Você nunca será inútil

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Pela primeira vez em muito tempo, Aria não estava com medo da HIDRA. Ela estava querendo arrancar sangue deles. Seu nível de raiva aumentou em quase 100%. Não estava com medo, não estava desesperada, estava com raiva. Ela saiu do laboratório com pressa, arrancando a tipoia do braço e a jogando no chão. Naquele momento, a dor não importava mais.

Aria passou pelos corredores, indo de porta em porta, procurando algum lugar para descontar aquela raiva toda. Logo achou uma sala que parecia ser um centro de treinamento, equipado com várias coisas. Ela focou nos sacos de areia, que estavam pendurados. Sem pensar muito, foi até um deles e começou a socá-lo descontroladamente, com os dois braços, ignorando a dor do braço machucado.

Vários pensamentos corriam por sua mente agora. Será que sua sina era ser escrava da HIDRA para sempre? Claro que sim, ela nasceu para isso. Foi criada para ser uma arma, sem livre arbítrio, apenas com o propósito de servir. Não, sua vida não podia ser apenas isso. Tinha que haver algo mais. Uma saída dessa loucura toda. E havia... o único jeito de acabar com tudo isso era cortar o mal pela raiz. Acabar com a HIDRA de uma vez por todas.

Às vezes ela queria se deixar ser capturada pela HIDRA, apenas para destruí-los de dentro para fora, um por um, até não sobrar nada. Porém, tudo seria em vão se o soro vermelho entrasse em contato com seu organismo. O soro era ao mesmo tempo uma bênção e uma maldição. Ele a deixou mais forte, mais rápida e mais resistente. Não teria sobrevivido a certas coisas se não fosse pelo soro. Mas tudo isso tirou sua vontade própria. De que adiantava ter todas essas habilidades se teria que sempre obedecer a alguém? Nunca sendo livre. Era mais maldição do que bênção.

Isso fez Aria se lembrar do antídoto que o Dr. Banner estava preparando. Viver sem o medo de ser controlada era seu maior desejo. Porém, receava que o antídoto retirasse suas habilidades especiais estimuladas pelo soro. Não queria ficar indefesa, à mercê de qualquer um que a atacasse. Pensar nisso a deixou nervosa e, sem perceber, começou a derramar lágrimas de raiva. Mais que isso, toda vez que acertava o saco de areia, soltava um grito. Seu braço queimava de dor, mas isso pouco importava. Logo, socou o saco de areia tão forte que o arrancou do teto e o arremessou na parede.

Ela apenas ouviu a porta abrir antes de sentir seus joelhos tremerem e desabar no chão. Ela ouviu passos vindo em sua direção e, em seguida, sentiu braços em seus ombros, a puxando para trás. Ela já esperava que fosse ele.

—Você precisa se acalmar. Seu braço ainda está machucado, duvido que faça algum estrago à HIDRA desse jeito. – Bucky disse, deitando-a em seu colo.

—Não me subestime. Como eu disse antes, posso ser bem ameaçadora quando alguém mexe comigo. – Aria respondeu, olhando para o teto com uma expressão furiosa. – E a HIDRA já mexeu demais comigo.

—Acredite em mim, eu entendo isso mais do que você imagina. Eles roubaram a minha vida também, esqueceu? – Perguntou Bucky, segurando o rosto dela com o braço metálico e fazendo-a olhar para ele. – Eu também quero acabar com eles, mas precisamos estar fortes primeiro. E você precisa tomar o antídoto.

Aria o encarou, trocando o olhar de raiva por um nervoso. Ela não queria deixar transparecer que estava receosa com o antídoto. Mas quem estava com ela era Bucky, e não qualquer um. Ela não precisava esconder suas emoções para ele. Para qualquer um sim, mas não ele.

—Não tenho certeza se devo tomar o antídoto... ele pode me livrar do soro, mas e se tirar todas as minhas habilidades? – Perguntou Aria. – Eu não quero ser inútil.

Bucky respirou fundo e voltou a encará-la. Aquilo fazia sentido, pois o antídoto tinha como função primária impedir que o soro voltasse a ser usado em Aria, podendo suprimir as habilidades que ela adquiriu com o uso dele. Apesar disso, foi ela quem trabalhou duro para aprimorar suas habilidades.

—Aria. – Ele a chamou, após respirar fundo outra vez. – Você não vai perder suas habilidades. Sabe por quê? Porque foi você que treinou para deixá-las mais fortes. O soro pode até tê-las dado, mas foi você quem trabalhou duro por elas. Nós treinávamos juntos, sei bem do que estou falando. Você pode ser várias coisas, mas nunca inútil.

Ela sorriu de leve. Mesmo sabendo que ele poderia estar dizendo aquelas palavras apenas para fazê-la se sentir melhor, aquilo a ajudou a se sentir mais confiante. No fundo, ela sabia que ainda sim corria o risco de perder suas habilidades. Porém, não deixou que isso a abalasse novamente. Ela se levantou do colo dele, apenas para alcançar seus lábios. Foi apenas um toque, pois ela se levantou rapidamente em seguida.

—Vamos, temos que acabar com uns desgraçados que estão no nosso pé. – Aria disse, entusiasmadamente.

—Calma aí, apressadinha. Nós vamos acabar com eles amanhã. Agora o que nós dois precisamos é descansar o máximo possível. – Respondeu Bucky.

—Descansar? Ah sim, já que você está cansado, então acho que nem vai querer um terceiro round... – Aria disse de um jeito provocativo, caminhando lentamente até a porta.

Antes que Bucky pudesse pegá-la, Aria foi mais rápida e "fugiu" dele outra vez. Se ele quisesse um terceiro round, teria que conquistá-lo.

*~*

Sam havia se despedido de Sharon, mesmo implorando para ela passar a noite com ele. Ela recusou, dizendo que ainda tinha muito trabalho e tinha que voltar para Washington. Mas ela deixou bem claro que eles teriam outra oportunidade para passarem a noite juntos. Agora, ele estava voltando para a Torre Vingadores com tudo o que a loira disse na cabeça. Ele tinha que guardar o segredo sobre Bucky e Nat a sete chaves, pois se alguém descobrisse, a casa iria cair bonitinho.

A porta do elevador se abriu e ele encontrou Steve e Nat na sala de estar. Eles pareciam preocupados. Sam não conseguiu deixar de pensar no Grande Segredo quando viu Nat. Mas ele tinha que se controlar. Se desse muito na cara, eles iriam perceber, e ele estaria ferrado.

—Gente, o que houve? – Perguntou Sam, se aproximando do casal. – Por que essas caras preocupadas? Aconteceu algo enquanto eu estava fora?

—Sim, Sam. – Steve respondeu. – Outra mensagem da HIDRA. Dessa vez, eles conseguiram invadir o sistema do J.A.R.V.I.S e intimidar a Aria com uma mensagem parecida com a que encontramos mais cedo.

—Espere aí, que mensagem? – Sam perguntou, franzindo a testa. – Eu não estou sabendo disso.

—É porque você não estava aqui, gênio. Você já tinha saído para se encontrar com a Polly Pocket. – Natasha respondeu, ironicamente. – Quando nós fomos buscar os desmemoriados, encontramos os dois nervosos e a janela do meu esconderijo quebrada. A HIDRA mandou uma mensagem para eles, ameaçando a Aria. E agora aconteceu outra vez, mas dessa vez foi através do J.A.R.V.I.S.

—E onde a Aria está agora? – Sam perguntou. – Se a HIDRA a ameaçou duas vezes, sendo uma dentro do prédio dos Vingadores, acho que ela deveria estar sendo vigiada, não é?

—Se você visse o jeito que ela ficou depois de receber a mensagem, pensaria duas vezes antes de ir atrás dela. – Disse Natasha, alertando-o. – Ela surtou completamente.

—Natasha! – Steve a repreendeu. – A Aria só... perdeu o controle por um instante. Está tudo bem, o Bucky está com ela.

Sam teve aquele mau pressentimento outra vez ao ouvir o nome de Bucky. Não adiantava mais. Agora toda vez que ele visse a Viúva ou o desmemoriado, iria se lembrar do que Sharon havia lhe contado. Aquilo era uma pressão insuportável, e estava lhe corroendo por dentro. Ele queria se livrar disso, mas sabia que se soltasse, iria dar muitos problemas. Muitos problemas mesmo.

—Mas conte, você esteve com Sharon. Ela descobriu algo sobre os arquivos que encontramos no Triskelion? – Steve perguntou.

Sam engoliu seco, como uma forma de também "engolir" o Segredo. Ele respirou fundo e contou o que Sharon havia lhe falado dos arquivos, mas focou na parte mais importante. A última base da HIDRA, em um banco de Washington. Ele disse que Sharon havia contado que poderiam haver pistas lá, pois o lugar ainda estava "quente". Talvez algum esquema de um plano, ou alguma ideia de o que eles pretendem fazer com a Aria.

—Caramba, de novo? Nós vamos e voltamos de Washington quase o tempo todo agora! – Reclamou Natasha.

—Na verdade, nós vamos e voltamos de New York, porque nós moramos em Washington. – Sam a corrigiu.

—Ah, você entendeu. – Retrucou Natasha. – De qualquer forma, é uma ideia arriscada. A última vez que invadimos um lugar acabou com um descontrolado e uma ferida.

—Não se formos preparados. – Respondeu Steve. – Agora, pelo menos, sabemos que a HIDRA pode estar em qualquer lugar, pronta para levar a Aria. Mas, de qualquer forma, temos que esperar o antídoto ficar pronto.

—E esperar que funcione. – Natasha completou. – Tomara que o Banner não cometa nenhum erro com esse antídoto...

—Também espero que não. Mas agora, vamos dormir. Está tarde e o dia foi longo. Stark deixou nós usarmos os quartos lá de cima. – Disse Steve, pegando a mão de Nat e indo em direção às escadas.

Sam não teria certeza se conseguiria dormir. Ele teve informação demais para sua cabeça por um dia. Além do perigo iminente da HIDRA em suas colas, também tinha que lidar com aquele segredo. Steve era seu grande amigo, e tudo o que Sam menos queria era machucá-lo. E também tinha Aria, por quem Sam tinha uma grande simpatia, podendo até chamá-la de amiga. Ele não queria machucar nenhum dos dois.

*~*

Bucky e Aria estavam no quarto, nus, se entregando um ao outro intensamente. Os quartos da Torre Vingadores tinham janelas largas, então a luz da lua invadia o quarto, dando um clima muito romântico. Bucky segurava a perna de Aria, apoiando-a em seu ombro, enquanto a penetrava. Ambos não tiravam os olhos um do outro. Seus olhares eram intensos, em uma mistura de desejo e paixão.

—Ah, Bucky... ah, eu te quero tanto... – Aria disse, entre gemidos.

O cabelo de Aria estava espalhado no travesseiro, com algumas mechas caindo em seu rosto. Aquilo combinado com o olhar intenso dela, mais a luz da lua, faziam dela a visão do paraíso para Bucky. Sem falar em seu corpo, que era absolutamente incrível. Bucky não conseguia passar mais de dez segundos sem apertar um dos seios dela.

—Você é minha... você é somente minha... entendeu? – Ele perguntou, entre gemidos.

Aria assentiu, ofegando e fechando os olhos por um instante. Bucky estava mais bruto naquela noite, mais sério, mais protetor. Era como se ele estivesse a possuindo pela última vez. Esse sentimento fez com que ela se entristecesse. Aquilo estava soando como uma despedida. Ela abriu os olhos, de repente, sentindo a mão dele apertando fortemente sua coxa.

Ela ofegou com o gesto, e ele, aproveitando que ela estava com a boca aberta, se abaixou e roubou um beijo. Ela retribuiu com toda a intensidade e, aproveitando que ele havia se abaixado, pôs seus braços ao redor dele, o trazendo para mais perto. O braço machucado doía, mas o prazer do momento era maior. Ele a penetrava com mais intensidade, e ela deixava pequenos arranhões nas costas dele. Quando percebeu, ela já havia explodido de prazer, sendo seguida por ele, chegando ao ápice logo depois.

Bucky desabou ao seu lado e Aria puxou o cobertor, se virando para o lado. A noite estava tão linda que a distraiu de suas preocupações por um minuto. Logo, ela sentiu o braço forte do Soldado a abraçar pela cintura.

—Ninguém vai encostar em você. Ninguém vai fazer mal a você, sabe por quê? Porque você é minha. – Bucky disse, a abraçando mais forte. – Qualquer um que tentar fazer mal a você vai se ver comigo.

Ela sentiu um pouco de alívio ao ouvir aquilo. Foi a última coisa que ela ouviu antes de cair no sono, com um leve sorriso no rosto. Naquela noite, ela teve outro de seus sonhos. Dessa vez, sonhou com um artefato curioso que viu em sua época na HIDRA.

Ela havia acabado de ter sido despertada de seu estado criogênico. Ela estava assustada, não entendia o que estava acontecendo. Os dois braços fortes que a carregavam, a largaram em uma máquina estranha. Logo, deu-se início a sessão de choques em seu cérebro. Após acordar novamente, sentiu seu braço ser picado por uma agulha e, em seguida, sentiu seu corpo em chamas. Quando a dor sumiu, ela se ergueu, com um olhar furioso. Seus superiores entraram na sala, logo depois.

𝐎 𝐒𝐎𝐋𝐃𝐀𝐃𝐎 𝐄 𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐄𝐋𝐀 | bucky barnesWhere stories live. Discover now