A Fúria Dos Olhos Vermelhos

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Aria encarou o homem com uma expressão de raiva. Quando ele a chamou de Sentinela Vermelha, isso fez desencadear uma certa fúria que estava reprimida dentro dela. Ele sabia quem ela era. Então ele sabia o que ela fez. Ela estava encrencada.

—Quem diabos é você? – Aria perguntou, nervosa.

—Não se lembra de mim, não é? – O homem perguntou, ironicamente. – Me chame de Ossos Cruzados. Nós dois já fomos companheiros de equipe.

—É da HIDRA? – Aria perguntou, desconfiada.

—Espertinha. Pelo menos disso você se lembra. – Ossos Cruzados respondeu, andando alguns passos em direção à ela. – Falando na HIDRA, você não acha que está na hora de voltar ao trabalho? Nós sentimos sua falta nas missões, Sentinela.

—Definitivamente não! Não quero ter mais nada a ver com a HIDRA! E pare de se aproximar de mim, ou vai se arrepender! – Exclamou Aria.

Aria ficou em posição de defesa, pronta para contra-atacar a qualquer hora, caso Ossos Cruzados tentasse lhe fazer algo.

—Tudo bem, já que prefere do jeito difícil... – Ossos Cruzados disse, se preparando para atacar Aria.

Ossos Cruzados apontou sua arma para Aria, mas antes que pudesse atirar, ela fez uma manobra acrobática e o contornou, chutando-o por trás. Aria tentou pegar a arma, mas Ossos Cruzados fez um movimento com a arma, fazendo-a cair. Ele apontou a arma novamente para ela.

—Tinha me esquecido, você gosta de fazer esses truquinhos enquanto luta. – Disse Ossos Cruzados.

—Você não viu nem a metade! – Respondeu Aria, apoiando as mãos no chão e fazendo impulso para se levantar.

Ela chutou a arma e partiu para cima dele. Ossos Cruzados viu que não seria tão fácil levar a Sentinela de volta como pensou, então partiu para métodos mais persuasivos. A força bruta. Ele e Aria começaram uma espécie de coreografia de socos, chutes e pancadas. De vez em quando ele a acertava, mas ela o acertava muito mais. Aquela garota tinha a vantagem de ter um corpo flexível, então era muito fácil para ela derrubá-lo, o que ela fez várias vezes. Porém, em uma hora, ele conseguiu prendê-la no chão. Ela gritou.

—Não adianta mais gritar! Agora você vai voltar, Sentinela! A HIDRA tem uma missão muito importante para você! – Disse Ossos Cruzados.

—Como... foi... que me... encontraram? – Perguntou Aria, com dificuldade para respirar.

—Quando descobrimos que você estava viva, me mandaram te encontrar e levar você de volta. – Respondeu Ossos Cruzados, prendendo-a no chão com força. – Estou no seu rastro há meses e finalmente achei!

—Aria! – Aria ouviu a voz de Steve gritar.

Ela fez um esforço para virar a cabeça e ver o Capitão correndo em sua direção. Natasha e Sam vinham junto. Steve estava com seu escudo, Sam com suas asas e Nat com suas armas.

—Solte ela agora! – Exclamou Steve.

—Você, seu cretino! – Ossos Cruzados saiu de cima de Aria um instante para atacar Steve.

Aria aproveitou para se levantar. Steve travava uma batalha contra Ossos Cruzados, enquanto Natasha e Sam foram defendê-lo. Aria não quis ficar de fora e se juntou à batalha. Agora os quatro enfrentavam Ossos Cruzados. Com os quatro trabalhando juntos, foi fácil derrotá-lo. Logo, ele estava caído no chão, cansado e ferido.

—Ainda não acabou... – Disse Ossos Cruzados, ofegante. – Ainda tenho uma carta na manga...

Ossos Cruzados retirou algo de sua armadura. Aquilo era... uma seringa com um líquido vermelho berrante. Aria arregalou os olhos. Era o soro vermelho. O que a HIDRA utilizava para transformá-la na Sentinela Vermelha. Ela sabia exatamente o que ele pretendia fazer. Porém, tudo aconteceu muito rápido. Antes que ela pudesse sair dali, Ossos Cruzados fez um movimento brusco e rápido, agarrando a perna de Aria e aplicando o soro.

Aria gemeu e caiu, ofegando. O soro em seu corpo a fez lembrar da sensação horrível que sentiu várias e várias vezes. Era como se seu corpo estivesse pegando fogo. Suas veias estavam em chamas, seus braços e pernas estavam em chamas, sua cabeça estava em chamas. Ela não percebeu, mas gritava de dor. E então, a dor virou ódio. O fogo virou frieza. Ela abriu os olhos e revelou o vermelho que predominava neles.

—Sentinela? – Ossos Cruzados a chamou.

—Pronta para obedecer. – Aria respondeu. Sua voz parecia mais grave do que o normal. Sua expressão estava vazia.

—Mate-os. – Ossos Cruzados a ordenou.

—Cale a boca, verme! – Exclamou Nat, disparando um de seus ferrões da Viúva nele.

Aria não perdeu tempo em partir para cima de Steve, Nat e Sam. Agora, ela não controlava mais suas ações. Enquanto estivesse sob o efeito do soro, iria fazer tudo o que Ossos Cruzados ordenasse. E claro, não seriam coisas boas.

Ela estava muito mais forte e rápida. Se Steve não estivesse com seu escudo, ele não teria chance nenhuma contra ela. Os socos e chutes que ela disparava em cima dele eram muito rápidos. Quase não dava para desviar, ou se defender. Steve não tinha como abaixar o escudo e atacá-la de volta, pois ela não parava.

Apenas quando Natasha partiu para cima dela, Steve teve tempo para respirar. Os golpes que Aria desferia contra Natasha eram tão rápidos que eram quase invisíveis. Natasha conseguia se defender de apenas alguns deles. Os que ela recebia eram fortes, e a machucavam muito. Somente acabou quando Aria chutou Natasha para longe, que fez a Viúva cair ferida.

Aria voltou sua atenção para Steve, mas Sam se pôs em frente aos dois e a segurou com os dois braços, levantando voo com suas asas. Ele não foi muito alto, pois não tinha realmente intenção de machucá-la, ele sabia que ela estava sob efeito do soro. Ele a soltou, mas ela executou outra manobra acrobática que a fez dar cambalhotas até atingir o chão, intacta. Então, ela encarou Steve com olhar de fúria novamente.

—Aria, chega! Essa não é você! – Disse Steve, tentando fazê-la parar.

Ela apenas grunhiu de raiva e desferiu um soco contra o Capitão. Ele usou seu escudo para se defender dela várias vezes.

—Você está sob efeito do soro, você não é assim! – Disse Steve.

—Cale a boca! – Aria respondeu, irritada. – É assim que eu sou!

Aria atacou Steve novamente, porém, dessa vez, ele conseguiu se defender e contra-atacar. Ele juntou suas forças para jogá-la para longe.

—Aria, lembre-se de quem é! Lembre-se que você não quer mais isso! Não quer mais ser obrigada a matar! – Disse Steve, tentando pará-la.

Ela parou de tentar atacá-lo, mas continuou em posição de luta. Seu rosto demonstrava pura raiva. Steve notou e continuou tentando fazê-la parar.

—Lembre-se do porquê de estarmos aqui. – Disse Steve. – Lembre-se do Bucky.

Aquelas palavras foram o ponto chave para fazer Aria abaixar os punhos. Ela ainda ofegava, mas ao invés da expressão de raiva, tinha uma expressão confusa. O soro não tinha mais poder para fazê-la esquecer disso. Há anos não tinha.

—Bucky... – Ela disse, baixo. – Soldado...

—É isso! – Disse Steve, a incentivando a se lembrar. – Nós estamos atrás do Bucky, se lembra?

Aria estava prestes a dizer algo, quando soltou um gemido e fez uma expressão de dor. Ela caiu para frente, revelando Natasha a alguns metros atrás dela, com o punho levantado. Ela havia acabado de disparar um ferrão da Viúva contra Aria.

—Isso não mata, mas também não é macio. Ela vai dormir por algumas horas, igual ao traidor aí. – Natasha apontou para Ossos Cruzados. – Temos que sair daqui, Steve.

—Certo. – Steve respondeu, pegando Aria nos braços.

Sam desceu ao chão e abaixou suas asas. Steve entregou Aria nos braços de Sam, pedindo para ele colocá-la no carro. Aquilo foi o bastante para um dia. Eles guardaram o equipamento e partiram. Estavam cansados demais para irem para o Brooklyn agora. Natasha sugeriu para eles passarem a noite em um esconderijo que ela tinha em Manhattan. Assim, no outro dia, mais dispostos, eles veriam o que iriam fazer. Nem estavam certos de como Aria iria acordar.

Eles foram quietos o caminho inteiro. Todos com expressões de preocupação estampadas nos rostos. De vez em quando olhavam para Aria. Agora que viram o que ela poderia fazer quando estava sob efeito do soro, ficaram preocupados. Ela era perigosa. Se a HIDRA colocasse as mãos nela novamente, seria o fim.

*~*

Bucky se arriscou a sair do esconderijo de dia e foi até Manhattan, atrás de pistas de Aria, ou, a Sentinela. Infelizmente, Manhattan era um lugar gigante, e existia uma chance muito pequena de ele encontrá-la ou alguma pista dela ali. Ele usou listas telefônicas dos anos 90 para tentar encontrar um possível endereço da família Vane. Ele achou três endereços com o sobrenome Vane. Um deles teria que ser o lugar onde ela morou até seus dezenove anos.

Disfarçado, ele caminhava pelas ruas de Manhattan. Sua sorte era que o lugar era tão cheio, e as pessoas tinham tanta pressa que ninguém parecia sequer notá-lo. Ele já havia visitado dois dos endereços e não encontrou nenhuma pista. Estava a caminho do terceiro, prestes a virar uma esquina, quando uma coisa chamou sua atenção. Era um carro normal, parado no semáforo. Porém, ele viu de relance, a figura de Steve Rogers no volante. Se não fosse, era alguém muito parecido. Contudo, o que lhe pegou de surpresa, foi a figura no banco traseiro. Ela estava adormecida, mas seu rosto e os cabelos ruivos... Seria possível?

O semáforo abriu e o carro seguiu caminho. Agora mesmo, ele teria que dar um jeito de seguir aquele carro. Parecia ser uma pista importantíssima, e Bucky não iria deixar passar assim tão fácil.

*~*

O esconderijo de Natasha era muito sofisticado para ser um esconderijo. Era um apartamento, mais ou menos do tamanho do apartamento de Steve, porém muito mais moderno. O lugar estava limpo, e a geladeira e os armários estavam cheios de comida. Só havia um problema. O apartamento só tinha dois quartos. A divisão iria ser complicada.

Aria finalmente acordou e se viu deitada em uma cama de casal, num quarto desconhecido. Ela se levantou e abriu a porta, caminhando por um corredor que dava na sala. Ela encontrou Sam, Steve e Nat sentados no sofá. Pareciam estar discutindo algo sério. Os três a encararam com olhares preocupados. Ela entendeu imediatamente.

—Eu fiz muita besteira? – Aria perguntou, num tom de voz mais baixo.

—Se nos atacar como uma louca for considerado uma besteira então... – Ironizou Nat.

—Me desculpem... mesmo, eu juro que não foi minha intenção. – Disse Aria, envergonhada. – É que ele tinha o soro e injetou em mim, então...

—Tudo bem, Aria. – Steve a interrompeu. – Não era você, a culpa não foi sua.

—Steve, eu juro, se eu tivesse visto que ele tinha o soro antes, eu teria impedido. – Respondeu Aria.

—Não ia dar tempo de qualquer jeito. – Disse Sam. – O doido estava no chão e no outro segundo estava com a seringa na perna da Aria. Parecia um ninja.

—Ah, como foi que eles me encontraram? – Perguntou Aria, andando para um lado e para o outro. – Eu sempre fui tão discreta.

—Pode ser porque eles nunca perderam o seu rastro. – Respondeu Natasha. – Ou porque... eles estão planejando fazer algo e vão precisar de você. Afinal, por que só agora mandaram alguém atrás de você?

—É isso que eu não entendo. – Respondeu Aria. – Eles simplesmente me deixaram fugir esse tempo todo? Mas é impossível, o meu chip estourou, eles não tinham como saber onde eu estava.

—O que exatamente a HIDRA poderia estar querendo com a Aria? Se fosse só para tê-la de volta, acho que eles a teriam levado de volta muito antes. Não, tem alguma coisa a mais. Eles estão planejando alguma coisa. – Disse Steve, franzindo o cenho.

Steve estava certo. A HIDRA, de fato, estava planejando algo grande. Algo muito importante, onde iriam precisar de Aria. Só precisavam descobrir o que era.

*~*

Aria precisou tomar um pouco de ar fresco depois de tudo aquilo. Ela queria ir até o terraço, mas poderia não ser seguro. Nat lhe disse que, pelo prédio ser escondido, não era tão fácil alguém notá-la ali. Então sim, o terraço era seguro.

Ela subiu as escadas que levavam até o terraço e respirou fundo assim que sentiu a brisa do ar livre. Ela olhou em volta e sorriu levemente com a vista. Estava em Manhattan, o lugar onde nasceu e cresceu. Aquele era todo o mundo dela, antes da HIDRA. Apesar de não se lembrar muito, uma parte do coração dela ainda estava ali. Ela suspirou, de forma nostálgica.

—A vista é bonita, não é? – A voz de Natasha perguntou, atrás dela.

—É maravilhosa... – Respondeu Aria, em um tom nostálgico. – Eu nasci aqui em Manhattan. Passei metade da minha vida aqui. Eu me lembro de sentir como se aqui fosse meu reino e eu fosse a princesa, esperando para me tornar rainha. Parece besteira, não é?

—Parece um pouco infantil sim, mas não é besteira. Toda garota nasce princesa, para aprender a se tornar a rainha de seu próprio mundo. – Respondeu Nat.

—E você conseguiu se tornar a rainha do seu mundo? – Perguntou Aria.

—Rainha eu? Acho que eu estou mais para o cavaleiro de armadura reluzente. – Respondeu Natasha, em um tom irônico.

Aria riu e olhou para Natasha. A vida deveria ser dura com ela, talvez mais do que consigo mesma. Natasha era constantemente machucada e magoada, porém encarava tudo como se fosse um simples leite com pera. Ela não tinha ninguém para defendê-la. Então, ela aprendeu a se defender sozinha. Aria viu Nat como um exemplo, por um minuto.

—Natasha, será que eu posso perguntar... por que você fica mudando comigo? – Perguntou Aria. – Uma hora você me odeia, outra hora você me ajuda, então você me odeia de novo, e então você me elogia, me dá conselhos e me consola...

—Eu não odeio você, garota. Tudo bem que posso não morrer de amores por você, mas eu não te odeio. – Respondeu Natasha. – Eu não devia falar isso... eu não acredito que vou dizer isso, mas tem a ver com o Steve.

Aria ficou surpresa, mas por outro lado ela já sabia. Steve e Natasha tinham um clima notável a quilômetros. Eles podem até não demonstrar, mas eles faíscam um pelo outro. E Aria sabia muito bem disso.

—Nat, eu meio que sei... você gosta do Steve não é? – Perguntou Aria. – E tem ciúme de mim porque ele tem passado muito tempo comigo. Não tem problema, para mim o Steve é só um amigo, nada mais. E além do mais, ele também gosta de você.

—É, de burra você não tem nada... – Respondeu Natasha. – Dá pra notar tanto assim? Mas eu sou tão discreta.

Natasha disse a última parte ironicamente, imitando o tom de voz de Aria quando ela disse essa mesma frase há alguns minutos.

—O que você ainda está fazendo aqui comigo? Vá atrás dele e diga o que sente. Tire isso do peito antes que seja tarde. – Disse Aria, encorajando Nat.

—Por mais que eu quisesse, eu não posso ficar com o Steve, Aria. – Disse Nat, cabisbaixa.

—Ué, mas por que não? Vocês dois estão solteiros e se gostam. Não vejo nada de errado nisso. – Retrucou Aria.

—Eu sou meio que conhecida por atrair problemas. – Respondeu Nat. – Por que será que me chamam de Viúva Negra?

Aria suspirou e olhou para baixo. Ela não era nenhuma conselheira amorosa profissional, mas não viu nada de errado em ajudar uma... amiga necessitada. Mas quem era ela para falar algo. Aria só teve poucos namoros na adolescência, nos quais não se lembrava de nenhum e... bem, ela não sabia se contava, mas ela tinha Bucky. E mesmo não se lembrando de muita coisa, talvez nem tenha acontecido nada, mas mesmo assim, Bucky era algo intenso. Como Sam havia dito, ela talvez fosse louca por ele e não soubesse.

—Nat, vou dizer uma coisa. Arrisque. Se você gosta do Steve, então lute por ele. Não importam os obstáculos, apenas a recompensa. Não há pior luta do que aquela que não se enfrenta. – Disse Aria.

Natasha moveu os lábios, quase como se estivesse sorrindo. Aria ficou feliz ao ver que suas palavras causaram algum efeito nela.

—É, acho que eu estava enganada em relação a você. Quando não está tentando me matar, até que você é legal. – Disse Nat.

—Acho que vou tomar isso como um elogio. – Respondeu Aria, em um tom irônico.

Natasha se virou e desceu as escadas do terraço, deixando Aria sozinha novamente. O sol estava se pondo e a vista dos prédios de Manhattan começando a se iluminar era algo de tirar o fôlego. Por um momento, ela se sentiu no paraíso. Até algo a acordar.

—Aria Vane? – Uma voz masculina a chamou. Não era estranha. Era grave e lhe causou arrepios.

Aria se virou e arregalou os olhos em surpresa. Seu coração foi à mil. As informações estavam vindo tão rápido que ela não sabia se estava feliz ou assustada. Ele estava ali, e dessa vez não era um sonho. Era ele... era Bucky.


Continua

𝐎 𝐒𝐎𝐋𝐃𝐀𝐃𝐎 𝐄 𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐄𝐋𝐀 | bucky barnesWhere stories live. Discover now