Cuidado para não irritar a Aria

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Bucky acordou cedo no outro dia. Mesmo depois de todo esse tempo, ele ainda não conseguia dormir por mais de algumas horas. Aria estava adormecida ao lado dele, respirando serenamente. Por mais que ele quisesse ficar ao lado dela e esperá-la acordar, tinha um assunto que ele não poderia adiar por muito mais tempo. Mas antes de qualquer coisa, ele precisava conversar com Steve. Afinal, entre todos, era Steve quem o conhecia há mais tempo, e a opinião dele servia de grande coisa.

Ele se levantou lentamente, para não acordar Aria, e saiu do quarto. Uma hora dessas, ele pensou que Steve poderia estar dormindo, pois ainda era cedo e Steve estava bastante cansado. O laboratório tinha uma área externa, com bancos, onde dava para sentar, respirar um ar puro e admirar a natureza extensa de Wakanda, e era exatamente o lugar para onde Bucky se dirigiu. Ele precisava de um momento para pensar.

Voltar para a hibernação parecia ser uma boa ideia, ele seria curado de todas as atrocidades que a HIDRA cometeu contra ele e não seria mais um perigo para as pessoas. Mas quanto tempo isso iria levar? Ele perderia o nascimento do bebê? Perderia os primeiros passos e as primeiras palavras? Aria estaria disposta a esperar por ele? O que iria acontecer com sua família enquanto ele estivesse hibernando?

—Está no mundo da lua, amigo? – A voz de Steve perguntou, tirando-o dos profundos pensamentos.

—Steve... estou em um dilema complicado. – Bucky respondeu, olhando para os últimos vestígios do nascer do sol, ao longe. Steve se sentou ao lado dele.

—Deixe-me adivinhar. Você e a Aria estão discutindo para ver se o bebê é menino ou menina? – Steve perguntou, arrancando uma risada de Bucky.

—É tão previsível assim? – Bucky perguntou, ainda rindo. Porém, logo voltou a ficar sério. – Mas não. É outra coisa. Steve, eu estou prestes a fazer uma coisa. Uma coisa que pode afetar a minha vida para sempre. Preciso de um conselho de amigo.

Steve assentiu e Bucky começou a contar sobre seu plano. As reações de Steve estavam estranhas. Como se ele já estivesse esperando por isso.

—Eu entendo que você queira isso... principalmente para proteger sua família. – Steve disse, amigavelmente. – Mas já pensou em como a Aria vai reagir quando souber disso?

—Ela vai enlouquecer, eu sei. – Bucky respondeu. – Mas eu preciso fazê-la entender que isso é para o bem de todos nós. Principalmente agora que vamos ter um filho. Eu não posso perder o controle e colocar a vida deles em risco outra vez, Steve, não dá!

—Então você já deveria pensar em um jeito de contar isso para ela. Qualquer que seja a reação, dê um tempo para ela processar a informação. – Steve respondeu, se levantando e dando um tapinha no ombro de Bucky. – Vou ver se a Natasha já acordou, vejo você mais tarde.

Steve foi embora, deixando Bucky com seus pensamentos novamente. Em uma coisa ele tinha razão. Bucky teria que dar um jeito de contar aquilo para Aria e minimizar ao máximo os estragos, que ele tem certeza que irão acontecer. Afinal, Aria não era conhecida por ser a pessoa mais zen do mundo.

*~*

Praticamente todo o Team Cap, mais Natasha, estavam reunidos em uma mesa, tomando café da manhã. Apenas Bucky não estava presente, o que Aria achou estranho, já que ela não o viu nem quando acordou. Ela estava sentada entre Natasha e Wanda, e conversava com a Feiticeira. Aparentemente, Wanda estava realmente sentindo falta de Visão.

—Ele só estava tentando me proteger, sabe... – Wanda comentou. – Outro dia ele até percebeu que eu estava triste e tentou me fazer uma receita com páprica. O que foi engraçado, porque ele não estava usando páprica.

—Você vai ter chance de se entender com ele, Wanda. Só precisamos... ficar escondidos um pouco, você entende? – Aria estava com uma mão nas costas dela, a aconselhando.

—É, entendo sim... só preciso lidar com a saudade que eu sinto dele. – Wanda respondeu, cabisbaixa.

—Garota, seja forte! Você não é a única com saudades do namorado! – Natasha se intrometeu na conversa, fazendo tanto Aria quanto Wanda arregalarem os olhos. – Olhe só o Sam, ele vai ficar um tempão sem ver a Sharon e não está esperneando no chão!

—Você é que pensa! Você não ouviu porque vocês dois estavam ocupados demais fazendo outras coisas! – Clint disse, apontando para Natasha e Steve. – Mas o seu amigo aqui passou umas três horas chorando no chão do quarto.

—Seu maldito traidor! – Sam entrou na conversa. – Qual é, achei que nós "animais" da equipe fossemos unidos!

Sam apontou para Clint e Scott, que juntos, formavam o Trio do Animal Planet: Falcão, Formiga e Gavião.

—Nós somos, mas o que você fez ontem foi digno de filmar e postar no Youtube. – Scott disse. – A Cassie ia rir pra caramba.

Eles estavam brincando, mas todos sentiam falta de suas famílias. Olhando por esse lado, Aria era sortuda. A família toda dela estava ali.

—Animais da equipe? – Natasha perguntou, franzindo a testa. – Por que eu não estou nesse grupinho, eu sou uma aranha!

—Quem cai nas cantadas ridículas dos anos 40 do Steve não pode entrar no grupo. – Sam disse, fazendo alguns engasgarem de tanto rir, incluindo Aria. – Você nem tinha que estar rindo, Aria. Você caiu também! Não nas do Steve, mas as do Safadão Desmemoriado!

—Tanto faz, nós temos nosso próprio grupo onde reclamões chatos não entram! – Aria retrucou, mostrando a língua para Sam. – Somos as Vingadoras Superpoderosas, eu sou a Florzinha, Wanda é a Lindinha e a Nat é a Docinho.

—Parou aí, por que eu tenho que ser a Docinho? – Natasha perguntou, cruzando os braços.

—Porque a Docinho é a mais durona, oras! Wanda é a Lindinha porque ela é a mais fofa e eu sou a Florzinha porque eu sou a líder! – Aria respondeu. Realmente, o clima de brincadeira já tinha ido para um patamar onde todos pareciam ter seis anos de idade.

—Lindinha é a mais fofa? Era para ser o Steve, então! – Sam disse, causando risadas na mesa outra vez, e fazendo Natasha jogar um pedaço de pão nele.

—Muito engraçado, Sam. Estou morrendo de rir. – Steve disse, sarcasticamente. – Está a fim de dar uma voltinha lá fora, estou com vontade de correr.

—Ah não! Papa-Léguas de novo não! – Sam reclamou. – Já não basta você e seus 58 irmãos gêmeos passando por mim a cada cinco minutos e gritando "à esquerda" lá em Washington!

—Gente, a sessão de tiradas está ótima, mas eu acho que vou procurar alguém que saiba preparar alguma coisa com páprica para a Wandinha aqui matar as saudades do Visão. – Aria se levantou e saiu de perto dos companheiros.

Na verdade, aquilo era apenas uma desculpa para ela ir procurar Bucky. Aquilo estava muito estranho, ela não o havia visto a manhã toda. Será que ele a estava evitando por causa da noite passada? Não, não fazia sentido, eles estavam brincando. Fora que ela precisava dar outra chegadinha no banheiro, porque esses hormônios da gravidez não eram fáceis.

Enfim, após sair de outra "sessão" no banheiro, ela voltou para o quarto. Não foi muito difícil adivinhar onde ele estava. Ela o encontrou sentado na cama, olhando para fora. Ele parecia bem pensativo, pois nem se mexeu quando ela abriu a porta. Ela franziu a testa, estranhando, e caminhou até ele.

—Amor, tudo bem? – Aria perguntou. – Você não veio tomar café da manhã com o resto de nós. Me conte o que aconteceu.

Ela sentou do lado dele e pegou sua mão. Porém, ele continuava olhando para frente. Ela estava ficando ainda mais preocupada. Será que ela fez algo errado?

—Você sabe que eu te amo, não sabe? – Bucky perguntou, finalmente virando o rosto para encará-la. – E você vai me odiar quando ouvir o que eu tenho a dizer. Mas eu preciso fazer isso.

—James Buchanan Barnes, não me faça ter um ataque cardíaco! – Aria disse, com a voz firme, preocupada com o que ele iria dizer.

Então ele contou. Contou sobre seu plano de voltar para a hibernação por tempo indeterminado até os médicos no laboratório de T'Challa conseguirem encontrar uma cura para a lavagem cerebral da HIDRA. Ele também explicou em ênfase que estava fazendo isso principalmente por ela e pelo filho não nascido deles. Para protegê-los.

Ele achou que Aria fosse surtar, fosse gritar, fosse quebrar o quarto todo, fosse fazer qualquer coisa. Mas não. A reação dela foi a mais inesperada possível. Ela escutou tudo o que ele disse com os olhos arregalados, muito parecido com um olhar de "vou te matar", ok isso ele já estava prevendo. Porém, ela não disse nada. Não reclamou, nem tentou bater nele. Ela simplesmente levantou e saiu do quarto sem dizer uma palavra.

Bucky imediatamente levantou e foi atrás dela, mas assim que saiu do quarto, ela já não estava mais no alcance da vista dele. Ele poderia ter ido procurá-la, mas se lembrou do que Steve disse. Não importa qual fosse a reação, ele teria que dar um tempo para ela processar tudo. Então, ele a deixou ir. Mas, por dentro... temia que ela não quisesse mais voltar.

*~*

—Steve, o que está acontecendo, por que me trouxe aqui? – Natasha perguntou.

Após resolver suas dependências com todo mundo, Steve finalmente achou um tempo para ficar sozinho com Natasha no meio da tarde. Ele a levou para aquele espaço aberto onde estava com Bucky no começo da manhã. E agora que as coisas estavam acalmando entre eles, Steve não via porquê esperar mais.

—Natasha, nós estamos juntos há quase um ano e meio... e mesmo que tenhamos passado por algumas dificuldades, nenhuma foi o bastante para nos separar. Isso é o destino, querendo dizer alguma coisa. – Steve estava segurando as duas mãos dela e olhando fundo em seus olhos. – Enfim, isso que aconteceu nesses últimos dias... também foi um sinal. Eu não quero esperar mais. Não quero correr o risco de você ser tirada de mim outra vez.

Steve tirou uma pequena caixinha do bolso. Ah, droga, ele iria fazer isso mesmo agora?

—Isso estava enfiado na minha gaveta de meias há meses, esperando uma oportunidade para eu tirá-lo de lá. – Steve disse, com uma risada, se ajoelhando e abrindo a caixinha, que continha um modesto, mas lindo anel. – Natasha Romanoff, você aceita casar comigo?

A primeira reação dela foi ficar completamente sem palavras. Mas não de um tipo emocionada. Sem palavras de um tipo "vou bater na sua cara a qualquer instante". Porém, logo ela recuperou a voz.

—Primeiro: a gente está no meio de uma crise. Segundo: você guardou o meu anel de noivado dentro de uma gaveta de meias? – A veia na testa de Natasha estava prestes a estourar. – E terceiro: é claro que eu aceito, seu pedaço de museu!

Um segundo, Steve achou que iria apanhar. No outro, Natasha estava na frente dele, quase chorando. E ignorando o recém criado apelidinho que ela deu a ele, Steve colocou o anel no dedo dela e se levantou para beijá-la, tirando-a do chão.

—Você só pode estar começando a caducar para me pedir em casamento agora. – Natasha disse, tendo um ataque de risos. – E a parte mais maluca é: eu aceitei me casar com um senhor idoso de 100 anos.

—É como o Sam disse, o poder das cantadas dos anos 40 é bem convincente. – Steve respondeu, brincando. – Ele pode até fazer piada, mas elas funcionam.

—Você nunca me passou uma cantada. – Natasha respondeu, ainda rindo. – Só de lembrar que isso tudo começou quando eu te disse para me beijar na escada rolante de um shopping quando estávamos fugindo de agentes armados me dá dor de barriga de tanto rir.

—Isso é bem a sua cara mesmo. – Steve brincou, mexendo no cabelo dela. – Vamos contar aos outros?

—Depois... agora eu estou afim de fazer outra coisa. – Natasha disse, com um tom sugestivo. Steve demorou para entender, mas quando entendeu, lançou um olhar mais malicioso ainda.

É, realmente, os que aparentavam ser os mais santinhos eram, na verdade, os mais salientes. Natasha o puxou pela mão, ainda o encarando com um olhar malicioso, e ele foi atrás, todo entusiasmado. Os dois desapareceram por algumas horas.

*~*

Bucky havia ido conversar com T'Challa, sobre todos os riscos e consequências da hibernação. O rei de Wakanda apenas lhe disse o que ele já sabia, que mesmo com a avançada tecnologia do país, ainda levaria algum tempo para eles conseguirem remover a lavagem cerebral da HIDRA da cabeça dele. E que a maior consequência de todas seria perder aquele tempo precioso com sua família. Afinal, dependendo de quanto tempo levasse para ele estar curado, seu filho já poderia ser um adulto, e Aria estar na terceira idade.

T'Challa ofereceu outra opção. Ele disse que poderia colocar Aria para hibernar junto com ele, mas seria muito mais complicado, por causa da gravidez. Ele não podia parar o desenvolvimento do bebê, não seria saudável. Bucky respondeu que mesmo se Aria não estivesse grávida, ele jamais pediria isso a ela. Não era direito dele interromper a vida dela, principalmente se não tinha mais porquê interromper. A única coisa que podia fazê-la se descontrolar, o soro vermelho da HIDRA, já não fazia mais efeito desde que ela tomou o antídoto.

E mesmo se eles tentassem fazer outro soro, não daria certo, como não deu naquele incidente com a Estátua da Liberdade. Aria tinha chance de começar outra vez, de viver todos os seus sonhos mortos pela HIDRA. Bucky nunca tiraria essa chance dela, pedindo para ela hibernar com ele.

Mais tarde, todos estavam reunidos em uma sala, fazendo um exame de rotina. O Time Cap teria que fazer exames todos os dias, em um certo horário, para verificar a melhora dos hematomas, ou até, para descobrir se não há algum ferimento que passou despercebido. Tudo bem que em Wakanda, isso era quase impossível. A equipe médica de lá era muito competente. Quase como clones de Bruce Banner.

—Eles vão me medir com uma fita métrica todo santo dia? – Scott perguntou, indignado. – Qual é, não é como se eu fosse crescer ou diminuir do nada! Eu não uso aquele traje só porque é estiloso, ele tem uma utilidade!

—Eles têm que ver se aquilo que você fez no aeroporto não causou nenhum efeito colateral, Zé Pequeno. – Sam respondeu. – Fora o fato de ficar pedindo um suco de laranja por duas horas seguidas...

—Alguém tem notícias da Aria? – Wanda, que estava recebendo um tratamento nas mãos, perguntou. – Não a vejo desde hoje de manhã. Ela não deveria estar sendo examinada também?

—É, tem razão... ninguém viu ela o dia todo. – Sam respondeu. – Sequestraram minha parceirinha de novo?

Eles não faziam ideia do que estava acontecendo. Bom, Steve e Bucky sabiam. E trocaram olhares discretos quando Wanda mencionou o assunto. Steve também não havia contado sobre aquilo para Natasha. Eles também ainda não haviam anunciado que iriam se casar, estavam esperando o momento certo.

—Estou ficando preocupada, é melhor eu ir procurá-la. – Wanda disse, afastando os médicos que a examinavam e levantando.

Bucky até pensou em impedi-la e falar "está tudo bem, ela só está completamente furiosa comigo, mas uma hora ela vai aparecer". Mas até ele já estava começando a ficar preocupado. Dar uma fugidinha para ficar sozinha por poucas horas era uma coisa, mas sumir o dia todo? Já era hora de ele encará-la e aguentar todas as cassetadas que ela estava guardando para ele.

Wanda tentou usar seus poderes para encontrar Aria, como se fosse uma espécie de detector. Contudo, foi difícil, considerando que Wanda seguiu seus poderes pelo prédio todo, até não sobrar lugar nenhum para procurar. Ela pensou que seus poderes estavam falhando, até que eles a levaram a uma porta no fim de um corredor. A porta a levou até uma escadaria, que a levou até o terraço do laboratório. Porém, o que Wanda viu a deixou surpresa.

—Aria! – Wanda a viu, sentada na beirada, com as pernas balançando. – Não faça isso!

Em um ato impulsivo, Wanda usou seus poderes para levitar Aria e a afastar da beirada. Aria tomou um baita susto, e ofegou quando atingiu o chão.

—Wanda, ficou doida?! – Aria perguntou, se recuperando do susto. – Por que fez isso?

—Porque você ia pular! – Wanda respondeu, percebendo outra coisa. Aria estava diferente. Ela havia mudado o visual outra vez. Estava ruiva de novo, e havia cortado o cabelo na altura dos ombros. – Aria... o seu cabelo!

—É, eu quis mudar... já estava enjoada do loiro. – Aria respondeu, passando a mão pelo cabelo. – Mas você não achou que eu fosse me matar, não é?! Pelo amor de Deus, eu estou carregando um filho!

—Sinceramente achei! Caramba, você estava sentada na beirada com as pernas para fora! Ninguém faz isso em plena consciência! – Wanda respondeu, nervosa. – Mas por que isso? Por que mudar o visual e se isolar o dia todo?

—Eu precisava pensar. – Aria respondeu, desviando o olhar. – Mas acho que já tive tempo para isso. Vamos, eu explico para todos de uma vez só.

Aria sabia que teria que encarar Bucky mais cedo ou mais tarde. E mesmo já tendo pensado no que iria dizer a ele, aquele frio na barriga característico do nervosismo estava com ela. Ou era só outro enjoo da gravidez? Não. Era nervosismo mesmo.

Wanda foi na frente, com Aria a seguindo lentamente. O grupo continuava na sala de exames, porém atentos, caso Wanda entrasse a qualquer momento. Pois bem, o rebuliço não foi quando ela entrou. Mas sim, quando Aria entrou atrás dela. Aqueles rostos chocados como se o rosto dela estivesse deformado, ou algo do tipo.

—Droga... de novo não... – Natasha disse, lembrando o fato de costumar ser confundida com Aria por causa da cor do cabelo das duas, o que não fazia sentido, pois elas eram bastante diferentes.

—É como se tivessem espremido um tomate na cabeça dela... – Scott disse, levando um tapa no ombro, de Sam.

—Tá legal, não é como se eu tivesse levado um tiro na testa, ok? E a maioria de vocês me conheceu assim, então não sei por que essas caras de susto. – Aria disse, cruzando os braços.

Steve, que estava sentado próximo a Bucky, se aproximou ainda mais para sussurrar algo.

—É melhor você ir falar com ela, acho que já deu tempo para ela colocar as ideias no lugar. – Steve sussurrou. – Vá por mim, é melhor amenizar o terreno agora. Você não vai querer voltar para a hibernação com ela brava com você.

Bucky assentiu, se levantou e foi até a porta, parando na frente dela. O olhar dele mostrava remorso, mas ele não estava arrependido de sua decisão. Ele ficaria arrependido se algum dia machucasse sua família outra vez. Aria lançou um olhar de trégua e os dois saíram da sala.

Eles não voltaram para o quarto. Bucky a levou até aquele espaço aberto, que agora era dominado pela forte luz da lua. Aria não olhou imediatamente para ele. Ela se apoiou em uma das grades e mirou as grandes florestas lá embaixo. Bucky sabia que teria que começar de alguma maneira.

—Sei que está magoada, e tem todo o direito de estar. Mas eu não mudei de ideia, Aria. – Bucky começou, se aproximando dela.

—Eu não estou com raiva de você. – Aria disse, o cortando. – Eu estou com raiva de mim mesma. Eu sei, Bucky. Sei por que você quer fazer isso, eu entendo. Eu também quero que você fique curado, acredite em mim. Eu estou com raiva... porque eu sou uma tremenda egoísta! Eu... estou com raiva porque... não sei se consigo aprender a viver sem você.

Ela estava chorando outra vez. Ela era mesmo uma manteiga derretida. Ele a abraçou, o mais forte que se permitiu (afinal, ainda tinha a história do bebê) e se amaldiçoou outra vez por ter um braço só.

—Não vai ser para sempre, eu prometo. – Bucky disse. – Eu vou voltar completamente curado. E aí, nós três finalmente vamos ter uma vida normal.

Mas não vou te culpar se você quiser seguir em frente, ele pensou. Ele queria estar com ela, mais do que tudo. Mas não poderia prendê-la a esse sofrimento, que provavelmente levaria anos.

—Até lá, eu preciso que você seja forte. – Bucky continuou, a soltando e olhando nos olhos dela. O rosto dela estava molhado das diversas lágrimas que caíam. – Coisa que eu sei que você é. Ensine nosso filho a ser casca grossa igual aos pais dele. E o mais importante, nunca se esqueça de mim. Eu te amo, minha vida.

—Nem apagando minha mente eu vou esquecer de você, amor. Eu te amo, e vou te amar para sempre. – Aria respondeu, ficando na ponta dos pés e alcançando os lábios dele. Ele a enlaçou pela cintura e aprofundou o beijo. – E, a propósito, eu já disse que é uma menina.

Aquilo arrancou uma risada dele. Eles iriam continuar nessa briga até Aria descobrir o sexo do bebê. Mas o pior de tudo é que Bucky só ia saber se ganhou a "aposta" quando acordasse do congelamento.

—Quanto tempo temos? – Aria perguntou, se referindo à eminente hibernação do marido.

—Já deixei tudo acertado. Temos duas semanas. – Bucky respondeu.

—É melhor aproveitarmos bem o tempo, então. – Aria disse, se jogando nos braços dele outra vez e roubando um beijo.

—Não esquecendo disso, eu já disse que adorei rever a ruiva mais sexy de todos os tempos? – Bucky perguntou, rindo e a beijando outra vez.


Continua

𝐎 𝐒𝐎𝐋𝐃𝐀𝐃𝐎 𝐄 𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐄𝐋𝐀 | bucky barnesWhere stories live. Discover now