Lidando com si próprio

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Aria perdeu a noção de quanto tempo estava parada no mesmo lugar, esperando Bucky acordar. De acordo com Steve e Sam, só haviam se passado alguns minutos. Mas para ela, parecia uma eternidade. Agora ela estava sozinha, de frente para ele. Steve e Sam foram para outras partes do galpão, para tentar pensar em como iriam sair dessa situação. Algo que parecia ser impossível, pois todos estavam cansados e estressados.

Aria realmente precisava dormir. Ela perdeu muito sangue, graças à ferida que antes tinha sido aberta em sua perna. Mesmo estancada devidamente, haviam outras partes doloridas em seu corpo. Afinal, ela levou uma surra que não levava há muito tempo. A única coisa que a mantinha acordada, firme e forte, era a ansiedade em ver Bucky acordar e dizer que se lembra dela. Dizer que a ama.

Ela puxou um caixote e se sentou na frente dele. Ela começou a acariciar o cabelo dele, como um incentivo para ele acordar mais depressa. Enquanto fazia isso, ela notou os arranhões em seu rosto. Ele estava sangrando. Provavelmente foi quando o helicóptero caiu. Ela também saiu com arranhões disso.

Aria continuou com as carícias até perceber que Bucky começou a se mexer, de leve. Receosa, ela se afastou e o deixou acordar em paz. Assim que ele abriu os olhos, a primeira coisa que viu foi a figura de Aria parada na sua frente, com um olhar preocupado.

—Aria? – Ele a chamou, sua voz estava fraca. – É você?

—É, sou eu. – Ela respondeu, aliviada. – Você se lembra de mim, isso é bom.

Ela voltou a se aproximar e a sentar na frente dele. Bucky olhou para o lado e percebeu que seu braço metálico estava preso. Ele abaixou a cabeça, com vergonha, imaginando o que teria feito de tão grave para que fosse preso.

—Aconteceu de novo, não foi? – Bucky perguntou. – Aria, eu machuquei você?

—Foi um acidente, nada disso foi sua culpa. – Aria respondeu, segurando a mão livre dele. – Além do mais, o senhor gato voador também tem culpa no cartório.

Ela se inclinou e beijou seus lábios. Algo que não tinha a liberdade de fazer desde que estavam na Romênia. Ele parecia relutante, com medo de machucá-la. Mas, quanto mais ela insistia, mais ele se entregava. Aria se levantou e sentou no colo dele, de pernas abertas. Eles não podiam fazer muita coisa com Steve e Sam por perto, mas agora, parecia que qualquer distância era muita.

—Eu fiquei preocupada. – Aria disse, após terminar o beijo. – Eu soube que era um mau sinal assim que aquele médico entrou na sala.

—Eu também estava preocupado. – Bucky respondeu, segurando Aria com sua mão livre. – Não com o que iriam fazer comigo, mas com você. Fiquei imaginando o que estariam fazendo com você.

—Isso é loucura. – Aria respondeu. – Você é quem estava sendo procurado, você foi mantido numa cela de segurança máxima, você foi torturado e, ainda sim, estava preocupado comigo?

—É claro que eu estava. Você é minha mulher, não posso deixar nada de ruim acontecer com você. – Bucky respondeu, abaixando sua mão. – E mesmo assim... fui eu quem te machucou. E por isso eu não me perdoo.

—A culpa não foi sua, eu já disse. O médico estava com aquele livro que você perdeu, você não tinha como saber. – Aria respondeu, segurando o rosto dele. – Se alguém me machucou, foi ele.

Aria voltou a beijá-lo, mas antes que a coisa se prolongassem, foram interrompidos.

—Espero não estar atrapalhando o casalzinho aí, mas estamos com um prazo apertado. – Sam disse, com uma voz autoritária. – Ei, Cap! Ele acordou!

Aria saiu quase imediatamente do colo de Bucky, com um pulo, assim que escutou a voz de Sam. Segundos depois, Steve apareceu. Ele estava diferente, sua postura estava firme. Era como se ele encarasse Bucky como se ele fosse um estranho. E realmente, havia essa opção. Depois de tudo o que aconteceu, qualquer coisa era possível.

—Com qual Bucky eu estou falando? – Steve perguntou, firme.

—Steve... – Aria o interrompeu, mas Sam fez um sinal para ela ficar quieta.

—O nome da sua mãe era Sarah. – Bucky respondeu. Ele parecia distante, como se estivesse tendo um flashback. – Você colocava jornais nos calçados.

—Ele não saberia disso se não fosse ele. – Aria disse, tão firme quanto Steve.

—E por isso devíamos ficar tranquilos? – Sam perguntou, olhando para Aria. – Pelo o que eu vi aqui, você está mais do que tranquila, não é?

—Eu juro que vou te bater... – Aria respondeu, em um tom ameaçador.

—Fora ferir a Aria... o que mais eu fiz? – Bucky perguntou, diretamente para Steve.

—Fez o suficiente. – Steve respondeu, ainda firme.

—Eu sabia que isso ia acontecer... – Bucky respondeu, cabisbaixo. – Tudo o que a HIDRA colocou dentro de mim ainda está aqui. Foi como aquela vez no Triskelion. Ele só precisou dizer aquelas palavras e esperar fazer efeito.

—Quem era aquele médico? – Steve perguntou.

—Eu não sei. – Bucky respondeu.

—Pessoas morreram. A bomba, a armação, ele fez tudo isso para passar dez minutos sozinho com você, eu quero uma resposta melhor do que "eu não sei". – Steve respondeu, em um tom autoritário.

Aria estava começando a ficar preocupada, ela nunca tinha visto Steve agir dessa maneira, tão... nervoso. Porém, quando ela pretendia tomar uma providência, Bucky começou a falar.

—Ele queria saber sobre a Sibéria... onde eu ficava. – Bucky respondeu. – Queria saber exatamente onde era.

—Por que ele queria saber isso? – Steve voltou a perguntar.

Sibéria. Era uma das maiores bases da HIDRA. Aria sabia disso porque foi mantida lá por uns tempos. Ela se lembrava pouco, mas o que se lembrava... era assustador.

—Porque eu não sou o único Soldado Invernal. – Bucky respondeu. Droga, era isso o que Aria temia.

Aria não tinha vontade própria quando estava no modo Sentinela Vermelha, isso não é novidade. Mas não quer dizer que ela era uma zumbi ambulante. O que ela via, o subconsciente dela captava. E assim que Bucky disse que não é o único Soldado Invernal, ela se lembrou de já ter visto os outros. Ela viu apenas de relance, e não se lembrava de quantos eram. Mas eles ficavam adormecidos dentro de cápsulas de gelo, assim como ela e Bucky. Ela nunca os viu em ação. Nunca nem os viu acordados.

—É verdade, Steve. – Aria disse. – Eu mesma já os vi. A HIDRA costumava mantê-los adormecidos o tempo todo, eu nunca soube o porquê. Mas deve ter acontecido algo grave para isso.

—Eu já os vi em ação. Foi há muito tempo, muito antes da Aria ser minha parceira de missões. – Bucky completou, enquanto Aria abria a prensa que prendia seu braço metálico.

—Quem eram eles? – Steve perguntou.

—O maior esquadrão de elite. – Bucky respondeu. – Mais mortais que qualquer um na história da HIDRA, e isso antes do soro.

—Todos eram iguais a você? – Sam perguntou.

—Piores. – Bucky respondeu. – Eles tinham um instinto tão assassino que nem a própria HIDRA deu conta deles. Por isso foram mantidos em estado criogênico todos esses anos.

—O soro implantado neles... era igual ao meu? – Aria perguntou.

—Não. Era mais forte e mais ácido. O seu foi feito exclusivamente para você. Se tivessem usado aquele soro em você... provavelmente teria morrido na primeira aplicação. – Bucky respondeu.

—Se nem a HIDRA conseguiu controlá-los... não há quem consiga, não é? – Aria perguntou.

—O médico... se ele conseguiu fazer tudo isso... pode ter um jeito de ele conseguir controlá-los? – Steve perguntou.

—Talvez. – Bucky respondeu. – Depois do que aconteceu hoje, nada é impossível.

—Ele disse que queria ver um império cair... – Steve disse, cabisbaixo.

—Com esses caras ele conseguiria. Eles falam trinta línguas, podem se esconder em plena vista. Se infiltrar, assassinar, desestabilizar, podem tomar um país inteiro em uma única noite sem ninguém se dar conta. – Bucky respondeu.

—E nós somos o quê? Ken e Barbie versão terrorista soviética? – Aria perguntou, frustrada. – Não somos nenhuma dupla de inúteis, nós podemos dar conta deles se quisermos.

—Não, não podemos... você não os viu como eu vi. – Bucky respondeu, cabisbaixo.

Sam e Steve estavam mais afastados, e pareciam preocupados. Qualquer um estaria preocupado no lugar deles.

—Isso vai ser pesado... vamos precisar de ajuda. – Sam disse.

—O Tony não vem, o tratado não vai deixar ele nos ajudar... – Steve respondeu.

—É, além disso é bem capaz de ele nem acreditar em nós para começar... – Sam concordou. – Mas e a Nat? Será que ela vem se você explicar tudo?

Steve suspirou e olhou para baixo. Nat estava se tornando um assunto cada vez mais complicado desde que os dois divergiram em opiniões sobre o tratado. E ele sentia cada vez mais falta dela.

—A Nat está no meio do fogo cruzado com o tratado e a bomba, eu não quero causar mais problemas para ela. – Steve respondeu, atordoado. – Estamos nessa por conta própria.

—Talvez não. – Sam respondeu. – Eu conheço um cara.

—E quem seria? – Steve perguntou, cruzando os braços.

—Ele tentou invadir o complexo ano passado. – Sam respondeu. – O cara consegue ficar do tamanho de uma formiga e te dar uma surra sem você nem perceber. E ele meio que me deve um favor.

—Ótimo. Ainda sim, precisamos de mais gente. Primeiro temos que tirar a Wanda do complexo. – Steve disse. – Talvez Clint possa ajudar... ele está aposentado, mas é o único na América em quem podemos confiar para fazer isso.

—E quanto as suas armas? – Aria perguntou, se juntando à conversa. – Ainda estão com o Ross, não estão?

—Eu posso dar um jeito nisso. – Sam respondeu. – Vou ligar para a Sharon.

—Só espero que ela não fique encrencada... – Aria respondeu, voltando para perto de Bucky.

Eles teriam que esperar enquanto Sam falava com Sharon. Bucky continuava cabisbaixo, e doía em Aria vê-lo daquele jeito. Isso a fez pensar em como suas vidas estavam ótimas, menos de 24 horas atrás. E provavelmente demoraria para que voltassem a ser ótimas.

—O que eu tenho que fazer para você entender que a culpa não foi sua? – Aria perguntou, segurando o rosto dele com uma mão. Porém, ele a retirou e a segurou com a sua.

—Você se culpa pelas coisas que fazia quando estava sob efeito do soro vermelho? – Bucky perguntou. Ela olhou para baixo e hesitou em responder.

—A única coisa que me permite dormir à noite... é dizer para mim mesma que a culpa não foi minha. – Aria respondeu, mais séria.

—Mesmo assim. O que eu fiz hoje... Aria, o que eu fiz hoje é algo que eu jurei que nunca mais faria. – Bucky respondeu. – Eu não queria, mas não tive escolha. Eu feri pessoas com minhas mãos. Eu feri você. Eu não sei o que eu faria se algo pior tivesse acontecido com você.

—Sabe de uma coisa? Sim, você estava descontrolado hoje. Estava surrando qualquer um que aparecesse em sua frente. – Aria respondeu, frustrada e irritada. – Mas quando era eu quem aparecia, você hesitava, porque sabia que era eu. Eu quase te trouxe de volta, três vezes. Mas sempre aparecia algo ou alguém para interromper. Ainda não entendeu? Nosso amor é mais forte do que qualquer coisa que a HIDRA fez conosco. Nós nunca iremos machucar um ao outro.

Bucky não aguentou mais e puxou Aria para um beijo sedento de paixão. Ele queria tirar as roupas dela e destroçá-la ali mesmo, mas infelizmente não podia. Não quando estavam sendo caçados pelo mundo e mais um pouco. Mas a cada minuto que passava, mais ele a queria, mais ele a amava. Se não fosse por ela, ele provavelmente teria perdido o controle há muito tempo.

—Eu te amo tanto... – Ele sussurrou, após desgrudarem as bocas.

—Eu te amo mais... – Ela sussurrou de volta.

—Já é a segunda vez! Eu estou ao ponto de dar cinquenta dólares só para vocês pararem com isso! – Sam os interrompeu... novamente.

—Ah, fala sério! Sam, você é o maior empata fo... – Aria foi interrompida por Bucky, que usou a mão para tapar a boca dela.

—Não diga isso na frente do Steve... – Bucky disse, antes de soltá-la.

—Vamos, estamos indo embora. – Sam disse. – A Sharon disse que vai nos encontrar em outro lugar daqui a meia hora, com nossas coisas. E ela também disse para arrumarmos um carro de fuga.

—Carro de fuga, não é? – Steve perguntou, com cara de quem estava bolando algo. – Acho que tive uma ideia.

*~*

—Se algum dia eu conseguir mexer minhas pernas outra vez, me lembrem de matar o Steve. – Aria reclamou, totalmente encolhida no "carro de fuga".

—Foi a coisa mais discreta que eu imaginei, achei que serviria. – Steve respondeu. – Além do mais, não é tão mau assim.

O tal "carro de fuga" que Steve tinha arrumado era um fusca azul minúsculo. Enquanto Steve e Sam sentavam mais confortáveis nos bancos da frente, Aria e Bucky estavam espremidos no banco traseiro.

—Ah, é claro que não, você está todo folgado aí na frente, não é? – Aria perguntou, sarcástica. – Eu estou espremida igual a uma barata aqui atrás!

A verdade era que Bucky estava muito mais espremido do que Aria. Ele estava sentado atrás de Sam, e Sam fazia questão de se esticar o máximo possível, deixando Bucky preso em um cubículo.

—Pode chegar o banco para a frente? – Bucky pediu.

—Não. – Sam respondeu, como se estivesse adorando tudo aquilo.

—Sam... eu vou te bater. – Aria o ameaçou, outra vez.

—Caramba, o que aconteceu com você no último ano? Saudades de quando você era minha parceira de zoar as cantadas do Steve... – Sam reclamou, chegando o banco para frente. Mesmo assim, os dois ainda estavam espremidos ali atrás.

Eles chegaram ao ponto de encontro e viram Sharon, que já tinha chegado. Sam e Steve desceram para falar com ela, enquanto Bucky e Aria resolveram esperar no carro.

—Sabe... até que no fim das contas, não é tão ruim assim estar espremida aqui atrás. – Aria disse, sentando mais perto de Bucky.

—Poderia ser melhor, com mais espaço dava para fazer mais coisas. – Bucky respondeu, colocando seu braço ao redor dela. – Mas já que é tudo o que temos... é melhor aproveitar.

—Temos uns três minutos antes de eles voltarem para o carro. – Aria disse. – O que você sugere?

—Sugiro para você não gemer tão alto... – Bucky respondeu, maliciosamente, levando sua mão ao encontro com a intimidade de Aria, tocando-a por dentro das roupas. Ela estremeceu na hora.

—Você é do mal... e se não der tempo? – Aria perguntou, tentando não gemer.

—Vai dar tempo... é só se concentrar. – Bucky respondeu, estimulando-a mais delicadamente.

*~*

—Olha, acho que vocês não entenderam o conceito de um carro de fuga. – Sharon disse, olhando para o fusca azul minúsculo que Steve havia arrumado.

—Eu avisei, mas será que ele me escuta? – Sam perguntou, ironicamente.

—Ah, é bem discreto. – Steve respondeu, tentando se defender.

—Ótimo. Porque essas coisas chamam muita atenção. – Sharon respondeu, abrindo o porta malas. O escudo de Steve e as asas de Sam estavam ali, junto com mais outras coisinhas. – Cobrei uns favores e também consegui recuperar o equipamento dos outros dois.

—Obrigado mesmo. Te devemos mais uma. – Steve disse, olhando para as coisas do porta malas.

—Eu até já sei como pagar... – Sam disse, encarando Sharon de forma maliciosa. Ela percebeu e rolou os olhos, de forma irônica.

—Eles virão atrás de você. – Steve disse. – É melhor estar preparada.

—É, eu sei. Estou esperando por isso. – Sharon respondeu, voltando seu olhar para Sam. – E você... vê se toma cuidado.

Sam se aproximou de Sharon e deu-lhe um beijo apaixonado. Steve virou o olhar para dar privacidade aos dois, mas infelizmente, ele não tinha para onde olhar. Aria e Bucky também estavam se beijando de forma intensa, dentro do fusca. Como Natasha fazia falta nessas horas...

Por outro lado, Natasha também sentia falta de Steve, e muita. Ela poderia estar aliada a Tony, mas no fundo, não queria prender Steve. E depois de convencer T'Challa a se juntar à equipe, e Tony ter voltado para a América para buscar dois novos recrutas, ela se sentia mais só do que nunca. Seu lado racional falou mais alto, e a mandou ficar ao lado do tratado. Mas seu lado emocional implorava para que ela jogasse tudo para o alto e fosse atrás de Steve sozinha.

*~*

Aria reprimiu um gemido alto quando Bucky a fez chegar ao ápice. Geralmente, ela preferia que ele fizesse isso com sua mão humana. Porém, a mão metálica também conseguia ser incrivelmente prazerosa. Bucky retirou sua mão de dentro dela e a puxou para um beijo. Tanto faz se Steve e Sam entrassem no carro agora. Ninguém iria estragar aquele momento.

—Depois que pegarmos aquele desgraçado, eu vou te compensar por isso... – Aria disse, ofegante, após terminar o beijo.

—Eu vou cobrar... – Ele respondeu, sorrindo de canto e apertando a coxa dela.

—Deu, acabou, se quiserem continuar, a gente pode deixar vocês dois num motel. – Sam disse, entrando no carro, com Steve.

—Três vezes, é um novo recorde... – Aria respondeu, sarcástica. – E aí, para onde vamos agora?

—Para o aeroporto. – Steve respondeu. – Vamos encontrar com Clint, Wanda e o recruta do Sam. Depois disso, vamos pegar o helicóptero e ir direto para a Sibéria.

—Ótimo, porque eu preciso descarregar minha raiva em alguém antes que eu descarregue no Sam. – Aria respondeu, irritada. – Três vezes, eu juro que isso vai ter volta!

—É essa mania que vocês dois tem de quererem fazer coisinhas no meio do serviço! – Sam retrucou. – Eu ainda não entendi como é que você ainda não está grávida.

—Pela terceira vez, eu vou te bater! – Aria respondeu, quase matando Sam.

—Aria, guarde essa raiva para o médico. – Steve interviu, impedindo uma tragédia.

O resto da viagem foi tranquila, até chegarem no aeroporto. Assim que chegaram lá, viram uma van branca estacionada. Steve estacionou o fusca e todos saíram. Clint saiu de dentro da van, indo cumprimentar Steve.

—Capitão. – Clint disse, apertando a mão de Steve.

—Se tivesse outra opção, não teria chamado você. – Steve respondeu. O clima entre eles parecia estar mais leve do que estava um ano atrás. Deve ser pelo fato de Steve ter descoberto que Clint tem esposa e filhos, e que nunca teria nada com Natasha que não fosse amizade.

—Deixe disso, está me fazendo um favor. – Clint respondeu. Nessa hora, Wanda desceu da van. – E eu meio que tinha uma dívida.

—Wanda, obrigado por ficar do nosso lado. – Steve disse, encarando a feiticeira.

—Já era hora de eu me levantar e agir... – Wanda respondeu, timidamente. Porém, sua expressão mudou quando ela avistou Aria. – Aria? É você?

—Wanda? Nossa, quanto tempo! – Aria respondeu, indo até Wanda e a abraçando. – Eu sabia. Sabia que quando nos encontrássemos outra vez, estaríamos do mesmo lado.

—É uma forma de pagar por todo o mal que eu fiz a você... – Wanda respondeu, abaixando a cabeça.

—Pare de se culpar. Se não fosse você, eu teria morrido naquela noite em New York. – Aria respondeu, segurando os ombros de Wanda. – A propósito... sinto muito pelo seu irmão.

—Tudo bem... – Wanda respondeu, cabisbaixa. – Já faz muito tempo...

—Cadê o outro recruta? – Steve perguntou.

—Ele estava ansioso para vir. A viagem deu uma canseira... mas ele está bem. – Clint respondeu, abrindo a porta de trás da van, revelando Scott Lang, o tal recruta adormecido. Porém, ele acordou com o barulho da porta abrindo.

—Ah, que fuso horário é esse? – Ele perguntou, descendo da van. Contudo, sua canseira pareceu desaparecer instantaneamente assim que ele pôs os olhos em Steve. – Capitão América!

—Sr. Lang. – Steve o cumprimentou, apertando sua mão.

—É uma honra! – Scott respondeu, ainda apertando a mão de Steve. – Estou apertando a sua mão muito tempo? Uau, isso é incrível! O Capitão América! Eu te conheço também, você é ótima.

Wanda estava quase gargalhando com a empolgação de Scott, mas se conteve. Aria franziu a testa, olhando alternadamente para Scott e Wanda.

—Fala sério, ele nunca viu um super herói na vida? – Aria perguntou para Wanda, sussurrando.

—Fora o Sam, acho que não... – Wanda respondeu, sussurrando.

—O Sam não é um herói, ele é um pé no saco. – Aria respondeu, fazendo Wanda dar uma risada.

—Olha eu só queria dizer que, eu sei que você conhece várias super pessoas, então obrigado por pensar em mim. – Scott disse, ainda empolgado, voltando seu olhar para Sam. – E aí, cara?

—Fala aí, Zé Pequeno. – Sam o cumprimentou.

—Eles te falaram o que iremos enfrentar? – Steve perguntou.

—Algo sobre... assassinos psicopatas? – Scott perguntou.

—Nós estamos fora da lei dessa vez. – Steve respondeu. – Se vier, vai ser procurado.

—Para mim, isso não é novidade nenhuma. Eu sempre estou fora da lei. – Aria sussurrou, sarcasticamente.

—Ok, isso é normal para mim. – Scott respondeu.

—Temos que ir embora. – Bucky disse, para a surpresa de todos. Ele estava calado, afastado até agora. Aria saiu de perto de Wanda e voltou para perto dele.

—O helicóptero está pronto, é só ir lá e pegar. – Clint respondeu. Nessa hora, uma voz em alemão ecoou pelos alto-falantes.

—Estão evacuando o aeroporto. – Bucky disse, traduzindo o que a voz havia falado.

—Isso é coisa do Tony, só pode... – Aria respondeu.

Steve olhou para os companheiros de equipe. Se a evacuação do aeroporto era obra de Tony, significava que chumbo grosso estava para vir.

—Vamos nessa. – Steve disse. – Vistam seus trajes.

Quase imediatamente, Clint começou a tirar sacolas de dentro da van e as jogando no chão. Provavelmente continham os trajes e equipamentos dele mesmo, de Wanda e de Scott. Steve fez o mesmo com o fusca, retirou seu traje, o de Sam e as caixas contendo os trajes de Bucky e Aria.

Poucos minutos depois, Steve estava com seu usual traje de Capitão América, Sam estava com seu traje de Falcão, com suas asas, Scott com seu traje de Homem Formiga e Clint com seu traje de Gavião Arqueiro.

Wanda estava com um novo traje de Feiticeira Escarlate. Ela trocou o vestido por calças e um longo casaco vermelho, com um corpete da mesma cor. Bucky estava com um traje alternativo do Soldado Invernal, um pouco menos ameaçador do que o original. Aria estava com seu cropped original da Sentinela Vermelha. Como Sharon conseguiu recuperar aquilo, ela não sabia. Parte do traje original incluíam as calças de couro e a bota de salto baixo. Também tinha um item alternativo, uma jaqueta preta com detalhes em vermelho-sangue.

Aria se sentiu estranha ao colocar aquele traje de novo. Devia ser porque agora, a cor do cabelo não combinava mais com o resto. Ou porque ela mesma não combinava mais com o traje. A Sentinela Vermelha era uma arma da HIDRA, uma marionete. Não era mais quem ela era. Talvez fosse a hora de Aria trocar de identidade.

Os equipamentos deles também não ficavam para trás. Fora o escudo de Steve e as asas de Sam, ainda tinham o arco de Clint, Asa Vermelha, o mascote voador de Sam (que ele jurou não ter nomeado em homenagem à Aria), o próprio traje de Scott, que já era uma arma e tanto, e as armas de Bucky e Aria.

Algum dia, Aria iria descobrir como foi que Sharon recuperou praticamente todo o seu arsenal em poucas horas. Ela havia recuperado sua sniper modificada e suas luvas de força dobrada para impacto, coisas que ela não via há anos. Porém, suas adagas estavam quebradas. Mas não necessariamente precisariam ser jogadas fora. Aria apenas precisou de paciência para juntar as lâminas quebradas com suas luvas, fazendo-as de garras. Elas entravam e saíam por um buraco que Aria abriu nas luvas. Desse jeito, poderia ter facas nas mãos na hora que quisesse.

Quando Bucky viu que suas armas não estavam em um bom estado, Aria o deixou ficar com sua sniper. Afinal, agora ela podia fazer um belo estrago com aquelas luvas. Depois que todos estavam devidamente vestidos e equipados, eles partiram para o aeroporto, para finalmente pegar o helicóptero e ir para a Sibéria. Contudo, essa ida não seria assim... tão tranquila.


Continua

𝐎 𝐒𝐎𝐋𝐃𝐀𝐃𝐎 𝐄 𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐄𝐋𝐀 | bucky barnesOnde histórias criam vida. Descubra agora