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Ás 5h46 daquela noite meu pai me enviou o SMS de número 65 para saber onde eu estava. E ás 6h34 Carter nós levou para tomar café na Stragg's, aonde ás 6h40 vimos sua mãe biológica sair de um carro preto. Ele ficou em silêncio quando Patric começou a lhe contar sobre o que um amigo em comum havia deixado escapar em uma roda de amigos sobre a mulher que acabará de sair do carro. Os olhos de Carter se fixaram sobre o guardanapo vermelho enquanto seu cérebro tentava não fritar ao ouvir o melhor amigo lhe contar sobre as coisas que os garotos do colégio costumavam fazer com sua mãe.
Patric Hayes lhe disse que ela costumava usar nomes quando estava trabalhando: Elie, Paige, Kitten, Bi ou Vick. Jay riu ao nos dizer que "Kitten" significava gato, e vi a hora de Carter explodir e começar a distribuir socos para todos os lados. Não sei o porquê, mas apenas mantive o silêncio e os ouvi falar sobre "Kitten" como se ela fosse uma das piores pessoas do mundo, pois em algum lugar dentro de mim sabia que ela era.
Sabia que ela era ruim, pois havia escolhido continuar naquela vida ao invés de cuidar do seu filho. Ela havia o vendido sem piscar, e decidiu permanecer em Chicago mesmo sabendo que o filho cresceria com a possibilidade de descobrir sobre ela.
- Será que podemos parar de falar sobre isso? - foi Jéssica quem pediu, sonolenta e irritada por estarmos acordados há tanto tempo. - É um assunto estúpido e imaturo - ela resmunga sem muita concordância em sua língua. Seus olhos se fecham lentamente e se abrem ainda mais lentamente. Mordo as bochechas. - Eu não quero saber sobre prostitutas.
- Está bem - Patric abana as mãos. - Então vamos falar sobre Carter ter brochado.
- O que? - ela grita fazendo a garçonete pedir silêncio. - Sinto muito - Jéssica sorri para a mulher e se vira para Carter. - Você brochou? - ela quer saber. - Com quem?
- Alison - Carter resmunga rolando os olhos vermelhos.
- Alison Prescott? - minha voz sai sem que eu perceba. Removo a mão da sua perna e afasto meus pés dos seus. Ele me olha com a testa franzida, mas apenas o ignoro, pois não entendo o meu ato. PORQUE EU TIREI A MÃO DA PERNA DELE? EU ESTAVA O APOIANDO SOBRE O ASSUNTO DE SUA MÃE. PORQUE OUVIR O NOME DE ALISON ME FEZ TIRAR A MÃO DE LÁ? Lizzie ao se balançar em sua rede. Abano o pensamento.
- Sim - Carter diz dando de ombros, mas os meninos e Jéssica não parecem dispostos a deixa-lo se safar dessa sem um relatório. Ele rola os olhos. - Não foi nada demais.
- Nada demais, cara? - Patric ergue as sobrancelhas. - Você brochou. Com Alison!
- O que tem demais? Todo homem passa por isso na vida - Carter resmunga entre os dentes serrados, o que faz com que nossos amigos riam. Ele arremessa batatas fritas neles.
- O que houve pra isso acontecer? - Jéssica pergunta, e tira uma batata de seu cabelo.
- Eu não sei - ele suspira sem graça. Minhas mãos soam. Minha língua pesa. Agarro o milk-shake e bebo o máximo que consigo em um único gole. - Nós brigamos, ela começou a ser idiota por causa de Emily na festa da Eloisa, depois começou a me pedir satisfações por eu ter beijado a aniversariante - ele reclama quebrando as batatas fritas. - Sem mencionar o fato de ela ter começado a me bater. Quando vi, já estávamos na cama.
- Espere! - Patric abana as mãos. - Deixe ver se entendi direito - o melhor amigo de Carter, irmão de Alice Silva da Silva, namorado em primeiro grau de Joan, ri sem nenhuma vergonha enquanto abana as mãos de um lado para o outro. - Vocês brigaram, acabaram na cama e...
- Sim Patric, - Carter o interrompe com raiva. - e depois eu brochei. Qual a graça?!
- Tem muita graça. - Patric gargalha. - Tem muita graça mesmo.
- Não, não tem - Carter, eu e Jay falamos ao mesmo tempo. - É normal. Cerca de 10% dos adolescentes acabam não conseguindo na hora H. - digo sem graça. Carter aponta para mim.
- 10% dos adolescentes, cara - ele repete com vontade. - É supernormal.
- Que seja normal - Patric reclama. -, estamos falando de Alison Prescott. Ela pode ser uma megera sem coração, pode ser um pé no saco, mas ela é gostosa demais para alguém "não conseguir". Não existe nada de normal em não levar uma gata como ela para cama.
- Espero que Joan não sofra de ciúmes, Patric - Jéssica tenta brincar. O moreno rola seus olhos azuis e mostra o dedo do meio. CARTER E ALISON ACABARAM NA CAMA, Lizzie choraminga por mim. ELES BRIGARAM E ACABARAM NA CAMA, ela repete em lágrimas. Você é apaixonada por ele, Emily. A lembrança da voz de Jay me dizendo aquilo me assusta.
- Esse é o seu problema Patric - Carter diz com um tom sério. - Você se esquece de que sexo não é só baseado na garota que você leva pra cama, ou no corpo dela.
- É sobre isso que se baseia sim - Patric ri debochado.
- Eu não tenho nenhuma experiência, mas concordo com Carter - Jay, pela primeira vez, apoia algo que Carter Grayson começou. - É como dizer que sushi se trata apenas de peixe.
- E não se trata? - Patric rola os olhos outra vez. Tomo mais um gole de milk-shake.
- Não, não se trata - Carter aponta o dedo indicador para o amigo. - Não que a comparação com sushi seja legal, mas ele está certo. - o dono dos mais lindos olhos castanhos diz com um sorriso. - Sexo pode ser apenas sexo? Sim. Sexo é bom quando você está com uma gostosa turbinada? Sim. Mas sexo se torna um lixo quando essa gostosa é a copia do diabo em pessoa.
- Esqueça o lado maligno e a alma devota a satanás, Carter - Patric rosna. - Estou falando de sexo, caralho. Estou falando de você e Alison Prescott, que já foi sua namorada, dando uns amassos por pura diversão! - o garoto vocifera. - Ou vai me dizer que ela não é boa?!
- Ela é - Carter sorri sem perceber. Meu estômago dói. PAREM DE FALAR SOBRE ALISON, PAREM DE FALAR SOBRE SEXO, PAREM DE FALAR SOBRE ISSO, Lizzie pressiona as mãos nos ouvidos, e por pouco não faço o mesmo. - Mas não quero me divertir.
- Não quer se divertir? - os olhos de Patric, Jéssica e Jay se arregalam. - Do que estamos falando agora? De você ter brochado ou de você ter se tornado um virgem?
- Ter me tornado um virgem? - Carter ri. - Como tem certeza disso?
- Porque eu consigo sentir o cheiro de virgindade de longe - o moreno rebate com um sorriso sarcástico. - E posso afirmar que esse cheio não vem de Emily e Jay, mas sim de você.
- Me coloque fora dessa cara - Jay abana as mãos para cima. Já eu, a eu que está paralisada ao lado de Carter Grayson em uma cafeteria, prendo a respiração. - Isso é entre vocês.
- Não ligue para ele Jay, Patric costuma ser idiota quando não dorme - Jéssica, que estava cochilando com o rosto na mesa, sorri de olhos fechados. - Ele só está falando disso porque Joan envenenou seu coração. É isso o que acontece quando se namorada com megeras.
- A mesma megera que te substituiu - ele rebate fazendo rosnar. - Calma, foi uma brincadeira. Não precisa se irritar, o foco é Carter e seu pênis sem funcionamento.
- Porra, qual o seu problema? - Carter Grayson grita, e dessa vez Jéssica parece bem acordada. Aperto os dedos sobre o copo. - Talvez Jess esteja certa, talvez Joan tenha trancafiado seu coração e cérebro em uma caixa porque tem sido um idiota. Ou talvez você sempre tenha sido assim, certo? - o garoto sorri com sarcasmo. - Você quer saber o porquê não consegui dormi com ela ontem à noite? Eu lhe digo o porquê, Patric - Carter indaga em seu tom rouco e sério. - Não consegui dormir com ela porque sempre que a olhava via o quanto ela era podre, o quanto eu a detestava por ter me feito ser tão idiota com pessoas que eu sequer conhecia e o quanto não sentia sua falta. - ele sorri dando de ombros. - Alison Prescott é desperdício de tempo. Eu sempre soube disso e você sabe o mesmo sobre Joan.
- Ela não é tão ruim o quanto parece - Patric soa defensivo.
- Ela não é tão ruim o quanto parece? - repito, e pela primeira vez escuto minha voz ressoar mais brava do que o necessário. - Ela não é? - questiono fitando os olhos azuis avermelhados de Patric. Ele tem aquele olhar de cachorro perdido, aqueles lábios arrebitados, a testa franzida e a expressão distorcida ao olhar para mim, mas a única coisa que consigo imaginar é em como ele pode ser tão cego. - Ela não é tão ruim o quanto parece, ela é pior.
- Emily...
- Você sabia que ela tem te traído? - deixo escapar. Na noite passada eu havia riscado dois itens da minha lista: faça as pessoas te amarem e tire Alison Prescott do sério. Aquela noite eu havia sido uma garota normal de dezesseis anos, tinha bebido e vomitado. Havia rido com os meus melhores amigos. Nesta manhã estou vendo que talvez deva retribuir um pouco do que eles estavam fazendo por mim, e talvez deva começar por abrir os olhos da pessoa mais frágil entre eles. Até porque Patric pode se fazer de durão, mas sei exatamente como ele se sente quando os outros não estão por perto; sozinho. Ele esteve sempre na sombra de Carter, e agora está na sombra de Joan porque ela simplesmente o faz acreditar que o amor pode salvá-la. Mas não pode. Nada pode salvar a alma de Joan Parker, pois ela não tem alma. - Eu sinto muito te dizer isso, mas talvez você deva olhar um pouco de longe. Você merece coisa melhor do que ela, e se continuar fingindo que minha irmã não é tão má quanto parece vai acabar como eu acabei; numa banheira cheia de sangue. - digo sem pensar. Os olhos assustados de Patric me encaram. - Não necessariamente assim, mas vai acabar se ferrando por amar alguém como ela, Pat. - refaço minhas palavras. O silêncio na mesa é quebrado apenas pelo som da porta abrindo e fechando. Mordo os lábios. - Desculpe.
- Eu sabia - Patric sussurra de volta. - Acha que eu não sabia? É claro que sabia.
- Assim como eu sabia sobre Alison - Carter diz voltando os olhos para mim. Ele tem uma expressão que não consigo decifrar no rosto, é quase como decepção. ESSA EXPRESSÃO QUER DIZER: VOCÊ NÃO PRECISAVA TER PISADO NELE ASSIM, ELE NÃO TEM CULPA DE AMAR A PESSOA ERRADA, Lizzie responde pela minha lerdeza.
- Joan não é uma boa pessoa, Emily - Patric me diz sem nenhum rastro de raiva ou decepção na voz. - Ela não compreende que ser assim vai leva-la para a merda, e assim como Carter tem tentado te ajudar, eu tenho tentado ajudá-la. - ele suspira sobre seu tom rouco e calmo.
Miro o brilho irritante sobre a mesa branca. VOCÊ NÃO PERCEBE EMILY? VOCÊ NÃO É A ÚNICA QUE PRECISA SER SALVA, Lizzie sussurra para mim, e automaticamente me lembro da garotinha de cabelos loiros da minha infância, a garotinha que ia para a minha cama nas noites de chuva.
Eu posso dormir com você? Tenho medo do trovão. Joan costumava me acordar em todas as noites de chuva com a mesma pergunta, e em todas elas eu respondia com um sorriso. É claro que sim. Você sempre pode ficar comigo Joan. Eu sempre vou te proteger. E ela sempre deitava no meu lado favorito da cama com seu boneco feio, e sempre encostava seus pés frios nos meus. Você promete que vai me proteger? Ela me perguntava de olhos fechados. Você sabe que sim. Eu lhe dizia com os olhos também fechados. Eu sei que vai. E então, nós dormíamos.
- Eu não fazia ideia de que você ainda a via assim - admito, e pisco os olhos mais vezes do que consigo contar. Ele abana os ombros para cima e para baixo. - Eu sinto muito Patric.
- Tudo bem - Patric me diz, os olhos fixos nos meus. - Você não tem culpa de ser uma virgem bobona que não entende de nada. - ele diz e um sorriso sarcástico nasce em seu rosto. Separo os lábios para lhe repreender, mas quando Jay e Jéssica começam a rir da piada apenas rolo os olhos, e sinto minhas bochechas queimarem. Eles agarram batatas fritas do meu prato e arremessam uns nos outros. Algo atinge meu rosto me fazendo gritar.
- É só uma batata - a voz de Carter é apenas um sussurro ao meu lado. Ele tira a batata da minha bochecha e leva a boca. Olho para frente, onde Patric e Jay haviam se abaixado para se protegerem das batatas voadoras de Jéssica. A garçonete reclama sobre a bagunça, mas eles apenas se levantam agarrando bandejas e correm pelo corredor. - Ele não disse por mal.
- Eu sei - sussurro. - Só não sabia que ele era tão apaixonado por ela.
- Ele é - Carter suspira derrotado. - Queria que não fosse - ele admite. -, mas não posso mudar o que ele sente, não posso obrigá-lo a desistir. Não quando ele me diz que não posso desistir de você. - ele me diz. Sorrio por um momento, e então me dou conta do que ele havia acabado de me dizer. NÃO QUANDO ELE ME DIZ QUE NÃO POSSO DESISTIR DE VOCÊ?! ENTÃO VOCÊ JÁ QUIS DESISTIR DE MIM? Lizzie questiona assustada.
Eu nunca imaginei como seria ser amiga de Carter. Nunca pensei que um dia estaria sentada em uma mesa com ele após passar 7h dançando em uma festa de aniversário, e por isso nunca imaginei como seria a sensação de saber que um dia ele teria que se decepcionar comigo, que um dia teríamos que deixar de nós ver... Que um dia teríamos que deixar de ser amigos.
É assim que as coisas são. Algumas pessoas conseguem manter amizades eternas, já outras acabam se separando pelo simples fato de não serem certas umas para as outras.
Não estou falando no sentido romântico, mesmo que quisesse, mas sim no sentido da nossa amizade. Ouvi-lo admitir que era Patric que o fazia não desistir de mim me fez sentir um abismo que não conhecia antes. Um abismo cheio de medo e solidão, pois sem Carter era o que me restava: solidão e medo. Fecho os dedos sobre o pano macio do short, que na verdade era uma calça, do meu terninho. O peso e a temperatura agradável da mão de Carter me acorda antes que eu possa sentir a primeira lágrima rolar. - Emily... O que está errado?
- Você não tem que continuar insistindo em mim por Patric, Carter - choramingo sem pensar. Aperto as mãos contra meu rosto. - Você já fez o suficiente. Posso seguir daqui.
- Como é que é? - suas mãos agarram-se nos meus pulsos, e a força que ele usa para afastar minhas mãos do meu rosto chega a machucar. Tento não olhar em seus olhos, mas se torna impossível quando ele sacude meus braços e me descabela. Solto a respiração exasperada. Meus olhos voam para as mesas ao redor, mas ninguém parece se importar. Procuro nossos amigos, mas acabo os encontrado sentados no balcão conversando com a garçonete. - Foi isso que entendeu? Que ainda estou te ajudando porque Patric me pede? - ele ri com bastante humor. Assinto. - Jesus, como você é burra - Carter ri um pouco mais alto e me solta. Esfrego meus pulsos. ALÉM DE ESTAR FAZENDO CARIDADE, ME INSULTA, Lizzie reclama brava. No momento em que tento me levantar sinto as mãos quentes de Carter me segurarem no banco ao seu lado. Miro seu rosto. - Não estou te ajudando por causa de Patric. Quis dizer que ele tem me lembrado de que vale a pena continuar, que não posso desistir pelo simples fato de ter tudo e poder te dar tudo! - Carter tagarela me segurando. - Estou te ajudando porque acredito em você, porque te acho engraçada, inteligente - ele indaga exasperado. - E porque eu gosto de estar com você. - sua voz soa esquisita e apreensiva. Paro de tentar me levantar. - Gosto de estar com você no colégio, no parque ou em qualquer lugar - ele me diz e morde os lábios finos. Separo os lábios. - É por isso que não desistir Emily, porque gosto de estar com você.

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Aloha aloha o amanhã chegou!!! Vocês me pediram uma atualização, então aqui está essa coisa cutecute cheia de sarcasmo e zoação entre amigos. Enquanto eu escrevi pensei "será que só eu fico zoando os meus amigos de virgens ou mais alguém faz isso?" kakak espero que mais alguém faça senão vou me sentir má. Espero que estejam gostaaaaaaaando!

Emily ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora