Capítulo trinta e um

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Bati as minhas pálpebras umas mil vezes, tentando resistir ao sono insuportável que teimava em não sair de mim

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Bati as minhas pálpebras umas mil vezes, tentando resistir ao sono insuportável que teimava em não sair de mim. Olhei para o enorme relógio do aeroporto, que marcava as 05:30 da manhã, enquanto tentava me equilibrar sentada em uma das minhas malas. O lugar estava uma verdadeira loucura, com as festas de fim de ano era gente para todos os lados.

Os bancos estavam todos cheios e as áreas de embarque e desembarque estavam lotadas. No centro do aeroporto, estava montada uma enorme árvore de Natal.  Que só fazia, me fazer bufar ao lembrar que mais uma vez a minha mãe me deixou na mão. Eu pensei que esse ano seria diferente, e que em vez de passar o Natal trancada em algum quarto de hotel, enquanto a minha querida mãe trabalha em seu notebook no quarto ao lado, iríamos passar juntas, em uma ceia. Nem que fosse apenas eu e ela. Nem precisava ser uma ceia, mas, se ela estivesse me dando o mínimo de atenção já seria ótimo.

Mas não, ela fez bem pior que isso, ela programou uma viagem de negócios em plena época de Natal, e além disso simplesmente não quis me levar. E como se não pudesse piorar, está me "deportando" para o Rio Grande do Sul, onde mora a minha tia Estela, que eu não vejo a séculos. E mal me lembro dela. Para falar a verdade a única coisa que eu me lembro em relação a ela, era que ela tinha uma filha insuportável, tirada a patricinha. E que vivíamos brigando quando éramos bem mais novas.

Para falar a verdade, nesse momento tudo o que eu queria era estar deitada no meu quarto, dormindo, toda embrulhada. Acabei de entrar de férias da faculdade e tudo o que eu mais queria nesse momento era ficar em casa. Esse fim de semestre foi uma grande correria, e sinceramente eu só me sinto cansada e desgastada. E sem nenhuma vontade de fazer uma viagem de 1.569km até Porto Alegre.

Mas só o que me resta e respirar fundo e embarcar nessa viagem, sem um pingo de vontade. Se bem que eu nunca tenho muita vontade de sair de casa. Se eu pudesse só ficava enfurnada no meu quarto, assistindo as minhas séries prediletas, lendo meus livros e comendo como uma louca. Meu hobbie é comer. Haha. Mentira, é ler mesmo. Amo ler de paixão. Se eu pudesse me tele transportava para cada história que eu lia. E quem sabe assim, eu não encontrava o meu príncipe encantado. Porque esse tá atrasado a séculos.
Muitos vão me julgar, mas sim, eu realmente acredito, que um dia vai aparecer aquele cara na minha vida, lindo de morrer e que vai me fazer perder o ar a cada segundo em que estiver ao meu lado. E que será capaz de me amar na mesma intensidade em que eu o amarei. Talvez isso seja apenas um sonho, bobo e idiota. E que eu já deveria ter deixado para trás a um bom tempo.

Mas eu tenho coração de leitora. Fazer o que?

E as leitoras são assim, sonham que um dia vão tropeçar e simplesmente cair no colo daquele crush literário maravilhoso.

Mas voltando para a realidade, de onde estou consigo ver muitos casais, uns viajando juntos, outros chorando por se separar do seu amor e tudo o que eu consigo pensar é; Será que um dia eu também vou ter isso?
Em todos os meus 19 anos, eu esperei por isso, pelo meu príncipe. Mas até hoje ele não deu as caras. Não que eu não tenha tentado encontrar ele, longe disso. Já me apaixonei tantas vezes que contar nos dedos seria impossível. Era sempre a mesma história, ou eu me apaixonava por quem não me queria, ou quando estava tudo dando quase certo o príncipe virava um verdadeiro sapo. E é por isso que em dezenove anos, eu nunca beijei ninguém.

(...)

Uma hora depois, e eu já me encontrava sentada em minha poltrona.

"Atenção senhoras e senhores passageiros, bem vindos ao voo número 1452, partindo do aeroporto internacional do Rio de Janeiro com destino ao aeroporto internacional de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Nosso tempo de voo é de aproximadamente 1:50 min. Gostaríamos de solicitar que fiquem atentos às regras, que já foram deferidas. E por fim desejamos a todos uma boa viagem!" - Disse uma voz feminina, que saia dos autofalantes do avião.

365 dias para se apaixonarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora