-Isso é hora de chegar em casa, Ayuli? Eu não vou nem te falar nada, na moral. Nem avisa, deixa os outros preocupado.-Foi eu entrar da porta de casa pra dentro que meu pai já começou o discurso. Eu tava tão leve que nada me abalaria não, tava realizada.
Minha mãe nem falou nada, só me deu uma olhadona e ficou na dela.
-Eu tava com o Jhonatan, pai, desculpa. Acabei dormindo e não lembrei de avisar.
-Nossa, e ficar com o Jhonatan é desculpa pra sumir desse jeito? Pensei que tu tinha sido sequestrada, já tava botando Paraisópolis inteira atrás de você.-Dei uma risadinha e abracei o pescoço dele.
-Desculpa pai, não vou fazer de novo não, tá?-Fui na direção da minha mãe e dei um beijo na bochecha dela que já me olhou estranho. Deusolivre, minha mãe parece que sente as coisas. É que nem as mães crente que sonha com os filhos fazendo merda, só que a minha mãe nem sonhar ela sonha, ela sente na alma mesmo.
-Desce pra jantar, fiz macarrão com queijo.-Concordei com a cabeça e já fui subindo pro quarto feliz da vida.
Ooooo senhor, muito obrigada pai, pela dádiva de ser uma mulher persistente e batalhadora, porque se eu não fosse eu tava era lascada.
Me joguei na cama sem acreditar ainda e já senti uma dorzinha na preciosa, mas nem liguei. Cheirei o moletom do Jhonatan e já fechei o olho, só sentindo o cheiro forte do Malbec dele.
Corri pro banheiro e já tomei um banho, aproveitei pra lavar o cabelo, porque eu já tava sentindo minha cabeça toda suada e morro de agonia.
Terminei o banho e coloquei a calcinha de vovó que eu tinha pego, o moletom dele, um short preto curtinho por baixo e uma meia daquelas peludinhas. Meus looks de pijama são dez vezes melhor.
Já peguei minha roupa do baile e coloquei na máquina de lavar e desci pra jantar, passei direto pra cozinha e comecei a pegar minha comida.
Minha mãe entrou na cozinha e colocou o prato na pia, depois parou do meu lado.
-Aconteceu alguma coisa de interessante que você queira contar pra sua mamãe?-Olhei pra cara dela e neguei com a cabeça.
-Não... Acho que não.
-Eu acho que tem sim, você tá com uma cara de suspeita... Sabe, eu fico triste de verdade. Te carreguei no meu ventre por quase nove meses e você me esconde as coisas desse jeito.-Começou a fazer o drama dela, mas falou baixo pro meu pai não escutar. Dei uma risadinha, ouvindo ela, e tampei as panelas.
A língua coçou pra contar, de verdade. Eu sou o tipo de filha que conta tudo pra mãe, mas era aquilo, sigilo se Deus quiser vai ser a garantia do replay. Vou ficar quieta mais um tempo, caso não rolar mais nada eu conto.
Eu até sei que ela não faria nada se soubesse, só me aconselharia muito, mas também não é uma coisa só minha. Não vou correr o risco de causar algum tipo de problema pro Jhonatan, assim como eu sei que ele não faria se fosse ao contrário.
-Eu te amo, a senhora sabe, né? Você é a melhor mãe do mundo.-Coloquei o prato em cima do balcão e abracei ela que já retribuiu. Odeio esconder as coisas dela.
-Eu também te amo, meu amor... A mãe pega no seu pé, mas você é a pessoa mais importante da minha vida.-Dei um sorriso e continuei abraçada dela.-Quando você puder me contar, me conta, tá? Você pode falar o que quiser comigo, entre a gente não tem babado nenhum.
Ela falou baixinho e eu concordei com a cabeça.
-Eu conto mãe, prometo!
-Nossa, que que tá rolando? Eu quero abraço também.-Meu pai entrou na cozinha e a gente riu. Essa pose de durão que ele tem é só faixada, ele deita demais pra gente, principalmente pra minha mãe.
-Ta carente, pai?-Ele vaio abraçando nós duas e só concordou com a cabeça.
-Sua mãe está me deixando muitíssimo triste.-Ela olhou com deboche pra ele e eu coloquei minha cabeça no peito dele.
-Por que?
-Ela num quer me dar.-Me afastei rápido deles e ele riu alto, enquanto ela só dava uns tapinhas nele.-Dar atenção e carinho, atenção e carinho, caralho. Tô zuando.
-E é por essas e outras que eu faço terapia, Deus tende misericórdia.-Peguei meu belo prato de comida e catei meu rumo pra sala. Aqui é muito difícil ter esse bagulho de comer em mesa, cada um pega seu prato e vai pra um canto.
Aproveitei que eu tava sem nada pra fazer mesmo e fui postar a fotinha que eu tinha tirado antes do baile.
AyuliVitória
I 🖤 Paraisópolis!
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Melhor que nenhuma, mas diferente de muitas!💖
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Depois de um tempo peguei o celular pra os comentários e as curtidas da minha foto e fui respondendo alguns, Jhonathan só curtiu mas nem comentou nada. Continuei respondendo conforme os comentários iam chegando e quase caí pra trás quando chegou um de uma conta bloqueada, nem foto tinha.
Eu fiquei chocada de verdade, até porque nem quando eu estudava e as meninas viviam querendo me catar ninguém nunca veio comentar em nada meu não. Eu ri muito, tem que ser uma pessoa muito desocupada, né?
No comentário tava assim:Fica pagando de relóginho de correntinha de ouro mas é patrocinada pelos pais. Da p ver o nível da mulher pelo porte dela, né? Essas suas roupas de piranha não te torna mas gostosa não, filhona. Vc é vulgar e se eu te tromba na rua cê fica esperta que o que é teu tá guardado, momento ótimo pra mim dar uns tapas nessa sua cara feia. Xoxa!!!
O certo era eu não dar palco pra maluco e ignorar. Ignorei? Não mesmo, respondi sim.
"Já dizia Gabi Prado:"mim" não conjuga verbo. O certo é:"para EU dar uns tapas nessa sua cara". Antes de vir perder tempo comentando merda nas minhas postagens, vai estudar um pouco q vc tá precisando. Que todo seu recalque volte em amor próprio, viu, more?"
Depois de um tempo chegou a resposta, mas eu não quis ler pra não esquentar minha cabeça. Deixa estar... Tudo o que você faz, volta pra você, né? Então. Lei do retorno não falha não.
