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Naquela manhã o professor Colton havia sido obrigado a chamar a minha mãe.
Ela bateu na porta do vestiário, chamou o meu nome e pediu que eu abrisse a porta. Sua voz morna insistiu em me fazer acreditar que não importava o que havia acontecido, tudo ficaria bem no final. Ela olhou em meus olhos machucados e sorrio para mim, envolveu os seus braços ao redor do meu corpo e perguntou o que havia acontecido. Pela primeira vez eu lhe respondi com sinceridade. Joan. Joan aconteceu. Ela tem acontecido há tanto tempo que já não me lembro mais de como é ter um dia de paz. Mamãe segurou o meu rosto entre suas mãos e me olhou como se estivesse me vendo pela primeira vez. Eu lhe disse o que Joan havia feito. Ela nós levou para casa. Eu me tranquei em meu quarto enquanto as ouvia gritar no andar de baixo. Papai havia chegado uma hora depois. Ele estava na academia. Eu sorri quando Lizzie me lembrou de que para um advogado ele daria um bom personal trainer.
Chorei ao perceber, mais uma vez após tantas vezes, que aquele havia sido o motivo da nossa mudança para Chicago. Que se não fosse por suas idas a academia tudo teria continuado bem.
Fiquei trancada ouvindo-os gritar com Joan. Foi estranho ouvi-la chorando em seu quarto quando a gritaria acabou, quando os nossos pais terminarem de citar seu castigo de dois meses.
Ela bateu em minha porta, mas eu apenas me virei para o lado e ignorei. A sua voz me pediu desculpas, mas sei que em sua língua qualquer palavra se torna podre. Mentirosa.
Papai veio conversar comigo algum tempo depois. Ele me prometeu que estaria mais presente, que ficaria de olho em Joan e que a deixaria de castigo até os seus quarenta e cinco anos. Isso me fez rir por um momento, mas então me lembrou de quem Joan era, e me dei conta de que todos os dias de castigo seriam devolvidos de algum modo três vezes pior.
Implorei para que eles não a castigassem. Ele quis saber o porquê, e quando não respondi o papai apenas disse que estaria segura sobre sua asa pelo o tempo em que ele vivesse. SÉRIA BOM SE FOSSE VERDADE PAI, Lizzie suspirou encarando sua pequena placa de: pai desaparecido na academia, se o encontrar, devolva-o para mim. Após muitos beijos e abraços fui deixada sozinha, em paz.
A música baixa fazia com que minha mente vagasse por tudo o que estava acontecendo comigo. Percebi o quanto estava enganada sobre a minha mãe, e sobre o quanto eu ainda tinha medo de Joan. Não tenho medo pelo o que ela pode me fazer fisicamente, tenho medo do que ela pode me fazer emocionalmente. Ela era boa em me machucar, pois de todas as coisas que ela havia me feito, de me jogar coisas a me deixar com um olho roxo, contar a Carter Grayson e Jay Jensen sobre a minha cicatriz havia sido a pior de todas.
Não sei no que estava pensando quando resolvi me candidatar à rainha do baile. Sempre soube que Joan não deixaria barato, sempre soube que ela estava furiosa por ter que concorrer contra Alison, e mesmo assim resolvi fazer aquilo. Mesmo assim resolvi colocar um alvo na minha testa. Não sei o que estava pensando. Talvez tenha sido a carta e a tentativa de suicídio.
Quando acordei naquela cama de hospital pensei estar alucinando. Pensei que não havia tido coragem de fazer o que havia feito, que tudo não havia passado da minha imaginação. Mas não. Não havia sido minha imaginação, e toda vez que esfrego os pulsos posso sentir o peso da realidade em mim. Posso sentir as marcas gritando VOCÊ TENTOU PULAR DESSE MUNDO PARA O OUTRO, FEZ ISSO CONSIGO MESMA PORQUE É FRACA.
Esfrego o meu olho bom fazendo uma camada grossa de lágrimas escorrerem. Mamãe havia feito uma compressa no meu olho. É um truque de família. Sua avó sempre fazia quando seu tio Bill se metia em alguma briga. Ela disse aplicando algo verde sobre meu olho. Você vai ver como o machucado vai diminuir, e aposto que daqui a algumas horas conseguirá abrir o olho. Sua voz baixa me disse enquanto o pano quente relaxava todos os músculos do meu rosto.
Fecho o olho e me deixo afundar no som da música misturada ao som da chuva do lado de fora. Lizzie cochila em sua rede, pois até mesmo o lado mais inteligente da gente precisa descansar uma hora. O meu quarto parece mais frio do que o normal e uma lufada violenta de ar me faz erguer a cabeça e abrir o olho. Sento-me abruptamente.
- Você precisa parar de fazer isso - digo apressada. Coloco a mão sobre meu peito para sentir meu coração e constato que ele está pronto para uma corrida de cavalos. Carter Grayson remove seu capuz me deixando ver seu rosto úmido pela chuva. - Não é normal ficar invadindo o quarto dos outros no meio da noite, Carter. - reclamo sem fôlego. Ele me olha com seus olhos castanhos penetrantes. Enrugo o cenho sem compreender o motivo de tamanha fixação no meu rosto. Toco a pele relaxada do meu supercilio esquerdo e removo os pedaços de planta que ainda restam na minha ferida. - É um truque de família, para aliviar o inchaço.
- Parece muito melhor - Carter diz baixinho. Assinto. - Agora consegue abrir os dois olhos.
- É. - sussurro. O silêncio constrangedor parece ainda mais sufocante enquanto os versos da música embalam aquele momento. - O que você faz aqui?
- Você não respondia as minhas mensagens - ele me diz sem graça.
- Talvez porque eu precisasse ficar sozinha?
- Você faz muito isso - Carter diz, e aperta os lábios entre os dentes. - Não é saudável.
- Não é saudável? - arregalo os olhos, e meu rosto todo dói. Ele assente sem dizer uma palavra. Suspiro. - Não acha saudável alguém querer tirar um tempo para pensar ou não acha saudável alguém como eu ficar sozinha depois do episódio de hoje? - questiono. - Alguém que tentou cometer suicídio realmente não deveria ficar sozinho depois do que aconteceu hoje.
- Emily, você pode, por favor, parar de ser idiota? - Carter pergunta fechando os punhos ao lado do corpo. Rolo os olhos, me levanto da cama e abro a porta. - O quê?! - o garoto de rosto molhado ergue as sobrancelhas. - Está me pondo para fora?
- Exatamente. - suspiro. - Não preciso de mais alguém me olhando com pena, hoje já foi um dia penoso demais para que você venha aqui e me olhe como está olhando. Chega de receber esse maldito olhar - bato o pé, e mantenho os olhos fixos no chão. - Estou cansada disso!
- Também estou cansado - Carter estala me fazendo o encarar. - Estou cansado de te contar tudo e não receber nada, Emily. - ele bufa. - Quando iria me contar sobre o que houve?
- São quatro horas da manhã, Carter - sussurro fechando a porta. - Você não pode invadir o meu quarto e ir perguntando coisas que não posso responder. Isso não é legal.
- Não é legal?! - ele cruza os braços. - Bem, não é legal descobrir certas coisas por outra pessoa enquanto você conta sua vida em primeira mão a alguém.
- Como eu disse - reclamo pegando a maçaneta mais uma vez. - São quatro da manhã, os meus pais estão dormindo, Joan está logo ali na frente e você está invadindo o meu quarto.
- Eu não vou sair - Carter Grayson indaga firme, e se senta na minha cama. Aperto os lábios. Ele mantem seus olhos castanhos sobre mim. - Não irei sair até me contar tudo.
- Carter...
- Ou age como a minha amiga e me conta ou irei fazer barulho suficiente para acordar a vizinhança toda - ele ameaça. Separo os lábios. - O que os seus pais vão pensar quando verem um garoto na sua cama? Ou melhor, o que sua mãe vai pensar quando me ver?!
- Ela vai pensar que estamos vendo TV como sempre fazemos - rebato.
- Não se eu estiver nu - Carter sorri cruzando os braços. Ergo as sobrancelhas.
- Você não... - paro ao vê-lo remover o casaco e depois a blusa. Fecho a boca. ELE ESTÁ SEM CAMISA. MEU PAI DO CÉU, SENHOR DA TERRA, CRIADOR DA VIDA O QUE É ISSO?! Lizzie balbucia de queixo caído. Trago a saliva. - Carter, por favor, os meus pais...
- Você vai me obrigar a tirar a calça? - ele pergunta com uma das sobrancelhas erguidas. Espremo os lábios entre os dentes. - Estou com uma cueca um pouco apertada, se tirar a calça terei que tirá-la junto - o garoto sorri uma careta falsa. Fecho a porta, passo a chave e agarro a almofada me sentando na cadeira da cômoda. - Foi o que imaginei. - ele sorri.
O silêncio das nossas vozes é ocupado apenas pela música alta da chuva e do vento lá fora, e a cada batida do relógio e das gotas no teto sinto meu coração afundar dentro do peito.
Os olhos castanhos se espalham pelo meu rosto como se esperassem um bilhete premiado ou um pedaço de bolo de chocolate. Aperto a almofada contra o peito, e Carter suspira se arrumando na minha cama, deitando com os braços atrás da cabeça. Seus músculos se dividem lentamente contra a pele branca beijada por anjos, e as gotas de água grudam em cada linha que contorna seu abdômen. Aperto os dentes sobre os lábios, NÃO OLHE, NÃO OLHE. Lizzie ofega.
Eu já havia o visto sem camisa antes, nos treinos do time, nas aulas de Ed. Física, nos momentos em que ele e Patric resolviam jogar algo no jardim de sua casa, ou quando íamos nadar na casa de Jess. Ele era sempre o primeiro a se despir, se houvesse uma chance de ficar sem blusa, ele ficava. Não era nenhuma novidade vê-lo sem camisa, mas era novidade vê-lo sem camisa, molhado e na minha cama. É UMA NOVIDADE MARAVILHOSA, MOLHADA...
Carter pigarreia. Viro os olhos para o carpete e aperto os lábios, deixando a respiração presa entre eles para não parecer uma louca ofegante por causa de um garoto sem blusa.
Um rastro molhado me faz erguer os olhos até o dedo indicador sobre minha mão. Carter Grayson estava ali, deitado na minha cama, esfregando o dedo sobre minha mão em um singelo pedido de confiança. Ele não estava ali para saber sobre a matéria de português, estava ali para saber sobre Nova York, sobre a cicatriz. Sobre a Emily Parker que havia sido rejeitada.
- Estávamos no nono ano - respiro com força. - Era o baile de inverno e os garotos convidavam as garotas naquele ano. Billy Nelson me convidou - sorrio ao me lembrar do melhor momento na minha vida. Naquela época, acreditava que a vida era fácil. Naquela época eu era ingênua, e ignorava tudo o que a minha mãe me dizia. Você é jovem, não entende que os garotos costumam brincar com as garotas. Era o que ela me dizia, mas apenas ignorava e corria para contar as minhas "amigas" sobre o garoto que me convidou para o baile. Talvez se eu não tivesse confiado tanto nos sorrisos das pessoas, talvez se eu houvesse dado ouvido a minha mãe, talvez eu não tivesse chorado no melhor dia da minha vida. - Foi divertido. Nós dançamos até tarde, e o tarde naquela época era 23h. - rio. Carter parece confuso com a minha história, e tenho certeza que isso se deve à versão curta que Joan lhe deu na piscina. Aperto os dedos sobre a almofada. - Billy me levou para tomar milk-shake depois do baile. O irmão mais velho dele nós levou para sua casa, que ficava um pouco longe da minha - explico cautelosamente. Os olhos castanhos de Carter se apertam. - Nós fomos até o seu quarto, ele disse que iria me mostrar sua coleção de cardes, mas ao invés disso ele me beijou. - dou de ombros. - Foi o meu primeiro beijo, eu tinha quatorze anos e estava apavorada com tudo - indago baixinho, já sentindo as lágrimas se formarem nos meus olhos. - Eu disse não. Talvez tenha sido por isso que ele tenha me segurado com tanta força, sabe? Por eu ter dito não enquanto qualquer outra garota teria dito sim e... - suspiro. O maxilar de Carter parece duas vezes mais quadrado, e sei sem precisar olhar que ele está travando os dentes quando afasto a almofada do meu colo e ergo a perna esquerda do short do meu pijama. - E ele não gostou. - sorrio de lado. Esfrego o indicador sobre as primeiras marcas ruins que foram feitas na minha pele. - Tinha uma mesa no canto de seu quarto, ele me empurrou e eu cai sobre ela. Levei 23 pontos.
- Emily...
- É isso que acontece quando se acredita muito nas pessoas, entende? - interrompo entre lágrimas. - Você acaba ganhando uma cicatriz, e no dia seguinte é perseguida por ter sido "rejeitada" pelo garoto que todos diziam ser legal. - balbucio entre os soluços que brotam do fundo da minha garganta. - E é isso que tem acontecido a minha vida toda, Carter. Eu tenho acreditado que as coisas vão ficar bem no final, tenho me agarrado à esperança que um dia irá aparecer alguém realmente bom para me fazer sorrir ao invés de me fazer levar alguns pontos a mais! - vocifero entre lágrimas. Carter se levanta tão de repente que sou pega de surpresa por seus braços. Ele me aperta contra seu peito e me puxa para cima, me fazendo ficar na ponta dos pés. Solto a respiração sobre a pele nua do seu peito. - Ela é tão má.
- Eu sei. - ele sussurra contra meu cabelo. - Ela não deveria ter contado. É algo intimo demais para ser dito aos outros assim. - seu hálito se impregna no meu rosto quando ele leva as mãos para minhas bochechas e me faz encará-lo. - Eu realmente...
- Sente muito?! - questiono com raiva. Carter tem cheiro de pinho e chuva. - Eu sei.
- Não, eu não sinto muito - Carter sorri para minha surpresa. NÃO SENTE MUITO? Lizzie questiona com seus grandes olhos vermelhos. - Estava prestes a dizer que realmente te admiro.
- Me admira? - repito débil, e me afasto de seu abraço. Carter assente com um sorriso genuíno. Enrugo o nariz. - Pelo o que? Por ter sido arremessada em uma mesa de vidro?!
- Por ter sobrevivido e chegado até aqui - Carter Grayson me diz tenaz. - Por ter passado por cima de todas as coisas do seu passado, por ter continuado tentando e tentando mesmo depois de ter sido chutada pela vida. - o garoto de olhos castanhos indaga alto demais. Trago o lábio entre os dentes e me sento novamente. - Te admiro por estar me contando isso, e também por estar concorrendo à coroa do baile mesmo quando todos te disseram que era loucura por ser quem é - ele respira com força antes de prosseguir. - E acima de tudo isso, a admiro por não conseguir odiar a vida.
- Eu odeio a vida - sussurro. - Tentei me matar.
- Não, você não odeia - Carter indaga se aproximando de mim. - Você sorri todos os dias nas aulas de matemática, você memoriza todas as placas da rua pelo simples fato de gostar de fazer isso. Tem se dado o direto de viver e aprender; tem agarrado as oportunidades e tem tentado superar todos os obstáculos impostos por todos - ele vocifera agarrando minhas mãos entre seus dedos úmidos. Pisco aturdida. - E sim, você tentou se matar, mas isso não prova que não ame estar viva. Prova que você é humana, que tem medo, mas que pode se refazer.
- Minha vida soa poética na sua boca - sorrio entre as lágrimas. Carter ri daquele jeito gotoso e rouco que faz a minha pele se arrepiar, e me aperta em seus braços mais uma vez para que eu volte a sentir o cheiro inebriante da sua pele. Ficamos abraçados no silêncio do meu quarto. Os nossos corpos tentam se equilibrar na ponta da cama, Carter mantem seus braços em mim mesmo quando escorregamos pela beirada e atingimos o chão para o chão.
- As pessoas acham que a minha família é perfeita - sua voz sussurra contra a pele quente do meu pescoço. Fico quieta. - Você sabe que ela não é, sabe de onde eu vim e como vim.
- Sim, eu sei - suspiro alisando seu cabelo úmido. - Talvez esse seja o motivo da calmaria no meu coração agora, porque sei que somos iguais em proporções diferentes.
- Iguais em proporções diferentes - ele repete com um sorriso. - Minha vida também soa poética na sua boca. - Carter ronrona baixinho. Rio. O CD para de tocar por quase 20min, e quando a música volta do começo percebo que havíamos ficado abraçados por mais tempo do que o necessário. Desvencilho meus braços do corpo dele e quase sinto um leve formigamento na pele sem a presença da sua. Esfrego as mãos. - Então você é mesmo virgem?
- O que?! - estalo assustada. Carter ri. - Carter! - bufo ficando de pé. - Isso não foi nada legal. - digo limpando meus olhos. - Estávamos tendo um momento bonito e poético aqui.
- Sinto muito - o dono dos olhos castanhos, aquele que era o cara-que-nunca-saberia-que-eu-existo-mesmo-sentando-na-cadeira-de-trás, sorri se levantando. Ele envolve os braços na minha cintura e escorrega sobre o meu colchão fazendo a cama ranger. Arregalo os olhos. - Se os seus pais ainda não me ouviram, não vai ser por causa da cama que vão me ouvir.
- Mamãe tem sono leve - digo sem fôlego, pois Carter continua me apertando enquanto eu continuo tentando afastá-lo. O lençol branco se escorrega contra minha pele fazendo com que ele tenha controle sobre meus movimentos. Sua mão se esfrega na minha barriga me causando risos. - Não faça isso - tento não gritar. - Eu sinto cócegas! - digo chutando-o para longe. Carter arregala seus olhos com falsa raiva por tê-lo chutado. - Não, não, não faça...
- Não faça? - ele pergunta irônico. Respiro ofegante. - Não faça isso?! - Carter sorri antes de voltar a fazer cócegas em mim. Esperneio sobre o colchão fazendo a cama ranger um pouco mais alto. Seus lábios se fecham sobre meu pescoço fazendo um som ridículo de peido. Rio.
- Isso não é nada legal - rio o empurrando. - Você é um idiota!
- E você foi arremessada numa mesa - Carter brinca. Rolo os olhos fazendo-o rir e me puxar pelos pés. Esperneio. - Pare de me chutar, Emily! - ele reclama.
- Então pare de me assediar - brinco. Suas mãos se afastam de mim tão rápido quanto haviam se aproximado. Paro de rir. - Eu não quis dizer que você...
- Agora você vai pagar por esse comentário. - Carter ri vindo para cima de mim. Arregalo os olhos. Quando ele começa a passar seus dedos nos lugares que mais sinto cócegas ouvimos duas batidas na porta. Meu coração para de bater. A música baixa imunda o ambiente do meu quarto em instantes. - É o seu pai - ele indaga contra meu pescoço. Carter Grayson havia ficado paralisado sobre mim. Uma de suas pernas estava entre as minhas, a outra estava ao lado do meu corpo, sua fechada sobre meu pescoço enquanto suas mãos estavam sobre minha barriga, onde ele estava aplicando seus golpes mortais de cócegas. Papai chama meu nome mais uma vez. - Diga alguma coisa ou ele não irá embora! - ele sussurra preocupado.
- Sim? - pisco encarando o teto branco do meu quarto. - Algum problema pai?
- Você está bem? - a voz sonolenta do meu pai pergunta do outro lado da porta. - Achei ter ouvido você gritar ou... Er... Está tudo bem ai dentro, querida?
- Sim pai, está - tento não rir. - Estou vendo um filme.
- São quase 5h da manhã, Emily - posso ouvi-lo suspirar. Espero que me mande ir dormir, mas o silêncio me faz enrugar o cenho. - Está bem, só não fique até o dia clarear. E abaixe o volume porque sua mãe está reclamando como o cão. - ele diz irritado. - E desligue o rádio.
No minuto em que os passos do meu pai desaparecem no corredor Carter deixa seu peso cair sobre mim. Rio contra seu pescoço.
- Isso foi... Inusitado - Carter admite se apoiando sobre os cotovelos.
- Mais do que inusitado, foi hilário - digo entre risos. Ele não diz nada, apenas assente e mantem o olhar fixo no meu. - O que foi? Está pensando em me beijar senhor assediador?
Seus olhos se arregalam, os músculos de sua coxa endurece contra alguma parte do meu corpo, e ele sorri sem graça por um momento. Acho estaria corada por seu olhar se já não estivesse tão vermelha por causa dos risos causados pelas cócegas.
Carter Grayson desce seu rosto em direção ao meu, e quando seus lábios depositam um beijo curto sobre minha bochecha quase sinto meu coração parar de bater. Ele não se afasta, também não se move. Minhas mãos acabam subindo, involuntariamente, até suas costas.
A voz baixinha da cantora faz com que meus pelos se arrepiem. Aqui está meu coração, vindo ao redor da curva. Oh meu coração, oh meu coração, aqui está o meu amor vindo ao redor novamente. O hálito quente e entrecortado de Carter se espreme contra minha bochecha. Onde é que vamos começar? Início ou no final? Para o início, para o início dentro de um amor... Seus batimentos cardíacos estavam fortes ao ponto de estarem fazendo as palmas das minhas mãos vibrarem - ou era o meu corpo que estava entrando em combustão?
Roço o pé sobre o lençol, empurro o corpo para cima e fecho os olhos ao sentir seus lábios macios se espremerem contra os meus. Sua língua tem um gosto doce.
- O que foi? - Carter pergunta quando separo nossos lábios. Respiro mais desesperada do que quero, e trago os lábios dormentes entre os dentes. - Eu-Eu sinto muito Emily, não quis atravessar o limite. Me desculpe, eu-eu não sei o que deu em mim - Carter me diz sem graça. Seu corpo se move um pouco para longe, mas algo faz meus dedos se fecharem contra a pele das suas costas. Ele me encara com o cenho enrugado, os lábios entre abertos, as bochechas vermelhas por algum sentimento que ele provavelmente desconhece.
- Não é isso, é que - digo passando a língua sobre os lábios. - Eu não... Sei... Beijar.
- Você não... - Carter tenta não fazer uma careta, mais seu sorriso forçado me faz afastar as mãos das suas costas. Ele desce o corpo sobre o meu novamente. - Fico feliz por poder ensinar mais alguma coisa sobre o mundo dos adolescentes normais, senhorita Parker.
Oh meu amor, me leve às alturas... Carter toma meus lábios entre os seus mais uma vez.
Seus cotovelos sustentam seu peso enquanto ele esfrega as mãos sobre meus pulsos, que de repente estavam acima da minha cabeça me fazendo arquear as costas. Ele separa minhas pernas e se encaixa entre elas por inteiro. ISSO SOA ERÓTICO. EU TENHO QUE FECHAR OS OLHOS AGORA? Lizzie questiona sem graça, mas eu não sei o que pensar.
O beijo se torna profundo, intenso... Voraz. A respiração de Carter parece tão forte quanto a minha. Nossas caixas torácicas se espremem uma na outra, nossas línguas se tocam e sinto como se a cada toque me acendêssemos em chamas. Puxo um dos meus pulsos, e automaticamente levo a mão para sua nuca, o puxando para mim. Sua mão livre me agarra pela cintura e me puxa para cima. Nossos lábios se separam.
- Ok - digo ofegante. - Acho que aprendi.
- Você tem certeza que aprendeu? - Carter pergunta tragando as saliva. - Eu não me importo em continuar ensinando - ele indaga ofegante. - É tudo pela ciência e pela evolução adolescente! - o garoto me diz com um tom ofegante e engraçado. Seus lábios descem novamente contra os meus antes mesmo que eu possa pensar. - E também é pela nossa amizade, Emily. É tudo pela nossa amizade - ele ronrona sem tirar os lábios dos meus. Rio. Suas mãos se fecham conta minha cintura mais uma vez. Abraço seu pescoço fazendo-o gemer dentro da minha boca, e o som que escapa me faz querer mais.
Seus dentes se fecham sobre meu lábio inferior, meus olhos se apertam quando ele o suga com força e volta e me beijar enfiando a língua na minha boca. Sinto o frio tocar meu corpo, e então me dou conta do rastro quente que as mãos de Carter Grayson deixam no interior das minhas coxas afastadas. Ele abre os olhos quando paro de beijá-lo.
- Carter... - trago a saliva. Ele analisa meus olhos sem entender. - Eu estou...
- Você está com medo? - sua voz soa calma. Assinto. Carter sorri entre sua respiração ofegante. Ele deposita um beijo sobre os meus lábios e se afasta sem quebrar o contato visual. Minha respiração ainda me causa desconforto, mas a sensibilidade sobre o meu ventre parece incomodar mais do que a falta de ar. Umedeço os lábios. - Não precisa ter medo, mas também não precisa fazer o que não quer - seu sorriso se abre para mim. Uma vozinha distante, aquela que Lizzie usava para me lembrar das alfinetadas que levei esse tempo todo, puxa um coro: você o amar, você o quer, você está apaixonada por ele, você sonha com ele acordada. SIM! DEUS DO CÉU, EU O QUERO. EU O QUERO MUITO. Trago a saliva antes de fechar os dedos entre os fios úmidos do seu cabelo. Carter respira apressadamente e puxa meu corpo para o seu.
Ele remove cada peça do meu pijama com cuidado. Seus lábios roçam sobre minhas panturrilhas e fazem um caminho carinhoso em direção as minhas coxas. Aperto as cobertas. Sinto quando sua respiração quente toca bem em cima da minha cicatriz, e quando seus lábios deixam um beijo sobre ela todo o meu corpo queima me fazendo estremecer.
Ele sorri contra minha pele, arrasta os lábios cada vez mais para cima e quando sua boca se fecha sobre a pele quente dos meus seios sei que não estava com medo do que iriamos fazer. Não estava com medo do sexo, estava com medo da sensação de realidade quando o meu corpo percebesse o que a minha mente já havia percebido, que eu estava apaixonad apor Carter Grayson desde o primeiro dia em que o vi naquele refeitório lotado.
Mas é inevitável resistir, é inevitável deixa-lo descobrir sobre o que está escondido dentro do meu peito. E então eu faço o que estava me impedindo de fazer; derreto-me sobre o amor que escondo no peito enquanto chamo o seu nome. Eu me perco nele.

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Aloha, aloha!! Que saudades de vocês meus amores seres de luz, como vão?! Eu vou bem, obrigada kakaka. Eu sei que demorou MUITO, mas chegou e chegou com lagre de shipper se agarrando. CADÊ OS TEAM CARTER PRA CHORAR COMIGO COM ESSA CENA? Eu não via a hora de chegar nesse capitulo, acho que por isso fiz todo esse mistério e demorei tanto kaka mentira, demorou um monte porque tava atrás de emprego kaka. Espero que vocês estejam gostando, novidades estão por vir e ROLOU BEIJO, ROLOU SEXO!!

Emily ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora