You're My Everything

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Eles já estavam na estrada havia várias horas. Todos estavam cansados. Porém, o único que se rendeu ao sono profundo foi Sam, deixando isso bem claro pelo nível do volume de seus roncos. Se aquele não fosse um momento crítico, Aria já estaria se matando de rir. Mesmo assim, não dava para ignorar que Sam estava roncando igual a um porco.

—Quando eu acho que já vi de tudo, me aparece o ronco mais alto do mundo. – Ironizou Natasha. – Aria, dá pra você arrumar duas rolhas e enfiar nas narinas do Sam?

—Eu estou pensando no assunto, sinceramente. – Respondeu Aria, arregalando os olhos toda vez que Sam roncava.

—Deem uma trégua para ele, meninas. Ele está cansado. – Disse Steve, que dirigia após trocar turnos com Natasha.

—Ah sim, como se todos nós não estivéssemos cansados, não é Rogers? – Retrucou Nat. – Bem, pelo menos eu acho que ninguém aqui ronca mais alto que o Sam... eu acho.

Natasha olhou para trás para encarar Aria e Bucky. Aria estava rindo internamente da situação, mas ela sabia que Bucky podia estar um pouco desconfortável com aquilo. Natasha encarou Aria e lhe lançou um olhar do tipo "aproveite enquanto pode", antes de se virar para frente e levantar as pernas, apoiando-as no porta-luvas.

Aria olhou para Bucky e sorriu levemente para ele. Bucky, que até então parecia estar incomodado com a situação, a olhou novamente. Quando ela sorriu, ele não conseguiu olhar para outra coisa que não fossem os lábios dela. Ele pensou em como queria beijá-los agora mesmo, como fazia em seus sonhos. Porém, foi acordado de seus pensamentos quando viu Aria praticamente despencar, apoiando a cabeça em seu ombro.

—Só cinco minutinhos... tudo bem? – Ela perguntou, com a voz um pouco molenga.

Em resposta, Bucky pôs seu braço humano ao redor dela e a trouxe para mais perto. Ele agradeceu por estar escuro, pois já estava anoitecendo. E também agradeceu por ninguém estar prestando atenção nos dois, já que Steve dirigia, Natasha estava distraída com outra coisa e Sam... roncava tanto que o carro chegava a tremer.

Ele se sentia muito mais calmo com ela, como se de alguma maneira estivesse mais seguro. Quase como se seus instintos assassinos, colocados em sua mente pela HIDRA, simplesmente evaporassem. Talvez, quando ele se lembrasse de tudo, apenas talvez, conseguisse entender o quão profunda era sua ligação com aquela garota.

Após algumas horas, e algumas discussões por parte de alguns, eles chegaram em Washington e decidiram passar a noite na casa de Sam, já que estava difícil fazer ele parar de roncar igual a uma betoneira. Steve passou trabalho para colocar o Falcão dentro de casa, ainda mais quando Natasha disse que não ia ajudar... e nem deixaria mais ninguém meter o dedo.

—O amigo é seu, você coloca ele pra dentro! – Disse Nat.

—Pois é, Nat. Mas eu não sei se você notou que a gente vai dormir na casa dele! – Respondeu Steve, com certa dificuldade, pois carregar Sam não era nada fácil. – Pelo menos me ajude a colocá-lo na cama.

—Quem falou em cama? Não, nem pensar! A cama é das garotas, vocês homens se resolvam! – Retrucou Natasha, cruzando os braços e indo em direção à porta.

Aria, que estava convencendo Bucky a entrar, foi surpreendida por Natasha.

—Aria, o quarto é nosso, corra antes que o Steve decida largar a betoneira ambulante lá. – Disse Natasha, com pressa.

—Obrigada Nat, mas acho que você e o Steve deviam ficar com o quarto. Eu vou ficar com o Bucky. – Aria respondeu, olhando para Bucky, com um sorrisinho no rosto.

Natasha fez menção de dizer algo, mas o som de algo caindo chamou sua atenção. Ela voltou para dentro, mas não antes de encarar Aria com um olhar de "eu sei o que você está fazendo". De certa forma, Nat estava em seu modo super protetor. Ela ainda não confiava totalmente em Aria, mas a ideia de deixá-la sozinha com Barnes simplesmente a tirava do sério. A Viúva pensava que ele poderia machucá-la de algum jeito.

Após Nat ir para dentro, Aria procurou a mão de Bucky, e assim que a achou, entrelaçou seus dedos com os dele. Ele realmente se controlou nesse momento. Iria ser difícil se controlar por muito mais tempo. Aria, mesmo não se dando conta, estava provocando muito. Além disso, as lembranças que Bucky estava recuperando somente aumentavam essa vontade.

—Por que disse isso? Você poderia ter ficado com o quarto. – Disse Bucky.

—Não ia me adiantar de muita coisa. Eu ia ter pesadelos de novo, e tenho certeza que a Nat só ia me chutar quando eu começasse a gritar. – Respondeu Aria. – Mas se eu ficar com você, talvez... bem, talvez eu não tenha pesadelos. Afinal, eu dormi duas vezes com você por perto, e as duas vezes foram tranquilas. Você me acalma, Bucky.

Ela não o deixou responder, pois o arrastou para dentro da casa quase imediatamente. A porta do quarto estava fechada, provavelmente Natasha estava lá com Steve. Mas onde estava Sam? Sendo Nat, ela poderia muito bem ter largado Sam no corredor, mas ele não estava lá. Nem na sala. Se ela não estivesse tão cansada, teria procurado melhor.

Infelizmente, o sofá era pequeno demais para os dois. Bucky deixou Aria ficar com o sofá, enquanto ele dormiu no chão, com algumas almofadas. Aria dormiu com um braço largado no chão, quase como se estivesse tentando dar a mão para Bucky. Ele, novamente, ficou mais acordado do que outra coisa. Todas as vezes que ele cedia ao desejo de pegar na mão dela, ela se mexia de algum jeito. Algumas vezes ela mexia um braço, ou uma perna. Outras vezes ela somente suspirava. Depois de muito tempo, ele finalmente caiu no sono. E, pela primeira vez, não teve pesadelos.

*~*

Na manhã seguinte, Aria foi a primeira a acordar. Ela abriu os olhos lentamente e viu Bucky segurando sua mão. Ela sorriu de canto e lentamente soltou suas mãos. Por mais que ela quisesse ficar ali, e quisesse segurar a mão dele, não iria ser nada bom se alguém visse aquilo.

Aria foi até o banheiro e teve uma surpresa extremamente inesperada. Sam estava deitado no chão do banheiro, com um braço apoiado na privada. Ele ainda roncava igual a um porco. Então foi ali onde Nat e Steve o largaram? Ela teve que se segurar muito para não rir, o que foi impossível. A cena estava muito engraçada. Aquilo merecia uma foto, e ela teria tirado se tivesse alguma câmera, ou celular por perto.

—Sam? – Ela o chamou, o cutucando com o pé. – Sam, você está vivo?

Sem nenhuma resposta, ela simplesmente o cutucou com mais força.

—Sam! – Ela gritou. – Droga, acorde aí!

De repente, Sam acordou, se esperneando e soltando um grito mais fino do que o tom que suas cordas vocais suportavam. Com o susto, Aria também gritou e deu um pulo para trás. Sam olhou em volta e continuou a gritar, dessa vez com seu tom de voz normal.

—O que foi, quem morreu? – Uma apressada Nat , segurando armas, apareceu na porta do banheiro.

—Natasha, você e o Steve deixaram o Sam dormindo no banheiro a noite toda? – Perguntou Aria, com a voz abalada pelo susto.

—Como é que é? Vocês me largaram no banheiro? Nem tiveram a decência de me largar no sofá? – Perguntou Sam, confuso.

Natasha revirou os olhos e guardou as armas. Logo, Steve já estava ali, segurando seu escudo. Ele se deparou com um Sam dando nos nervos e uma Aria de cabelos em pé. Fora a própria Nat, que foi a primeira a ouvir os gritos.

—Mas o que é isso? Por que estão gritando? – Perguntou Steve.

—Eu gritei porque eu entrei aqui e encontrei o Sam meio que morto, então eu fui verificar se ele estava vivo e ele acordou gritando igual a uma garotinha, então eu me assustei e gritei! – Respondeu Aria, mais rápido do que o normal.

—Peraí... então os primeiros gritos não foram seus? – Perguntou Natasha. – Ah, por que eu não gravei isso?

—Esqueçam os gritos, vocês me deixaram no banheiro! – Exclamou Sam, furioso. – Já vi que não posso contar com vocês quando eu desmaio de sono!

—Tá legal, eu admito! O Steve te largou no sofá, mas eu tirei você de lá e te larguei no banheiro mesmo. Não tinha espaço para todo mundo e você nem ia notar se dormisse no chão ou na cama. – Respondeu Nat.

—Natasha! – Steve e Aria disseram ao mesmo tempo.

—Foi mal, é que eu tava morrendo de dor nas costas. – Respondeu Nat. – E a senhorita aí disse que queria passar a noite com o outro desmemoriado. Falando nisso, onde ele está?

Aria murmurou algo e saiu do banheiro. Ela esperava que Bucky não tivesse acordado com toda aquela barulheira. Mas foi apenas ela atravessar o corredor que deu de cara com ele, imediatamente.

—Aria, eu ouvi gritos. Você está bem? – Perguntou Bucky, checando para ver se ela estava bem.

—Estou bem, foi só um alarme falso. – Respondeu Aria.

Ela pôde ver preocupação real no rosto dele. O que teria acontecido se algo realmente tivesse a machucado? Tudo bem que Aria não se machucava facilmente, mas e se fosse o caso? Como Bucky reagiria?

*~*

Depois que tudo foi esclarecido, e Sam relevou o fato de ter passado a noite toda no banheiro, eles seguiram com o plano de contatarem Sharon Carter. Steve, Natasha e Sam iriam até ela, enquanto Aria e Bucky ficariam escondidos no apartamento de Steve.

—Deixem as cortinas fechadas, e por favor, falem baixo. Nunca se sabe quem pode estar ouvindo. – Steve os orientava. – Caso haja alguma emergência, a escada de incêndio fica naquela janela da direita. Tudo bem?

—Tudo bem, Steve. – Aria respondeu. – Pode ir, nós vamos ficar bem.

Steve acenou com a cabeça para Bucky, que acenou de volta. O Capitão, então, fechou a porta e seguiu caminho com Natasha e Sam até a Agente 13. Aria foi até a sala e se sentou, com um olhar preocupado. Bucky se sentou ao lado dela e pegou em sua mão.

—Eu não demonstro, mas no fundo eu estou morrendo de medo. – Disse Aria. – Morrendo de medo da HIDRA me capturar novamente. Essas coisas que eles me obrigavam a fazer vão continuar comigo para sempre. Eu não quero mais fazer isso!

Bucky a entendia. Ele também nunca mais queria ter que passar por aquilo. Todos aqueles assassinatos, seguidos de choques, tapas e socos. Era o seu maior pesadelo. Mas ao contrário dele, ela estava sendo procurada. E não era tão difícil de controlá-la. Era só alguém possuir uma pequena quantidade do soro e pronto. Teria uma arma ao seu favor. Bucky, em seus flashes, se lembrou do dia em que Aria assassinou seu próprio pai a sangue frio.

Flashback

𝐎 𝐒𝐎𝐋𝐃𝐀𝐃𝐎 𝐄 𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐄𝐋𝐀 | bucky barnesOnde histórias criam vida. Descubra agora