Soldado Invernal Ataca Novamente

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—Eu estou com um pressentimento horrível... – Aria sussurrou para si mesma, enquanto olhava para o monitor onde Bucky era mostrado.

Aria desviou o olhar para Steve, que também parecia um pouco nervoso. Era bom, pelo menos alguém além dela estava com a guarda alta. A voz do tal médico chamou sua atenção outra vez.

Não estou aqui para julgá-lo. — O médico disse. – Só quero fazer algumas perguntas.

—Me engana que eu gosto... – Aria sussurrou para si mesma outra vez. – Steve, eu não estou gostando nada disso.

—Fique tranquila, Aria. Por enquanto, não há nada que possamos fazer. – O Capitão respondeu, com pesar. – Tudo o que nos resta é assistir.

Você sabe onde está, James? — O médico perguntou, porém não obteve resposta.

Por fora, Bucky parecia com vontade de socar alguém, mas por dentro, Aria sabia que ele estava magoado. Ele acabou de passar por outro trauma, não iria falar assim tão abertamente com um desconhecido.

Eu não posso ajudá-lo se não falar comigo, James. — O médico tentou outra vez. Ele não gosta de ser chamado de James, o deixa desconfortável. Aria pensou. Quer dizer, com ela era assim. Agora com os outros era outra coisa...

Meu nome é Bucky. — A voz de Bucky pode ser ouvida pela primeira vez desde que ele entrou naquela cela. Aria respirou aliviada. Que bom, ele se lembra. Ela pensou. Ela olhou para Steve outra vez, e viu que agora, ele tinha um olhar mais vigilante.

Sharon havia voltado para a sala minutos antes, lançando um olhar a Steve, Aria e Sam, indicando que ela foi a responsável pela exibição do vídeo dentro da sala onde estavam. Até onde parecia, Sharon estava do lado deles.

—Tem uma coisa que eu não entendo... – Steve disse, franzindo a testa. – Por que a Força Tarefa liberaria a foto da câmera de segurança? Não é algo do tipo sigiloso?

—Para divulgar, envolver o máximo de testemunhas possíveis. – Sharon respondeu. – Quando se trata de um crime desses, não dá para manter no sigilo.

—É... boa forma de tirar alguém do esconderijo. – Steve respondeu. – Detonar uma bomba, deixar tirarem uma foto...

—E depois ninguém acredita quando eu digo que ele é inocente... – Aria o interrompeu. – Fala sério, nós dois fomos treinados pela HIDRA, éramos praticamente fantasmas até alguns anos atrás. Nenhum de nós cometeria esse tipo de amadorismo.

—7 bilhões de pessoas procurando o Soldado Invernal... Aria tem razão, se ele realmente tivesse feito isso, não deixaria pistas que levariam direto até ele. – Steve completou.

—Obrigada, finalmente alguém me ouviu! – Aria respondeu, em um tom sarcástico.

—Estão querendo dizer que alguém o incriminou? – Sharon perguntou, cruzando os braços.

—É o que eu estou dizendo desde a hora em que eu vi aquela foto no jornal! – Aria respondeu nervosa, mas mantendo o tom sarcástico. – Caramba, é tão difícil de acreditar quando eu falo que ele é inocente?

—Ela está certa, Sharon. – Sam se juntou à conversa. – Passamos um ano tentando encontrá-lo sem pista nenhuma e nada, de repente, Aria surge na porta do Steve e dois dias depois ele aparece. Depois, os dois somem pelo mundo sem dar notícia, como se tivessem evaporado. É quase impossível de encontrá-lo, por isso eu não entendo como a pessoa que o incriminou esperaria chegar até ele com tudo isso...

—A pessoa que o incriminou não esperava chegar até ele, mas esperava que nós chegássemos... – Sharon respondeu, parecendo confusa. – Droga... Aria está certa, mas precisamos de uma prova para convencer o Ross.

—Se ao menos Bucareste tivesse câmeras de segurança nas ruas... – Aria sugeriu. – Daria para ver que nós dois passamos a manhã na feira da fruta, na mesma hora da explosão.

—A ideia é boa, mas duvido que tenha câmeras de segurança na área onde vocês viviam. – Sharon respondeu, desanimada.

*~*

Enquanto isso, Bucky continuava sua sessão com o tal médico. Ele havia passado os últimos cinco minutos fazendo perguntas irrelevantes, que geralmente vinham seguidas de uma resposta monossilábica. Isso quando eram respondidas. Bucky estava se sentindo tão irritado que tudo o que queria fazer era se soltar daquelas amarras, pegar Aria e voltar para a vida sossegada deles em Bucareste. Mas não podia. Pelo menos, não agora. Então, teria que aguentar muita gente lhe enchendo o saco por mais um tempinho.

—Soube que é casado. – O médico disse. – E que sua esposa foi sua companheira de missões na HIDRA. Como é a vida de vocês? Já passaram por muita coisa, não é?

Bucky respirou fundo. Ele não queria falar de Aria para esse homem. Na verdade, ele não queria falar sobre nada. Principalmente sobre os abusos que sofreu nas mãos da HIDRA.

—Eu não quero falar sobre isso. – Bucky respondeu, ríspido.

—Ah, entendo. Você teme que se começar a falar, os horrores nunca irão parar, não é? – O médico perguntou. – Você tem medo de perdê-la, não tem? Sei bem como é...

Aquele médico estava falando em um tom ameaçador. Como se fosse machucar Aria, ou algo do tipo. Bucky não gostou nem um pouco, e sentiu muita vontade de arrebentá-lo por isso.

—Mas não há nada para se preocupar. – O médico continuou. – Só precisamos falar sobre uma coisa...

*~*

Steve e Aria ainda estavam assistindo a avaliação de Bucky, completamente vidrados. Porém, surgiu um imprevisto. De repente, houve uma queda de energia no prédio todo, causando um grande tumulto.

—Fiquem de olho no Barnes! – Ross passou correndo, com meia dúzia de agentes.

—Steve, temos que ir atrás dele agora mesmo. – Aria sussurrou, de modo que só Steve conseguisse ouvir.

—Sub Nível 5, Ala Leste. – Sharon disse, revelando a localização de Bucky. – Vão depressa.

Steve e Aria acenaram com a cabeça e correram para fora. Para não perder o costume, Sam foi junto. Mas não antes de agradecer sua garota.

—Gata, eu não sei o que eu faria sem você. – Sam disse, dando um selinho rápido em Sharon, antes de seguir com Steve e Aria.

Por mais que eles estivessem correndo, a sala onde Bucky estava sendo mantido ficava longe. Mas tinham que chegar lá o mais rápido possível. Com a queda de energia, esse era a oportunidade perfeita para soltá-lo.

*~*

—O que está acontecendo? – Bucky perguntou, nervoso com a queda de energia.

—Por que não falamos sobre sua casa? – O médico mudou de assunto. – Não na Romênia. E, certamente, não a casa no Brooklyn. Mas a sua casa.

O médico retirou um livro de dentro da pasta. Bucky reconheceu o livro na hora. Estava em posse dele, mas ele o perdeu alguns meses atrás. Era aquele livro com todas as informações sobre o Soldado Invernal, seus atributos, suas habilidades, seus equipamentos e até tinha uma página sobre a Sentinela Vermelha, sua parceira. Ele sabia porque foi com esse livro que começou a se lembrar de Aria.

Então, foi a pior hora. O médico retirou os óculos e se levantou, de forma ameaçadora. O que diabos estava acontecendo ali? Bucky só pode descobrir quando ouviu a primeira palavra.

Saudade. — O médico disse, em russo.

Droga, era isso. Aquelas mesmas palavras que Ossos Cruzados havia dito no Triskelion um ano atrás, que o deixaram completamente fora de controle, ferindo qualquer um que estivesse em seu caminho. Seu corpo começou a reagir ao som da palavra. Estava acontecendo. Bucky estava prestes a se tornar o Soldado Invernal outra vez.

—Não... – Bucky murmurou, tentando impedir seu corpo de reagir àquelas palavras.

Enferrujado. — O médico continuou, caminhando em direção à cela dele.

—Chega... – Bucky disse, tentando bloquear ao máximo o efeito das palavras. Ele não podia, não podia de modo algum se tornar o Soldado Invernal de novo. E se ferisse alguém? E se ferisse Aria?

Dezessete. — O médico continuou. Dessa vez, o braço de metal de Bucky reagiu, tremendo e querendo se soltar.

—Chega! – Bucky exclamou, fazendo todas as forças do mundo para parar com aquilo. Mas agora era inevitável. Ele só esperava por algum milagre.

Amanhecer. – O médico disse, despertando a fúria adormecida do Soldado Invernal. Bucky não conseguiu se conter. De certa forma, aquilo era mais forte que ele, por mais que ele tentasse conter. Simplesmente era mais forte.

Bucky gritou tão alto que poderia ser capaz do prédio todo ouvir. Ele estava furioso. Furioso por estar sendo controlado, e por não ter sido capaz de se conter. Por mais que quisesse parar, seu corpo não tinha mais vontade própria. Ele estava tão furioso que seu braço metálico arrebentou a amarra que o prendia e soltou as outras.

Fornalha! – O médico exclamou, aproveitando que Bucky estava fraco e não tinha mais como se conter. Ele soltou as amarras dos pés e começou a socar o vidro de sua cela com o braço metálico. E assim continuou, cada vez mais violento e forte. – Nove! Benigno!

𝐎 𝐒𝐎𝐋𝐃𝐀𝐃𝐎 𝐄 𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐄𝐋𝐀 | bucky barnesWhere stories live. Discover now