Capítulo 16.

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Ayuli.

Acordei sem fazer a mínima idéia de onde eu tava, cabeça tava latejando a beça. Levantei um pouco a cabeça e olhei ao redor, quarto tava escuro mas pela festinha da janela eu logo me liguei que eu tava na casa do Jhonatan.

Aos pouquinhos as lembranças foram voltando e veio a cena do meu beijo com ele, já arregalei o olho na hora. Sangue de Jesus Cristo tem poder.

Olhei pro meu lado na cama e tava vazio, daí eu lembrei que ele nem quis dormir comigo. Me emprestou uma calça de moletom e uma blusa e me deu uma xícara de café, me colocou na cama e desceu lá pra baixo.

Coloquei a mão na boca e tentei lembrar detalhadamente a sensação de beijar ele. Gente do céu, eu sou muito louca.
Mas ele correspondeu, já é alguma coisa né?

Levantei da cama depois de ficar um tempo ali só tentando lembrar da sensação e saí do quarto, indo pro banheiro. Joguei uma água na cara e escovei meu dente com o dedo mesmo. Dei uma penteada no cabelo com os dedos e tomei coragem pra descer.

Porra, eu beijei o Jhonatan...

-Bom dia.-Coração acelerou de leve quando eu desci as escadas e vi ele sentado no sofá.

-Boa tarde!-Foi curto e grosso e virou pra tv de novo. Fui devagarzinho e sentei do lado dele.

-Desculpa... Eu não quero que você fique bravo comigo. Eu tava bebada, Jhonatan.

-Você é inconsequente, Vitória. Você não pensa nas coisas, só que tudo o que você faz, tem uma consequência.

-Como eu ia pensar se eu tava bêbada?-Falei na inocência e ele só me deu uma encarada que eu fiquei quieta de novo.

-Cê não entende que as coisas são fodas, né? Que culpa disso vai ser minha.

-Culpa do que? Você fala como se fosse um crime.

-É quase!

-Não é! Eu sou de maior tanto quanto você, eu respondo pelos meus atos, Jhonatan. Eu já entendi seu lado, será que você não pode entender o meu também?-Ele ficou quieto só olhando pra frente e eu vi o exato momento em que o maxilar dele ficou bem marcadinho por estar puto da vida comigo. Eu sei que eu faço muita merda, mas poxa... Ele correspondeu também.-Eu sei que eu que te beijei, mas eu não continuei beijando sozinha, Jhonatan.

Fiquei olhando pra ele que nem levantou o olhar pra me olhar e respirei fundo.

-Passei a noite toda pensando, nem consegui dormir.-Deitou a cabeça no bagulho do sofá e ficou olhando pra cima.-Se tivesse sido ruim tava suave, Vitória. Tava firmeza... A gente simplesmente esqueceria.-Ele fechou o olho e balançou a cabeça.-A merda é que eu gostei. A porra do problema é que não foi ruim.

Meu coração chega deu uma palpitada e eu dei um sorrisinho bem discreto.

-Cê disse que eu não penso nas coisas, mas você pensa até demais. Tá sofrendo por antecedência por uma coisa que ninguém nem precisa saber, além de nós dois.

-Ah, e você propõe o que, bonita? Ficar escondido? Aí alguém descobre e a gente toma no olho do cu? Como que eu vou olhar pro teu pai agora sabendo que ele sempre confiou em mim com você e agora a gente tá passando por isso aí?

-Cê vai olhar da mesma forma que você sempre me olhou, com a sensação de dever comprido. Eu sei o quanto você sempre me respeitou, Jhonathan. Eu sei o quanto você sempre soube dos limites comigo, o quanto você sempre cuidou de mim. Que isso, em? Cadê aquele homem que sempre foi foda-se pra tudo e todos?-Perguntei tudo pra ele e ele só ficou me olhando com o rosto sério.

-Com você é diferente, Vitória.

-Comigo é diferente o caralho! Burro vai ser você se deixar passar uma vontade sua por medo do que os outros vão pensar.-Ele continuou da mesma forma, só ouvindo, e eu continuei.-Eu sou de maior, Jhonatan. Eu sou uma mulher. Tenho vontade, tenho desejo e sou dona da minha própria vida. Você não tá falando com a menina de quinze anos não, você tá falando com a MULHER de dezoito que já responde pelos atos dela. A mulher que já responde pelo desejo e pelo beijo que ela te deu ontem.-Ele continuou não falando nada e eu já tava até agoniada, eu aqui falando mil e uma coisas e ele em silêncio.-Cê me desculpa, Jhonatan, se eu fiz alguma coisa que eu não devia, se eu de alguma forma tô te prejudicando... mas eu sou intensa demais pra viver uma coisa tão bonita em relação a você, e guardar tudo pra mim.

-Sei nem o que falar pra você...-Ele ficou olhando pro chão e eu respirei fundo novamente e concordei com a cabeça.

-...Acho que eu vou pra casa então, deu minha hora.-Levantei do sofá e ele segurou no meu pulso, me fazendo olhar pra ele. A gente ficou se encarando sem falar nada e ele levantou rápido e grudou o corpo no meu, me beijando.

PORRA, CARALHO, VAI TOMAR NO CU!!!

O quanto eu esperei por um beijo vindo dele? Meu Deus.

Como ele veio com tudo, meu corpo foi um pouco pra trás e eu já coloquei minhas mãos na cintura dele. A língua dele escorregou pra dentro da minha boca e eu gemi contra a boca dele quando ela deslizou na minha língua. Nossa, gostoso demais...

Coração tava a mil por hora, só de saber que agora não era mais um sonho, já tava feliz demais.

Ele colocou a mão na minha cintura e me puxou com força mais pra ele, eu senti nossas cinturas se chocando e ele enfiou a mão por dentro do meu cabelo, puxando de levinho.

A gente separou do beijo e eu já senti falta da boca dele na minha, mas nem disse nada. Pra falar bem a verdade eu não tava nem acreditando que aquilo ali tava sendo real mesmo, meu Deus!

Minha testa continuou colada na dele e eu abri meu olho, vendo ele com os olhos fechados ainda.

-Dessa vez não fui eu que te agarrei.-Falei baixinho e ele fez o barulho de uma risada, mas não abriu o olho.

-Vitória, Vitória... Cê vai fuder com a minha vida.

EM SP NÃO EXISTE AMOR.Where stories live. Discover now