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Na manhã seguinte Joan havia acordado com a novidade de que NÃO IREI MAIS PARA O ALASCA. No momento em que a garota de cabelos loiros perfeitos me encarou, com seus olhos injetados de raiva, soube que estávamos passando para a segunda fase da guerra. Não que eu esteja querendo jogar, mas sempre que me olhava ela me dizia que teria que revidar ou acabaria sendo soterrada por todas as coisas que derrubaria sobre mim.
Quando mamãe nos deixou no colégio naquela manhã, Joan me agarrou pelo cotovelo e me forçou a caminhar em direção à quadra de vôlei. Ela gritou sobre eu não poder voltar ao colégio, sobre como as pessoas iriam fofocar e me olhar pelas costas, sobre como eu estava sendo estúpida por acreditar em Carter Grayson e continuar vivendo em Chicago.
Graças a ela perdi o primeiro tempo, e quando adentrei a classe de inglês quis realmente ter escutado seus conselhos sobre voltar para casa e fazer as malas. As pessoas estavam me encarando como se eu fosse algum astro de cinema com a cara deformada, e até ficaram boquiabertas pelo meu sorriso, que para constar é o mais falso de todos, no rosto.
Jay, que parecia ter visto o sol nascer depois de vinte e um dias de chuva, me encarou como se me ter por perto fosse uma das sete maravilhas do mundo.
- Seja bem vinda de volta, Emily. - o professor Will indaga com seu tom acolhedor. Sorrio para ele, e caminho ainda em silêncio em direção a minha carteira. - Sinto muito senhorita Parker, mas tem que sentar com o Sr. Grayson - a voz rouca do melhor professor de todos os tempos me diz, e eu paro de andar. Não sei o que me leva a olhar para a fileira de trás, mas o sorriso sarcástico de Carter faz com que eu me arrependa de tê-lo feito. Eu acredito nele. Acredito que ele não tenha enviado aquele e-mail, mas não me sinto bem o suficiente para passar duas aulas a cada dois dias ao lado dele. - Até o final do ano. É a regra de dupla.
- Mas é que... - gaguejo, e meu coração batendo a mil.
- Sinto muito Emily - ele soa realmente verdadeiro, até porque pode imaginar pelo o que estou passando. Todos podem. Assinto para o Sr. Johnson, abano a mão em um tchau sem graça para Jay e sigo sem muita vontade até a fileira do fundo. Carter Grayson mantem o corpo imóvel, mas os músculos de seu rosto se movem em um sorrisinho confiante. Bufo, deixando minha mochila no chão, e sento ao seu lado. - Como eu estava dizendo antes, nós vamos trabalhar com os livros da atualidade...
- Eu disse que cedo ou tarde teria de conviver comigo, Emily - Carter Grayson sussurra com seu tom sarcástico. Trinco os dentes. - Só não pensei que faria isso tão rápido.
- Cale a boca - digo no mesmo tom. - A culpa disso é sua, senão tivesse colocado o meu nome na folha de trabalho não precisaríamos pássaro resto do ano juntos.
- Como se você não houvesse gostado de ter ficado comigo no trabalho.
- Não, eu não gostei! - afirmo com vontade. Não percebo, mas em um nano segundo estou encarando aqueles olhos castanhos com tanta raiva que acredito podê-los despedaçar com apenas um olhar. NÃO SEJA TÃO DRAMÁTICA, AINDA NÃO É UM SUPER HÉROI, EMILY. Lizzie zomba. - Até porque não me deu escolha.
- É claro que dei - Carter resmunga rolando os olhos. - Eu disse que poderia falar com Will para trocar as fichas, mas ao invés disso ficou comigo de dupla. - o garoto soa debochado, e isso me faz trincar os dentes. - Admita, você gosta da ideia de passar o ano ao meu lado.
- Eu. Não. Vou. Admitir. Nada! - rosno entre os dentes. Carter sorri mostrando todos os dentes brancos, o que me causa um pouco de inveja, e abana os ombros como quem diz: uma hora você vai superar e admitir isso querida. Bufo. - Agora, por favor, pare de falar comigo.
- Porque não posso falar com você? - ele me pergunta enrugando as sobrancelhas. Viro-me para frente, e encaro o rosto preocupado do meu melhor amigo. - Ah, agora eu entendo - Carter suspira se movendo ao meu lado. - Não quer que ele saiba que somos amigos.
- Não somos amigos, Carter.
- Sim, nós somos - o garoto de belos olhos castanhos suspira, e seus dedos batem sobre a mesa fazendo uma música boba e sem jeito. - Era minha amiga quando fofocava sobre a minha terrível ex-namorada. Naquela época você adorava se intitular minha amiga.
- Acho que eu estava louca, não?! - sorrio sem humor. - Até porque, veja onde ser sua amiga acabou me levando - indago, virando-me para encará-lo. Seus olhos se arregalam.
- Eu já disse que ela ter enviado o e-mail não foi-min...
- Sr. Grayson e Srta. Parker! - o professor Johnson grita nossos nomes. - Gostariam de dividir com a classe o que tanto cochicham ou terei de manda-lo para a detenção hoje?
- Não estamos cochichando, professor - sussurro encarando a mesa.
- Sim, nós estávamos - Carter me corta com um tom irônico. A sala toda parece ficar em silêncio, e quando ergo a cabeça vejo todos aqueles olhos me encarando. - Estamos cochichando sobre o porquê Emily não quer mais ser minha amiga, mesmo depois de ter descoberto que não tive nada com aquele e-mail da semana passada. - o garoto diz sem fôlego, e ergue as mãos em rendição. A sala mantem o silêncio perfeito enquanto o professor pede que fiquemos calados. - Mas Sr. Johnson, acho que isso é algo a se debater.
- Não na classe de aula, Grayson - Will reclama apontando seu dedo para ele.
- Mas...
- Mais uma palavra e os dois irão parar na direção - o homem avisa irritado, e mira os olhos castanhos de Carter. Meus ombros relaxam quando Carter assente e Will se vira para o quadro.
- Mas ainda acho que ela deveria me perdoar porque eu não fiz nada...

Emily ParkerWhere stories live. Discover now