Capítulo 32

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      — Léia, eu tô falando com você. — disse Alexander, impaciente, chamando a atenção da irmã que olhava ao seu redor como se procurasse algo em específico.

      — Hm? — murmurou ela, redirecionando o olhar para o semblante insatisfeito do mais novo, emoldurado pelos caracóis loiro escuro. A seguir suspirou. — Desculpa, Alex. Pode repetir?

      — Deixa pra lá. — fez um gesto displicente com a mão. — Tá tudo bem? Você tá estranha, parece longe daqui.

A garota assentiu, bebericando do drink sem álcool em sua taça.

      — Sim, tá.

Alex, no entanto, estreitou os olhos, descrente da veracidade da sua resposta. Conhecia-a como ninguém e, mesmo que não fosse o caso, a expressão dela a denunciava.

      — É por causa da Yara, não é? — soltou, fazendo-a erguer uma sobrancelha.

      — Claro que não. Do que é que tu tá falando? — fez-se de desentendida, mesmo sabendo que provavelmente não funcionaria, pois, apesar de muito novo, Alexander era bastante sagaz e observador.

Ele revirou os olhos e suspirou.

      — Você sabe muito bem do que eu tô falando. — retorquiu. — Eu te conheço, Léia. Muito bem. E também vi como vocês ficaram se olhando quando a gente entrou. Parecia que estavam numa bolha particular só de vocês.

      — Tá, Alexander, agora cala a boca.

      — Dá pra ver nos seus olhos o quanto você gosta dela, mana. Eles brilham e chamam por ela. — continuou, sabendo que começava a atingi-la de verdade. — E é evidente que ela sente o mesmo, porque olha pra você com a mesma intensidade. É arte pura.

      — Terminou o seu papo de artista? — indagou, impaciente, remexendo o líquido no fundo da taça.

      — O que impede vocês, hein? — quis saber, nada disposto a recuar quando já tinha avançado até lá.

Queria que a irmã enxergasse certas coisas e percebesse, para o seu próprio bem, que fugir não trazia resultado.

Léia soltou uma risada baixa e sem humor. Aquela era uma pergunta cuja resposta não estava consigo.

      — Essa não é uma pergunta pra mim, Alexander. Sinto muito. —  bebericou do drink, mas ele tornou-se amargo misturado ao gosto que tomou a sua língua.

      — Quer que eu pergunte pra ela?

      — Tu não ousaria. — lançou-lhe um olhar de advertência. — Olha, Alex, eu também queria que as coisas fossem diferentes, tá? Tu acha que eu não queria tê-la não só apenas em pensamentos? Que eu não queria estar junto, tocar, beijar? Sim, eu queria. Queria e muito, mas, infelizmente, nem tudo na vida funciona desse jeito. Querer não é poder, e terminar foi uma escolha dela, entenda isso.

      — E você não fez nada. — insistiu, firme.

      — Eu respeitei, é diferente. Não fala do que não sabe, por favor. — rebateu, já cansada daquela conversa. — Eu não posso forçar ninguém a retribuir o que eu sinto.

O garoto ergueu uma sobrancelha.

      — Você acha que ela não sente o mesmo? Sério isso, Léia?! Pelo amor de Deus!

      — Eu não sei, Alexander!

      — Sabe sim, Léia. Eu sei que sabe, tanto quanto eu. — a certeza marcava cada palavra sua. — O olhar dela não mente, assim como o teu.

No Compasso das Estrelas | ⚢Where stories live. Discover now