Capítulo 18

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      — Depois disso, nós voltamos para dentro, me desculpei com Lídia pelo constrangimento, e a seguir fui embora. — concluiu Lacerda, entrando no estabelecimento assim que Léia abriu a porta.

      — Como tu tá se sentindo agora? Digo, depois de ter conversado com ele. — quis saber, cruzando os braços ao encostar-se no balcão.

A preta permaneceu alguns segundos em silêncio, pensativa, ao passo que a porto-baixense esperava a sua resposta.

      — Com certeza melhor que antes. — confessou; o olhar perdido no monitor afixado no canto da sorveteria. — Pelo menos agora não me sinto tão culpada por ele ter ido embora, então acho que já é alguma coisa.

      — Pode crer que sim.— sorriu, feliz por ela. — Agora que tu resolveu dar uma chance pra ele, vocês vão ter muito tempo pra conversar e se conhecer melhor. E também não é preciso ter pressa.

      — É, vou me lembrar disso. — garantiu, a seguir soltando um suspiro. — Enfim, vamos deixar esse assunto pra lá e fazer os pedidos, que tal?

      — Acho uma ótima ideia! Hoje eu vou te fazer provar o melhor milk-shake da cidade. Provavelmente o melhor que tu vai tomar em toda a tua vida, mas não acho que esteja preparada pra essa conversa. — disse, convencida.

      — Ah, é? — ergueu uma sobrancelha. Léia assentiu. — De quê?

      — Limão.

      — Hm... — murmurrou, pensativa. —
Acho que nunca provei.

      — Sério? — Yara acenou positivamente com a cabeça. — Então hoje tu vai saber o que é milk-shake de verdade. — disse, ao mesmo tempo que fez um sinal para chamar a atenção do funcionário do outro lado.

      — Eu até poderia dizer que sei muito bem, porque é a verdade, mas prefiro esperar pra ver o que de tão especial existe nesse milk-shake. — provocou. — Vamos ver se você tem razão.

      — Entenda uma coisa, Lacerda, eu sempre tenho razão. — afirmou, convicta, fazendo-a soltar uma risada curta e debochada.

      — Não me diga!

      — Quer que eu repita? — elevou uma sobrancelha. — Posso fazer essa gentileza.

      — Como é possível que alguém que odeia biologia sempre tenha razão? — seu tom era de quem achava aquilo um completo absurdo. — Me diz, como?

      — Primeiro que gosto não se discute, senhorita. — começou a enumerar nos dedos. — E, segundo, tu sabe muito bem que eu prefiro uma vibe mais humanas e letras. Terceiro, odiar não é a palavra certa. Apenas não é minha praia, entende?

        — Não é tão diferente assim, então, sem condições, Léia Ferreira. Definitivamente, sem condição alguma.

      — Bem, pelo menos sobre o milk-shake tu vai ver que eu tenho total razão. — rebateu, nada disposta a dar o braço a torcer por completo.

Após terem feito os pedidos, acodaram-se à volta da única mesa vazia ao fundo.

A sorveteria e lanchonete Cores & Sabores tratava-se de um espaço bastante aconchegante, com seus bancos de estofado  roxo, várias cores de tinta borrifadas na parede branca, funcionários simpáticos e atenciosos, um cantinho para jogos, e músicas que tocavam, abrangendo o máximo possível de gostos e preferências.

Era o principal ponto de encontro entre os jovens de Porto, liderando o top 3 das melhores lanchonetes da cidade, segundo a votação popular realizada na internet ao fim de cada ano.

No Compasso das Estrelas | ⚢Where stories live. Discover now