Capítulo 33.

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100 comentários pq esse tá ENORME!

Vitória.

Ia ter o aniversário do tio Dante lá no bar dele, é um barzinho super trá daqui, um dos fervos principais de Paraisópolis, mas hoje estaria fechado pra ele. Eu amo, é tudo bem legal lá, geralmente faz roda de samba, hoje eu nem sei o que vai rolar.

Tava super assim depois da conversa com a minha mãe, cheguei até q me questionar se eu tava fazendo a coisa certa, porque se eu for causar um reboliço na família por uma vontade minha, é muito egoísmo. Só que agora já foi, eu já fiz tudo, já me envolvi com ele, vou fazer o que se meu coração é dele? Se meu corpo reage a ele?

Tava desanimada, só vou porque se não vai ser mais motivo do meu pai falar. Clima aqui em casa já tá chatão, meu pai com a cara virada, minha mãe só anda quieta pelos cantos agora. Minha vontade era de sumir, nunca quis tanto morar sozinha pra não ter que viver no meio dessa torta de climão que aqui tá.

Me arrumei e até que deu pra dar uma esquecida, mas né. Jhonatan também não me mandou uma mensalidade depois daquele dia, agora que eu preciso dele tá nessas. Será que o sonho acabou? Eu sinceramente não sei se ele já cansou ou enjoou.

-Vamo, Ayuli. Tá pronta?-Minha mãe abriu a porta depois de dar uma batidinha.

-Tô pronta, vamos.-Fui descendo com ela e meu pai já apareceu todo trabalhado no ouro, entramos no carro e ele ligou o rádio num rap que tava passando.

Nem falei nada, fomos em silêncio até lá. Quando a gente chegou tinha pouca gente, Bianca nem tinha chegando ainda. Nem o Jhonatan.

Falei com as pessoas assim por cima e fui dar parabéns pro meu tio, entreguei o presente dele e já fui pro bar sozinha. Pedi uma caipirinha e fiquei encostada, só olhando o ambiente.

Não passou muito tempo e o Jhonatan chegou, coração deu uma acelerada monstra, mas eu só virei de costas e nem tchum. Tô cansada. É o que ele disse, eu sou inconsequente e agora tô pagando pelos meus atos, né? Sem ele e com meus pais me tratando dessa forma.

-Oi.-Escutei a voz dele atrás de mim e fechei o olho. Virei pra ele e senti um beijo na minha testa.

-Agora, Jhonatan? Depois desse tempo todo você aparece do nada com um "oi"?-Eu não queria cobrar, juro que não queria, até porque a gente não tem "nada". Mas é foda, erro meu ter insistido nisso, mas dói passar por tudo sozinha, e olha que isso não é nem "tudo" o que eu vou passar se descobrirem.

-Eu tava ocupado, Vitória. Tava vendo a meta dos gambé lá, foi mal ae.-Encostou no balcão e eu concordei com a cabeça devagar e virei de frente. Sou uma otária mesmo.-Que foi?

-Nada.

-Que foi, Vitória? Que cara é essa?

-"Que cara é essa"? Minha mãe veio me pressionar e eu tive que acabar contando pra ela, fora que meu pai não tá nem olhando na minha cara e nem sabe o que aconteceu. É isso o motivo da minha cara. Onde você tava? Não era você que disse que sempre ia cuidar de mim, que sempre ia estar pra mim?-Ele ficou me olhando em silêncio e eu já me recompus pra ninguém perceber que a gente tava discutindo. Não dava nem pra entender a expressão que ele fez, só ficou sério.

-Porra, Vitória. Caralho...-Passou a mão na cabeça, olhando em volta e eu respirei fundo pra não começar a chorar ali. Antes eu era mais chorona, de um tempo pra cá que eu tô conseguindo me controlar mais, graças a Deus.-Ela reagiu como?

-Só falou que não era pra contar pra ninguém porque ia dar merda e que não ia contar pra ninguém.-Falei sem olhar pra ele, mas vi ele me olhando pelo olhar periférico.

EM SP NÃO EXISTE AMOR.Where stories live. Discover now