Epilogo

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Lindsay

Alguns meses depois...

- Lee! Isa grita do corredor.
- Eu já estou indo. Eu me olho no espelho mais uma vez, só para confirmar o que eu já sei, isso é uma má ideia.
- Está enganchada em alguma coisa? Jesse para na porta e me encara. - Puta que pariu, você está gostosa pra caralho. Eu a olho feio.
- Aonde você escolheu essas roupas Jesse? Eu aponto para a micro roupa em meu corpo e ela dá de ombros.
- Em uma loja a fantasia. Ela usa um pedaço de pano que ela chama de vestido, o troço não tampa nem em cima nem embaixo, ele é curto demais para o meu gosto, a bota que ela usa para acompanhar o visual é muito bonita.
- Em uma loja para aspirante à puta? Eu olho para a minha roupa de colegial e penso no que o Gabe vai achar quando me vê com ela, ele vai me matar, minha amiga da uma gargalhada gostosa e eu não seguro o desejo de revirar os olhos, ela é completamente louca.
- Essa despedida promete. Eu bufo insatisfeita.
- Jesse, eu não vou sair por ai usando isso. Coloco minhas mãos na cintura e a encaro.
- Lee deixe de ser puritana. Ela vai até meu closet e sai de lá com um dos meus sobretudos. - Coloque isso.
- Por que eu aceitei isso mesmo? Pego o casaco das suas mãos a contra gosto e o visto.
- Porque somos suas melhores amigas e não poderíamos ficar sem uma despedida a altura. Eu reviro meus olhos demonstrando a ela toda minha insatisfação.
- Eu sei muito bem que são minhas melhores amigas, mas essa roupa tão curta é mesmo necessária? - Afinal quem vai dançar para quem? Ai meu deus, eu sou realmente louca por ter aceitado isso, essa merda não vai prestar.
- Homens deliciosos dançarão para você e depois que o show acabar, seremos nós a dançarmos na pista até nossas pernas não aguentarem mais. Ela fala e me arrasta do quarto até o corredor, eu me agarro no batente da porta na esperança que ela desista desta loucura.
- Lee, estamos atrasadas! Isa se mostra impaciente no começo do corredor, merda, até ela está bem com essas roupas que mal cobrem nossos corpos. - Pare já com esse drama. Ela vem até mim e retira os meus dedos do batente, ela está belíssima com uma jardineira jeans curta, bem curta e uma blusinha de babado nas mangas.
- Porque você parece uma colegial “comportada”, com cara de safada, mas comportada, e eu me pareço uma piranha? Elas duas começam a rir e eu me dou por vencida, quando vejo a Hanna se aproximar com uma calcinha preta, sutiã e um casaco colorido, meu Deus, o que aconteceu com essa menina nessa viagem? Ela não parece à mesma.
- Lee, você está linda, deixe de ser fresca e vamos logo. Ela passa por nós e eu a sigo até a saída.
- Quem é você e o que fez com a minha menina? Ela balança a cabeça em negativa e sorri.
- No mesmo lugar de sempre, só menos inocente. Eu estreito meu olhar para ela e fico incrédula.
- Coloca menos nisso. Aponto para sua roupa, ela sorri.
- Não se preocupe Lee, minha essência é a mesma, só um pouco diferente.
- Gente, o papo está agradável, mas precisamos mesmo ir, senão perderemos o melhor da noite, o Black deve estar impaciente, eu avisei que desceríamos logo, isso já faz mais de meia hora, coitado do cara. Jesse fala impaciente.
- Tudo bem, vamos logo para essa despedida e seja o que Deus quiser. Eu faço o sinal da cruz assim que cruzamos a porta de saída.
Assim que o Black e o Price nos vê suas bocas se abrem automaticamente, a Jesse para provocar o cara passa rebolando e manda um beijo para ele, que continua lá embasbacado, essa noite vai ser daquelas. Entramos na limusine alugada pela Hanna e seguimos até boate alugada pelo Big, o trajeto não foi longo. O Big conseguiu convencer seu amigo dono da boate Grega a fechar a noite para a minha despedida, eu achei um exagero, mas quem sou eu para contrariar o grandão?
- Coloque a venda nela. Jesse fala empolgada, ainda estamos dentro do carro e meu coração bate descompassado.
- O que vocês estão aprontando? Pergunto com um sorriso no rosto.
- É uma surpresa. Hanna responde e se ajeita atrás de mim para cobrir meus olhos, eu tenho muito medo de surpresa vindo delas.
- Agora podemos ir. Ouço a voz da Isa e uma mão segura meu braço direito.
Elas me ajudam a descer do carro, eu caminho a passos cautelosos, tenho medo de me esborrachar no chão mesmo sendo guiada. Eu não ouço barulho de musica, alias a única coisa que ouço além do meu coração que parece que vai sair pela boca, é som dos saltos contra o piso. Mais alguns passos e ouço uma porta grande ser aberta, andamos mais um pouco e cochichos invadem minha audição, mas não consiga identificar de quem são as vozes.
- Lee, eu vou te sentar agora, ok? Hanna pergunta ao pé do meu ouvido, eu balanço a cabeça concordando, mas antes de me sentar ela retira meu casaco, merda, eu estou exposta demais, tá faltando pano aqui.
Uma musica alta preenche o ambiente, eu não sei identificar o que está tocando, mas é bem sexy e envolvente, a Jesse retira minha venda e meus olhos demoram em se acostumar com o ambiente, mesmo o salão estando um tanto escuro, de repente uma luz se acende no meio do palco e alguns homens se materializam se movendo na batida da música, quando eles se aproximam consigo ver de quem se trata.
- AI MEU DEUS! O sorriso que conquistou cada parte do meu ser está estampado em seu belo rosto, ele usa um colete preto, gravata e calça também preta com uma corrente de lado, sexy pra caralho, eu olho para trás e as meninas sorriem como umas tolas. 
- Surpresa... Elas gritam em uníssono, eu olho mais uma vez para o palco e meu queixo vai ao chão, Brian, Dylan, Ethan, Henry, Big e o Jerry também estão lá em cima, sensualizando e nos levando ao delírio, minha boca está em um “O” perfeito.
- Caralho, minha vontade é subir lá e agarrar aquela delicia ali. Jesse aponta na direção do Jerry e do Dylan, sei bem a quem ela se refere, mas vamos deixa-la achar que engana alguém.
Meu noivo faz uma dança com movimentos sincronizados e os rapazes o acompanham, eu fico eufórica com cada movimento feito por ele, eu nem sabia que o Gabe sabia dançar, ainda mais tão bem. Ele desce do palco e pega na minha mão me levando até o centro do palco onde uma cadeira é posicionada de costas para outra, ele me senta olhando diretamente nos meus olhos com sua respiração um pouco ofegante por causa de todos os movimentos feitos na dança anterior. Eu olho para trás e vejo a Hanna sentada com cara de poucos amigos, afinal quem irá dançar para ela é o Henry, sorrio e encaro o homem a minha frente, ele abaixa o rosto até o meu e deixa um beijo leve em meus lábios. Ele se vira de costas e outra musica se inicia, ele se movimenta devagar de um lado para outro acompanhando a batida da musica, eu não resisto e aliso seu traseiro durinho, ele me olha repreendendo meu gesto, eu ergo minhas mãos e ele sorri, ele se vira e retira o colete acompanhando a musica, as meninas gritam eufóricas e meu sorriso se amplia.
- Gostoso, pena que vai casar. Jesse berra da plateia.
- Você está na profissão errada querido. Isa zomba.
Assim que a musica encerra, ele me ajuda a levantar e descer do palco, os rapazes voltam a subir no palco e outra musica começa, agora todos começam a tira a roupa “o colete e a gravata” ficando somente com as calças, cada um dança de um jeito. As meninas me entregam dinheiro falso para jogar neles e é isso que fazemos assim que a musica termina.
- Uau, Gabriel Clark, Gogo-boy? Ele sorri e me abraça com força.
- Eu tenho vários talentos amor. Eu beijo seus lábios com vontade, vários gritos e assobios invadem meus ouvidos, nós nos afastamos e sorrimos cumplices. - Que roupa é essa? Ele ergue uma sobrancelha. Merda.
- Brigue com a Jesse, eu disse para ela que isso era um pedaço de pano muito curto... Ele me cala colocando seu dedo indicador nos meus lábios.
- Calma princesa, você ficou uma delicia nela, meu pau ficou duro no exato momento em que coloquei meus olhos em você. Ele alisa meu traseiro por baixo da saia minúscula.
- Pervertido. Ele sorri de lado, molhando minha calcinha.
- Ei, deixem esse grude para depois, hoje nós temos uma despedida dupla. Big vem até nós com seus músculos a amostra.
- Vocês foram ótimos, obrigada por isso. Ele abre seus braços e eu me jogo neles.
- Tudo por você pequena.
- Ei, largue já minha noiva. Big solta sua gargalhada gostosa e se afasta de mim.
- Se acalma cara, ela é minha melhor amiga, é como uma irmã caçula, por tanto eu vou te dar um bom conselho, cuide bem dela. Ele pisca para o Gabe, beija minha testa e se vai pela multidão, aqui está bem cheio, alguns colegas de trabalho e familiares, meu e o do Gabe.
- É brincadeira, grandão. O Gabriel berra para que ele possa ouvir.
- Ele sabe amor. Ele me abraça mais uma vez e seguimos para o encontro dos nossos amigos.
- Melhor eu deixar em ênfase, já viu o tamanho do cara? Solto uma gargalhada e ele me acompanha.
A noite não poderia ter sido melhor, eu amo minhas amigas por se juntar aos meninos e preparar essa despedida épica, eu agradeci a todos e elogiei cada um, afinal dançaram como um verdadeiro “Adam G. Sevani”. Nós bebemos e conversamos muito, claro que tivemos alguns arranca rabos, Jesse alfinetou o Dylan à noite toda e ele fez o mesmo, a Sam também compareceu e minha amiga não gostou nem um pouco, paciência. Julie apareceu logo depois do desempenho dos rapazes no palco, ela anda meio estranha ultimamente, mas ela não se sente a vontade para se abrir, e eu não sou o tipo de pessoa que força alguém a nada, ela é uma das minhas madrinhas e eu fiquei muito feliz por ela ter aceitado.
Na verdade esses meses tem sido uma verdadeira loucura, como eu já sabia os rapazes serão os padrinhos do Gabe e as meninas minhas madrinhas, mas alguns não ficaram satisfeitos com seus pares, e a única coisa que eu quero é que eles se entendam, mas não sei se foi uma boa ideia, afinal é do meu casamento que estamos falando.
Depois de muita argumentação eu consegui convencer o Gabe a convidar meu primo Andrew, eu e ele nos entendemos na semana do meu sequestro, ele entendeu que aquele beijo foi um erro e que meu amor sempre será do Gabriel, que nada poderá mudar isso, ele foi embora de Nova York assim que soube que estava tudo bem comigo e com a Isa, depois disso não nos falamos mais, mas eu acredito que ele não tenha guardado magoa do Gabe ou de mim, afinal foi ele quem perdeu o “time”.
O Henrique tentou entrar em contato comigo algumas vezes depois da noticia do meu sequestro explodiu na mídia, mas eu não me dei ao trabalho de atendê-lo, na verdade eu troquei meu numero e proibi qualquer um de passar meu numero novo. Eu soube que ele foi promovido e que não poderia estar melhor, eu não desejo nada de ruim a ele, pelo contrario, eu quero que ele seja muito feliz, bem longe de mim é claro. Agora eu não trabalho mais na revista, “mas ainda faço alguns trabalhos para eles”. Minha saída foi complicada, os donos não queriam meu desligamento, mas como eu assinei um contrato com Luke Morgan o agente indicado pelo Jack, eles não tiveram alternativa, a não ser aceitar meu trabalho como freelance. Minha exposição rodou a Europa e foi um grande sucesso, correu tudo tão bem que agora ela irá para América Latina, mas esse projeto é somente para depois da minha lua de mel.
Há uns quinze dias atrás eu me encontrei com o Daniel, ele não ficou eufórico com a notícia do meu casamento, mas disse que torce pela minha felicidade e que sente muito não ser este homem que me fará feliz, porém aceita que está passando por isso por ter sido um covarde no passado. Eu não o vejo como um covarde, mas como alguém que fez o que achava certo no momento, e que terá que arcar com as consequências de suas escolhas, ele sempre será uma pessoa especial na minha vida e nada e nem ninguém mudará isso, nem mesmo o Gabe.
Na semana passada o Gabriel inaugurou uma instituição para homenagear seu avô, chama-se “Renato Câncer Center”, ela ajudará pessoas na mesma situação que o vovô, mas que diferente dele não tem condições para fazer um tratamento digno. Na inauguração recebemos uma quantia exuberante de doações, o Gabe se emocionou na hora do discurso e eu nem preciso dizer como eu me senti, eu gostaria que ele estivesse aqui para ver como tudo ficou e que iremos ajudar muitas famílias, eu sei que ele está feliz lá do céu, porque sabe que é muito amado, ele sempre será eterno em nossos corações.
Como eu havia prometido eu fiz duas tatuagens, sim duas, porque somente uma não teria graça, a Jesse sorria o tempo todo, ela parecia uma retardada, enquanto eu agonizada de dor, ela sorria como se fosse uma criança que acabará de descobrir que vai para a Disney, ela nem quis me cobrar pelo seu trabalho, disse ser presente de casamento. Eu as fiz tem mais de um mês, a que fiz na nuca é um símbolo japonês que significa força e a outra nas minhas costas próxima a ombro direito é uma citação de Shakespeare “We will all laugh at gilded butterflies ” (Todos nós iremos rir de borboletas douradas), eu adoro essa frase. Minha mãe teve uma crise de histeria quando viu e eu? Eu caguei para seu chilique, foda-se, eu sou uma mulher adulta e não preciso mais da aprovação dela para nada, ela terá que entender que eu cresci e que a menininha já não mais existe.

Inesperada PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora