Capítulo 29.

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Jhonatan.

Tiraram o bagulho da minha cabeça e eu já olhei em volta, vendo que eu  tava numa casinha toda acabada, parede tudo descascando.

Tinha quatro gambé de frente pra mim, me olhando.

-E aí, Rezende? Te pago pra quê, caralho? Que porra é essa?

-Abaixa teu tom, fica pianinho aí na tua que você tá em menor número. A gente conversou e reparou que tava ruim o lucro, tá pouco.

-Pouco o que, caralho? Pouco o que? A gente sinta quatro mil na mão de vocês todo mês, tá pouco?

-Tá! Tá pouco, é tua liberdade, não é? A liberdade dos teus irmãos vale pouco assim? Acho que não em... Isso aqui é só uma acelerada que a gente vai te dar como exemplo, a gente quer um abono agora, e depois, o lucro vai aumentar. Caso contrário, vocês vão passar a ver o sol nascer quadrado. Cê tá ligado que desmanchar carro roubado é crime, pô... Aprende nunca?-Veio chegando perto de mim e eu já vi que tava na maldade, tava na judaria. Porra, só me fodo memo.

-Seis tão-Deu nem pra terminar e o filho da puta deu uma joelhada no meu estômago, caí no chão na hora. Ainda tava com as mãos amarradas pra trás, dava nem pra reagir àquela porra.

-Fica pianinho, pianinho... Cadê teu celular?-Fiquei em silêncio, olhando pra ele e o arrombado virou um chutão na minha barriga. Já começou a passar a mão pelo os bolsos da calça e pegou meu celular. Colocou minha digital e começou a mexer em alguma bagulho.-Tu tem dinheiro guardado? Porque eu acho bom tu ter se quiser sair daqui vivão.

Continuei calado, só olhando pra cara dos pau no cu e marcando o rosto de cada um. Vão se fuder na minha mão depois, vem de judaria na minha quebrada ainda? Na casa do caralho!

-Tu tem alguém que não seja teus irmãos pra vim trazer a meta? Tô falando com você, caralho! Responde quando eu perguntar, seu merda!-Começou a gritar na minha cara e eu fiquei só parado, encarando o cuzão com deboche.

-Cê acha que me intimida? Já passei por fita muito pior, Rezende. Tá vacilando, tá vacilando...-Neguei com a cabeça e ele riu irônico e olhou pra cara dos outros filhos da puta, depois olhou pro celular e concordou com a cabeça.

-Isso mesmo então... Quem é essa Vitória?-Já fechei minha cara na hora sem nem sentir e ele bateu o olho em mim e riu.-É importante pra você? É? Espero que tu seja pra ela também, vai ser a primeira e a última que eu vou ligar, se ela não trazer o malote é hoje que tu roda, neguinho.-Neguei com a cabeça já com o coração dando aquela acelerada e o celular começou a tocar o barulho de chamada.-Último número das ligações recentes, tava pedindo ajuda pra ela, é?

Olhou pra mim e eu fiquei encarando ele. Não podia falar muita fita pra ela não sacar que era importante pra mim e fazer maldade com ela, mas ficar quieto vendo ele ligando pra ela me fudia inteirinho também.

Ela nem tava atendendo, tinha uma cotinha já chamando e nada.

-Tu prefere morrer afogado ou queimado? Porque de qualquer forma a gente vai botar fogo no teu corpo depois, pra não deixar-Ele parou de falar e eu já escutei a voz da vitória do outro lado. Porra, já abaixei a cabeça na hora, coração chega parou.

Ligação on.

Alô, Jhonatan? Onde você tá? Cê tá bem? Jhonatan?

Neguei com a cabeça escutando ela falar preocupadona e o filho da puta riu.

Aqui quem tá falando não é o Jhonathan não.

...Quem é? Cadê ele? Tá com o celular dele por quê?

É o seguinte, cê vai fazer uma meta pra mim, se não ele vai rodar. Sem pergunta, fica pianinha aí na tua.
Se tu contar pra alguns também, ele roda. Fica na tua, fica quietinha.

Ele olhou pra mim e ela já ficou em silêncio.

-Quero vinte mil agora, sem erro. Onde ela pode arrumar o dinheiro pra trazer pra mim?-Fiquei pensando no que eu fazia e ele já tirou a arma e botou na minha cabeça.-Cê tá duvidando de mim? Cê acha que eu não estouro isso aqui tudo na tua cabeça não?-Ele afastou o celular um pouco e eu concordei com a cabeça.

-Na minha casa, deixa eu falar com ela. Deixa eu falar!-Demorou, mas ele colocou o celular perto de mim, já escutei a voz dela.

Jhonatan?

Vitória, eu tô bem!

Meu Deus, onde você tá? Jhonatan, o que eu faço? Você tá bem?

Não sei onde eu tô, mas tô suave, tô bem. Preciso de você...

Fala, o que eu faço?

Sabe onde a gente fumou sábado? Cê tá ligada?

Onde a gente fumou?

É, sábado, a última mudança que eu fiz lá em casa. Sabe?

Sei...

Do lado esquerdo na parte debaixo,  tem o dinheiro lá, pega os vinte mil.

Tem lá?

Tem Vitória, cê entendeu, né?

Entendi, entendi sim.

Ela ia falar mas alguma fita, mas o cuzão tirou do meu ouvido e colocou no dele.

Anota logo aí o endereço, anda!

Fiquei em silêncio uma cotinha, depois já começou a passar o endereço pra ela. Já logo me liguei onde eu tava, me tiraram de Paraisópolis essas porras, mas tava perto ainda.

Se tu contar pra alguém ou vir com alguém, faço o Coringa aqui ir encontrar com o diabo, se ligou?

Te dou meia hora.

Ligação off.

Desligou a ligação e eu já respirei fundo. Porra, logo a Vitória, seloco...

O b.ó é que se ela não vem, eu tô ligado que eles não iam ter dó não, iam sentar o dedo memo. Não tem mandato, prender não vai. Mas se ela não vem, de hoje eu não passo.

Se eu tivesse como, eu não deixava ela vim não, na moral mesmo. Meu medo é fazerem maldade com ela, não tem nem como eu defender.

Mas quando eu sair, vou na caça de cada um desses desgraçados também, vou mandar um por um pro quinto dos infernos.

EM SP NÃO EXISTE AMOR.Where stories live. Discover now