Capítulo 32.

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Jhonathan.

Passou coisa de uma semana desde o corrido, não vi a Vitória e nem nenhuma outra, meu foco tava sendo só um.

Botei São Paulo de cabeça pra baixo, Paraisópolis tava tenso o bagulho, eu passava na rua e os Zé polvinho já ficava com o olhão em cima.

Sou sujeito homem, minha palavra é uma só. Falei que ia atrás e fui, esperto foi os outros dois que pegou o dinheiro e vazou, mas eu já mandei avisar que se voltar pra Sampa eu vou atrás, sem erro. Ficou o Rezende e outro pau no cu, dei uma surra nos dois, juntou eu e meus irmãos e a gente amassou, ainda peguei a parte dos dois do dinheiro de volta e mandei avisar pros que fugiram que eu queria meu dinheiro até o quarta-feira que vem, se não o bagulho ia endoidar.

Dei um corretivo bonito, quebrei a perna de um, o braço de outro e ainda dei a ordem deles pedirem demissão daquela porra, se não eu ia atrás da família. Dito e feito, chegou pra mim que os dois tinham abraçado meu papo bonito. Acho bom, é assim que tem que ser o proceder!

Quer vim pagar de maluco logo com quem? Na minha quebrada ainda? Tem que ser muito doido mesmo, doido e burro ainda de vim me peitar.

Arrumei um número novo e um bira também, já me colocaram no grupo da família e eu peguei o número da Vitória. Mandei um salve pra ela e só chegou, ela nem viu.

Já fui aproveitar pra fazer meus corres, tava no desmanche com o Dante e o Leandro. O Victor foi com o Leonardo arrumar a meta dos novo gambé pra não acontecer a mema fita de novo. Reforçamo a segurança também, mandei colocar dois menor pra ficar na guarda revezando lá na ponta da subida, se vim de novo, de surpresa nós não é pego.

Ayuli.

-Eu vou te perguntar só uma vez eu quero que tu seja sincera comigo, caso contrário cê vai ter que ter essa conversa com teu pai, Ayuli. Sem mentir e sem fugir do assunto agora, já não tô aguentando teu pai no meu ouvido e você aí mentindo pelos cantos. Anda, me conta.-Minha mãe entrou no meu quarto e já fechou a porta, coração deu aquela acelerada e ela sentou na cama.

-Cê não ia respeitar que eu não tava querendo falar?-Perguntei baixo e sentei de frente pra ela.

-Isso foi antes do teu pai começar a me azucrinar, e foi antes deu começar a digitar a possibilidade de você estar fazendo alguma merda. Confiei em você porque eu sei que você nunca foi de ser irresponsável, mas é estranho mesmo, Ayuli. Eu não vou te julgar, mas eu quero que você me conte o que tá acontecendo.-Fiquei olhando pra cara dela com o coração parecendo uma escola de samba. Sabe quando tá na ponta da língua, mas não sai? Era assim que eu tava me sentindo.

-Você jura por tudo, pela confiança que sempre existiu entre a gente, que você não conta pra ninguém?-Segurei na mão dela e ela já arregalou o olho.

-É tão sério assim?

-É mãe, você jura? Promete pra mim que você não conta pra ninguém?

-Juro Ayuli... ai meu Deus do céu! Vai, o que é?-Fiquei olhando pra cara dela e respirei fundo, com a mão tremendo já.

-Eu... Eu...-Passei a mão pelo cabelo e ela já me olhou impaciente.

-Tá grávida?

-Não mãe, não é isso. O Jhonathan...-Falei só isso e ela ficou me olhando sem entender.-Tô ficando com o Jhonathan.

Falei baixo e ela já arregalou o olhão pra mim e levantou da cama, passando a mão pela cabeça.

-Jesus misericórdioso... Ayuli do céu, você tá doida, Ayuli? Tá maluca?

-Ô mãe, não me julga não, por favor.-Mordi a boca e ela já negou com a cabeça, fechando o olho.-Eu gosto dele mãe, fui eu quem tomei a iniciativa de tudo, eu sempre gostei.

Ela já veio sentar do meu lado rápido e pegou na minha mão.

-Ele tentou alguma coisa com você quando você era criança, Ayuli? Ele tentou alguma coisa com você?-Já neguei com a cabeça rápido e ela ficou me olhando preocupada.

-Não mãe, tá doida? Eu juro por tudo, ele sempre me respeitou, sempre! Ele nem me via com outros olhos, eu que forcei um pouco tudo e acabou acontecendo, mas ele nunca me desrespeitou, eu juro pra senhora. Não pensa nada errado dele não, mãe.

-Como não pensar, Ayuli? Me diz? Eu não quero nem ver se alguém descobre isso, meu Deus. Se seu pai descobre isso< você tem noção da guerra que vai ser na família, você sabe?-Concordei com a cabeça e ela virou pra frente e abaixou a cabeça.-Porra Ayuli, tanto homem, tenta gente... Eu já imaginava, no fundo eu sabia que todo esse seu fascínio por ele era algo a mais, só não queria acreditar. Você não pode contar isso pra ninguém, você tá me ouvindo, né? Não conta, Ayuli. Seu pai vai te matar, perigoso acontecer até uma tragédia nessa família, você sabe como as coisas são.

-...Eu amo ele, mãe.

-Ele é seu tio, Ayuli.-Ela falou com cuidado e baixo, e eu já neguei com a cabeça rápido.

-Não é, nunca foi, eu nunca vi ele assim, mãe. Quando eu era pequena eu via ele com um amor de melhor amigo, normal, sabe? Mas eu fui crescendo e foi virando outra coisa, eu fui sentindo outras coisas em relação a ele, mãe. Não é errado...

-Você pode ver ele assim, Ayuli, mas as coisas são mais complicadas, você sabe bem. Porra Ayuli, caralho...-Fechou o olho, colocando a mão no rosto e eu já fiquei agoniada já.

-Eu pensei que você fosse me entender, mãe... É a mesma coisa que você sente pelo meu pai, sabe? O coração acelerado, a mão suando, o frio na barriga... Eu amo ele, amo de amar mesmo. De contar os segundos pra ver ele, de ficar ansiosa, com borboleta no estômago... Eu não mando no coração, mãe. Ninguém manda.

-Eu sei. Eu sei que ninguém manda, mas você se apaixonar justo por ele é você declarar guerra na família, Ayuli.

-E o que eu faço, mãe? Que que eu faço então?-Ela abaixou a abaixou a cabeça e ficou em silêncio, pensando.

-Cê fecha a boca, faz no sigilo, porque no dia que isso explanar, vai ser o caos.

EM SP NÃO EXISTE AMOR.Where stories live. Discover now