Capítulo 59.

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Jhonatan.

Senti a Vitória colocando a mão nas minhas costas e ela já tirou rápido.

-Que porra é essa, Jhonatan?-Ela falou baixo e eu olhei pra ela e olhei pra recepcionista do hospital que tava pegando aqueles adesivos.

-Xiu... Na miuda, Vitória.-Falei baixo pra ela e ela me olhou negando com a cabeça.

-Cê trouxe a porra de uma arma pra quê, Jhonatan? Onde caralhos você arrumou isso? Foi pra isso que você quis passar na casa do teu amigo? É sério?

-Eu não vou usar, Vitória.

-E você trouxe pra quê então?

-Prevenir.

-Prevenir? Jhonatan, é família! Você não vai usar isso, caralho.-A mulher esticou o braço com os adesivos e eu já peguei e dei pra Vitória que colou no peito. Já fui pra colocar a mão nas costas dela e ela tirou.

-Eae, vai ficar nessa mesmo?

-Olha a merda que você tá fazendo, Jhonatan. Se alguém te pega com isso a gente faz o quê? E outra, você vai usar isso com quem?-Apertei o botão do elevador e ela cruzou os braços me olhando puta.

-Eu só trouxe pra prevenir, não vou usar.

-Não vai não, né? Caralho, Jhonatan. Eu não tô nem acreditando.-O elevador abriu as portas e a gente entrou.

-Para de xilique.-Apertei o botão do terceiro andar e ela me olhou séria.

-Xilique? Cê tá de sacanagem com a minha cara, né?

-Cê não ficou brava assim nem quando teu pai tava tentando me matar. Os bagulho é diferente pra mim e pra ele, né? Ele é teu pai, pode tudo ele. Tá certo...

-Olha as coisas que você tá falando, Jhonatan. Eu entendo seu lado, sempre entendi. Mas você trazer isso pra cá não tem nem sentido, você não vai usar isso em hipótese nenhuma com ninguém da nossa família.-Fiquei só na minha pra não falar merda e acabar saindo da minha razão e a porta abriu. Já saí do elevador com ela e estendi minha mão.

Ela só ficou me olhando séria sem fazer nada, mas acabou entrelaçando a mão na minha.

-Eu não vou fazer nada. Relaxa.-Falei baixo no ouvido dela e ela concordou com a cabeça. Mó carona amarrada ainda.

Trouxe e não me arrependo não. Cansei de ser otário, da outra vez ele quase me matou e eu pra não desgraças mais ainda a família fiquei na miúda, dessa vez o bagulho nao vai ser mesma fita não. Não erro duas vezes.

Abri a porta da sala de espera e geral ja olhou. Só nossa família lá, a família inteira.

-Meu Deus!-A mãe dela já levantou chorando e veio correndo abraçar ela. Onde eu tava eu fiquei, fiquei só olhando a cena.

Geral olhando pra gente e ninguém falava nada. Só a mãe dela que ficava falando que sentiu saudade e pá.

Meu pai só ficou olhando, o Victor tava só olhando também, cuzão. Minha mãe levantou da cadeira e veio na minha direção devagar.

-Bença, mãe.-Ela colocou a mão na frente da boca e já veio me abraçando.

-Deus te abençoe, meu filho. Vocês tão bem?

-Haham... E a senhora, e o Dante?

-Aqui tá todo mundo bem também, graças a Deus. A cirurgia já acabou, uma enfermeira que tava passando falou, só que ela não disse como ele tá, falou que não tinha informações ainda. Eu tô tão preocupada, Jhonatan, meu Deus...

-Vai dar tudo certo, vó. Ele vai ficar bem.-Vitória falou com ela e ela ja me soltou e abraçou ela apertado. A mãe dela só ficou me olhando, eu já nem falei. Vou muito ficar prestando homenagem, vou muito.

Meu pai já veio na minha direção e apertou minha mão.

-Bença, pai.

-Deus te abençoe.-Me abraçou e a Bianca veio vindo também. Fui falando com o resto mais por cima, do Victor eu nem olhei na cara. Ele ficou todo tentando a falar com a Vitória, não tirava o olho dela, mas também nenhum falou nada.

Vitória ficou falando com a mãe dela, com a Bianca e com a minha mãe, mas também não saiu de perto de mim.

-Onde vocês tavam?-Meu pai perguntou baixo e eu olhei pra ele. Vitória tava do meu outro lado, conversando com a mãe dela.

-Fora do Brasil.

-Fora?-Concordei com a cabeça e ele na mesma.

-Vocês vinheram pra ficar?-Nisso parece que geral tava escutando, já ficou mó silêncio. Minha mãe ficou só me olhando esperando eu responder.

Troquei um olhar com a Vitória e já neguei com a cabeça.

-Não.

-Como não, Jhonatan? Eu não tô acreditando que vocês vão embora de novo não.

-Não dificulta não, mãe. Vai ser melhor assim, a gente não é mais bem-vindo aqui tem tempo, não rola mais.

-E por quê é só você que fala? Você quer voltar, Ayuli?-A Cailane já meteu dessas e eu ri debochado e cruzei os braços.

-Eu vou voltar, mãe. Minha casa agora é lá, a gente já tem tudo lá. Eu vou pra onde ele for, e é porque eu quero. Não era vocês que quiseram tanto que a gente fosse embora?-Ela já falou e a mãe dela olhou ela assustada. Eu só fiquei na minha tranquilidade ali, na máxima paz. Ela tava esse tempo todo achando que era eu que tava tava fazendo a cabeça da Vitória, agora tá vendo que a filha dela pensa por si só.

Mal dela é achar que a Vitória é essa bobinha toda. Já é uma mulher já, eles que não se tocaram.

-Mas não era nessas circunstâncias.

-Ah é, mãe. Realmente não era, a circunstância que vocês idealizaram sempre foi me mandar pra longe e ele pra mais longe ainda, sem mim. Não era essa circunstância mesmo não.

-Tenta entender nosso lado.

-Não. Eu tô esse tempo todo pensando em todo mundo aqui, mesmo quem não tem absolutamente nada a ver com as nossas escolhas. Ninguém aqui é exemplo pra vim dar pitaco na nossa vida não, ninguém! Tá na hora de vocês pararem de olhar pro próprio umbigo e começar a ter mais empatia pelas pessoas. A senhora me falou que tinha entendido meu lado, que isso e que aquilo, e agora tá nessas? Eu não vou ficar num lugar que eu nunca vou ter paz não, mãe. A gente só veio pra ver o tio Dante porquê apesar de qualquer coisa ele é família e a gente viria se fosse qualquer um de vocês, mas assim que ele tiver estável nós vamos voltar pra nossa casa.-Ela falou tudo e tu falou mais alguma coisa? Nem eles. Acho que todo mundo ficou meio chocado por ver ela falando tão sério assim, Vitória sempre foi princesinha, sempre pensou nas pessoas antes dela, agora olha aí.

Eu segurei meu sorriso, vou mentir não. Só passei meu braço pelo pescoço dela e puxei ela mais pra mim em silêncio.

-Não é hora pra esse assunto, depois vocês debatem isso. A prioridade agora é o Dante.-Minha mãe só falou isso e foi sentar junto com o Leandro.

A gente já cessou o assunto, mas ficou mó clima pesado. Cailane foi pra perto do Victor e ficou os dois em silêncio, Vitória tava incomodada, dava pra ver na cara dela.

-Cê foi incrível, não fica com peso na consciência não que você não fez nada de errado.-Falei baixo no ouvido dela e ela concordou, dei um beijo no topo da cabeça dela e a Bianca chegou perto da gente bebendo chá num copinho descartável.

-Seis querem?-A gente negou e ela encostou na parede junto com a cabeça.

Apareceu uma médica e eles já levantaram, geral olhando pra ele.

-A cirurgia foi finalizada com sucesso, ele já está no quarto e fora de perigo.-Parece que metade do peso saiu das minhas costas, geral já feliz, se abraçando.

Eu respirei fundo, fechando o olho e só senti a Ayuli me abraçando. Passei meu braço em volta dela e apertei forte.

-Caralho, graças a Deus!-A Bianca falou do nosso lado e a Vitória abraçou ela.

EM SP NÃO EXISTE AMOR.Where stories live. Discover now