As consequências de uma guerra

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Por mais que ela tivesse prometido, e tivesse tentado, havia uma coisa que Natasha não conseguiu fazer. Ela não conseguiu impedir que Aria e o resto do Time Cap fossem mandados para a prisão. E não era uma prisão qualquer, era uma prisão de segurança máxima no meio do oceano. Apesar de todos os pretextos da gravidez de Aria e todos os riscos, ela ainda foi mandada junto. Natasha discutiu com todos. Médicos, agentes e até mesmo Tony. Mas a única resposta que obteve foi que "Aria Barnes é uma criminosa altamente perigosa, com um histórico bem sujo. Vai passar o resto dos dias trancada. E quanto ao bebê, assim que nascer, será entregue a um orfanato". Natasha se indignou, e não foi pouco. Mas por pouco a própria Natasha não foi presa com eles.

Ela estava se odiando muito nesse momento por isso. Ela sabia que as ações de Tony e seu time não foram exatamente as mais corretas, e Tony ainda não tinha caído na real. Mesmo com o dano gravíssimo na coluna de Rhodey. Fora o fato de que ele "sem querer" tentou matar uma mulher grávida. Ela prometeu. Prometeu que cuidaria de Aria enquanto Steve e Bucky fossem acertar contas com o médico. Aquilo foi a gota d'água para Nat. Ela sabia que o governo viria atrás dela por ter deixado Steve fugir. Mas isso se conseguissem encontrá-la primeiro. Ela já tinha um plano.

Enquanto isso, Tony tentou "levantar a bandeira branca" e foi até a prisão onde o Time Cap estava. Porém, no meio do caminho ele teve uma surpresa. Steve e os outros estavam certos o tempo todo. O autor da explosão em Viena não foi Bucky. De acordo com Sexta-Feira, o autor da explosão foi o coronel Helmut Zemo, da inteligência de Sokovia. Ele é Sokoviano. Agora tudo fazia sentido. Sokovia havia sido destruída durante a confusão com Ultron. Zemo deveria ser algum maluco procurando vingança. E encontrou, da pior maneira possível. Sexta-Feira explicou que ele usou próteses e uma peruca para somente parecer com Bucky.

*~*

Aria estava com um milhão de coisas em sua cabeça. Dentro de sua cela, sentada no chão, com a cabeça encostada na cama dura, ela pensava em Steve e Bucky, se eles conseguiram achar o médico, onde Natasha estava, em seus companheiros nas celas ao lado e como eles estavam, em trucidar Tony a próxima vez que o visse, mas principalmente, no bebê que carregava. Quando os médicos lhe deram a notícia, ela quase teve um infarto.

Um bebê... no meio de toda essa guerra... Os médicos também disseram que era muito recente. Tinha umas 4 semanas no máximo. E com toda a ação que ela viveu nos últimos dias, foi um milagre não ter abortado. Ainda era cedo, não dava para saber o porquê de o feto ser tão resistente. Muito menos, se era menino ou menina.

Como ela iria ter um bebê estando presa? O que iria acontecer depois que o bebê nascesse? Certamente, eles não deixariam que ela ficasse com ele. E Bucky estava a milhares de quilômetros dali, nem sabia onde ela estava... e nem que esperava um filho. Ela sempre teve desejo de ser mãe. Quando sua esterilidade foi curada, ela pensou que finalmente poderia ter uma família. Uma vida normal.

Ela fechou os olhos e imaginou isso. Ela via uma casinha rústica. Ela preparava o almoço, enquanto Bucky cortava lenha lá fora. Enquanto isso, o filho deles estava brincando. Seria um menino, explorando a natureza? Ou uma menina, indo atrás de borboletas e outros animais? Ou até um casal de irmãos? Ela imaginou os três subindo uma colina para fazer um piquenique. A criança corria para cima e para baixo, rindo. Enquanto isso, ela estava abraçada a Bucky, debaixo de uma árvore, observando tudo. Tudo isso parecia tão distante agora.

A pequena visão de paraíso dela foi interrompida quando alguém entrou na sala. Ela não tinha interesse em saber quem era, e continuou com a cabeça baixa. Porém, teve uma indicação por parte de Clint.

—O futurista, cavalheiros! – Clint debochou, enquanto batia palmas. – O futurista está aqui. Ele vê tudo! Ele sabe o que é melhor para você, você querendo ou não...

Aria abriu os olhos um segundo e o viu. Tony estava ali, parado na frente da cela de Clint. Ela sentiu a raiva a consumir, mas não mexeu um músculo. O que era dele estava guardado.

—Dá um tempo, Barton. Eu não tinha ideia de que colocariam vocês aqui. – Tony respondeu. A voz dele estava diferente. Até parece que tinha... remorso.

—Mas sabia que colocariam a gente em algum lugar. – Clint retrucou. Ele estava certo. Tony não pensaria que depois de toda aquela baderna no aeroporto que o governo os deixaria andando livremente por aí.

—É, mas não num presídio de segurança máxima no meio do oceano. Esse lugar é para maníacos, é um lugar para... – Tony não conseguiu terminar.

—Criminosos. – Clint não poderia completar melhor. – Criminosos, Tony. Acho que essa é a palavra que está procurando. Ela não era usada para mim. Nem pro Sam, nem para a Wanda. Mas aqui estamos.

—Vocês burlaram a lei e eu não forcei vocês a fazerem isso. – Tony disse. Clint havia parado de prestar atenção e começou a firular por sua cela. – Olhe, você é adulto, tem esposa e filhos. Não pensou neles antes de escolher o lado errado?

Lado errado? Aria jurava que Tony iria levar. Mas iria levar muito. Quase todos tinham alguém em consideração. Clint tinha sua família, Scott tinha uma filha e Sam tinha Sharon. Eles pensaram muito antes de fazer isso. Wanda também tinha alguém em consideração, mas isso era mais sobre ela mesma. E Aria... nem precisava falar.

—É melhor tomarem cuidado com esse cara. – Clint disse, com raiva. E Aria concordava com tudo. – Ele vai passar a perna em vocês.

Tony estava rondando as celas. Se parasse na frente dela, ela não teria certeza se conseguiria segurar tudo o que estava sentindo dentro de si.

—O Hank Pym sempre diz que não se deve confiar em um Stark. – Scott disse. Porém, acabou sendo calado por outra piadinha infame de Tony. Por fim, o Homem de Ferro acabou na frente da cela de Sam.

—Como está o Rhodes? – Sam perguntou. Ele estava de costas, no fundo da cela. Também estava sentindo o baque que tudo isso causou.

—Vão levá-lo para o departamento médico de Columbia amanhã. Vamos torcer. – Tony respondeu. – Do que precisa? Está com fome?

—É o policial bonzinho? – Sam perguntou, sarcasticamente.

—Só preciso saber para onde o Steve foi. – Tony respondeu.

—Você é um cretino mesmo! – A voz de Aria foi ouvida pela primeira vez na sala redonda. Tony, surpreso, foi para frente da cela dela, e a encontrou ainda sentada no chão. Porém, ela levantou a cabeça para olhá-lo nos olhos. – Por um momento eu achei que fosse meu amigo. Depois de tudo o que vivemos ano passado... mas acho que não. Já que nem o Steve você perdoou.

—Você sabia que havia consequências nisso tudo. – Tony respondeu, cabisbaixo. Ele ainda não conseguia olhar para ela direito sem lembrar de tudo.

O peso na consciência havia batido. A cena dele atingindo Aria e a jogando para longe não parava de repetir em sua mente. Ainda mais depois de descobrir que ela está grávida.

—Olhe, eu acabei de descobrir tudo, ok? – Tony continuou, tentando achar uma maneira de explicar a situação.

—Por isso quer ir atrás do Steve e do Bucky? Vai jogá-los aqui com o resto de nós? – Aria perguntou, se levantando. A expressão no rosto dela não era nada amigável. Pelo contrário. Dava até medo de chegar perto. – Porque se fizer isso, deixe eu ver nas minhas contas... você vai ter conseguido destruir quatro ou cinco famílias!

Tony não conseguia suportar o remorso. Claro, ele não demonstrava, mas aquilo estava destruindo-o por dentro. O olhar de Aria também não ajudava muito. Tony sabia que havia a machucado demais. Ele não a culparia se ela quisesse dar umas bordoadas nele agora.

—Não faça isso... se você ainda tem respeito pelo o que um dia foi nossa amizade, por favor, não faça isso. – Aria implorou, abaixando o tom.

—Deixe ela. – Sam disse, em um tom ameaçador. – Não vai querer piorar a situação.

Tony voltou para a frente da cela de Sam. Sim, o Falcão tinha razão. Aria estava muito abalada, e qualquer coisinha a mais podia levá-la a um desequilíbrio mental. E se isso acontecesse, seria um horror.

—Você vai falar? – Tony perguntou. – É só falar que eu vou embora.

—Já disse que não. – Sam respondeu. – Se quiser tirar alguma informação de mim é melhor chamar o policial mau, porque vão ter que pegar pesado.

Tony começou a mexer em seu relógio de pulso.

—Acabei de cortar o som da vigilância. – Tony disse. – Temos uns 30 segundos antes que percebam o problema.

Tony mostrou uma imagem a Sam. Era um homem, morto em uma banheira.

—Olhe aqui. Este é o sujeito que deveria ter interrogado o Barnes. – Tony disse. – Claramente eu cometi um erro, Sam.

Essa é nova. Tony admitindo que estava errado... ele só fazia isso bêbado, geralmente na presença de Pepper.

—Acho que vai chover... – Até Sam estranhou.

—O Capitão perdeu a noção, mas ele vai precisar de toda a ajuda que conseguir. Não nos conhecemos muito bem, você não tem que... – Tony foi interrompido.

—Tá legal, eu falo. Mas tem que ir sozinho... e como amigo. – Sam disse. – Eles foram para a Sibéria. Foram atrás do falso médico.

Aria sentiu um aperto no coração. Ok, Tony havia dito que iria ajudar, mas mesmo assim ela estava com um pressentimento ruim. Aquilo causou uma sensação de enjoo. Não, era enjoo mesmo. Aria correu para o vaso sanitário de sua cela e botou tudo para fora. É, o primeiro trimestre da gravidez não seria fácil com esses enjoos contínuos.

—Tudo bem aí, Amnésia? – Tony estava na frente da cela dela outra vez.

Ela se limpou e levantou. Esse pequeno episódio fez com que ela ficasse ainda mais pálida.

—Você vai atrás deles? – Aria perguntou, se recompondo. Tony assentiu. – É como o Sam disse, ou você vai como aliado... ou eu vou te assombrar até conseguir quebrar a sua cara. Vai por mim, eu não preciso do soro vermelho da HIDRA para quebrar os ossos dos outros.

—Tá legal, isso já foi estranho demais. – Tony começou a se afastar. – Eu vou nessa, preciso inocentar o pai do seu filho antes que seja tarde. E vou providenciar uns médicos, você vai ficar a cara da Wednesday Addams se continuar vomitando assim.

Tony foi embora, bem quando conseguiram consertar o problema do som da vigilância. Aria sentou-se na cama, pensando que agora pelo menos, teria uma chance de sair dali logo e voltar para Bucky. Mesmo assim... aquele pressentimento ruim não queria deixá-la em paz. E quando ela tinha essas sensações... era porque algo ruim realmente estava para acontecer.

Horas mais tarde, os prisioneiros receberam cada um, uma bandeja contendo comida. A de Aria, porém, havia algo mais. Um bilhete escondido debaixo do prato. Aquilo deu uma pequena gota de alívio a ela.

"Por enquanto você está mais segura onde está. Mas não se preocupe. Eu não esqueci de você, e não vou quebrar minha promessa." – Natasha

*~*

Steve e Bucky já haviam chegado na base siberiana da HIDRA e estavam procurando pelo médico lá dentro. O lugar era enorme, e dava a sensação de que eles estavam procurando há horas. Após vários minutos, quando eles estavam vasculhando um corredor vazio, ouviram um barulho. Porém, quando estavam prestes a atacar o suposto invasor, tiveram uma surpresa. Era Tony.

—Para que essa agressividade toda? – Tony estava tentando apaziguar o ambiente. – Não precisa ficar na defensiva.

—O dia foi bem longo... – Steve respondeu, com um pingo de ironia.

—Sério, podem parar, eu não vim aqui atrás de vocês. – Tony disse.

—Então por que está aqui? – Steve perguntou, agressivo.

—Seus amiguinhos colocaram um pouco de juízo na minha cabeça. – Tony respondeu. – É, eu tenho que admitir, vocês tinham razão. O Ross não sabe que está aqui, então não conte para ele.

—É, aposto que seria bem ruim para você. – Steve respondeu. – Mas diga, onde eles estão?

—No xilindró, todos eles. – Tony respondeu, com um leve tom de remorso. – Por pouco eu e a Natasha não paramos lá também.

—A Natasha não foi presa? – Steve perguntou.

—Não, ela conseguiu fugir. – Tony respondeu. – E do jeito que ela é, o governo não vai achá-la tão fácil.

Bucky estava tendo um pequeno ataque de nervos ali atrás, em silêncio. Todos eles foram presos? Aria principalmente? Mesmo depois de Natasha ter prometido que cuidaria dela? Tony percebeu a expressão do Soldado, que ainda apontava sua arma para ele.

—Ela está bem, está presa, mas está bem. Agora será que dá pra abaixar isso, desmemoriado? Tá rolando uma trégua aqui! – Tony disse.

—Não, ela não está bem! – Bucky, exclamou, com raiva. – Vamos achar o médico e fazer isso rápido. Porque a primeira coisa que eu farei assim que sair daqui é tirar a minha mulher da cadeia!

Steve, vendo a expressão furiosa do amigo, não deixou de pensar no porquê de Natasha ter fugido e deixado Aria ser presa. Talvez ela estivesse em uma situação delicada. Talvez aquele tenha sido o preço para ela própria não ser presa.

Enfim, o objetivo principal ainda era encontrar Zemo, então os três chegaram a um acordo e continuaram a vasculhar a base. Se os outros Soldados Invernais tivessem sido despertados, poderia haver um banho de sangue horroroso. Ótimo, outra coisa para se preocuparem.

Após muito procurarem, acabaram em uma sala onde encontraram as cinco cápsulas contendo os cinco Soldados Invernais. Contudo, não estavam do jeito que eles esperavam. Estavam... mortos.

Se serve de conforto, eles morreram enquanto dormiam. — Uma voz masculina disse. A voz do falso médico. – Acha mesmo que eu ia querer outros iguais a você? Mas eu sou grato a eles... trouxeram vocês aqui.

𝐎 𝐒𝐎𝐋𝐃𝐀𝐃𝐎 𝐄 𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐄𝐋𝐀 | bucky barnesOnde histórias criam vida. Descubra agora