Muito mais que apenas parceiros de missões

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Na manhã seguinte, Aria acordou com uma pequena claridade vinda de uma fresta da janela, não bloqueada pela cortina. Ela abriu os olhos e sorriu ao se deparar com Bucky dormindo tranquilamente, sem gritar, sem se debater. Apenas dormia normalmente. Era como se ele não tivesse mais tido pesadelos depois do que aconteceu entre eles noite passada.

Aria se levantou devagar, para não acordá-lo. Tomou uma ducha rápida, prendeu os cabelos em um coque bagunçado e, na dificuldade de achar suas próprias roupas, vestiu a camisa dele. Por sorte, era grande o suficiente para cobrir certas partes mais íntimas do corpo. Ela acordou com uma fome terrível, então foi logo ver o que tinha de bom na geladeira de Steve.

Ela não achou nada pronto, mas viu alguns ingredientes e resolveu preparar o café da manhã ela mesma. Ela retirou leite e alguns ovos da geladeira, enquanto procurou farinha nos armários. Em 30 minutos, Aria tinha feito panquecas de dar água na boca. Ela pegou a calda na geladeira e uma jarra de suco de laranja, e iria servir na cama mesmo. Porém, o cheiro das panquecas pareceu ter acordado Bucky, pois ele apareceu na cozinha e a abraçou por trás. Ela se virou e apoiou os braços nos ombros dele, lhe dando um selinho rápido.

—Conseguiu dormir bem? – Aria Perguntou.

—Foi a melhor noite em muito tempo. – Bucky respondeu, olhando ao redor. – Você fez panquecas?

—Fiz, eu acordei morrendo de fome. E imagino que você também esteja, devido a quantidade de energia que gastamos ontem à noite... – Ela brincou.

Ele soltou uma pequena risada, antes de parar para analisá-la direito. Ela estava usando apenas a camisa dele. Ele não conseguiu deixar de reparar nas pernas expostas dela. Como ele gostaria de pegá-la no colo, segurando-a pelas coxas e prensá-la na parede, como fez noite passada, agora mesmo. Ela pareceu ter percebido o olhar de malícia que ele estava lançando sobre seu corpo.

—Nem pense nisso, já tivemos a noite toda para fazer isso. – Disse Aria, em um tom repreensivo. – Steve vai chegar daqui a pouco e ele não vai gostar se nos ver assim. Falando nisso, eu tenho que achar minhas roupas...

—Você fica muito mais sexy com a minha camisa. – Disse Bucky, enquanto a observava correr pelo apartamento, procurando por suas roupas.

—Eu estou começando a me lembrar de várias coisas do meu passado com você, mas eu com certeza não me lembrava que você era assim tão... saliente. – Ironizou Aria, enquanto vestia suas roupas recém-encontradas, em outro cômodo.

Ela voltou, devidamente vestida com sua blusa e seu shorts, e entregou a camisa para ele. Realmente, ele estava um pouquinho saliente demais essa manhã, mas Aria estava lutando muito para resistir à visão de Bucky sem camisa.

—É melhor nós comermos antes que eu morra de fome. – Disse Aria, levando as panquecas e o suco para a mesa da cozinha. Na verdade, isso foi só uma desculpa para ela sair do transe. Se ela olhasse para o peitoral de Bucky por mais um segundo, não iria resistir a um terceiro round.

Por mais que Aria não costumasse cozinhar muito, a comida dela não deixava de ser boa. Infelizmente, as circunstâncias de ser uma fugitiva não a permitiam gastar muito tempo cozinhando. Eles terminaram de comer e estavam lavando os pratos, quando ouviram o barulho da porta abrir. Era Steve, e ele estava acompanhado de Natasha. Foi um alívio para Aria e Bucky, pois os dois já estavam prontos para atacar qualquer invasor.

—Steve, Nat! – Disse Aria, indo cumprimentar os dois. – E então, o que aconteceu no encontro ontem? Eu estou curiosa.

—Ah, tanta coisa... por onde eu começo? – Nat respondeu, andando pelo apartamento. Aria foi atrás dela. – Me diga uma coisa primeiro... essas almofadas no chão, alguns quadros tortos... ah, eu não acredito!

Natasha praticamente correu para o quarto e viu a cama toda desarrumada. Ok, Natasha sabia que eles gostavam de dividir a cama, já que dividiram por vontade própria duas, agora três noites seguidas. Mas será que Sam estava certo quando disse que eles estavam "quebrando a cama"? Natasha puxou Aria para dentro do quarto e fechou a porta quase imediatamente.

—Nat, o que foi isso? Ficou doida? – Perguntou Aria, num tom surpreso e indignado.

—Não grite! – Respondeu Nat, sussurrando e tapando a boca de Aria com as mãos. – Só me responda uma coisa. Você e o Barnes, por acaso fizeram... você sabe.

Aria retirou as mãos de Natasha de sua boca lentamente e a encarou com um olhar indiferente.

—Você está querendo saber se nós fizemos sexo? – Aria foi direto ao ponto. – Se essa for a pergunta, a resposta é sim, nós fizemos. Mas por que a pergunta?

Natasha arregalou os olhos e encarou Aria, surpresa com a resposta direta da outra ruiva. Tudo bem que ela era uma máquina de matar quando estava fora de si, mas fora isso, ela parecia ser tão inocente. Só parecia mesmo.

—Se o Steve souber disso, ele mata vocês dois. – Respondeu Natasha, começando a arrumar a cama. Aria a ajudou.

—Nat, você pode estar pensando que... sei lá, que foi cedo demais, afinal eu acabei de encontrá-lo. – Disse Aria, estendendo o lençol e o cobertor na cama. – Mas as minhas memórias me dizem que eu tenho um passado com ele. Mais intenso do que apenas parceiros de missões. Parece loucura, eu sei. Mas eu acho que foi isso que fez com que ele contrariasse a programação dele para me salvar.

Por mais que Natasha estivesse cansada de ouvir a história de como o Soldado Invernal contrariou sua programação para salvar a vida dela, não pôde deixar de notar um brilho no olhar dela. Aria estava colocando os travesseiros de volta no lugar, mas seu olhar estava distante, como se estivesse vivendo aquela cena de novo. A Viúva não estranharia que eles pudessem se apaixonar num futuro próximo, mas nunca suspeitaria que eles sempre sentissem algo um pelo outro. Não assim tão forte. Ela achou que a relação de Aria com Barnes era como a sua com Clint Barton, o Gavião Arqueiro. Uma dívida entre amigos, ou possíveis amigos.

—O que você sente pelo Barnes? – Perguntou Nat, em um tom mais amigável. – Seja sincera.

—Não sei explicar direito... eu sinto que tenho uma dívida com ele, mas também sinto algo mais forte. Toda vez que eu o vejo é como se meu coração batesse três vezes mais rápido. – Respondeu Aria. – Também tenho essa vontade absurda de agarrá-lo o tempo todo.

—Ah, droga. Eu acho que vou vomitar. – Disse Nat, entendendo perfeitamente o que Aria estava dizendo. – Aria, você não sabe, mas eu sei. Você está apaixonada pelo Barnes.

Natasha sabia, porque era praticamente a mesma coisa que ela sentia por Steve. E não era de agora. Sempre que ela via o Capitão, seu coração também batia três vezes mais rápido. Aria estava apaixonada por Bucky. E também não era de agora.

—Então deve ser verdade. – Aria concordou.

*~*

Os quatro se sentaram na sala para conversar sobre o encontro com Sharon Carter. Steve contou a maior parte, omitindo as pequenas brigas entre Sharon e Nat. Segundo Steve, Sharon iria participar da "parte técnica" do time, fornecendo informações e arquivos secretos que possam ajudá-los a descobrir o que a HIDRA pretende fazer com Aria e como poderiam salvá-la.

—Sharon é rápida, ela não deve demorar muito com os primeiros arquivos. – Disse Steve.

—Ela é rápida sim... tão rápida que largou do seu pé para pegar no pé do Sam rapidinho. – Ironizou Natasha.

—Como é que é? – Perguntou Aria, com uma expressão surpresa, que ao mesmo tempo queria rir.

—Ah, Natasha! – Steve a repreendeu.

—Ué, só estou relatando os fatos para a minha amiguinha aqui. – Respondeu Natasha, ainda com seu tom irônico. – Seu amigo Sam tirou a sorte grande e desencalhou.

—O Sam? – Aria estava se segurando para não rir. – É sério mesmo?

—Parem vocês duas, isso é um assunto que só diz respeito ao Sam! – Steve as repreendeu. – E além disso, temos coisas mais importantes para nos preocupar como a segurança do mundo. Se a HIDRA colocar as mãos na Aria novamente, estamos perdidos.

—Eles não vão. – Disse Bucky, fazendo todos o encararem. Ele, no entanto, direcionou seu olhar para Aria. – Terão que passar por cima de mim para encostarem nela.

Aria o olhou de volta e sorriu. Ele podia não estar tão em perigo como ela, mas mesmo assim, ainda corria perigo, e queria protegê-la. Ela simplesmente achou essa reação tão fofa que, se Steve e Nat não estivessem ali, ela teria pulado em cima dele agora mesmo.

Nesse momento, ouviram uma batida na porta. Provavelmente era Sam, já que ele também tinha marcado de se juntar ao grupo. Steve se levantou e abriu a porta. Realmente, era Sam, porém, ele estava acompanhado de Sharon. A loira trazia uma pasta abarrotada de papéis.

—Ei, Cap. Desculpe o atraso. – Disse Sam, o cumprimentando. – A Sharon me ligou dizendo que tinha várias informações prontas e urgentes, e me pediu para buscá-la.

—É, e eu também estava curiosa para conhecer a garota. – Completou Sharon. – Os arquivos dela são impressionantes.

Steve deixou os dois entrarem e os levou até a sala, ao encontro dos outros. Natasha revirou os olhos quando viu a Agente 13 vindo, mas relevou, pois Steve já havia provado que era muito fiel. Sharon fixou os olhos em Aria assim que a viu. Ela parecia... tão diferente do que era nos arquivos. Parecia mais meiga, mais calma. Com um olhar que não era agressivo. Pelo contrário, Aria encarava Sharon de volta com um olhar confuso, como se estivesse constrangida.

—É ela, Sharon. – Steve disse, apontando para Aria. – Aria, essa é Sharon Carter, a agente que irá nos ajudar com os arquivos confidenciais da HIDRA. Sharon, essa é...

—Aria Anastasia Vane. – Sharon o interrompeu, citando um dos arquivos de Aria. – Nascida em 19 de novembro de 1982, filha do Dr. E Sra. Vane, de Manhattan, New York.

—Memorizou minhas informações básicas? – Aria perguntou, com uma voz distante, franzindo a testa.

—Isso é só o começo. – Sharon respondeu, largando a pasta na mesinha de centro. – É impressionante quantos arquivos secretos existem sobre você.

Sharon abriu a pasta e começou a espalhar os arquivos por toda a mesinha. Ali estavam incluídos os arquivos que Natasha passou para ela e mais os arquivos que ela teve que hackear sistemas para recuperar. Aria era um assunto bem difícil de se achar, porém, não impossível. Ali também tinham algumas antigas bases da HIDRA, espalhadas por vários países da Europa e também da América.

—Todas essas bases estão abandonadas? – Perguntou Aria, examinando os arquivos.

—Por um tempo pensei que sim. Mas desde a queda da S.H.I.E.L.D, o que levou a HIDRA junto, eles podem estar se reagrupando em algum desses lugares. – Respondeu Sharon.

—Ou pode ser em uma base nova, que nunca esteve em nenhum arquivo. – Complementou Steve.

Natasha se levantou e pegou uma seção de arquivos que estava na ponta da mesa. Os arquivos em questão, eram puramente fotos de Aria quando ainda era a Sentinela Vermelha. E eram várias. Natasha franzia a testa, conforme ia examinando as fotos.

—O que foi, Nat? – Perguntou Aria, percebendo a expressão aflita da Viúva e se sentando ao lado dela.

Aria arregalou os olhos quando viu o que Nat estava segurando. Aquelas fotos... aquelas expressões de fúria...

—Aria, eu não tinha ideia de que o que eles fizeram com você era tão horrível assim... – Sussurrou Nat, com uma voz aflita.

As fotos mostravam vários estágios da criação da Sentinela. Havia uma com os soros e as máquinas, outra com Aria na época pré-soro, quando ainda tinha cabelos castanhos, onde estava escrito "cobaia projetada". E foi piorando. As próximas mostravam Aria inconsciente na sala de máquinas, as lavagens cerebrais, o soro sendo injetado, e o momento em que ela se levanta com os olhos vermelhos e o olhar de fúria. Natasha ainda não sabia como lidar com esses olhares de fúria de Aria quando estava afetada pelo soro. Ela ainda tinha um certo trauma pelo incidente com o cientista.

Depois, vinham as fotos dela em uma sala que parecia ser usada para treinamento físico. Ela estava vestida com o traje da Sentinela, e parecia estar em uma luta corpo-a-corpo com o Soldado Invernal. Aria olhou de relance para Bucky e viu que ele estava examinando outro punhado de arquivos. Ela se levantou e foi sentar ao lado dele, mostrando a foto.

—Se lembra disso? – Ela perguntou, mostrando a foto.

—Não disso exatamente... mas lembro de já termos treinado assim. – Respondeu Bucky, analisando a foto.

Flashback

𝐎 𝐒𝐎𝐋𝐃𝐀𝐃𝐎 𝐄 𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐄𝐋𝐀 | bucky barnesWhere stories live. Discover now