Capítulo 10

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       — Olha — começou Léia, puxando a mesa ao canto para o lugar de antes. —, eu não tenho o hábito de julgar, muito menos precipitadamente, mas não gostei muito da Eloisa não. — fez uma careta, encarando Yara.

A preta riu e olhou-a de soslaio, enquanto levava uma cadeira até as mesas dispostas no centro.

      — Você só leu três capítulos, Léia. — alertou, pois, passara pela mesma experiência de desafeto pela co-protagonista mas, ao longo da leitura, foi diminuindo, até que passou a gostar dela.

Encostou-se à parede e cruzou os braços, ocupando-se em fitar diretamente a alta alguns passos mais à frente.

      — Tá, e? — inquiriu, como se procurasse o fundamento da afirmação da preta. — Com três capítulos já dá pra tirar uma boa conclusão, sabia? A essência de toda história tá no início.

      — Isso você acabou de inventar e, bem, eu não teria assim tanta certeza. — retorquiu, recebendo um erguer de sobrancelha da porto-baixense. — Pelo menos não nesse caso, em Noventa e nove. Mas não vou falar mais nada, porque aí posso acabar dando spoiler, o que não seria nada legal.

      — OK, então vamos esperar pra ver qual de nós muda de idéia. — decretou; um sorriso desafiador nos lábios.

      — Veremos. — adotou a mesma postura, aceitando o desafio. — Espero que não esteja se esquecendo que eu já li e reli o livro umas quinhentas vezes.

      — Exagerada! — semicerrou os olhos para ela. — Tenho certeza que você tá falando isso só p...

Léia foi interrompida pela chamada de atenção da bibliotecária, relembrando que o espaço exigia silêncio por parte de quem ali se encontrava.

      — Só pra me intimidar. — completou a frase, quase num sussuro, depois de pedir desculpas pelo incómodo. — Mas fique você sabendo que eu não vou dar o braço a torcer, viu? Nunca.

      — Aham, isso é o que veremos. —  caminhou até a cadeira próxima da saída, apanhou sua mochila e olhou ao redor. — Bom, acho que já acabamos aqui. Vamos?

      — Vamos. — a alta pegou seus pertences também, acenou à funcionária no canto oposto, antes de deixar o espaço.

Enquanto caminhavam pelo corredor, preta aproveitou o intervalo no diálogo para conferir se não havia nenhuma mensagem ou chamada perdida da tia, já que havia demorado um pouco, por ter se oferecido para arrumar as mesas, após a reunião do clube.

Como se estivesse à espreita, apenas à espera que a sobrinha tivesse o celular em mãos, Madalena enviou uma mensagem, que fez uma ruguinha de preocupação se instalar entre as suas sobrancelhas.

Mordeu o lábio inferior, nervosa, digitando rapidamente em resposta.

      — O que foi? — quis saber Léia, notando sua mudança repentina.

Contudo, não obteve uma resposta imediata, apenas um levantar de mão da outra, para que aguardasse um instante.

Àquela altura as duas já haviam parado a caminhada, ainda no corredor onde ficava a biblioteca.

      — É a minha tia avisando que teve que ir pro hospital com a minha prima, porque ela está com febre. — explicou, guardando o aparelho na mochila.

      — Nossa, que chato. — comentou, em tom de lamentação.

      — É, muito. — suspirou, encarando um ponto qualquer na parede carmim, mais à frente.

No Compasso das Estrelas | ⚢Where stories live. Discover now