Capitulo Dezoito

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Gabriel

Eu pensei que passar uma noite com as meninas poderia ser chato ou constrangedor, mas a única parte constrangedora foi a Jesse se oferendo para assistir a Lindsay e eu transando. Essa menina é mesmo maluca, na hora que ela fez a proposta eu levei um susto, não teve como não rir.
Afastar-me da Lindsay está cada dia mais difícil, seu cheiro me acalma, seu toque é minha serenidade, ela é um vicio, tenho até medo desse sentimento que só faz aumentar aqui dentro do peito. Ontem ela tirou varias fotos nossas com as meninas, ela fica linda com a câmera na mão, parece que nasceu para isso, ela me confessou que seu verdadeiro sonho é expor suas fotos, eu tenho um amigo que tem uma galeria aqui em Nova York, vou falar com ele para dar uma olhada no seu trabalho, eu sei que ela é muito boa no que faz, mas o profissional é ele, vou precisar da ajuda de uma ruivinha maluca, para pegar o material que ela não mostra para ninguém. Ontem eu pedi que ela me mostrasse às fotos, mas não quis de jeito nenhum, eu respeito seu espaço. Eu acho...
Eu chego ao escritório e encontro dona Rebeca arrumando uma papelada em sua nova mesa, ela está sempre com um vestido comportado e seus cabelos em um coque muito bem feito, ela é uma senhora muito eficiente e encantadora, gosto de trabalhar com ela, ela aprende tudo muito rápido e é muito focada em tudo que faz. Ela não gosta de ser chamada pelo seu sobrenome, não sabemos por que, mas respeitamos.
- Bom dia dona Rebeca.
- Bom dia senhor Clark.
- Vejo que já se acomodou, precisa de alguma coisa?
- Não senhor, a senhorita Cortez já me passou tudo.
- Perfeito.
- Seus compromissos de hoje estão em cima da sua mesa, precisa de algo mais?
- Você pode por gentileza mandar um buque de rosas vermelhas para a revista "All Beautiful Magazine", em nome de Lindsay Williams?
- Farei isso agora mesmo, algo mais senhor?
- Vou te mandar a mensagem que vai ao cartão no seu Skype.
- Ok.
- Só mais uma coisa, me traga um café, por favor.
- Daqui a pouco eu levo na sua sala.
- Obrigado.
Entro na minha sala e mando a mensagem que quero enviar a Lee, vejo tudo o que eu preciso fazer hoje, o dia será corrido e eu tenho algumas coisas para resolver da empresa, uma reunião com o homem de confiança do meu avô às três da tarde, eu preciso estar preparado para essa nova fase da minha vida profissional. A dona Rebeca trás meu café e eu começo a trabalhar em um processo importante, quero deixar tudo pronto para me mudar para a sede da empresa. Esta semana o Eth e eu iremos conhecer a empresa, eu já estive lá quando criança, mas faz muito tempo, eu não me lembro de muita coisa. A minha manhã passou que eu nem senti, quando meu estômago reclama e eu decido almoçar, é mais de duas da tarde, passo pela mesa da dona Rebeca e ela está concentrada em seu trabalho, levanta seu olhar para mim e sorri, voltando a fazer o que está fazendo. Eu desço até o bistrô próximo ao escritório, como algo e volto para pegar minhas coisas e ir ao encontro do meu avô e seu braço direito. Sigo para o hospital e atravesso a recepção indo direto para os elevadores, aperto o botão para o andar em que meu avô está, eu entro em seu quarto e uma enfermeira está mexendo em uma maquina e anotando algo em sua prancheta, coloca a prancheta na caixinha no pé da cama, me cumprimenta e sai.
- Boa tarde, tudo bem filho?
- Oi vô, tudo bem e senhor como está hoje?
- Bem na medida do possível. Quando ele fala assim me da um nó na garganta, eu afasto os pensamentos ruins.
- E então, cadê seu homem de confiança?
- O Nome dele é Klaus, Klaus Gerard, eu te falei meu filho.
- Desculpe vô, eu havia esquecido. Droga, eu preciso gravar o nome do cara.
- Ele é um amigo antigo e eu confio plenamente nele. Antes que eu possa dizer qualquer coisa, um cara alto e magro de mais ou menos uns cinquenta e cinco anos entra no quarto.
- Renato, tudo bem meu amigo? Ele sorri para o meu avô e se aproxima dele.
- Oi Klaus, estou indo como Deus quer. Depois que o homem abraça meu avô, ele se afasta e parece ter finalmente me notado.
- Este deve ser o Gabriel. Ele estende a mão para mim.
- Este sou eu. Aperto sua mão.
- E então, podemos começar? Ele pergunta.
- Tudo bem vovô?
- Claro meu filho, explique para ele como as coisas funcionam na empresa Klaus.
O cara começa a falar sem parar, muito do que ele diz, eu não sei para onde vai, mas algumas coisas eu estou situado, afinal administro o escritório, mas a empresa tem mais de dois mil funcionários e cada um tem sua função. No andar da presidência onde vou ficar, tem apenas quatro salas, a do presidente, do vice, do advogado administrativo e a ampla sala de reuniões. No momento o presidente é meu avô, o vice é senhor Gerard e o advogado é o senhor Quintana. Meu avô me informou que o senhor Gerard irá se aposentar assim que ele conseguir me deixar a par de tudo dentro empresa. Depois que isso acontecer será o Ethan e eu para manter, ou até melhorar o empenho da empresa.
Depois de uma tarde muito produtiva eu me despeço do meu avô com a promessa de voltar em breve, á noite já caiu e o vento sopra em meu rosto assim que saio com meu carro do estacionamento do hospital, ligo meu celular, quando paro no farol vejo que tem alguns e-mails, mensagens e uma ligação perdida da Lee, assim que chegar a minha casa eu retorno.
Entro em casa e vejo a Bah passando para o meu quarto com uma pilha de roupa em suas mãos.
- Ei, deixe que eu a ajudo. Solto minha maleta na poltrona e eu pego as roupas de suas mãos.
- Obrigada querido. Caminho com ela nos meus calcanhares até meu quarto, eu deposito as roupas na cama e ela começa a guardar.
- Como está sua irmã? Pergunto retirando minha gravata.
- Ah querido, cada dia mais fraquinha, os médicos disseram que ela tem apenas três meses de vida. Uau, pesado.
- Sinto muito Bah. Vou até ela e a envolvo com meus braços, ela se permite chorar por uns instantes, limpa seu rosto e volta a arrumar as roupas no closet, ela é tão forte.
- Está tudo bem, todos nós vamos embora um dia não é mesmo?
- É verdade, mas nós nunca estamos preparados para isso.
Digo isso não só por ela, mas por mim também, sempre achei que não sentiria falta do meu avô caso ele partisse, mas essa doença só me mostrou que eu o amo muito e que nós não temos muito tempo juntos, isso dói, muito. Ela termina de colocar as roupas e sai do quarto me deixando sozinho. Eu me jogo na cama e ligo para a Lee, passei o dia inteiro com meus pensamentos nela e não tive tempo nem de mandar uma mensagem, eu espero que ela tenha gostado das flores que mandei. Ela atende no quinto toque.
- Alô.
- Oi princesa.
- Oi, eu te liguei mais cedo, mas caiu na caixa postal.
- Desculpe, eu desliguei o celular, estava em uma reunião importante.
- Tudo bem, era para agradecer as rosas lindas que me mandou.
- Fico feliz em saber que você gostou.
- Eu amei, quando eu falo que você é fofo, você reclama. Ela fala divertida.
- Pare com isso de fofo, senão você não ganha mais flores. Ela solta uma gargalhada gostosa do outro lado, não tem como não me contagiar com sua alegria.
- Tudo bem, não está mais quem falou. Ela segura o riso, diaba.
- Eu estou com saudade. Sinto meu coração apertar no peito. Que porra, estou me tornando um marricas.
- Eu também Príncipe.
- Podemos nos ver amanhã?
- Deixe-me consultar minha agenda. Ela fica em silencio um tempo e depois começa a rir, ela está brincando com a minha cara? Ah Lindsay...
- Você está me provocando senhorita Williams?
- Imagine. Ela parece segurar o riso, mais uma vez. - Para você, todo o tempo do mundo.
- Sei... você é uma diabinha que atormenta meu pobre coração, que caiu nesse seu feitiço. Ela sorri.
- Gabe, você que roubou o meu, seu bandido. Minha vez de rir.
- Princesa, eu preciso ir, nos vemos amanhã.
- Ok, até amanhã príncipe.
Ela desliga e eu percebo que me chamou de Príncipe pela segunda vez, sorrio com o pensamento e me direciono ao banheiro, preciso de um banho e algo para comer. Enquanto a água quente desliza pelo meu corpo, meus pensamentos permanecem nela, ouvir a voz da minha diabinha nunca será suficiente para matar a falta que ela me faz, minha casa parece grande demais quando ela não esta aqui, ela ilumina minha vida, eu já não me vejo sem ela e isso me preocupa, quando isso aconteceu? De banho tomado e alimentado, escovo os dentes e me sento com o Notebook no colo para responder alguns e-mails, depois de responder os mais importantes eu finalmente sou vencido pelo cansaço e adormeço.
Eu acordo com o despertador gritando incansavelmente, inferno, já são seis horas? Eu acho que esta noite foi muito curta, meus olhos estão pesados, eu pego o celular e desligo o despertador, fecho meus olhos por mais cinco minutinhos... Quando os abro novamente é sete e meia, puta que pariu, dormi demais. Levanto no susto e corro para o banheiro, tomo um banho rápido, me troco e vou até a cozinha tomar um café.
- Bom dia Bah. Falo assim que entro na cozinha com pressa.
- Bom dia querido, não vai sentar-se para tomar café? Ela questiona quando me vê tomando uma xicara de café em pé mesmo.
- Hoje não Bah, eu estou muito atrasado. Nunca dormi tanto, só na adolescência, quando meus pais ainda eram vivos, nessa época não havia preocupações, a Bah só faltava derrubar um balde de água fria em mim, sorri com a lembrança.
- Então leve algo para comer no escritório. Balanço a cabeça confirmando que ela pode colocar algo em um pacote que eu levo.
- Obrigado. Pego o pacotinho de suas mãos, deposito um beijo em sua testa e saio.
Para lascar de vez meu dia, a porra do trânsito não está me ajudando, merda, tenho uma reunião com um cliente daqui a vinte minutos e eu odeio me atrasar. Depois de meia hora consigo chegar ao meu destino, atrasado, merda, meu cliente se levanta assim que me vê, ele não parece estar furioso, se fosse eu estaria puto, dez minutos de atraso é algo significativo para mim.
- Bom dia senhor O'Brien, me perdoe pelo atraso, o trânsito dessa cidade está cada dia pior.
- Está tudo bem meu jovem, eu cheguei à pouco.
- Então vamos começar, por favor, me acompanhe. Ele se levanta e me segue até minha sala, cumprimento dona Rebeca e entro sem demora. Coloco minhas coisas em cima da mesa e nos sentamos.
- Então senhor Clark, acha que temos chances de ganhar?
- Sem sombra de dúvidas, eles não possuem nenhuma prova contra o senhor, seu álibi é consistente, essa acusação vai cair por terra.
Eu tiro algumas dúvidas que ainda faltavam e ele tirou as suas, conversamos cerca de meia hora, a dona Rebeca nos trouxe café e água, a reunião correu bem, estou muito confiante em mais um caso, depois de explicar tudo, nós nos levantamos.
- Ótimo.
- Então ficamos conversados. Pego o papel com todos os dados informativos e entrego a ele.
- Obrigado senhor Clark.
- Não por isso, nós nos falamos. Eu o levo até a porta e nos despedimos. Hoje eu quero almoçar com a minha princesa, mando uma mensagem rápida a convidando.

Inesperada PaixãoWhere stories live. Discover now