Capítulo 24

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      A noite avançava surpreendentemente fria em Porto, e a residência de Madalena encontrava-se mergulhada em um silêncio quase sepulcral.

Em seu quarto, Yara fitava o teto, envolvida pelo escuro do cômodo, esperando que Léia respondesse à sua última mensagem.

Vez ou outra sorria com as imagens da tarde daquele dia sendo reproduzidas como um filme em sua mente, especialmente a comemoração entre ela e Índia ao bater Léia e Victória por três bolas a duas.

Estenderam o momento propositadamente até a garota de dreads interromper, justificando que já tinham sido humilhadas o suficiente e insinuando que a vitória fora um golpe de sorte. Segundo ela, o que realmente importava eram as jogadas, e claramente o seu time havia jogado melhor.

A preta, no entanto, não se deixou abalar e cruzou os braços, demonstrando que não engolira a sua justificativa esfarrapada.

Voltaram para dentro quando o tempo se fechou e, enquanto lanchavam, fez questão de fazer do jogo o assunto principal da conversa, realçando o quanto se surpreendera com o próprio desempenho em campo.

Havia acertado menos a canela das outras em relação às aulas de educação física e, na maioria das vezes, foram as de Léia — e de propósito, valia destacar, por causa do sorrisinho irritantemente convencido que não tirava do rosto.

A melhor parte era a expressão de Léia, que revirava tanto os olhos que, por um momento, achou que não voltariam ao lugar.

Tinha que admitir que o gostinho de vencer era muitíssimo agradável, ainda mais quando o adversário se tratava de uma pessoa tão convencida como Léia Ferreira.

"Deixa de ser tão curiosa, Lacerda"

Leu a mensagem, conseguindo imaginar perfeitamente a expressão de quem se divertia às custas da sua curiosidade que, embora não comprovado, pensava ser uma parte do seu DNA.

"Eu vou te contar, só não agora. Antes preciso ter alguma garantia de que vai dar certo. Um pouco de paciência, por favor"

Revirou os olhos. Enquanto a curiosidade viera em excesso, a paciência parecia ter se perdido pelo caminho ou, talvez, nunca tê-lo encontrado.

Perguntava-se o que de tão secreto e importante Léia planejava, que não lhe podia contar ainda, e a única pista dada era que estava relacionado com a conversa aberta organizada no início do ano letivo.

Talvez fosse culpa do cansaço e da sonolência, mas a sua mente graduada em teorias de alto nível não conseguia produzir nenhuma que fosse suficientemente coerente.

Por fim, suspirou, reconhecendo-se como vencida, e escreveu:

"Tudo bem, eu acho que consigo sobreviver até lá"

Encolheu-se um pouco sob o edredom quando o vento soprou com maior força do lado de fora e uma brisa fresca invadiu o quarto. Desde por volta das seis da tarde o tempo remetia às preliminares de uma tempestade, uma das coisas que ela mais detestava.

Durante o jantar, ouvira qualquer coisa no canal de meteorologia sobre evitar sair de casa nas próximas horas, fechar bem as janelas e portas, dentre algumas outras recomendações que não dera a devida atenção.

A conversa com Léia durou mais alguns minutos, até que tomou a iniciativa de despedir-se — pois as pálpebras lhe iam ficando cada vez mais pesadas — e, minutos depois, vencida pelo cansaço e embalada pelas agradáveis lembranças do dia, caiu no sono.

A conversa com Léia durou mais alguns minutos, até que tomou a iniciativa de despedir-se — pois as pálpebras lhe iam ficando cada vez mais pesadas — e, minutos depois, vencida pelo cansaço e embalada pelas agradáveis lembranças do dia, caiu no sono

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No Compasso das Estrelas | ⚢Where stories live. Discover now