A fraqueza do Soldado Invernal

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Steve, Natasha, Aria, Bucky e Sam partiram para a missão onde iriam recuperar os arquivos perdidos restantes. Invadir o Triskelion não seria nada fácil, considerando a situação atual em que o lugar se encontrava. Quando chegaram lá, encontraram o prédio ainda parcialmente destruído, com várias faixas dizendo "Não Ultrapasse". Com sorte, haveria poucos guardas, ou nenhum devido ao estado da antiga base da S.H.I.E.L.D.

—Não vejo guardas pela entrada principal. – Disse Steve. – Certo, iremos fazer o seguinte: Sam, você cuida da parte superior. Aria e Bucky, vocês dois ficam com o subsolo e os hangares abaixo do lago. Natasha e eu ficamos com o resto do prédio.

—Steve, tem certeza que essa é a melhor divisão de equipes? – Perguntou Natasha, sussurrando no ouvido dele. – Não acho bom colocar as duas principais armas da HIDRA pra perambular pelo subsolo sozinhos.

—Nat, eu tô ouvindo. – Respondeu Aria. – E não se preocupe conosco. Somos parceiros de equipe. É isso o que fazemos.

Aria olhou para Bucky e deu um sorrisinho para ele.

—Não aguento essa melação, vamos acabar logo com isso. – Disse Sam, ativando as asas e voando para a parte superior, parcialmente destruída do Triskelion.

—Você os ouviu, vamos acabar logo com isso. A porta que leva ao subsolo fica bem ali. – Disse Steve, apontando para um canto. – Nós dois vamos entrar por uma entrada alternativa, pelo outro lado. Caso achem qualquer coisa, é só nos contatar pelo rádio, ok?

Bucky e Aria assentiram enquanto Steve e Nat seguiram seu caminho até a entrada alternativa. Eles, então, foram até a tal porta que levaria ao subsolo. Como a energia do prédio estava cortada, ao invés do elevador, tiveram que descer pelas escadas até chegarem ao subsolo. Bucky notou a mesma expressão assustada no rosto de Aria, que ela manteve horas atrás. Aqueles arquivos pareciam realmente deixá-la com medo.

—Não fique assim. – Bucky disse, colocando seu braço humano ao redor dela. – O que quer de ruim que tenha nesses arquivos... não era você.

—Isso não muda o fato de que eu fiz coisas horríveis e não estou preparada para lidar com elas. – Respondeu Aria, cabisbaixa. – Como foi que você superou essa sensação?

—Eu não superei... – Respondeu Bucky, com o mesmo tom cabisbaixo dela. – Mas a única coisa que me faz aliviar um pouco a culpa de ter feito tudo aquilo, é me convencer constantemente de que não era eu.

—Eu não sei se vou me sentir melhor depois que lembrar de todo o meu passado... mas é preciso. – Disse Aria, levantando o rosto. – A HIDRA roubou a minha vida, e eu a quero de volta.

Os dois chegaram ao subsolo e, assim que acenderam suas lanternas, se depararam com quilômetros de bagunça pura. Várias caixas e equipamentos antigos estavam espalhados pelo lugar. Os hangares, antigamente utilizados para guardar os aero porta-aviões do Projeto Insight, estavam parcialmente destruídos e goteiras caíam em certos pontos.

—Isso está uma bagunça, vamos passar a noite toda procurando os arquivos no meio dessa tralha toda! – Exclamou Aria, examinando os equipamentos à sua frente.

—Não é tão ruim assim. Isso dá mais tempo para nós dois ficarmos... sozinhos. – Disse Bucky, a enlaçando pela cintura e beijando seu pescoço.

—Bucky, nós estamos no meio de uma missão! – Retrucou Aria, se segurando para não rir. – Nós vamos ter tempo para isso mais tarde.

Relutante, ele a soltou. Mas não sem antes sussurrar em seu ouvido que iria cobrar aquilo. Os dois, então, começaram a vasculhar os quilômetros do subsolo, examinando cada coisinha. Durante horas, não encontraram nada que não fosse pilhas e pilhas de tralha inútil. Até que receberam um chamado pelo rádio.

—Gente, acho que Nat e eu encontramos algo. Venham até o trigésimo terceiro andar agora mesmo! – A voz de Steve disse, através do rádio.

Bucky e Aria se entreolharam. A expressão de medo voltou a dominar o rosto dela, mas ele a acalmou e os dois tornaram a subir as escadas.

*~*

Steve e Natasha percorreram vários andares durante horas, atrás de qualquer pasta ou algum computador que não estivesse quebrado. Após várias tentativas falhas, eles encontraram um computador que ainda funcionava, no trigésimo terceiro andar, que por sorte, era uma das poucas partes que não estavam tão destruídas. Como eles ainda precisavam de energia, Nat deu um jeito de ativar o gerador apenas naquele andar, para conseguirem ligar o computador.

Nat explicou a Steve que, se procurasse no lugar certo, iria conseguir acessar qualquer arquivo perdido da HIDRA, naquele computador mesmo. Ela passou vários minutos tentando achar algo útil, passando por páginas e mais páginas criptografadas de outros segredos antigos da HIDRA. Alguns ela resolveu guardar, como localização de outras bases, por exemplo. Após um tempo, ela finalmente achou os tais arquivos perdidos da Sentinela Vermelha.

—Steve, acho que encontrei. Chame os outros e os mande vir até aqui. – Ordenou Natasha, com urgência.

Steve contatou Aria, Bucky e Sam pelo rádio, mandando-os virem até o trigésimo terceiro andar. As paredes estavam quebradas, então o andar era basicamente um piso enorme com apenas um ponto de energia, direcionado ao computador que Nat usava, então não seria problema para os outros acharem eles ali. Sam tinha asas, então foi mais fácil para ele, pois apenas teve que descer alguns andares voando. Bucky e Aria iriam demorar mais, pois teriam que subir vários lances de escada.

Quando Sam chegou lá, viu Steve e Natasha olhando vidrados para a tela do computador. Natasha mantinha uma expressão horrorizada, enquanto Steve olhava para aquilo completamente incomodado. Sam olhou para a tela e entendeu imediatamente a reação dos amigos.

Era um vídeo, datado de aproximadamente dez anos atrás, onde Aria aparecia deitada em uma maca, com vários médicos ao redor dela. Ela estava coberta com um lençol, amarrada na maca, enquanto dois médicos mantinham as pernas dela abertas. Ela não parava de gritar. Natasha se segurou para não chorar com aquilo. Era exatamente o que haviam feito com ela mesma. Era um processo de esterilização. Porém, diferente de um processo normal, eles não estavam mexendo nos órgãos dela. Pareciam estar... lhe implantando um chip.

—O que fizeram com ela? – Natasha perguntou, levando as duas mãos à boca.

Nesse momento, Aria e Bucky apareceram, após subirem milhares de lances de escadas. Apesar da longa subida, nenhum dos dois parecia cansado. O treinamento havia dado muita resistência física a eles.

—O que encontraram? – Perguntou Aria, ansiosa, indo até os outros.

Nat se virou e a encarou, com um olhar misturado de pena e angústia. Isso só fez com que Aria ficasse ainda mais nervosa. Os gritos vindos do computador chamaram a atenção dela. Assim que ela colocou seus olhos naquelas imagens, não conseguiu se conter. Ela não piscava, nem desviava o olhar. Apenas sentiu os olhos lacrimejarem em sua expressão misturada de ódio e aflição. Ela levou as mãos à boca e se esforçou ao máximo para conter o soluço do choro.

—Aria... – Steve tentou desviar o olhar dela da tela, mas ela se virou e saiu por conta própria.

Aria caminhou até a janela e fechou os olhos, tentando afastar o choro. Ela sabia que a HIDRA tinha feito vários experimentos com ela, mas torná-la estéril? Aquilo era crueldade demais. Aria pensava que, se algum dia conseguisse estabilizar sua mente, poderia se casar e ter filhos. Agora teria que riscar os filhos da lista. Bucky, notando a aflição dela, foi até a janela onde ela estava, para oferecer apoio.

—Aria, o que você viu? – Bucky perguntou, colocando uma mão em seu ombro e virando-a em sua direção.

—Eles me esterilizaram, Bucky. – Aria respondeu, com a voz um pouco chorosa. – Eu nunca vou poder ter filhos. Mas... mas acho que é melhor assim. Que tipo de mãe eu seria, com a mente toda bagunçada?

Ela estava forçando o lado positivo da situação, um lado não tão positivo assim. Por mais que ela dissesse aquelas palavras para si mesma, ela não podia negar que queria ter filhos um dia. Mas agora ela sabia que isso não seria possível.

Bucky não sabia o que dizer para confortá-la. Aquilo era horrível demais, pois de certa forma, ele sabia que ele mesmo era o responsável por terem feito aquilo com ela. Se for como ele se lembrava, aquilo aconteceu logo depois de os agentes da HIDRA terem pegado os dois juntos pela primeira vez. Na falta de palavras, ele resolveu usar gestos. Ele puxou-a para um abraço, enquanto acariciava seu cabelo. Ela soluçava baixinho, com a cabeça encostada em seu peito. Porém, aquilo não durou muito. Ela se afastou e seus olhos já não estavam marejados.

—Tenho que ser forte. – Ela disse. – Isso foi só o começo.

No outro lado, Steve, Nat e Sam ficaram um pouco sentidos com aquela situação. Ver Aria daquele jeito era horrível, mas o trabalho deles ainda não havia acabado. Nat ainda tinha que extrair mais arquivos perdidos. Por mais que seu coração estivesse dolorido por ter visto aquela cena, ela voltou a vasculhar o HD e encontrou mais coisas. Em uma das páginas, ela encontrou uma sequência que parecia ser uma fórmula química.

—Droga, isso está escrito em outra língua... – Reclamou Nat.

—É uma molécula, Nat. – Disse Steve, ironicamente. – Mas uma molécula de quê, exatamente?

A fórmula era composta de vários átomos de Carbono, Nitrogênio, Oxigênio e Hidrogênio, com outro átomo que eles não conseguiram identificar. Teriam ficado na dúvida, se uma nota escrita em russo não estivesse escrita no canto inferior da página.

—Isso sim está escrito em outra língua. – Disse Steve.

—É russo. Está dizendo: "Fórmula do Soro Vermelho". Que besteira escreverem isso na mesma folha do... – Respondeu Nat, se dando conta de uma coisa. – Ah, eu não acredito. Steve, você e sua boca santa merecem ser abençoados!

Natasha salvou o arquivo rapidamente, repetindo várias vezes que eles tiraram a sorte grande.

—Aria! – Nat se levantou e foi até a outra ruiva, na esperança de animá-la. – Acho que finalmente temos uma carta na manga para salvar você das garras da HIDRA!

—Fale, Nat! Qualquer coisa que me livre desses nojentos é uma boa notícia. – Respondeu Aria.

—Consegui acessar ao arquivo perdido da fórmula do soro que a HIDRA usava em você! – Disse Nat, entusiasmada. – Não percebe o que temos em mãos?

—Desculpe Nat, mas não entendo como a fórmula de um soro que faz com que eu me torne um ser sem vontade própria pode ajudar a me salvar da HIDRA. – Respondeu Aria, cabisbaixa.

—É muito simples. Não é o soro em si que pode ajudar. Mas e se conseguirmos dar um jeito de anular os efeitos dele? A HIDRA nunca mais iria controlar você. – Respondeu Nat.

—Anular os efeitos do soro? E tem como? – Aria perguntou, parecendo interessada.

—Claro! Só precisamos de duas coisas, uma já temos, que é a fórmula. A outra não temos ainda, mas não é difícil de conseguir. – Respondeu Nat. – Um cientista. E quem é que conhecemos que é mestre em soros e fórmulas?

—Bruce Banner? – Perguntou Steve, chutando a resposta.

—Exatamente. – Respondeu Natasha. – Só temos que ir até ele. O único problema é que teremos que aguentar o Stark e suas piadinhas... eles ainda trabalham juntos, eu acho.

—Ah, Nat... não sei se é uma boa ideia deixar Aria e Bucky no mesmo lugar com o Stark. – Disse Steve, a puxando para trás e sussurrando no ouvido dela. – Aria pode ficar sensível e o Bucky... bem, ele ainda está um pouco instável.

—O que você sugere então, gênio? – Natasha perguntou, sussurrando ironicamente.

—Nós vamos para New York, deixamos os dois naquele seu esconderijo em Manhattan, e depois seguimos para a Torre. – Respondeu Steve.

Nesse momento, eles ouviram uma explosão vinda de baixo. O prédio estremeceu e Steve correu para olhar pela janela e ver o que houve. A vista não foi nada agradável. Ossos Cruzados voltou, e dessa vez trouxe companhia. Dezenas de agentes da HIDRA estavam cercando o prédio.

—É o Rumlow. E dessa vez ele trouxe reforços. – Disse Steve.

—O cara não desiste nunca? – Perguntou Sam, parecendo irritado. – Quantas vezes vamos ter que socar a cara desse filho da mãe para ele entender que não vai levar minha amiguinha para lugar nenhum?

—Olha a língua, Sam! – Steve o repreendeu. – Agora temos que dar um jeito de tirar a Aria daqui, sem que ele a veja.

—Nós podemos distraí-los, enquanto o casal Amnésia foge pelos fundos. – Respondeu Sam.

—É uma ideia, mas o que acontece se eles a virem? Steve... e se injetarem o soro nela outra vez? – Perguntou Natasha, preocupada.

—Não vão. – Steve respondeu, indo em direção a Bucky e Aria. – Ossos Cruzados está aqui, e parece determinado a levar a Aria desta vez. Natasha, Sam e eu iremos enfrentá-los. Bucky, preciso que tire a Aria daqui e a leve para onde vocês dois se reencontraram. Ela sabe onde fica.

Steve levantou o braço e Nat lhe jogou a chave do esconderijo. Ele, então, entregou a chave para Aria. Após isso, Bucky puxou Aria pelo braço e a levou em direção às escadas, descendo-as apressadamente. Steve, Nat e Sam também desceram, mas pela frente, para enfrentar os mandados da HIDRA.

—Vamos direto ao que interessa. – Disse Ossos Cruzados. – Me entreguem a Sentinela Vermelha, ou irão morrer!

—Até parece. – Ironizou Nat. – Lembra o que houve da última vez que você tentou levá-la? Minhas pulseiras lembram.

—Como foi que nos encontrou? – Perguntou Steve, irritado.

—Vocês sabem que a HIDRA tem olhos em todo o lugar? Principalmente o Triskelion, francamente, Rogers. Achei que fosse mais inteligente! Invadir justo o Triskelion? – Ossos Cruzados ironizou. – Foi só uma questão de tempo para que nossas tropas chegassem até vocês. Agora parem de me fazer perder tempo e me entreguem a Vane!

—Ela já está bem longe daqui! – Respondeu Sam, com o mesmo tom irritado de Steve. – Você perdeu, idiota!

—Ah, é mesmo? Meus sensores indicam outra coisa. – Ossos Cruzados respondeu, atravessando o prédio, em direção às leituras de calor em seu sensor.

Antes que Ossos Cruzados pudesse correr mais, Steve arremessou seu escudo e o fez cair. Os outros agentes sacaram suas armas e começaram a atirar. Sam e Natasha começaram a lutar contra os agentes, enquanto Steve enfrentava Ossos Cruzados, que tentava se livrar do Capitão de todas as maneiras. Após muitas tentativas frustradas de contra-atacar os golpes de Steve, Ossos Cruzados se irritou e sacou sua arma com poder supersônico, atirando na direção das leituras de calor.

Bucky e Aria, que corriam para longe, foram atingidos pelas ondas da arma de Ossos Cruzados e caíram no chão. O impacto fez com que eles perdessem a audição por alguns segundos, ouvindo apenas um zunido. Aria estava tonta, e teria sido pior se Bucky não tivesse recobrado os sentidos mais rápido e ajudado ela a se levantar.

—Aria, nós temos que sair daqui rápido! – Disse Bucky, colocando um braço ao redor dela e a ajudando a caminhar.

—Eu estou bem, posso andar sozinha. – Respondeu Aria, recobrando os sentidos.

Nesse momento, Aria sentiu algo se amarrar ao seu corpo e prendê-la. Era uma espécie de algema em tamanho maior. Ela tentou se soltar, mas aquele equipamento era mais forte do que ela. Ossos Cruzados estava não muito longe deles, com a arma apontada na direção de Aria.

—Soldado Invernal? Eu venho aqui atrás de uma arma e acho duas, hoje é meu dia de sorte! – Disse Ossos Cruzados, caminhando alguns passos na direção deles.

—Fique longe dela! Melhor, fique longe de nós dois! Não somos mais armas, e a HIDRA nunca mais irá colocar as mãos em nenhum de nós! – Exclamou Bucky, com raiva de qualquer movimento que Ossos Cruzados pudesse fazer contra Aria.

—Não são, é? Ah, Soldado... admito que sempre achei que vocês dois formavam um belo casal, até mesmo quando você trancava as portas dos complexos para ter seus momentos privados com ela. Eu não o culpo, ela é uma belezinha. – Disse Ossos Cruzados, se aproximando ainda mais dos dois. – Mas infelizmente, receio que ela não irá durar muito. E que honra maior do que você mesmo entregá-la em nossas mãos?

Aria não estava gostando nadinha daquela conversa. O que Ossos Cruzados estava planejando dessa vez? Se ele aplicasse o soro nela novamente, ela receava que sobrasse alguém vivo... até mesmo Bucky. Mas Ossos Cruzados não retirou nenhum soro do bolso. O que ele fez foi pior.

—Se encostar só um dedo nela, vai se arrepender! – Exclamou Bucky.

—Eu não vou encostar, você vai encostar. – Ossos Cruzados exalava uma aura maligna ao dizer aquilo. O que aconteceu depois foi muito pior. – Saudade... enferrujado... dezessete...

𝐎 𝐒𝐎𝐋𝐃𝐀𝐃𝐎 𝐄 𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐄𝐋𝐀 | bucky barnesWhere stories live. Discover now