Problema em dobro

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Horas depois do ataque, Bucky foi o primeiro a acordar... e se dar conta de que Aria não estava ali. Ele se levantou, desesperado, procurando algum vestígio dela pelo cômodo.

—Aria! – Ele chamou por ela, sem retorno.

Os outros começaram a acordar. Steve primeiro, depois Natasha, e por último, Sam.

—Cara, parece que eu tive uma bebedeira... – Disse Sam, ainda tonto.

—Gás sonífero. – Respondeu Natasha. – É mil vezes pior do que uma bebedeira.

—A HIDRA esteve aqui, eles levaram a Aria! – Exclamou Bucky, visivelmente preocupado.

Steve, que ainda estava acordando, rapidamente levantou. Apesar de todo o drama antes do gás, ele ainda se preocupava com Aria. E consequentemente, com o destino do mundo.

—Aria está em perigo. Nossas diferenças e nossos problemas não importam mais. – Disse Steve, em um tom firme. – O importante é salvá-la!

Apesar de todos estarem tensos com o drama recém-ocorrido, Steve estava certo. Não era hora de resolverem suas diferenças naquele instante, com Aria nas mãos da HIDRA. Por mais que ele estivesse magoado com Natasha e Bucky, salvar Aria era mais importante.

Steve acionou o rádio para New York, para obter notícias de Tony e Bruce.

—Tony, está na escuta? – Steve perguntou, usando o rádio.

Alguns segundos se passaram e Steve ouviu um chuvisco vindo do rádio.

Picolé, é bom ser importante, porque nós estamos quase conseguindo contatar a Barbie e interrupções nesse momento são desnecessárias! — A voz de Tony respondeu, através do rádio.

—É urgente, Tony! Aria foi capturada pela HIDRA, precisamos salvá-la! – Disse Steve, com nervosismo.

Como é que é? — A voz de Tony saiu do rádio irritada. – Picolé, você só tinha uma missão! Manter essa desmemoriada longe de confusão, e o que você faz? Entrega ela de bandeja nas mãos do inimigo!

—Tony, relaxa aí, a culpa não foi nossa! – Disse Natasha, ligando o rádio. – Eles jogaram gás sonífero e não tínhamos nada para nos proteger.

A voz de Tony suspirou pelo rádio, indicando que ele estava pensando no que fazer.

Certo, eu vou mandar um helicóptero para trazer vocês de volta. Aqui descobriremos para onde eles levaram a Lady Amnésia do karatê. — Tony respondeu, através do rádio.

Eles ainda iriam voltar para a Torre Vingadores? Bucky entrou em desespero naquele momento. Eles tinham que encontrar Aria imediatamente! Ele tinha que consertar as coisas com ela. Ele simplesmente... não podia viver sem ela. Ele fechou os olhos, colocou as mãos na cabeça e respirou fundo. Só de imaginar as coisas que poderiam estar fazendo com Aria naquele exato momento fez com que Bucky, em um ato de fúria, esmurrasse a parede.

Ninguém fez objeção. Na verdade, era o que todos estavam com vontade de fazer naquele momento. Steve não conseguia mais encarar Nat. Por mais que ele estivesse tentando engolir os sapos para um bem maior, estava difícil para ele suportar aquela situação. Ele realmente amava Natasha, e descobrir que até ela já esteve com Bucky alguma vez na vida realmente partiu o coração dele. Ele não queria restos, não queria favores. Ele queria alguém que o tratasse como primeira opção. Apenas Peggy fez isso. Mas agora era tarde demais.

Natasha também não estava nem um pouco bem. Ela queria explicar as coisas para Steve. Explicar que ela não se lembrava de nada daquilo. E mesmo que se lembrasse, tudo aquilo aconteceu antes de ela conhecê-lo. Antes de ela encontrar seu grande amor, que era Steve. Ela só queria seu Capitão de volta.

E Sam era quem mais estava se sentindo culpado. Ele deveria ter escondido os papéis assim que achou. Mas ele também poderia ter explodido, pois estava difícil guardar aquele segredo. Mesmo assim, ele se sentia extremamente culpado. Mesmo que indiretamente, ele havia acabado de estragar os relacionamentos de seus amigos. Ele nem sabia se eles iriam continuar sendo seus amigos. Principalmente Steve, quem ele considerava seu melhor amigo.

*~*

Durante a viagem, todos permaneceram calados, sem conseguir ao menos olharem uns para os outros. A verdade é que só estavam suportando tudo aquilo por Aria. Para salvá-la de um destino terrível nas mãos da HIDRA. Principalmente Bucky. Ele, mais do que ninguém queria ir atrás dela desesperadamente. E dar um jeito de tê-la novamente.

Quando chegaram, Stark percebeu que alguma coisa estava errada. O clima entre eles estava muito pesado. Mesmo assim relevou. Eles entraram e encontraram Bruce trabalhando com um tablet.

—Enquanto vocês vinham para cá eu já dei um jeito de encontrar a dedetizadora de aranhas. – Disse Tony, fazendo uma clara referência à luta entre Aria e Natasha. – Doutor, mostre para eles.

Bruce se aproximou, com o tablet nas mãos.

—O antídoto que eu criei não destruiu os chips implantados no corpo da Senhorita Vane, apenas os desativou. – Disse Bruce, mostrando o raio-x de Aria. – O que significa que são rastreáveis à longa distância.

—E com a minha tecnologia, ir atrás dela será como seguir um GPS. – Completou Tony. – As leituras de calor na tela indicam a exata localização dela.

A leitura na tela do tablet indicava que Aria estava na Europa, especificamente em um pequeno país chamado Sokovia. Era bem longe, mas se viajassem rápido e a noite toda, daria tempo de chegar antes de amanhecer.

—J.A.R.V.I.S., prepare o quinjet. – Ordenou Tony.

*~*

Logo, já estavam a caminho de Sokovia. Tony e Bruce foram junto para dar apoio à equipe. Bruce continuava trabalhando no diário de Jane Foster para conseguir contatar Thor. Tony estava pilotando, mas não aguentou aquele clima tenso. Então, pôs no piloto automático e foi tirar suas dúvidas. Ele se sentou perto de Steve primeiro.

—O que houve? Parece até que alguém morreu. Isso tudo é por causa da garota que vocês entregaram pro inimigo? – Perguntou Tony, não deixando o sarcasmo de lado nem por isso.

—Muita coisa aconteceu enquanto estávamos naquela base, Tony. Coisas muito ruins. Mas nada mais importante do que salvar a Aria. – Respondeu Steve, cabisbaixo.

O Capitão parecia não estar muito afim de conversar. Então, ele seguiu para o lado da Viúva. Ela também não estava com uma cara boa.

—Pode falar, vocês brigaram, não foi? – Tony perguntou, encarando Nat. Ela respirou fundo antes de responder.

—Mais ou menos isso... – Nat respondeu, sem muita animação. – Ele não consegue nem olhar para mim.

—Então a coisa foi feia... – Respondeu Tony. – Para vocês dois estarem desgrudados só pode ter sido algo grave.

—Mais do que você imagina... – Nat respondeu, se virando para o outro lado. – Mas eu resolvo isso depois, temos que salvar a Aria primeiro. Quer dizer, se ela não me matar quando me vir...

Aquilo estava ficando esquisito demais. As palavras "aí tem coisa" não paravam de ecoar na cabeça de Tony. Como assim Aria iria matar Natasha? E essa briga dela com o Steve, assim de repente? E por que todo mundo estava com aquela cara?

—Ok, agora chega. – Tony disse, se levantando e ficando no corredor do quinjet. – Podem me dizer o porquê de todos vocês estarem com essa cara de enterro?

Tony foi ignorado por todos. Ninguém estava olhando para ele, na verdade. Todos estavam distraídos pensando em outra coisa.

—Tá, perdi a paciência. Se ninguém disser nada sobre esse clima tenso e chato eu mando o J.A.R.V.I.S. dar meia volta e deixo a desmemoriada fazendo festinha com os novos amigos dela! – Disse Tony.

—Fui eu. – Sam se pronunciou. – Eu estraguei tudo. Deixei escapar um segredo que destruiu o relacionamento dos quatro e possivelmente a amizade de todos aqui. É só isso, não falo mais nada.

—Ok, mas se quiserem que a Miss Alzheimer fique bem é melhor vocês enfiarem o orgulho no lixo, algo que eu não faria, mas eu não sou um bom exemplo. – Disse Tony.

Nesse momento, o quinjet deu uma sacudida e Tony caiu, com o impacto da turbulência.

—Tony, eu acho que consegui! – Disse Bruce, da cabine da frente. – Consegui mandar uma mensagem para o Thor.

*~*

Água fria. Foi isso o que Aria sentiu sendo jogado em seu rosto ao acordar. Ela abriu os olhos, desesperada, olhando para os lados e não reconhecendo o lugar. Ela estava amarrada em uma cadeira e, à sua frente, havia o mesmo homem que a carregou nos braços mais cedo. Ela o reconheceu pelo monóculo.

—Sentinela, que bom que acordou. – Ele disse, com sarcasmo.

Aria estava tremendo devido ao nervosismo e o frio causado pela água gelada. Algumas mechas do cabelo dela estavam grudadas no rosto, causando certo incômodo.

—Primeiro, meu nome é Aria e você sabe disso! Segundo, quem é você? É algum subordinado daquele incompetente do Rumlow? – Perguntou Aria, com raiva na voz.

—Mas o que? – Ele riu, ironicamente. – Acho que você está confundindo as coisas. É ele quem trabalha para mim.

O sangue de Aria gelou. Ela estava frente a frente com o novo líder da HIDRA. Mas quem era ele?

—Você ainda não disse o seu nome. – Aria tentou manter o tom firme, mesmo com medo e com frio.

Ele riu outra vez. Aquilo já estava começando a incomodar Aria. Por que todo esse mistério se até agora não fizeram lavagem cerebral nela e nem tentaram aplicar o soro vermelho?

—Ah, querida Aria. –Ele falou o nome dela com ênfase. – Perdoe o mistério. Me chame de Barão Von Strucker.

Aria o encarou com fúria nos olhos. Basicamente o mesmo olhar que mantinha quando estava no modo Sentinela Vermelha. Ela o via através das mechas do cabelo, e sua figura sarcástica estava a deixando irritada. Se olhar matasse, Strucker já estaria morto há tempos.

—Bem, agora que já fomos devidamente apresentados, pode dizer o que diabos a HIDRA quer comigo? – Aria perguntou, irritada. – Vocês me perseguem como se eu tivesse o bilhete premiado da loteria!

Ele começou a dar voltas ao redor dela, o que a deixou ainda mais nervosa. O frio agora era de cortar os ossos.

—Eu não sou de contar meus planos para as vítimas, mas isso pode ser divertido. – Ele disse, voltando para a frente dela. – A capturamos para que possa realizar a última missão da Sentinela Vermelha.

—Vocês tem tecnologia, caramba! Criem outra garota para amolarem e me deixem em paz! – Aria respondeu, ainda irritada.

—Querida, você não está entendendo. Precisamos que seja você. – Ele disse, voltando a andar ao redor dela. – A primeira e única Sentinela Vermelha, criada a partir do DNA de Synthia Schmidt, filha do Caveira Vermelha, fundador da HIDRA!

—Sei que sou a primeira e única. – Aria viu uma oportunidade para enrolar Strucker e dar um jeito de fugir. – Mas por que me criar igual a essa garota? Pra quê se dar ao trabalho?

—Ah, aqueles tempos. Synthia era a arma perfeita. Ela teria levado o legado do pai dela adiante se não fosse tão irritante. A verdade é que a HIDRA nunca foi a mesma sem seu líder. Seu líder original. – Disse Strucker.

—O Caveira Vermelha... – Completou Aria. – Isso ainda não explicou o porquê de terem feito de mim uma cópia exata da filha dele.

—Tem certeza que está preparada para a verdade? – Ele perguntou, com um tom sombrio. Ela respirou fundo e o encarou.

—Eu sempre estive. – Ela respondeu, indiferente.

—Muito bem, você pediu. – Ele continuou a andar ao redor dela. – Depois da morte de Synthia, percebemos que a HIDRA precisava de seu líder de volta. Mas era impossível, já que ele estava morto há anos. Mas se pesquisássemos por anos, talvez conseguíssemos um jeito de trazê-lo de volta.

—Trazer o Caveira Vermelha de volta... só podem estar malucos. – Ela disse, olhando pela sala, procurando um jeito de escapar.

—E depois de anos de trabalho duro conseguimos um jeito. Mas iria demorar e iria ser trabalhoso. – Ele continuou. – Iríamos recuperar o cubo que o aprisionou e fazer uma troca. DNA por DNA. Como Synthia era o último vestígio de DNA descendente dele, e ela estava morta, nós simplesmente o recuperamos e criamos um novo ser. Você, para ser mais exato.

—Deixe-me ver se eu entendi bem. – Aria estava ficando maluca com aquela história. – Vocês querem me usar para trazer o Caveira Vermelha de volta através do Tesseract?

—Você é esperta. Sempre foi esperta. Você sabe obedecer a uma ordem, ao contrário de Synthia. – Ele disse, começando a se aproximar dela. – E mesmo sendo uma cópia genética, ainda consegue ser mais bonita do que ela jamais foi.

—Desculpe, você não faz o meu tipo e eu já pertenço a alguém. – Aria disse, rejeitando a investida de Strucker. Por mais que ela estivesse com vontade de trucidar Bucky, ela não conseguiu afastar o que sentia por ele.

Ele se afastou e começou a rir. A risada dele era uma mistura de sarcasmo com malícia, o que fazia Aria ter nojo.

—Sim eu me lembro. – Ele disse, ainda rindo. – Você e o Soldado Invernal eram uma graça juntos. Perdi a conta de quantas vezes Pierce pegou vocês dois no meio do ato. Sabe, vocês serem parceiros de missão era apenas uma fachada. Tudo para acobertar sua verdadeira missão. A missão que você vai realizar agora. Que, infelizmente, vai matá-la.

—Hoje não, querido. – Ela disse, com ironia.

Aria aproveitou a deixa e se levantou, ainda amarrada na cadeira, acertando um golpe em Strucker. Depois disso, ela foi até a parede, acertando com o máximo de força, até quebrar a cadeira e se libertar.

—Ora, sua... – Strucker estava prestes a atirar nela, mas ela foi mais rápida e chutou a arma de sua mão, correndo para fora da sala, logo em seguida.

A Sentinela Vermelha escapou, e está armada! — Strucker disse, através de um rádio. – Mandem os gêmeos!

𝐎 𝐒𝐎𝐋𝐃𝐀𝐃𝐎 𝐄 𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐄𝐋𝐀 | bucky barnesOnde histórias criam vida. Descubra agora