi egoísta, mas ele se arrependeu, certo?
- Tarde demais.
- Nunca é tarde Gabe, pelo menos você poderá se despedir dele.
- Ai que está a questão, eu não quero me despedir, ele é meu único parente vivo, depois que ele se for, eu realmente estarei sozinho no mundo.
- Ei, sozinho não, você tem a Bah, seus amigos, os Collins que te amam como um filho, sem contar que você tem a mim. O que ela diz me tocou muito, ela faz parte da minha vida e eu não quero que ela saia nunca mais.
- Obrigado Lee, é sempre bom conversa com você.
- Não agradeça, você é importante de verdade para todas essas pessoas e para mim, não se menospreze.
- Eu sei disso, não menosprezo nem a mim e muito menos vocês.
- Tudo bem, mas me conte como você entrou? - Eu não escutei o interfone e nem a companhia.
- Com a Jesse, eu a encontrei no bar e viemos juntos.
- Que bar?
- Do Jerry.
- Então ela foi de novo naquele bar.
- Como assim, tem algo de errado com o Bar do Jerry?
- Não, é que a Jesse é meio maluca e tem uns meios estranhos para chegar onde deseja.
- Fiquei confuso.
- Não fique, deixe a Jesse para lá e vem aqui.
- Não sei se devo. Falo brincando.
- Ah é? Eu me aproximando dela devagar.
- Sim, vai que você é uma tarada querendo abusar do meu corpinho. Ela solta uma gargalhada gostosa.
- Ah claro, porque você é um homem indefeso. Ai é minha vez de rir.
- Muito indefeso. Eu puxo suas pernas para que se deite.
- Estou começando a achar que a indefesa aqui sou eu.
- Ah, pode apostar mocinha.
Eu me deito em cima dela e nossos lábios se unem. Estar com ela me acalma e eu sinto como se não existisse um mundo além do nosso, gosto de sentir seu gosto, seu cheiro, a maciez da sua pele, de toda a paixão transmitida em apenas um beijo, cada dia tenho mais convicção de que nosso destino é estarmos juntos. Depois de fazermos amor, ficamos conversando um pouco, até que caímos no sono.

Inesperada PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora