Capítulo 58.

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Ayuli.

-A gente vai voltar?

-Lógico, né, Ayuli? É o meu irmão.-Jhonatan passou a mão na cabeça totalmente nervoso e eu respirei fundo e concordei com a cabeça. Meu avô ligou desesperado falando que o tio Dante tava no hospital em estado grave, capotou o carro no Rodoanel. Eu procurei no Google e tinha até notícias falando do acidente.

Levantei do sofá e abracei ele.

-Então a gente volta... Vai ficar tudo bem, calma.-Ele só concordou com a cabeça e já abriu o guarda-roupa pegando uma mala de lá e foi jogando as roupas dele tudo bagunçadas pra dentro.

Eu nem falei mais nada até porque quando ele tá nervoso assim ele só quer ficar no canto dele, não gosta de ninguém encostando e nem falando com ele.

Peguei uma mala e comecei a fazer a mesma coisa que ele, fui colocando só as coisas mais importantes.

Caralho, quando eu penso que as coisas tão melhorando, acontece alguma merda pra fuder com tudo. Depois do dia lá no mercado ficou até que tudo tranquilo, aos poucos eu fui relaxando, fui tentando esquecer e tirar as cenas da minha cabeça. O Sebastian também só falou que era pra gente maneirar pra não chamar a atenção, mas não fez nada demais.

Aí agora isso, logo com o tio Dante.
Ele tava conversando com o Jhonatan esses dias ainda, é o único que se propôs a conversar com ele e perguntar se tava tudo bem e tal. Falou até que não julgava a gente, que nem eu e nem ele somos crianças então a gente sabe o que faz. E agora isso... Meu Deus.

Fora que voltar agora e enfrentar todo mundo é uma coisa que tá me deixando extremamente nervosa. Eu nem sei como vai ser, mas são sacrifícios que a gente tem que correr.

Mandei mensagem perguntando pra Bianca se ela tinha notícias e ela disse que ainda não, ele tava em cirugia. Falei que a gente ia voltar pro Brasil, mas que não era pra comentar com ninguém ainda.

Seja o que Deus quiser, né? Também não dá pra ficar adiando isso pra sempre, uma hora a gente ia ter que voltar.

Segurei na mão do Jhonatan e ele me olhou e encostou a cabeça na poltrona. A gente pegou o voou mais rápido que tinha, acabamos de decolar.

-Ta tudo bem, vai ficar tudo bem.-Ele concordou com a cabeça e apertou minha mão mais forte.

-E se ele morrer, Vitória? Eu nem vou estar lá pra me despedir do meu irmão.

-Ele não vai morrer. Ele não vai! Não pensa assim não, Deus tá cuidando dele, Jhonatan.-Ele só olhou pra frente sério e eu só beijei a mão dele que tava entrelaçada na minha.-Vai dar tudo certo...

Fui tentando dormir o voou inteiro, mas quem disse? A sorte é que era um voou direito, assim não teria mais tempo a ser perdido durante a viagem.

Toda vez que eu pensava que a gente tava voltando pro Brasil me dava um feio na barriga. Coisa de louco...

Foi tudo tão rápido. Se eu fosse definir nossa vida, seria como:"montanha-russa". As coisas acontecem em uma rapidez que eu mal consigo acompanhar.

Até ontem a gente tava em casa, em Cartagena, indo pra praia com a Andréia e o Sebastian, e hoje a gente tá voltando pro Brasil porque meu tio está entre a vida e a morte em um hospital.
É surreal ver como nossa vida tem tantas mudanças.

Jhonatan quase não comeu nada durante o voou inteiro, também não pregou o olho. Eu comi até demais, quando tô nervosa eu como pra caralho.

Fui comendo, rezando e tentando distrair minha mente a viagem inteira.

Assim que o avião pousou no aeroporto de Guarulhos eu já desci com ele. Parece que tudo voltou, aquela avalanche de sensações, de insegurança, tava tudo de volta.

Ele percebeu e já me abraçou apertado. Acho que a gente ficou parados se abraçando uns cinco minutos, até eu ir me acalmando.
Ele sempre teve esse efeito sobre mim, sempre conseguia me fazer relaxar, me fazer ficar mais calma, me distrair... Só ele.

Peguei o celular e mandei mensagem pra Bianca falando que tinha chegado, ela disse que tava no hospital junto com a família inteira. Falou pra gente deixar as malas na casa dela, que agora tava morando sozinha, e depois ir pra lá. Disse que tinha deixado a chave com o porteiro do prédio dela e que ele estava avisado, era só pedir.

Já era de madrugada, umas meia noite e quarenta mais ou menos, a gente fez tudo correndo. Pegamos as malas, pedimos um Uber e fomos pro ap dela pelo endereço que ela tinha mandado.

Era fora de Paraisópolis, mas era bem na ponta. Dava até um receio de trombar com alguém de lá.

Deixamos as coisas lá tudo correndo e nem paramos pra comer ou tomar um banho, fomos direto pro hospital.

Querendo ou não, a gente tem que ver o que vale mais nessas situações, né? E agora, o que mais tava valendo era estar presente pro tio Dante.

EM SP NÃO EXISTE AMOR.Where stories live. Discover now