Ele é inocente

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Steve mirou os dois, com um olhar diferente. Ele estava vestindo seu uniforme de Capitão América e parecia, de certa forma, desconfiado, inseguro. Aria franziu a testa, estranhando a atitude dele. Não era assim que esperava reencontrar seu grande amigo. Enquanto Bucky, já nervoso por estar com o rosto estampado nos jornais, sendo acusado de algo que não fez, encarou Steve com uma mistura de dor e raiva.

—Vocês se lembram de mim? – Steve perguntou.

—Mas é claro, nossas memórias não foram apagadas! – Aria respondeu, nervosa. – Steve, o que está acontecendo? Por que está aqui?

—Ele acha que fui responsável pelo que aconteceu em Viena. – Bucky respondeu no lugar de Steve, rígido e frio. – Mas não fui. Não faço mais aquilo.

—Capitão, eles estão no telhado, já me viram! — A voz de Sam foi ouvida através de um rádio que Steve usava. Então Sam estava ali também?

—Preciso ter certeza de que não foi você. – Steve respondeu. – Estou aqui para provar sua inocência. Mas antes, preciso saber se vocês não tiveram nenhum incidente ao longo de um ano.

—Steve, eu estou dizendo, ele é inocente. Estamos sob controle de nossas mentes desde New York. Eu juro, não foi ele e eu posso provar. – Aria disse, de forma ríspida.

—Há pessoas vindo atrás de você agora, Bucky. – Steve respondeu. – Precisamos sair enquanto ainda há tempo. Não precisa terminar em uma luta.

Bucky emitiu um suspiro monótono. Aria percebeu o quanto ele estava cansado, cansado de todos sempre esperarem o pior dele. Ele estava cansado de tentar provar que havia mudado, que não queria mais causar sofrimento a ninguém. Mas parecia que ninguém estava interessado em ouvir o que ele tinha a dizer. Todos apenas queriam julgá-lo pelos seus atos do passado, atos dos quais ele não teve culpa alguma. Ele havia se conformado de que nunca seria visto com bons olhos pela sociedade, e apenas queria viver sossegado, em paz, ao lado de Aria. Ele não tinha interesse em machucar ninguém, mas se algumas porradas fossem necessárias para que o deixassem em paz, não seria de todo mal.

—Sempre termina em luta... – Bucky respondeu, retirando sua luva da mão de metal.

Aquilo significava que mesmo não querendo lutar, se precisasse, ele iria lutar. E Aria não estava diferente. Ela sabia que ele era inocente, era a única testemunha que podia provar isso. Porém, palavras não significavam muita coisa contra arquivos de uma câmera. O testemunho de Aria não seria levado a sério. Mas ela também não iria se render sem luta. Ela não deixaria que o levassem para longe dela outra vez. Não depois de tudo o que passaram para finalmente poderem ficar juntos.

—10 segundos, Cap. Estão entrando! — A voz de Sam disse, pelo rádio.

—Podemos parar isso. – Steve disse, em um tom acolhedor.

—Não, não podemos. – Bucky respondeu, visivelmente rígido.

Invasão, invasão, invasão! — A voz de Sam gritou alta, pelo rádio.

Logo, ouve-se o som de uma janela quebrando. Steve percebeu o que era e não perdeu tempo em aprisionar a granada em seu escudo. Haviam soldados armados se aproximando por todos os lados. Bucky quebrou uma parte oca do chão, onde guardava a mochila com seus cadernos. Agora era uma questão de segundos para mais soldados entrarem.

—Vá logo, eu te alcanço mais tarde! – Aria disse para Bucky. Hesitando, ele abriu a porta da frente, se preparando para sair, quando teve que surrar mais alguns soldados.

—Bucky, pare! Vai matar alguém! – Steve gritou, em tom de ordem, indo em direção ao Soldado, mas sendo jogado no chão por ele.

—Eu não vou matar ninguém. – Bucky respondeu, tirando a mochila e jogando para fora. A mochila caiu no terraço do prédio vizinho.

Quando ele saiu, outros soldados armados estavam esperando por ele, mas nada que fosse problema. Steve e Aria foram atrás, mas parecia que cada vez que eles surravam um agente, Bucky surrava 10 e continuava seguindo. O que aconteceu a seguir foi um grande compilado de surras e porradas para todos os lados, tanto da parte de Bucky, quanto da parte de Steve e Aria. Ela não sabia se iria conseguir acompanhar Bucky se ele continuasse nesse ritmo. Ela estava enferrujada. Acabou em um desastre e muitas, muitas grades de escadas arrancadas.

Ela já estava começando a enjoar de bater em agentes, quando viu Bucky indo para um corredor. Droga, ele não iria fazer aquilo. Ou iria? Ah, se ele fizesse, ela não teria como segui-lo. É, ele fez. Aria viu Bucky pular do prédio até o terraço do outro, que era bem mais em baixo. Era uma queda muito alta. Ela olhou para trás e não viu Steve. Ela teria que ir atrás de Bucky sozinha, afinal. E enfrentar aquela queda gigantesca sozinha...

Aria respirou fundo, tomou coragem, pegou impulso e pulou. O corpo dela não era tão resistente quanto o de Bucky e Steve, então ela iria sair com um joelho ralado pelo menos. Ela estava enferrujada, mas ainda tinha sua flexibilidade. Usou de movimentos acrobáticos para cair no terraço sem muitos danos. O único dano foi a força do impacto causado pela altura do salto, que fez as pernas dela tremerem. Porém, o único problema não foi esse. Quando levantou, viu um... homem fantasiado de gato preto praticamente tentando arrancar o couro de Bucky.

—Mas o que é isso? – Ela perguntou, mais para si mesma. – Droga, onde o Steve se meteu?

Bucky lutava bem, e era ágil, mas aquele gato preto era definitivamente mais rápido. Ele quase acertava Bucky diversas vezes. E para completar a fantasia de gato, ele também tinha garras. Garras afiadas prontas para arranhar Bucky a qualquer momento. Mas Aria também tinha garras, e sabia usar muito bem. Aliás, ela não tinha garras, ela tinha uma navalha. E a navalha maravilha estava pronta para atacar.

Sem esperar muito, ela deu uma chave de perna no "homem-gato", que pareceu surpreso ao sentir um ataque por trás. Ainda usando as pernas, ela tentou prendê-lo no chão e sufocá-lo. Má ideia, pois dois segundos depois, ela sentiu algo perfurando sua perna. Eram as cinco garras da mão dele. Doeu, mas a adrenalina do momento era forte demais para ela sentir a dor por muito tempo. Ela foi obrigada a soltá-lo, e ele foi correndo para cima de Bucky outra vez. Aria se perguntou o porquê dele ainda não ter fugido de uma vez.

Bucky foi rápido e conseguiu escapar, mas por pouco. Agora, os dois brincavam de gato e rato pelas ruas de Bucareste, enquanto Aria tentava se mexer com a perna machucada. Se ela quisesse ir atrás dele, tinha que ir logo, pois ele estava correndo mais rápido do que aquele garoto aprimorado platinado do ano passado.

—Aria? É você mesmo? – Ela viu Sam descendo do céu, com seu traje de Falcão. – Você está bem, parece machucada?

—Acabei de ser atacada por um gato! E antes que eu me esqueça, oi para você também, Sam. – Aria respondeu, pressionando a perna machucada e sentindo os dedos molhados e vermelhos. Droga, ela estava sangrando. – Cadê o Steve?

—Foi atrás do seu namorado e do tal gato. – Sam respondeu. – É melhor eu ir, ou vou ficar para trás.

—Você não vai me deixar aqui não! – Aria exclamou. – Só me carregue até lá em baixo, o resto deixe comigo.

—E onde pensa que vai com essa perna sangrando? – Sam perguntou, irônico.

—Eu já fiz coisas mais pesadas com uma bala no meu ombro. – Aria respondeu, apoiando os braços nos ombros de Sam. – Agora vamos logo!

—É, eu imagino que coisas pesadas são essas... – Sam respondeu, levantando voo com ela nos braços.

Sam voava rápido, então não iria demorar para alcançar aqueles três. O único problema era que estavam em um túnel e nem Sam e nem Aria conseguia ver onde eles estavam. Afinal, eles não podiam voar dentro do túnel. Sozinho, Sam até podia, mas carregando Aria, era outra história.

—Me diz uma coisa. – Aria disse, enquanto os dois sobrevoavam o túnel. – Cadê a Natasha? Eu não a vi por aqui.

—A Natasha... é uma história complicada que eu prefiro contar quando a gente descer. – Sam respondeu, percebendo algo. – Caramba, acabei de ver eles. É aqui que você desce, parceirinha. Tenho um serviço para terminar.

Sam baixou voo e largou Aria em cima do túnel, completamente frustrada. Alguém iria apanhar mais tarde, e algo dizia que era um certo passarinho. Logo depois, Aria viu Sam desaparecer dentro do túnel. Iria demorar para alcançá-los, mas ela iria conseguir. O problema era essa perna sangrando. Rapidamente, Aria rasgou a barra da blusa e improvisou um torniquete. Agora, com o ferimento devidamente estancado, ela poderia liberar a navalha maravilha outra vez.

Depois de muito correr, e de presenciar uma explosão abaixo de si, Aria finalmente pulou do teto, caindo dentro do túnel. O impacto machucou sua perna mais ainda. Droga, essas garras do gato eram boas. De que será que eram feitas? Porque ela queria um pouco desse material. Quando ela se deu conta do que estava acontecendo e olhou para frente, viu agentes armados cercando Steve, Bucky, Sam e o "homem-gato". E viu também alguém descendo do céu, usando uma armadura muito parecida com a de Tony, só que cinza.

—Rendam-se, agora! – O homem na armadura disse. Ela o conhecia, apenas não se lembrava de onde. Mas já tinha ouvido aquela voz com certeza. Também tinha quase certeza de que ele havia a chamado de brotinho.

Ela não percebeu que estava sem reação, assistindo a aquilo tudo, quando três agentes armados apontaram as armas para ela e a mandaram caminhar. Aria poderia dar conta dos três sem problema, mas com a perna machucada e toda essa confusão com o "homem-gato", ela achou melhor não arriscar.

—Parabéns, Capitão. – O homem na armadura disse. – Você é um criminoso.

Aria continuou andando, com os três agentes em cima dela, até chegar perto dos outros. Ela olhou para o lado e viu Steve com uma expressão decepcionada e Bucky com uma expressão furiosa. Ela sentiu a perna doer outra vez e reprimiu uma careta de dor. Provavelmente causada pelo barulho do capacete do "homem-gato" abrindo. Assim que ele retirou, Aria pode ver finalmente o rosto do homem que estava tentando matar seu marido. Ele era normal, um humano normal. Apenas parecia estar cheio de conflitos internos. Sua expressão era uma mistura de ódio, tristeza e desejo de vingança.

—Alteza. – O homem na armadura cumprimentou o "homem-gato".

Alteza? Ele era príncipe? Ou rei? Se não fosse, isso seria muito estranho. Bem, ele poderia ser príncipe da Disney, sonho de consumo de todas as garotas de 12 anos, isso não fazia diferença. Ele mexeu com a família dela. Tentou matar o que ela tem de mais precioso nesse mundo. E não iria ficar barato, com certeza.

Tanto Steve quanto Sam estavam se rendendo, erguendo as mãos. Aria, hesitante, fez o mesmo. Ela, Steve, Sam e o tal príncipe foram algemados como prisioneiros normais. Mas Bucky foi tratado com crueldade extrema. Dezenas de agentes foram para cima dele, o prendendo e o arrastando como um animal. Mesmo que ele não tentasse se soltar. Mesmo que ele não tentasse agredir ninguém. Era Aria quem iria agredir todo mundo se não parassem de tratá-lo daquele jeito. Porém, eles foram separados outra vez. Bucky foi levado para um lado, enquanto Aria e os outros foram para outro lado. Foi a última vez que se viram.

*~*

Depois de um voo demorado, em silêncio, eles desembarcaram em Berlim, onde foram escoltados até o quartel general da Força Tarefa Anti-Terrorismo. Aria, Steve, Sam e o príncipe foram escoltados em um carro, enquanto Bucky, preso em uma cápsula de segurança máxima, era escoltado em um carro-forte. Ela apenas queria dizer que aquilo tudo era um engano, que ele era inocente. Mas quem iria acreditar?

—Então você gosta de gatos? – Sam perguntou ao príncipe, quebrando o silêncio.

—Sam... – Steve o repreendeu.

—O que foi? O cara aparece vestido de gatinho e você não quer saber mais? – Sam perguntou, quase fazendo Aria rir. O momento parecia oportuno para quebrar aquela tensão toda.

—É melhor tomar cuidado com o que diz, Sam. Não se esqueça de que gatos comem passarinhos. – Aria disse, tentando fazer uma piada.

—E você não se esqueça de que quem foi arranhada foi você, não eu. – Sam retrucou, fazendo Aria fechar a cara. Eles tinham dado um jeito na perna dela no avião, mas ainda doía. As garras do gato eram poderosas.

—Seu traje... – Steve voltou a falar com o príncipe. – É de vibranium?

—O Pantera Negra tem sido o protetor de Wakanda há várias gerações. – O príncipe finalmente disse alguma coisa. Ele tinha um sotaque carregado, mas sua voz não era tão ameaçadora quanto Aria pensou que seria. – O manto é passado, de guerreiro para guerreiro. E agora, porque o seu amigo matou o meu pai, eu também visto o manto de rei.

Então era por isso que ele pulou igual a um maníaco em cima de Bucky. Agora tudo fazia sentido. Ele achava que Bucky tinha matado seu pai. Mas não matou. Assim como não explodiu a bomba em Viena.

—Então eu pergunto, como guerreiro e rei, por quanto tempo acham que irão manter seu amigo a salvo... de mim? – Ele perguntou. Aria estava certa, ele realmente era um rei.

—Ele não matou o seu pai. – Aria disse, rígida e fria. – Assim como não explodiu aquela bomba. Eu sou testemunha.

—Então por que ele fugiu? – O rei perguntou, tão rígido quanto ela. – Inocentes não fogem.

—Deve ser porque centenas de pessoas, incluindo você, estavam atrás dele para matá-lo... – Aria respondeu, irônica. Ela nunca pensou que fosse faltar com respeito a um rei dessa maneira. Mas ele a machucou e tentou matar Bucky. Só por isso já perdeu qualquer pingo de respeito por parte dela.

—Aria... guarde isso para quando chegarmos. – Steve a repreendeu.

—Só quero que saiba... que se tentar encostar nele outra vez... vai ter que me estraçalhar primeiro. – Aria respondeu, fria como gelo. – E eu não quebro fácil.

Aquelas foram as últimas palavras proferidas dentro daquele carro. Minutos depois, finalmente chegaram ao QG, que era um prédio gigantesco de vários andares. Agentes tiraram Aria e os outros do carro, indo em direção a algumas pessoas que esperavam mais adiante. Aria olhou para trás e viu a expressão magoada de Bucky, trancado naquela cápsula. Não se preocupe, amor. Eu vou tirar você dessa. Aria pensou.

No grupo de pessoas à frente, estava Sharon Carter. Ela estava diferente, seu cabelo havia crescido. E pelo jeito que ela olhou para Sam, parecia que o relacionamento dos dois continuava de pé. Mas Aria ainda estava curiosa em relação à Natasha. Onde ela estava?

—Everett Ross, comandante da Força Tarefa. – Sharon introduziu o homem baixinho e grisalho ao seu lado.

—E quanto a um advogado? – Steve perguntou, parecendo inquieto.

—Um advogado, essa é boa. – Ross respondeu, ironicamente. – Recolham as armas deles e as tranquem. Eu vou escrever um recibo.

—Se eu ver alguém voando com isso, eu mato um. – Sam retrucou, vendo seu traje sendo confiscado.

—Ninguém vai usar, eu garanto. – Sharon sussurrou, de modo que só Sam ouvisse.

Eles a seguiram por um longo caminho, subindo vários andares. Ela achou que iriam colocá-los em uma cela, mas ficou mais tranquila quando tiraram as algemas e disseram que eles iriam ficar no escritório. Apenas ficou preocupada em deixar Bucky sozinho. Ela não deveria ter feito isso. Devia ficar com ele. Estava pensando no que iria fazer quando a figura da Viúva Negra apareceu em sua frente.

—É isso o que acontece quando as coisas pioram! – Natasha disse, em tom de repreensão, para Steve.

—Nat! – Aria a chamou, ganhando o olhar dela.

—Britney? Caramba, você está pálida igual a uma vela. A Europa não te fez bem. – Nat disse, sutil como sempre.

—É bom ver você também, Nat... – Aria respondeu. – Vem cá, será que alguém pode me explicar que circo todo é esse? Porque menos de seis horas atrás eu estava na feira de frutas!

—É uma história muito longa, você vai ter que sentar... – Nat respondeu.

Droga, quando é que vão parar de me falar isso e contar a história toda de uma vez? Aria pensou, frustrada por não saber de nada. Eles se aproximaram de uma sala, cheia de monitores que transmitiam informações atrás de informações. Aria teve outra surpresa. Tony estava lá, sentado com o braço apoiado na mesa e falando no telefone.

—Eu não vou ter meu escudo de volta, não é? – Steve perguntou.

—Tecnicamente é propriedade do governo. – Natasha respondeu, passando por eles. – As asas também.

—Que vacilo... – Sam retrucou.

—Por acaso tem ideia de onde se meteram? – Tony perguntou, desligando o telefone. – O secretário Ross quer processar vocês!

—Não estou nem aí! Só estou aqui porque, do nada, a minha vida foi virada totalmente de cabeça para baixo por um bando de brutamontes armados e um gato que quase arrancou a minha perna fora, e eu estou há quase seis horas tentando entender o porquê de todo esse alvoroço! – Aria exclamou, quase gritando, completamente irritada. – Alguém poderia ter a gentileza de me explicar, por favor?

—Amnésia, quanto tempo. Já faz o quê? Um ano? – Tony a cumprimentou, brevemente. – Enfim, tenho uns assuntos para resolver. Tipo, tirar vocês dessa roubada. Então vou deixar nas mãos da Natasha.

Tony fez um sinal de mão para Natasha, e a ruiva fez outro sinal de mão para Aria, mandando-a se aproximar dela. Aria foi. Ainda irritada, mas foi.

—Tá legal, desembuche. O que deu em você? – Natasha perguntou. – Você sabe o que o Barnes fez, não sabe? Por que tenta protegê-lo? Não me diga que você ajudou...

—Ele não fez nada. Não foi ele quem explodiu aquela bomba. – Aria respondeu, ainda com vestígios de irritação. – Passamos os últimos dois meses na Romênia, nem estivemos em Viena!

—A câmera pegou ele, Aria. Desculpe, mas você, sendo próxima dele do jeito que é, não é considerada uma testemunha consistente. – Nat respondeu. – Vai precisar de uma prova mais consistente se quiser provar a inocência dele.

—Minha palavra não conta como prova para você? Nat, eu nunca menti para você! – Aria exclamou, nervosa. – O que aconteceu durante esse ano em que estivemos fora para você não confiar mais em mim?

—É complicado... sente aí, eu conto. – Natasha disse, e as duas sentaram. – Depois que vocês dois foram embora, nós continuamos com nossa vida normal. Claro, tínhamos missões dos Vingadores de vez em quando. Uma delas foi invadir aquela base da HIDRA em Sokovia onde você foi presa daquela vez. Lá, recuperamos o cetro de Loki, e o Tony meio que... teve uma ideia não muito boa...

Natasha começou a contar sobre como Tony criou Ultron, que era para ser apenas uma inteligência artificial, mas que se tornou a maior dor de cabeça dos Vingadores no último ano.

—Enfim, acabou com Sokovia toda destruída e bem... perdemos o Banner nesse processo. – Natasha disse, fazendo Aria arregalar os olhos. – Calma, ele não morreu! Ele só... está por aí. Mas nem tudo são más notícias, seu nêmesis Strucker está morto. E sua amiga bruxinha, a Wanda... se juntou a nós. Ela até pergunta por você de vez em quando.

—Finalmente aquele desgraçado pagou pelo que fez comigo. Mas e o irmão da Wanda? Se redimiu de tanto bater na minha cara? – Aria perguntou, sarcástica.

—Bem... ele se redimiu sim, mas... morreu naquele dia em Sokovia. – Natasha respondeu, cabisbaixa. – Ele morreu salvando a vida do Clint. Ele ficou tão grato que até pôs o nome do garoto no filho dele. Pois bem, deixe eu continuar. Mês passado, estávamos em missão em Lagos, Nigéria. Atrás do seu outro amiguinho, o Rumlow. Acabou dando um problema e... pessoas inocentes morreram. O resultado disso é o motivo de Tony e Steve estarem trocando farpas nesse exato momento.

Natasha começou a explicar que o governo não iria mais aturar os Vingadores atuando por conta própria, e iriam impor um tratado para que eles atuassem sob um painel das Nações Unidas. Steve se recusava a assinar, mas Tony achava que era o certo.

—E você? Concordou com isso? – Aria perguntou.

—É, concordei... é melhor isso do que o governo não confiar mais em nós. – Nat respondeu.

—Eu vou te dizer uma coisa... se eu fosse parte dos Vingadores, eu não assinaria esse negócio não. Está com cara de roubada. Fora que eu já fui controlada praticamente a minha vida toda pela HIDRA. Não vou deixar que me controlem outra vez. – Aria disse.

—Se fosse só isso ainda estaria tudo bem... o problema de verdade aconteceu no dia da assinatura do tratado, em Viena. – Natasha continuou. – Estava tudo normal e, de repente, uma bomba explodiu, destruindo o prédio inteiro. Aquela bomba matou o rei de Wakanda, T'Chaka. Agora, T'Challa, o filho dele, que está sentado naquela outra sala, quer arrancar o couro do Barnes por isso. Mas enquanto ele estiver preso, não poderá ser tocado... por enquanto.

—Nat, eu estou tão preocupada... o que vão fazer com ele? – Aria perguntou, abaixando a voz. – Ele é inocente.

—Quem dera alguém pudesse provar isso... eu também não estou gostando nada dessa situação. Por enquanto só irão mandar um psiquiatra da ONU para analisá-lo. – Natasha respondeu. – O Steve está tão arrasado... nada tem sido o mesmo desde que eu concordei em assinar o tratado e ele não. Estamos com problemas...

—É, eu percebi que o Steve está diferente... mas achei que fosse por causa de toda essa confusão com o Bucky. – Aria disse.

De repente, as duas foram interrompidas por Sharon, que apareceu segurando uns papéis.

—Aria, preciso que assine estes papéis, já que é a única familiar do Barnes... – Sharon disse, mostrando as linhas para Aria assinar.

Natasha franziu a testa. Familiar? Como assim? Aria e Bucky eram apenas juntos, pelo que ela sabia. Aria leu e assinou os documentos, entregando-os a Sharon em seguida. A Agente 13 recolheu e saiu, logo em seguida.

—Que história é essa de familiar, Aria? – Natasha perguntou, em tom nervoso.

—Nós nos casamos. – Aria respondeu, normalmente. – Já tem oito meses.

Natasha ficou completamente pasma com aquilo. Como assim se casaram? De todas as coisas que ela pensou que esses dois poderiam ter feito, ela esperaria até um filho, mas não um casamento assim tão depressa. E deve ter sido um casamento secreto, pois ninguém ficou sabendo de nada.

—E estávamos bastante felizes antes de toda essa confusão. – Aria continuou. – Espero que você e o Steve se acertem também. Não é justo essa confusão toda destruir dois casais.

—Olhe, de todas as turbulências que nós quatro vivemos, essa pode ser a pior de todas... – Natasha respondeu. – Vamos torcer para não acabar mal.

As duas foram interrompidas novamente pelo som do alto falante entrando pela sala. Aria olhou para os lados e viu Steve e Tony, ambos olhando para o monitor onde mostrava Bucky em sua cela. Ela conteve uma lágrima ao vê-lo daquele jeito. Ela se sentia tão impotente. Queria tirá-lo dali de qualquer maneira.

—Olá, Sr. Barnes. Fui enviado pelas Nações Unidas para avaliá-lo. — Uma voz masculina com sotaque disse. Era o tal doutor que Natasha mencionou. – Posso me sentar?

Aria sentiu um frio na barriga ao olhar para aquela cena. Por algum motivo ela não confiava nem um pouco no tal médico. Na verdade, ela não confiava em ninguém. Depois do que Natasha lhe disse, sobre todos terem certeza de que Bucky era o culpado, qualquer um poderia causar problemas aos dois.


Continua

𝐎 𝐒𝐎𝐋𝐃𝐀𝐃𝐎 𝐄 𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐄𝐋𝐀 | bucky barnesDonde viven las historias. Descúbrelo ahora