Capítulo 5.

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Ayuli Vitória.

Já era domingão da outra semana, tava num almoço na casa dos meus avós que eles resolveram fazer, aí juntou geral. Aqui é sempre assim, qualquer oportunidade da família reunir, a gente reúne.

Só assim pra dar uma diferenciada mesmo, minha semana foi puro tédio. Fiquei só em casa limpando as coisas, dormindo, comendo e assistindo. Até liguei lá na amiga da minha avó, a do cabeleireiro, mas ela disse que não tava pegando. O jeito vai ser entregar mais currículo e ver no que dá, mas agora eu tava pensando em ir entregar uns fora de Paraisópolis. Quem sabe, né?!

-Iti plima, quenhé o neném mais lindo, quem é?-Levantei o Vinícius no ar e ele começou a gargalhar. Amo demais esse bebê, coisa mais linda! Ele é filho do meu tio Fernando com a esposa dela, a Jéssica. Meu único primo, o resto ainda não tem filho, não tem nem mulher. Só o Dante que namora, mas ela na casa dela e ele na dele. Meus tios tudo galinha também, ninguém para com ninguém. O Leonardo até chegou a noivar, mas antes de casar brigaram feio e aí terminaram. Nunca mais ouvi falar da ex dele.-Ele tá crescendo, né? Tá mais pesadinho, que coisa linda.

A Jéssica concordou sorrindo e eu escutei a voz do Jhonatan perguntando por mim lá fora.

-Pega ele aqui que eu vou lá fora rapidinho.-Dei um cheirinho nele e entreguei pra mãe dele, depois já fui saindo enquanto escutava meu pai brigar com alguém.

-Não é pra dar, Jhonatan. Não é pra dar pra ela não, caraio.

-Não é pra dar o que?-Saí pra fora do portão, vendo eles tudo sentado na rua bebendo cerveja e o Jhonatan parado com um cachorrinho filhote nos braços.-Ai que lindinho, meu Deus... Da onde ele veio?

Era um vira-latinha bem pretinho, coisa mais linda do mundo. Cheguei perto deles e o Jhonatan já me entregou ele. Todo peludinho, tava bem limpinho, com um cheirinho bom.

-Trouxe pra você, mas teu pai não quer deixar tu ficar não.

-Ô seu pau no cu, falei pra tu não inventar, agora ela vai ficar enchendo meu saco. Nem me olha assim, Ayuli, não quero cachorro em casa não.

-Ô, pai, por favor. Para de ser ruim pai, olha que coisinha mais linda, você vai ter coragem de deixar ele abandonado?-Mostrei o cachorrinho pra ele e ele me olhou com deboche e negou com a cabeça.

-Não inventa.

-Eu vou ficar com ele, pai.

-Não vai.

-Vou sim!

-Não vai, Ayuli!-Fiz biquinho olhando pro cachorrinho que começou a lamber a minha mão e olhei pros meus tios que tavam só olhando a cena. Não tem uma alma boa pra tomar partido de mim e do pobre do cachorrinho, Deus que me livre.

-Que que foi que vocês tão brigando?-Minha mãe apareceu com um copo americano com cerveja na mão e eu fui pra perto dela.

-Olha mãe, nosso cachorrinho novo. Que lindo, né? O Jhon que me deu.-Minha mãe que já é doida por bixinho já me entregou o copo e pegou ele no colo.

-Não vai ficar com esse cachorro, eu já falei.-Olhei pro meu pai e virei pra minha mãe de novo.

-Vamo ficar sim! Olha que bonitinho, Victor? Coisa mais lindinha.-Eu ri e meu pai já cruzou os braços. Ele que lute, porque eu vou ficar com o cachorrinho sim!

Corri pro Jhonatan que tava parado em pé com os braços cruzados só olhando só a cena e passei o braço na cintura dele. Senti os braços dele em volta de mim e coloquei meu rosto no peito dele, que era onde eu batia mesmo.

-Brigada, Jhonatannn. Eu amei demais, juro por tudo. Ele é lindo... brigada mesmo.-Ele beijou o tipo da minha cabeça e eu tirei o rosto do peito dele e dei um sorrisão, depois já voltei pra pegar o bixinho no colo.

EM SP NÃO EXISTE AMOR.Where stories live. Discover now