Capítulo dezesseis

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— Ocê sabe que nós podemos perder essa guerra, né? — Pedro arqueia sua sobrancelha enquanto segura o balde preto com força em suas mãos

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— Ocê sabe que nós podemos perder essa guerra, né? — Pedro arqueia sua sobrancelha enquanto segura o balde preto com força em suas mãos.

— Eu sei. — Suspiro. — Se eu morrer diga para a minha mãe que eu fiz o possível e o impossível para ser a melhor filha.

— E se eu morrer diga o mesmo para a minha mãe.

Suspiramos juntos. Ajeito a minha trança e o meu macacão largo. Pedro Carlos respira fundo e ajeita as suas luvas. Estamos prontos.

— Um, dois, três e JÁ! — Ele grita e logo em seguida nós dois corremos para dentro do pequeno celeiro.

Pedro e Joana dormiram na minha casa, e hoje, eu acordei o Pedro às quatro horas da manhã para nos arrumarmos e em seguida pegarmos juntos os ovos das galinhas: o que é praticamente impossível. Todos os fazendeiros que trabalharam aqui pra minha mãe se demitiram no primeiro dia, e saíram com várias picadas das galinhas. Eu não sabia que galinhas poderiam ser tão cruéis!

Enfim, nós não temos dinheiro o suficiente para comprarmos DEZ caixas de ovos, já que uma caixa com meia dúzia está uma fortuna. Só pode ter ouro lá dentro, não é possível, e é por esse motivo que teremos que encarar as galinhas da fazenda.

Pedro tenta distraí-las enquanto eu ando até o ninho delas lentamente e coloco alguns ovos na minha cesta.

— ATRÁS DE VOCÊ! — Pedro Carlos  grita alto. Eu dou um pulo de susto, e depois subo em cima de um pneu de caminhão que começa a rolar rápido enquanto a galinhada grita e corre atrás de mim e dos seus ovos.

Fico desesperada e acabo caindo em cima de um monte de palha velha. As galinhas continuam correndo atrás de mim, mas algumas dão meia volta e correm até o Pedro, que agora está tentando pegar mais ovos no ninho delas.

Em menos de quinze minutos eu e o Pedro já estamos sendo perseguidos.

— CORRE! CORRE! — Grito quando vejo uma galinha prestes a morder a canela do Pedro. Ele acelera.

— DISGRAMA! — Ele grita e sobe em cima do balanço de pneu gigante bem no meio do celeiro. Corro até ele, e o mesmo puxa a minha mão para me ajudar a subir. Agarro o seu peitoral e em seguida o abraço, tentando buscar fôlego e ao mesmo tempo não cair do pneu, já que tem pouco espaço para nós dois.

Fecho os meus olhos durante alguns poucos segundos, e quando os abro vejo o Pedro me encarando com um sorriso de lado no rosto, eu sorrio de volta.

— Eu não consigo respirar, Maria Vitória. — Ele reclama e eu rio, o soltando logo depois.

— Nós ficaremos aqui até que horas? Acredito que essa galinhada não vai sair daqui tão cedo. — Eu sussurro o agarrando de novo quando quase caio do balanço.

— Nós podemos correr! — Sugere.

— Não posso. Uma daquelas galinhas malditas mordeu a minha canela.

365 dias para se apaixonarWhere stories live. Discover now