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     — Oh qual é! — bufo, abanando as mãos. — Você não pode me ignorar para sempre.
           — Para sempre?! Infelizmente não — Carter Grayson resmunga dando de ombros. —, mas posso te ignorar o tempo que for preciso para que a imagem de Jay Jensen correndo atrás de você com o seu sutiã na mão pare de me dar dor de barriga. — o garoto de cabelos castanhos informa batendo a porta de seu armário. Suspiro, e mordo os lábios. — Ou pelo menos até que a vontade de bater com a sua cabeça na parede até que volte a ser uma pessoa normal passe.
— Vejo que você está indo a terapia. Está expressando seus sentimentos com mais facilidade, não é mesmo? — rebato, fazendo-o me encarar com aquelas pedras brilhantes em castanho que chama de olhos. Enrugo o nariz, e bufo. — Qual foi, eu já disse que sinto muito.
— Sente muito por ter dormido com aquele escroto do Jensen — Carter indaga erguendo as sobrancelhas desarrumadas. — Ou sente muito por ter sido pega?
— Carter...
— Não, Emily! — sua voz alta e brava faz com que alguns alunos parem de fazer suas coisas para nós encarar. Estávamos no corredor do colégio, próximo à sala onde teríamos aula de física, e essa era a milésima vez que tentava me desculpar e recebia um não. Já faz mais de três semana e Carter ainda não consegue me olhar nos olhos sem fazer com que eu me sinta suja. ELE TE VIU SAINDO DA CASA DO SEU PIOR INIMIGO QUANDO DEVERIA ESTAR EM UM JANTAR COM ELE, E AINDA PIOR, DESCOBRIU QUE VOCÊ DORMIU COM O CARA. É CLARO QUE ELE VAI TE OLHAR COM RAIVA, NOJO... TANTO FAZ, Lizzie funga tão triste e inteligente que chego a sentir meu estômago se revirar. — Já fazem três semanas e você não consegue me dar uma desculpa realmente boa para o que fez. Você não consegue falar a verdade. — Carter suspira. — Eu poderia tentar entender porque fez o que fez, mas não dá até que você saiba o porquê. Não adianta insistir nessa coisa de ter ido atrás de repostas pra loucura dele porque — ele traga a saliva e abana o dedo para mim. — transar com ele nunca seria a resposta. Pelo menos não uma que você, ou a Emily que eu jurava conhecer, pensasse em aceitar. — o garoto por quem tenho chorado todas as noites durante três semanas soa frio, mas ainda assim, triste. Aperto as alças da minha mochila. — Nenhuma desculpa pode mudar o fato de que você quis dormir com ele. E isso eu não posso perdoar. Não consigo.
— Isso é ridículo, sabe disso, não sabe? — enrugo o cenho. — E se eu realmente estivesse atrás dele porque queria transar? — dou de ombros. — E se não fui até lá porque estava curiosa sobre sua doença, mas sim com saudades dele? — bufo. — Ainda assim, mesmo que tudo isso fosse verdade, não tem o direito de ficar bravo comigo ou de não me perdoar, Carter. Você tem Alice.
— Alice? — Carter grita. — Vai mesmo colocar Alice na merda que você causou? Você vai mesmo virar para mim e agir como se Alice e Jay fossem iguais? — sua voz aumenta mais um tom. Os alunos nós encaram com os olhos atentos. Um professor coloca a cabeça para fora de sua classe e pergunta se está tudo bem. — Não é igual. Nunca vai ser.
— Não é igual? — rio, sem humor. — Alice era melhor amiga de Alison e Joan. Alice fez coisas horríveis, ela machucou muitas dessas pessoas que estão olhando pra gente nesse exato momento — grito, batendo o pé. — Alice é tão repugnante quanto Jay e você trepa com ela!
Os murmúrios surpresos soam por todo o corredor, mas isso não me incomoda, o que me incomoda são as palavras que haviam acabado de sair de mim. Eu estava furiosa com Carter, com Jay, comigo. Tudo havia desmoronado por causa de uma única noite, por causa de um único acontecimento e agora tudo parecia errado. Carter me olhava de maneira errada, Jay, até mesmo eu me olhava errado. Tudo o que eu via era uma confusão se remexendo embaixo da minha pele, uma triste vontade de acabar com toda a dor infligida por um ato estúpido.
A quem eu estava realmente tentando me enganar? Carter não acreditava em anda do que eu tivesse a dizer, ele sabia que a desculpa da loucura não fazia sentido, eu sabia. Eu sabia, mas ainda a achava mais normal do que a simples vontade de me jogar nos braços de qualquer um apenas para ignorar o meu coração partido. Era mais fácil do que lembrar de Jay ao meu lado.
Eu havia causado essa avalanche. Não Joan ou Alisson, eu. Fui eu quem fiquei triste porque estava magoada, fui eu quem decidiu entrar naquele quarto e fui eu quem deixei acontecer.
Carter tinha razão, eu não estava arrependida por ter dormido com Jay, estava arrependida por ter sido burra o suficiente para ter sido pega. Para ter sido pega com saudades dele.
— Eu sinto muito — choramingo. — Não quis dizer isso.
— Sim, você quis. — Carter suspira dando de ombros. Ele bate o cadeado de seu armário, seus olhos me encaram por um instante, e então ele os fecha e quando os abre não me olha mais. Agora ele está olhando para seus livros dentro da mochila. — Não se trata do sexo. Eu não estou bravo por você ter dormido com outra pessoa — ele indaga, e todo o meu corpo dói. VOCÊ NÃO ESTÁ? NÃO SE IMPORTA POR EU TER IDO PRA CAMA COM OUTRO? Lizzie se encolhe em um canto. Os olhos de Carter me encaram novamente. —, mas sim de você ter escolhido ele dentre todas as outras pessoas. Eu sei que te magoa saber que existe Alice, e ficaria ok se resolvesse ver outras pessoas, só não ele. — Carter rosna entre os dentes. Meu peito dói. — Mas que porra, Emily, não ele. Não depois de tudo o que ele fez.
Meus olhos estão cheios de lágrimas quando a supervisora Red surgi no final do corredor com seu apito. Tudo em mim está partido. Os meus ossos, a minha alma, o meu coração. Se eu me mexer um pouco, para qualquer que seja a direção, tudo pode desmoronar em pedaços.
Eu gostaria de voltar no tempo agora, de poder apagar tudo o que havia dito a três semanas atrás, de fingir que estava bem com Carter amando Alice, porque foi o que nós levou até aquele momento. Carter e Alice. Eu estava inconformada, doente por não ser amada, perdida num sentimento que não conhecia muito bem, que me dominava e me fazia de refém, e então usei tudo isso para cometer erros, para manchar tudo o que havíamos construído. Ele era meu amigo, ou pelo menos havia sido, e agora seus olhos pareciam não gostar mais de mim.
Amar deveria ser mais simples. A gente deveria conseguir fazer como nos filmes, nos roteiros, nas novelas. Deveríamos acordar um dia e perceber que a pessoa que amamos, nós ama de volta. E não acordar um dia e perceber que o seu primeiro, e talvez único, amor não te ama.
Amar deveria ser realmente simples, porque se fosse, Carter e eu não estaríamos despedaçados.
— Sinto muito — Carter sussurra me fazendo encará-lo. —, mas não sei se posso participar da campanha com você. Não sei se posso ser rei ao seu lado, ainda não. — ele diz fazendo qualquer esperança dentro de mim morrer outra vez. Assinto, mordendo os lábios. A supervisora grita para que todos voltem para suas salas. — Acho melhor ficarmos longe um do outro, pelo menos até tudo isso se acalmar. — assinto. — Eu tenho que ir pra aula.
Aperto as alças da mochila com mais força, e encaro os meus tênis vermelhos. Carter Grayson solta uma lufada e indaga um "até logo", apesar de saber que esse logo irá demorar.
E então, como um dia de sol que de repente se torna um dia de chuva, Carter desaparece no corredor. Ele desaparece da minha pela, pelo menos até que o "até logo" se torne "até que fim".

Emily ParkerWhere stories live. Discover now