Capitulo Dezenove

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Lindsay

Plenitude, esta é a sensação que me define. Eu não sei o que foi aquilo ontem, eu estava observando o Gabriel tirar sua roupa e cada movimento que ele fazia parecia estar em câmera lenta, quando dei por mim estava dizendo que o amava e para minha surpresa ele confessou me amar também, esse homem é sem sombra de duvida a perfeição. À forma como ele fez amor comigo após nossa confissão foi sensacional, eu não poderia estar mais feliz do que nos braços do homem que eu amo.
Quando minha mãe me ligou ontem e disse que precisava falar comigo, que o gelo que estou dando a ela está sendo pior do que se eu estivesse morta. Como sempre dramatizando. Ela diz que se eu estivesse morta ela saberia que não poderia me comunicar com ela, agora, estando viva, ela sabe que essa é uma decisão minha. Eu pensei bem e resolvi dar uma chance a ela, afinal de contas isso é passado e não me importa mais, ela vem à Nova York para falar comigo, chega hoje à tarde, isso não me impressionou em nada, tudo que sempre quis foi atrás e comigo não será diferente. Após o Gabe me deixar na revista eu vou direto falar com a minha amiga.
- Oi Julie.
- Olá, vejo que alguém está cada dia mais radiante, o amor lhe cai bem.
- Como não estar. Há um sorriso estampado em meu rosto, estou parecendo uma idiota rindo a toa.
- Uau, isso tudo se deve a um homem moreno, alto...
- Ei, psiu, fale baixo. Ela sorri e pisca para mim.
- Você está iluminada.
- Obrigada, agora me deixe trabalhar.
Saio da recepção e vou até minha mesa, que ainda está com o buque de flores que o Gabe me enviou na segunda-feira, eu me sento admirando o arranjo, pego o cartão que já li e reli milhares de vezes, não me canso de ler.

Lee
Essas rosas são para alegrar seu dia
Assim como você alegra os meus,
Pelo simples fato de existir.
PS: Meu dia será corrido, nós falamos à noite.
Beijos, Gabe.

Eu fico emocionada com o carinho que ele me trata, isso só me deixa mais caidinha por ele, estou ferrada. Deixo o cartão em minha mesa e vou até a copa pegar um café e para minha alegria está fazia, mas não por muito tempo, antes mesmo que minha xicara estivesse cheia, a assombração chega ao local, deixando minha manhã não tão alegre.
- Lindsay. Ela cospe meu nome como se fosse algo sujo. Vadia. Conto até dez mentalmente e a olho com uma calma que estou longe de sentir.
- Nora. Digo com o mesmo desdém.
- Cadê sua sombra? Hoje meu dia não será fácil.
- Não sei do que está falando. Pego minha caneca e me direciono a saída, quando ela pega meu braço e me impede.
- Sabe sim, deixe de se fazer de sonsa, aqui todos sabem que o Henrique é louco por você, parece um cachorrinho correndo atrás de migalhas.
- Qual é o seu problema comigo? Falo puxando meu braço do aberto dos seus dedos.
- Você!
- Eu posso saber por quê? Pergunto mesmo sabendo a resposta.
- Você chegou aqui ontem, têm toda a atenção do Henrique. Ela bufa. - Todas aqui já fizeram de tudo para ficar com ele, chegamos a achar que o cara era gay, até você chegar e ele ficar todo saidinho para o seu lado.
- E isso incomoda você? Pergunto fazendo minha melhor cara de não estou nem ai.
- Não só a mim, mas a todas.
- Eu só estou vendo você me incomodando.
- Nós éramos amigos, depois que você chegou, ele mal fala comigo. Ela parece realmente chateada.
- Eu não tenho nada a ver com as atitudes dele minha querida, se ele se afastou deve ter tido algum motivo, se ele nutre sentimentos por mim, não posso fazer nada, eu o quero como amigo e só. Respiro fundo. - Eu vou falar uma vez, ou me deixa em paz, ou terei que falar com nossos superiores sobre sua impertinência. Ela baqueia um pouco e arrebita de novo aquele nariz, mulher odiosa.
- Tanto faz. Ela se vira e começa a pegar café, eu me viro nos meus calcanhares e sigo para minha mesa.
- Algum problema Lee? Henrique pergunta chegando perto de mim.
- Oi Rick, problema algum.
Respondo sentando-me e ligando meu computador, ele olha para a copa e vê a Nora saindo de lá com cara de poucos amigos, senta-se em sua mesa e me encara por um tempo, finjo não ter visto e começo a trabalhar. Minha manhã é corrida, recebi algumas mensagens do Gabe, falando o quanto senti minha falta, ele é muito lindo. Hoje não irei vê-lo, tenho que encontrar com a minha mãe, isso vai ser muito interessante. Hoje estou indo almoçar com a Julie, essa semana foi uma correria só, não tivemos tempo de conversar direito, fiquei de contar a ela como foi o evento de caridade da semana passado, ela nem imagina tudo que aconteceu desde então. Chegamos ao nosso restaurante favorito, amamos os carboidratos, o que podemos fazer não é? Comida italiana é sempre uma boa opção, pegamos uma mesa e nos acomodamos, após fazermos os pedidos ela pergunta eufórica.
- Me conte logo, estou morrendo aqui. Damos risadas.
- Não morra. Digo fazendo mais drama que ela.
- Vai logo Lee.
- Ok. Sorrio. - Na sexta-feira sai do trabalho e fui direto para casa, quando cheguei o circo estava todo armado.
- Como assim? Pergunta curiosa.
- Todos os anos os pais da Hanna organizam esse evento e desde que nos conhecemos somos voluntarias para um leilão.
- Mentira, como isso funciona?
- Então, como eu ia dizendo, a mãe da Hanna contrata umas pessoas para nos deixar lindas, é muito legal, tem cabelereiro, manicure, e até massagem.
- Uau, que legal.
- Muito, ela fala que é o mínimo por termos que jantar com um desconhecido. Risos
- Verdade né, não é estranho ter que comer com quem nunca viu? - E se for um daqueles velhos tarados? Eu solto uma gargalhada, a cara que ela está fazendo é hilária.
- Relaxa, o jantar também é organizado por eles em um restaurante das redes Miller.
- Ufa, assim é menos estranho, eu acho.
- É. Dou de ombros, nosso almoço é servido. – Então, depois de ter algumas horas de princesas, fomos para o lugar do evento na Limousine que nos foi enviada.
- Nossa que chique.
- Nem me fala, ao chegarmos ao salão notamos que ainda estava meio vazio, então fomos beber e jogar conversa fora, quando o locutor anunciou o leilão estávamos tão distraídas que nem notamos o tempo passar, então como em todos os anos as meninas e eu fomos para de traz da cortina e esperamos nos chamar.
- Fale logo, foi um velho que te arrebatou?
- Longe disso. Digo com um sorriso no rosto.
- Foi um gato?
- Oh, foi o Gabriel.
- Ele estava lá? Pergunta arregalando os olhos.
- Sim, não só ele, mas todos os seus amigos.
- Sério, ele sabia que você estaria lá? Pergunta confusa.
- Não, foi muita coincidência.
- Mas me conte e as meninas?
- Ai é que tá, o amigo do Gabe, arrebatou a Hanna, que não gostou muito, a Isa terá que jantar com o ex-namorado que ela não quer ver nem pintado de ouro, esses jantares vão dar muito que falar.
- Puta merda e como elas estão lidando com isso? Foi ai que percebi o quanto estou sendo egoísta, fiquei na minha bolha e esqueci que elas precisam de mim, merda.
- Para te falar a verdade, eu não sei ao certo, andei olhando somente para o meu umbigo. Digo me estapeando mentalmente.
- Ei, não se cobre tanto. Ela coloca sua mão sobre a minha.
- Estou sendo uma péssima amiga Julie, elas estão sempre lá por mim.
- Eu tenho certeza que você também sempre esteve por elas. Ela sorri para mim.
- Não agora. De repente me sinto uma pessoa horrível.
- Elas sabem o quanto você está feliz, acredito que estejam torcendo por você.
- Eu sei, mas vamos mudar de assunto, me conte como está você?
- Estou bem, saindo com um carinha.
- Sério, sua cachorra, ia me contar quando?
- Hoje. Ela sorri radiante.
- Desculpe Julie, até com você estou em falta.
- Imagine, está tudo ótimo.
Ela me conta um pouco mais sobre o cara com quem está saindo, me diz que não é nada sério e que o cara não é do tipo que namora, mas ela me pareceu muito envolvida, espero que ela saiba o que está fazendo. Depois de um tempo conversando, voltamos para a revista, minha tarde passou ainda mais depressa que a manhã, tivemos duas reuniões chatas, como sempre, mas correu tudo bem. No fim da tarde saio para encontrar minha mãe em um restaurante aqui no centro da cidade, espero que corra tudo bem por lá também.
- Oi mãe. Digo ao sentar em sua frente.
- Oi filha, tudo bem?
- Tudo bem e você?
- Melhor agora. Ela está muito abatida mesmo, meu pai havia me dito que ela não tem se alimentando direito, não quero que ela fique doente por minha causa.
- Que bom.
O garçom se aproxima e anota nosso pedido, depois dele se retirar, um silencio ensurdecedor toma conta do lugar, enquanto minha mãe me encara eu observo o restaurante, um lugar bonito e muito sofisticado, não poderia ser diferente, tratando-se da minha mãe. O garçom trás os pedidos e comemos em silencio, alias comemos não, eu como, ela mal toca na comida e isso me preocupa um pouco, minha mãe não tem fricote para comer, ela tem uma genética ótima, ela come de tudo sem engordar, já eu tinha que puxar meu pai. Droga.
- Você não vai comer?
- Estou sem fome.
- Mãe, você tem que se alimentar, ficar doente não ajudará em nada. Ela me fita e responde o que eu temia.
- Eu prefiro morrer a não ter você em minha vida filha. Reviro os olhos.
- Pare de falar besteira.
- Eu falo sério, até seu pai não é mais o mesmo.
- Mãe, eu sei que será doloroso, mas eu tenho que falar, você está colhendo o que plantou.
- Eu sei. Uma lágrima solitária rola pelo seu rosto e ela seca rapidamente.
- Então tenha paciência, eu não deixei de te amar mãe, só estou magoada, porque você era a ultima pessoa de quem eu esperaria algo assim, você me entende?
- Eu entendo, me perdoe filha, eu achei estar fazendo o melhor para você.
- Tudo bem, eu não quero mais brigar, mas a partir de agora você vai respeitar o meu espaço, eu faço o que eu quiser da minha vida e você tem que aceitar, ok?
- Ok. Ela me olha dentro dos olhos. - Filha, eu posso te dar um abraço?
- Claro. Eu me levanto e dou um longo abraço na minha mãe, estou feliz por ter virado essa pagina, mas não falarei nada sobre o Gabe, ainda.
- Obrigada filha.
- Não me agradeça, agora coma para irmos embora.
Após minha mãe se alimentar, eu a convido para passar à noite em minha casa, não faz sentido nenhum ela ir para um hotel, afinal, foi ela quem me deu esse apartamento. Com o dinheiro do meu pai, mas a intenção é que vale certo? Eu acho. Chegamos ao apartamento e as meninas a recebem bem, a Jesse não gostou muito, mas respeitou minha decisão, sei que ela tem problemas na família, nunca fala sobre eles, nós respeitamos seu silencio, apesar de acharmos ela muito solitária, claro que sempre terá a nós, mas não é a mesma coisa.
Minha mãe acaba de voltar para a Filadélfia, eu a levei até o aeroporto e vou trabalhar mais leve, não falei com o Gabe ainda, eu mandei mensagem avisando que estava com a minha mãe e que mais tarde conversaríamos.
- Bom dia Julie.
- Bom dia Lee, tudo bem?
- Tudo e você?
- Bem também. Ela pisca.
- Almoçamos juntas?
- Claro.
- Ótimo, nos falamos depois. Jogo um beijo para ela que sorri.
Eu me sento e ligo meu computador, enquanto ele inicia vou até a copa pegar café, eu encho minha caneca e me viro para sair, mas o Henrique vem ao meu encontro e bloqueia minha passagem, ele está com a cara péssima, o que será que houve?
- Bom dia Lee.
- Bom dia, você anotou a placa do caminhão? Ele faz uma careta e passa por mim parando em frente à cafeteira.
- Prefiro não falar sobre isso.
- Ok, se precisar sabe onde estou.
- Ok.
Saio de lá com a impressão de que algo está muito errado, ele pode desabafar quando quiser, não posso força-lo. De certa forma nos afastamos como eu não queria que acontecesse, o Henrique é um cara excepcional, uma das melhores pessoas que já tive o prazer de conhecer, eu espero que ele encontre alguém que o faça feliz, ele merece. Limpando completamente minha mente, eu começo a trabalhar no meu mais novo projeto, juntar varias fotos e fazer uma montagem com pessoas de todas as idades, fazendo diversas atividades, pessoas diferentes, eu estou muito focada neste projeto, ele será incrível, eu tenho que tirar umas fotos para completar o que eu tenho em mente, se sair como estou pensando, ficará incrível. A hora do almoço chega e eu nem me dou conta que o dia passou voando, Julie me liga avisando que estou atrasada, pego minhas coisas e vou ao seu encontro.
- Ei, quer me matar de fome?
- Desculpe minha linda, eu me empolguei e acabei esquecendo-me do mundo.
- Somente você mesmo, porque minha barriga não me deixa esquecer que tenho que comer. Risos
- Eu não quero que você se transforme em um monstro, ande logo.
- É melhor mesmo, acho que os sintomas já estão aqui. Nós rimos e saímos do prédio rumo ao restaurante de sempre.
- Então me conte o que tem feito?
- Nada demais, do trabalho para a casa e de casa para o trabalho. O Garçom se aproxima anota nossos pedidos e se retira.
- Minha nossa Julie, nós precisamos sair mais. Risos
- Com certeza, eu fui a Brook este final de semana, eu encontrei aquele cara que te falei, ele é muito lindo, não acredito que tenha olhado para mim no meio a tantas mulheres lindíssimas que frequentam aquele lugar.
- Não fale besteira. Somos servidas e a Julie é a primeira a atacar. - Você é lindíssima.
- Eu não acho. Fala cabisbaixa.
- Mulher, não se deixe abater por caraminholas que colocou na cabeça, você é uma das mulheres mais belas que eu conheço e não aceite nada menos que isso, entendeu?
- Uau, falando assim já me sinto lindíssima.
- Isso ai garota, é assim que se fala.
Almoçamos e falamos sobre vários assuntos, a Julie é uma moça incrível, não sei sua história, acho que ela tem que se sentir bem para conta-la a mim, eu a tenho com muita estima e isso me basta. Estávamos voltando para a revista quando avisto um moreno lindo encostado em seu carro, meu coração para um nono segundo, cada dia que o vejo parece estar ainda mais lindo, eu pisco para a Julie e vou de encontro ao Deus de ébano que alegra meus dias.
- Oi.
- Oi princesa, estava passando por aqui e quis te dar um beijo. Eu me aproximo dele e enlaço seu pescoço.
- Você vai me deixar mal acostumada hein.
- Essa é a intenção. Colo meus lábios nos seus num beijo gostoso que me deixa completamente em chamas, este homem me deixa louca.
- Eu estava com saudade. Digo assim que nossos lábios se afastam.
- Eu também amor.
- Adoro quando me chama de princesa, mas quando me chama de amor... Fico sem palavras, é tão bom ouvir ele me chamar assim.
- Ei. Ele pega meu queixo com a mão e levanta meu rosto para que possa olha-lo. - É exatamente isso que você é, meu amor. Como não amar este homem minha gente?
- Idem. Acaricio seu rosto e deposito um beijo em seus lábios, demonstrando tudo que sinto através deste beijo.
- Mulher, não me beije assim em publico, ou sou capaz de te foder aqui mesmo. Ele fala ao pé do meu ouvido, fazendo meu corpo se contrair por inteiro.
- Não me tente senhor Clark. Ele sorri e morde meu pescoço, causando arrepios na minha espinha.
- Dorme comigo hoje?
- É tudo que eu mais quero, mas eu preciso passar um tempo com as meninas, estou em débito com elas, estou sendo uma péssima amiga. Ele faz beicinho, ai meu Deus, como resistir a este homem?
- Eu queria tanto dormir com você.
- Eu também, prometo que passo o restante da semana com você, pode ser? Ele sorri iluminando tudo ao seu redor.
- Assim eu gosto muito.
- Combinado então, eu preciso ir, vou chegar atrasada.
- Ah não, não tive o suficiente de você. Ele me aperta contra seu corpo.
- Nem pensar mocinho, você não sabe o quanto está sendo difícil ter que ir, agora me solte. Ele me prende mais a ele e posso sentir sua ereção, minha nossa senhora das periquitas em chamas, me ajuda aqui.
- Não consigo te soltar, não sou eu, é meu corpo que quer estar grudado ao seu. Ele sorri daquela forma molha calcinhas.
- Ei, isso não justo. Choramingo.
- Está bem, mas que fique bem claro que é a contra gosto.
Dou um beijo rápido em seus lábios e ando em direção ao prédio da revista sem olhar para trás, senão é capaz de entrar em seu carro e embora com ele. Antes de entrar no prédio avisto o Henrique me encarando em um canto, com uma cara nada agradável, droga, eu não queria que ele tivesse me visto com o Gabriel, a última coisa que eu quero nessa vida, é magoa-lo. Ele desvia os olhos de mim e sai andando para o outro lado, eu entro na revista e me sento em minha mesa, fico pensando em como falar com ele, dizer que estou namorando o Gabriel, ele provavelmente me verá muito com ele, eu não posso impedi-lo de vir até aqui, é complicado.
- Lee? A Julie me tira dos meus devaneios.
- Oi.
- Ele é ainda mais bonito do que eu me lembrava. Me pego sorrindo.
- Sim Julie, ele é muito lindo mesmo.
- Mudando de assunto, você sabe me dizer o que houve com o Henrique? - Ele ligou avisando que não voltará mais hoje, que não estava se sentindo bem.
- Merda. Esbravejo.
- Então você sabe? Ela ergue uma sobrancelha.
- Ele me viu com o Gabe, acredito ser por isso.
- Eita, que enrascada hein amiga.
- Nem me fale.
Ela sorri e sai em direção a recepção, e para melhorar eu não consigo focar mais no trabalho, não posso comandar meu coração, ele é do Gabriel e não tenha nada que eu possa fazer e para ser bem sincera não trocaria o Gabe por nada, ele me tem desde a primeira vez que o vi. Que merda, por que essas coisas têm que acontecer? Depois de varias tentativas em vão de trabalhar, decido ir para casa, não consigo resolver nada aqui com a cabeça em outro lugar. Passo pela Julie e digo que estou indo, ela parece compreender, não me pergunta absolutamente nada, graças a Deus.
- Cheguei. Grito assim que entro em casa.
- Aqui. Ouço a voz da Hanna vindo do seu quarto.
- Oi. Digo assim que coloco minha cabeça porta à dentro.
- Oi Lee, chegou cedo. Ela está deitada em sua cama, não me parece muito bem.
- Sim, o que está havendo? Me sento ao seu lado na cama.
- Esta tão na cara assim? Ela cobre seu rosto com as mãos.
- Para mim está.
- Droga, eu não consigo esconder nada de você não é? Ela me encarra e eu fico realmente preocupa.
- Desembuche logo Hanna, está me deixando preocupada. Ela senta-se com as pernas cruzadas como um índio e respira fundo.
- São tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo Lee, que nem sei por onde começar. Sua voz soa magoada, triste, como não vi isso antes? Como sou egoísta.
- Não me venha com essa, fale do começo. Ela assente.
- Como você sabe estou saindo com o Liam, o que de certa forma não está sendo muito fácil.
- Por quê? Pergunto já sabendo a resposta.
- Por causa daquela maluca da Katrina, que não perde a oportunidade de me infernizar.
- Eu vou quebrar à cara dessa cretina.
- Ei, não vale a pena.
- Tudo bem, não vale mesmo, me conte o que mais está te infligindo?
- Esse jantar!
- O de caridade?
- Esse mesmo.
- Não entendi, qual é o problema?
- Primeiro: O Liam está enciumado e nem tem motivos para isso, afinal, não sou sua namorada.
Segundo: Esse amigo do Gabriel é muito lindo. Sorrio e ela me encara, droga.
Terceiro: Ele mexe comigo de uma forma estranha. Fico meio aturdida.
- Espera um pouco, você acha que está interessada no Henry? Ela se joga na cama e cobre seu rosto com o travesseiro, eu o tiro e ela me olha nos olhos, balança a cabeça afirmando.
- Puta que pariu, quando essa merda aconteceu?
- Depois do evento beneficente.
- Vamos por parte Hanna, você estava com o Liam nesse dia.
- Estava.
- Então?
- Então o Liam surtou porque o Henry não tirava os olhos de nós, disse que eu não iria a esse jantar, porque o cara queria algo a mais comigo, eu fiquei furiosa por ele querer mandar na minha vida e nós nem somos namorados, depois que ele foi embora o Henry veio falar comigo e conversamos um pouco.
- Eu imaginei que ele estava interessado em você, quando me convidou para dançar aquele dia, me fez perguntas sobre você. Ela arregala um pouco os olhos.
- E você não me conta nada? Pergunta incrédula.
- Droga, eu não pensei que fosse importante.
- E não é. Não acredito muito.
- Está tentando convencer a quem? Ela ergue uma sobrancelha muita bem feita.
- Ninguém.
- Se você diz. Dou de ombros. - Algo mais te incomoda?
- Meus pais, estão fazendo da minha viagem para Milão uma tempestade em copo d´agua.
- Sério? Faço uma careta.
- É sério. Ela respira fundo. - Essa merda não poderia ficar pior, poderia?
- Não faça essa pergunta que atrai. Nós rimos e ela me abraça.
- Vai ficar tudo bem, não vai Lee?
- Claro que vai meu anjo, vai dar tudo certo.
- Que Deus te ouça.
- Ele já ouviu. Eu pisco para ela. - Agora eu vou tomar banho, se precisar de mim é só gritar. Ela assente e eu vou para o meu quarto, meu celular toca e eu atendo sem olhar.
- Alô.
- Oi amor, estava ansioso para ouvir sua voz. Meu sorriso vai de orelha a orelha.
- Oi.
- Você pode falar?
- Claro, eu estou em casa.
- Saiu mais cedo?
- Sai, eu estou cansada e não estava conseguindo me concentrar.
- Está tudo bem? Ele parece preocupado.
- Está tudo ótimo, melhor agora ouvindo sua voz. Ouço seu sorriso e isso aquece meu coração.
- Fico feliz em saber. Eu me sento no vão da janela e fico olhando para o movimento na rua.
- Me conte como foi seu dia?
- Depois de ser obrigado a deixa-la ir, eu fui até o hospital visitar meu avô. Nossa, verdade, ele nunca mais tinha tocado no assunto comigo.
- E como ele está?
- Na mesma, é só questão de tempo princesa.
- Sinto muito Gabe. Meu coração se aperta no peito.
- Não sinta, é o ciclo da vida, por mais que não concordamos com ele.
- Eu sei, mas é difícil aceitar.
- Eu não imaginava que seria difícil para mim essa perda.
- Sempre será Gabe, o seu coração é maior do que você imagina.
- São seus olhos. Ele fala divertido.
- Eu acredito que não sejam só os meus. Ele solta uma gargalhada que me contagia, quando dou por mim estou sorrindo também.
- Queria estar com você.
- Eu também queria, amanhã estaremos juntos.
- O amanhã parece estar tão longe. Sorrio.
- Está mesmo, agora eu tenho que ir tomar banho.
- Não me provoque senhorita Williams. Ele fala com sua voz rouca, caralho, minha calcinha já era.
- Não fiz por mal. Minha voz quase não sai.
- Eu vou desligar, senão eu vou até ai. Não seria uma má ideia, Lindsay Williams, foco.
- Até amanhã Príncipe.
- Até.
Desligo o celular e fico tentada a pedir para ele vir dormir comigo, mas preciso passar esta noite com as meninas. A cada dia eu fico mais distante delas, eu sei que estou sendo uma péssima amiga e tenho que compensa-las, farei isso hoje, porque ontem minha mãe estava aqui e não conversamos direito. Eu tiro minha roupa e entro no chuveiro, a água quente cai sobre meu corpo relaxando cada musculo, eu deixo que ela escorra e leve todas as minhas preocupações pelo ralo. Minha nossa senhora, quando não é uma coisa, é outra. De banho tomado e de pijama, sigo para sala e me jogo no sofá com uma garrafa de vinho em uma mão e uma taça na outra, logo em seguida a Hanna se junta a mim.
- Posso?
- Deve. Ela pega uma taça e se joga ao meu lado, enche o recipiente e da um grande gole.
- Ei, calma ai gatinha, não queremos nos embebedar em plena quinta-feira.
- Na verdade eu queria.
- Isso não vai te ajudar em nada meu anjo, amanhã você estará de ressaca e com todos os problemas no mesmo lugar. Ela faz uma cara estranha.
- Você está certa. Ouvimos a porta abrir e olhamos para ver quem está chegando.
- Uau, o que houve? Pergunto para Isa.
- Estou tão miserável assim?
- Pode apostar.
- Caramba Hanna, você falou igual a Jesse.
- Eu ouvi meu nome? Ela fala adentrando a sala também, quase bateu a porta na Isa.
- Sim, a Hanna estava fazendo o seu papel de ser má.
- Ei, eu não fui má. Hanna se defende.
- Eu não sou má, sou sincera. Ela fala indignada. - O que está rolando aqui? Questiona Jesse.
- Não sei ainda, nos conte Isa. Ela joga sua bolsa no chão próximo a porta e pega minha taça e toma todo o conteúdo.
- Melhor? Pergunto.
- Um pouco.
- Pare de enrolar mulher e diga logo o que te aflige. Jesse fala impaciente.
- O Brian me aflige. Agora ela tem nossa atenção total, ficamos todas em silencio aguardando ela falar.
- Parem de me olhar assim.
- Estamos esperando. Responde a Jesse, nós confirmamos com um balançar de cabeça.
- Ele é muito insistente.
- Ele te ama. Falo sem muita paciência.
- Lee, ele é um idiota.
- Não acho que ele seja.
- Você pode por favor, parar de defender ele? Ela enche mais uma vez a taça e vira tudo de novo, hoje é dia.
- Isa, eu não estou defendendo ele, só acho que você deveria dar uma chance para o cara. Falo inconformada.
- Qual é o seu verdadeiro problema? Pergunta a Jesse.
- Como assim? Ela parece confusa.
- Isa, o seu verdadeiro problema é que ele é importante para você, você o quer, tanto quanto ele te quer, então pare de postergar essa merda e vai ser feliz porra.
- Uau, delicada você não? Pergunto em meio a gargalhadas.
- Delicadeza passou bem longe ai. Isa parece nervosa por ter ouvido a verdade.
- Ei, eu sei ser delicada quando eu quero. Diz ofendida
- Claro. Risos. - Você é tão delicada quanto o Shrek. Hanna está afiada hoje.
- Não desconte em mim suas frustrações Hanna, nem você Isa.
- Desculpe, elas falam juntas. Merda, isso não está sendo como eu imaginei.
- Meninas, vamos fazer o seguinte, todas nós estamos passando por momentos difíceis, umas menos que as outras, nós somos amigas e estamos aqui para ajudar umas as outras e não para brigar, ok? Elas concordam com um balançar de cabeça.
- Isa, eu já cansei de te falar, não adianta lutar contra o que você sente, isso não vai te levar a lugar nenhum, ou você cai de cabeça nessa relação, ou seu martilho continuará.
- Eu sei. Fala resignada.
- Hanna, siga seu coração sempre, independente de qualquer coisa, só ele saberá te levar aonde você realmente deseja ir. Ela assente e sorri de forma angelical.
- Jesse, pare de ser uma vaca quando nós precisamos de um conselho e de afeto, nós tratar como um cavalo desenfreado não ajudará em nada. Respiro fundo e me levanto para pegar outra garrafa de vinho e duas taças.
- Nossa, eu não sabia que era tão intensa, foi mal.
- Ótimo, agora brindemos a nossa amizade e por todas as merdas que estamos passando.
- Um brinde a vocês e aos homens gostosos que estão virando nossas cabeças. Fala Jesse colocando sua taça para cima, nós três erguemos nossas taças também.
- Brindemos. Nós falamos juntas.
Depois de comer pizza e esvaziar mais uma garrafa de vinho, decidimos ir dormir, esta noite foi no mínimo estranha. A Jesse nem abriu a boca para falar como está sua situação com o Dylan, eu não sei como andam as coisas entre eles, ela continua saindo com o Jerry, o que eu acho bem estranho, todas nós sabemos que ela não gosta realmente dele. Tomara que ela saiba o que está fazendo, eu não quero que ela se machuque e nem magoe ninguém pelo caminho que trilhou para sua vida. Ela aparenta ser durona, mas por debaixo daquela casca marrenta, tem uma mulher doce e sensível que precisa de amor e carinho.
Eu acordo com meu celular despertando, a voz do Eddie Vedder preenche meus ouvidos, minha vontade é desligar e dormir novamente, mas não posso, tenho muito trabalho para fazer na revista hoje e amanhã poderei dormir nos braços do meu moreno lindo. Levanto com um sorriso no rosto pela mera lembrança de estar em seus braços, estou realmente ferrada. Entro no banho e relaxo com a água quentinha deslizando pelo meu corpo, lavo meus cabelos sentido uma sensação gostosa de tranquilidade. De banho tomado, eu me visto devidamente para os dias gélidos de Nova York, sigo para a cozinha, eu realmente preciso do meu café de cada dia, por que odeio tanto as manhãs? Droga.
- Bom dia Isa. Por que ela está sempre tão linda a esta hora?
- Bom dia Lee.
- Às vezes eu acho que te odeio.
- Por quê? Pergunta um tanto espantada.
- Porque você acorda linda todo dia, mesmo tendo noites horríveis, droga Isa. Reviro os olhos e ela sorri lindamente, como eu amo esta mulher.
- Eu não vejo esta beleza toda, mas muito obrigada, saiba que você é linda de qualquer jeito, até com esta cara de quem comeu e não gostou.
- Oh, eu te amo sabia?
- Sempre soube.
- Convencida. Mostro a língua para ela que vem até mim e me abraça.
- Eu também te amo.
- Quanta melancolia logo pela manhã. Olhamos para Jesse, vamos até ela e a abraçamos também.
- Ei. Ela fala, mas não nos afastamos.
- Nós te amamos também ruivinha. Seus olhos se enchem de lágrimas, mas logo ela disfarça e se solta do nosso abraço de urso.
- Também amo vocês vadias, agora parem já com esse açúcar ou terei diabetes. Isa pisca para mim compreendendo que ela gosta de mostrar que é durona.
- Bom dia meninas. Hanna vem com sua beleza angelical.
- Bom dia. Dissemos juntas.
- O que estão aprontando?
- Nada, estávamos nos amando.
- Fale por vocês. Nós rimos da careta que a Jesse faz.
- Pare de ser marrenta, você também nos ama. Ela não responde só balança a cabeça em negativa e sorri.
Nós quatro tomamos café como sempre, jogando conversa afiada, saímos para nossos afazeres, Jesse leva a Hanna para a universidade e eu pego carona com a Isa, mais tarde o Gabriel virá me buscar e irei passar meu final de semana com ele, não consigo passar mais meus dias longe dele, é como se faltasse alguma coisa.
Meu dia passa em câmera lenta, por mais trabalho que eu tenha, parece não ter fim, isso tudo porque meus pensamentos estão com ele. Nos falamos no almoço e ainda assim não é suficiente, ouvir sua voz rouca ao telefone me deixou menos ansiosa. Enfim este dia acaba, ouço o bipe do celular avisando que chegou mensagem.

Inesperada PaixãoNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ