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         Quando a noite chegou, e a minha mãe enviou o meu pai para me procurar, Carter me deixou em frente a minha casa com as sacolas e roupas novas. Insisti para que ele me deixasse usar minha jardineira velha pelas horas que se restavam no dia, mas ele olhou em meus olhos, agarrou as minhas mãos e sorrio ao me dizer: não. É ISSO QUE VOCÊ GANHA POR DEIXÁ-LO ARRANCAR OS SEUS PELOS, Lizzie resmungou de um lado para o outro, mas tecnicamente falando, Carter não tem nada a ver com os meus pelos arrancados. Ele apenas pagou para que outra pessoa os arrancasse.
O fato é que quando o conversível de Carter desapareceu na rua, toda a minha confiança desapareceu com ele. Os músculos dos meus braços doeram, meus joelhos tremeram, minha língua secou, minha cabeça doeu e Lizzie se escondeu. Maravilhoso, além de estar quase fazendo xixi nas calças, estou rimar. Abano as mãos para tentar, inutilmente, recuperar minha confiança. Quando debruço para pegar as sacolas, que não são poucas, a porta se abre e os saltos do sapato estremecem quando minhas pernas resolvem fazer cosplay de gelatina.
Ergo a cabeça fazendo com que a franja curta e cheirosa tampe meus olhos, mas mesmo com muitos fios nos olhos, posso saber que estou de castigo pela cara feia do meu pai. Trago a saliva. Agarro as sacolas, endureço os joelhos, ergo o corpo e sussurro “boa noite” antes de atravessar o pequeno espaço que sobra entre ele e a porta.
A careta brava do meu pai vai se dissolvendo em uma expressão confusa, assustada, preocupada, apavorada E ELE VAI ACABAR LIGANDO PARA A POLÍCIA DIZENDO QUE SEQUESTRARAM SUA FILHA E ENVIARAM UM ET NO LUGAR. A porta se fecha com um estrondo forte, estrondo esse que me faz dar um pulo e me virar para encará-lo.
— Onde estão os seus óculos, Emily? — meu pai pergunta, e cruza os braços. Enrugo o cenho. Olho para o meu corpo, para ele, para ele, para o meu corpo, para o meu corpo e... De tudo, das roupas, do salto, do cabelo, maquiagem, unha, pele lisa... De tudo isso, os óculos foi o que ele notou de diferente? Jura pai?! ELE É SEU PAI, ERA DE SE ESPERAR QUE SE IMPORTASSE MAIS POR UM ÓCULOS DO QUE PARA SEUS PELOS ARRANCADOS, Lizzie, que estava começando a ficar sonolenta, resmunga arrastando seu corpinho para sua cama. Assinto, mesmo que ela não exista ou que isso me faça parecer louca. — Querida?
— Estão numa das sacolas — digo por fim. — Eu precisei tirar.
— Estou vendo — ele me lança um olhar confuso. Seus lábios se separaram, mas o grito alto e dramático faz com que ambos olhemos para cima. Joan tem os olhos esbugalhados. Seu rosto pintado de branco está paralisado em: olhos esbugalhados e boca aberta. Suas mãos estão erguidas como se estivessem fazendo uma oração, os ombros tensos e as sobrancelhas franzidas. RESPIRE, REPISRE FUNDO, RESPIRE FUNDO, RESPIRE COMO CACHORRINHO, COMO GRÁVIDA, Lizzie abana as mãos. Mas eu tenho algo para lhe dizer parte que supostamente deveria ser inteligente RESPIRAR NÃO VAI ME SALVAR DISSO... Joan volta ao presente, desce as escadas com passos pesados, empurra o nosso pai de lado e para á alguns passos de mim. Seus olhos me varrem. — Ela fica diferente sem os óculos, não acha Joana?
— Mas que porra é essa?! — Joan pergunta mais irritada do que o normal. Sua mão se fecha com força nos meus pulsos nus, e apesar de ser um pouco mais forte do que ela, graças aos meus dias de treinamento de autodefesa contra irmãs do mal, suas unhas fazem com que eu não consiga me desvencilhar de seu aperto sem me machucar. Encaro meus pés. — Eu te fiz uma maldita pergunta Emily — minha irmã me puxa de um lado para o outro. — Que porra acha que está fazendo vestida dessa maneira? — ela berra comigo.
— Ok — papai reclama ao tentar afastá-la de mim, mas suas unhas me fazem dar um passo em direção ao movimento que ele faz com o corpo dela. — Largue a sua irmã, Joana.
— Não! — Joan rosna para ele. — Não enquanto ela não me explicar que porra é essa.
— Olhe o linguajar — a voz brava, e até mesmo irritada, da nossa mãe a faz me soltar. Esfrego a mão sobre o pulso avermelhado. — O que está acontecendo? Posso ouvi-las lá do porão.
— Emily — Joana grita e aponta para mim. — Emily está acontecendo, mamãe. Veja como ela está vestida — minha irmã diz desesperada. Os olhos azuis cansados da nossa mãe me encaram, primeiro com surpresa e depois com... Eu não sei. Talvez seja uma pontada de realização em seus olhos. — Ela passa o dia todo fora, claro que é influencia de Carter, e agora aparece vestida como uma completa vadia mirim! — Joan choraminga batendo o pé.
A primeira coisa que penso ao ouvir os passos pesados sobre a madeira é que ESTOU FODIDA E VOU FICAR DE CASTIGO PELO O RESTO DA VIDA. E a segunda coisa que penso é MAS O QUE FOI QUE ACABOU DE ACONTECER? Mamãe havia se movido tão rápido. Ainda mais rápido havia sido o contato da sua mão com o rosto branco de Joan.
A toalha presa ao seu cabelo se abriu revelando seus cachos presos em bobs. Sua mão se agarrou ao local da bofetada e seus olhos se ergueram até os meus antes me fazendo parar de respirar. ELA VAI TE MATAR, ELA VAI NÓS MATAR! Lizzie coaxa prendendo o fôlego, e eu preciso, da maneira mais medrosa possível, admitir que estou com medo daquele olhar no rosto da minha irmã. Seguro as alças das sacolas com mais força.
— Sabe que não deve xingar dentro de casa — mamãe indaga, e massageia sua mão. Papai, que estava parado como uma estatua, suspira compassível e se locomove em direção a escada, onde ele se senta. — Você deve três elogios para sua irmã, Joana.
— Não precisa mamãe — solto antes mesmo de pensar. Os olhos injetados de raiva de Joana se apertam para minha expressão assustada. Quando éramos mais novas, uns seis ou sete anos, mamãe implementou a regra de: três elogios. A regra se baseava em: se você tratar alguém da família mal, falar um palavrão para ela ou ser deselegante deve lhe dar três elogios.
O sorriso que se abre no rosto de Joana Parker é mais assustador do que o sorriso de um palhaço assassino com um pedaço de dedo de criança entre seus dentes. Ela solta uma lufada de ar, limpa a mão suja de creme no roupão rosa e abana a cabeça bagunçada.
— Os seus olhos são lindos, seu esmalte é divino e — ela para de sorrir. — a sua cara de cavalo parece ainda mais atraente para o meu salto, quando eu pisar nela, com essa maquiagem.
— Joana Parker! — mamãe a grita. — Seis elogios. Agora!
— Não! — Joan trinca os dentes, e vira-se para mamãe. — Você passou o dia preocupada, ela não te atendeu sequer uma vez e quando aparece em casa — ela diz e aponta para mim com uma cara de nojo. — Você me faz elogiá-la por estar vestida como uma vadia?
— Ela não-Ela não está — mamãe suspira, pois sabe que não tem chances de ganhar a batalha contra Joan. Não sei o porquê ela tentou fazê-la me elogiar, achei que aquela era uma das coisas que não fazíamos mais, mas me sinto um pouco melhor. Sinto como se, pela primeira vez em todos esses dezesseis anos, ela estivesse realmente tentando me proteger ao invés de estar tentando passar a impressão de mãe do ano enquanto não era. — Sim, ela passou o dia fora...
— E voltou vestida assim — Joana a interrompe com raiva. — Não vai falar nada sobre as roupas dela? Quando eu troquei meu guarda roupa você me colocou de castigo por um mês.
— Ela não está vestindo um short que mostra o útero em cada passo — meu pai relembra.
— Por Deus — Joan reclama. — Não era tão curto assim, mas... Mas o assunto é ela!
— Não, o assunto é a sua inveja ridícula sobre tudo o que eu faço ou deixo de fazer na vida.
— Desculpa? — Joan estala virando-se para mim. Não a deixe passar por cima de você, Emily. Agora é uma candidata, faça com que ela entenda isso de uma vez por todas e mostre que não vai correr de suas ameaças. Ela não pode mais tocar em você. Jéssica, a mesma Jéssica que um dia já foi amiga de Alison, me disse antes de termos a deixado em sua casa á algumas horas.
— É exatamente o que ouviu — dou de ombros, e coloco as sacolas no chão. Um passo de cada vez. Basta deixar as pernas retas, mas elegantes. Foi o que Jéssica me disse sobre o domínio de andar sobre saltos 10 cm. Caminho firme, não perfeitamente, em direção a Joan. — Você está parada, gritando sobre as minhas roupas, sobre eu ter passado o dia fora enquanto tem feito isso a vida toda. — digo irônica. — Oh mamãe, você vai deixá-la usar as mesmas roupas que as minhas? Papai, você não vê que essa calça fica melhor em mim do que nela? Gammy, você não pode dar roupas a Emily, ela é um desperdício de tempo — balbucio imitando sua voz. Ela separa os lábios para me dizer algo, mas eu a interrompo com tenacidade. — Invejosa. Você é uma maldita, psicopata e irritante garotinha cheia de inveja! — bato o pé. Quando seus lábios caem, quando papai se levanta e mamãe sussurra meu nome sei que cheguei ao ponto que deveria chegar.
Todos eles sabem que é verdade. Joan tem sido uma maldição na minha vida durante todos aqueles anos. Todas as vezes que tentei usar um vestido, passar batom, ir ao shopping com a mamãe ou falar sobre meninos ela me cortou. Todas as vezes que tentei ser uma garota como qualquer outra no mundo, ela me vetou. Ela me fez ser à estranha que era facilmente zoada pelas suas amigas, a garota que se escondia no banheiro e recebia bolas de papel nas costas.
Mas nunca mais. Ela nunca mais teria poder sobre a minha vida, nunca mais me machucaria.
— Emily... — papai me chama.
— É a verdade — dou de ombros. — Você tem sido um pé no saco comigo todos esses anos, Joana. Tem feito à mamãe se esquecer da minha existência — tento não chorar. — Tem feito o papai me tratar como um garoto. Tem feito todos zombarem de mim.
— Eu não me esqueci de você, querida — mamãe sussurra vindo até mim, mas a primeira coisa que faço é erguer as mãos. — Emily...
— Qual o número do meu sapato, mãe?
— O que? — ela enruga o cenho.
— Qual o número do meu sapato?! — grito entre lágrimas. Seus olhos se arregalam.
— 36 — é papai quem responde. Fecho os punhos ao lado do corpo.
— Sabe por que não tem ideia de quanto eu calço? — a questiono. — Não faz ideia de quanto calço porque nunca me comprou um sapato sequer. Nem mesmo uma sandália.
— Isso não é verdade — ela diz entre os dentes. — Eu tenho comprado todas as suas roupas durante todo esse tempo. As suas e de Joana. Eu! — ela grita para mim. — Eu tenho feito isso.
— Não, não tem — sorrio entre as lágrimas. — Papai tem comprado minhas roupas, sapatos, jaquetas... Ele tem feito isso desde os meus 13 anos, e você tem me trazido as roupas que não dão mais em Joan porque ela está sempre em dietas ridículas para perder peso.
— Não é... Verdade — mamãe gagueja olhando para mim e depois para papai. Ele assente com os olhos fixos no tapete vermelho. — Mas eu me lembro de ter lhe dado uma blusa esse mês.
— Uma das blusas de academia do papai — rio sem humor. — Você pensou que era minha, mas era dele. Da academia. — abano a cabeça para cima e para baixo. Os olhos azuis da minha mãe se arregalam e se espremem para mim. Ela nunca admitiria que é desleixada ao meu respeito, ou a respeito de sua família. — Eu não me lembro de qual foi à última vez que você me olhou da maneira que olhou quando Joan deixou a atenção toda para mim nessa briga estúpida. — sussurro, e abraço o meu corpo antes que aquele vazio estranho no meu estômago me derrube. — Pela primeira vez você me olhou como se tivesse orgulho de mim, ou pelo menos acho que foi assim que se sentiu quando me viu nesse vestido. — indago dando uma boa olhada no vestido que Jéssica havia escolhido. Quando me olhei no espelho pela primeira vez naquela noite, achei que haviam me enfiado em uma maca de cirurgia. Eu estava totalmente diferente, mas ainda parecia comigo mesma. O meu nariz parecia diferente. Eu fiz uma maquiagem de contorno. Os meus olhos pareciam mais azuis. A maquiagem azul no canal lagrimal, nesse cantinho do olho, faz uma pequena iluminação no tom de azul dos seus olhos. É por isso que estão mais claros. E a lente de contato ajuda bastante. Os meus cabelos continuavam longos, mas estavam com um tom mais claro de loiro, os fios pareciam realmente lisos e os cachos longos nas pontas o deixavam mais volumoso. O seu cabelo é perfeito, você só não estava na cor adequada para seu tom de pele. Fluer, a santa Fluer, me disse com um sorriso. Ela havia garimpado as paredes cheias de cimento ao meu redor e havia exposto o interior que Joan estava sempre me obrigando a esconder. Encaro a minha mãe. — Você me olhou com carinho e orgulho porque me viu dentro desse vestido. Porque viu outra versão de Joana Parker para você mostrar aos filhos das suas amigas. Foi por isso, e apenas por isso, que sentiu orgulho. Porque finalmente poderia me por a mesa ao lado das suas amigas e dizer a elas que sou a filha que elas devem apresentar aos filhos, não porque estava feliz por mim. Não porque quer o meu bem de verdade. — prendo minha respiração. Esfrego os dedos sobre os olhos, mesmo que Fluer tenha me dito para não fazer isso, e sinto uma fina camada de maquiagem sujar meus dedos. Agarro as sacolas mais uma vez. — Sinto muito por não ter atendido, por ter cabulado aula e por ter chegado tarde em casa. Não vai se repetir.
— Emily... — mamãe me chama, mas escuto meu pai pedir que ela me deixe em paz. Arremesso as sacolas no chão assim que bato a porta. Passo a chave na porta, pois sei que se dormir com ela aberta sofro de um possível atentado de assassinato vindo da minha querida irmã do mal e satânica.
Meu coração parece uma locomotiva. Meus joelhos finalmente sedem e meu corpo escorrega para o chão com um barulho alto. Apoio às mãos contra o tapete macio, afundo os dedos sobre os fiapos soltos e os puxo um por um tempo, tentando controlar minha respiração.
Os soluços sacodem meu corpo com força e a minha cabeça roda me fazendo ficar enjoada.
Após algumas horas, ou o que penso ser horas, deitada no chão me sento sobre o carpete felpudo, puxo as amarras apertadas do salto, agarro um pequeno fiapo de carpete e o transforme em um prendedor de cabelo antes de esfregar as mãos no rosto e vê-las sujas de maquiagem.
Eu fico ali, sentada no carpete, até que o barulho do meu celular me faz despertar para a sensação de vazio no meu estômago. Prendo o ar nas bochechas antes de soltá-lo. VOCÊ FOI BEM, DISSE TUDO O QUE TINHA QUE DIZER. MAMÃE PRECISA, PELA PRIMEIRA VEZ, FICAR DO NOSSO LADO. VAMOS ESPERAR QUE ELA FIQUE, Lizzie sussurra rouca, e eu assinto encarando as palmas sujas de lápis de olho. O celular toca outra vez.
Arrasto-me até a minha mochila e vasculho os bolsos atrás do celular, mas ele não surge no meio da bagunça. O que surge é o papel meticulosamente dobrado da carta.

Querida Emily;

       Escrevo-lhe do meu pequeno quarto, enquanto a chuva toca na janela, enquanto a minha mãe canta uma cantiga de sua infância, enquanto as pessoas do lado de fora da minha casa correm de um lado para o outro sem se darem conta da sua existência.
Eu sinto muito. Sinto muito que tenha que lhe dizer isso assim, escrever uma carta me parece ridículo, antiquado, mas alguém precisava ser sincero com você. Alguém precisava lhe dizer a verdade de uma vez por todas. Então lá vai a verdade, está pronta para ela? VOCÊ É DESNECESSÁRIA. A SUA VIDA NÃO SERVE PARA NADA.
Ufa, eu consegui. Consegui ser a única pessoa a lhe contar a verdade. Sei que pode soar como uma das piores maldades do mundo, mas é um fato comprovado. As pessoas tem passado ao seu redor sem se darem conta da sua presença, elas têm rido por causa do seu nome sem sequer saberem como se parece. Você não deveria estar nesse planeta. Não deveria continuar transitando enquanto sequer nós importamos com você, por que:

1 – Nunca será significativa na vida de alguém. Nem mesmo para sua família.
2 – Tudo o que sai da sua boa soa como uma terrível lastima sobre sua vida triste.
3 – As pessoas atirariam flechas em você de graça, mesmo que alguém lhes pagasse.
4 – Você é feia. Se puder se olhar no espelho verá que ele sairá correndo de você.
5 – Você nunca, nunca, nunca vai encontrar alguém que possa te amar. Não se ele não por pago para isso. Não se não houver uma daquelas apostas super clichês envolvida.
6 – Você tem cheiro de vômito de gato, mas só porque é profundamente nojenta.
7 – Sinto em informa-la, mas sua vida será muito curta porque o mundo provavelmente irá se cuspir o mais longe possível.
8 – Sua vida é um lixo, talvez por isso o seu pai esteja saindo com a mulher do Sr. Lancaster.
9 – Garotas como você vão morrer virgens porque nenhum garoto será louco o suficiente para chegar perto desse cemitério imundo que tem entre as pernas.
10 – Se você fosse atropelada e precisasse de transplante, e alguém colocasse uma recompensa de um milhão de dólares... Ninguém te salvaria. Ninguém.
11 – Você acredita que encontrou um novo amigo... Seria uma pena se Carter Grayson estivesse apenas com pena de você. Seria uma pena se ele tivesse sido forçado por alguém a se tornar amigo de uma zé ninguém como você, Emily.
12 – As pessoas vão saber sobre o seu primeiro beijo, e ele te fará querer cortar os pulsos.
13 – Sua mãe tem bebido escondido. Talvez ela esteja tentando esconder o nojo que sente por ter uma filha fracassada como você. Ela tem dito ao barman que nunca quis ter filhos, que você é a coisa que mais tem estragado sua vida. Deveria fazer como ela, deveria se afogar no álcool e entrar em um coma. Seria a coisa mais emocionante na sua vida.
14 – Você não vai poder se esconder em casa para sempre, um dia alguém vai conseguir passar por cima dessa coisa que você insiste em chamar de corpo. Espero que seja com um carro.
15 – Ele nunca vai gostar de você. Nunca.
16 –... Você não é nada, e nunca vai ser.

        Dezesseis. Esse é o tempo em que esteve viva, é o tempo em que esteve desperdiçando oxigênio e ocupando espaço de alguém realmente importante para o mundo.
Ninguém vai se importar com você, ninguém vai te amar ou querer ficar ao seu lado, então já que estou sendo sincera, seja também. Admita que não merece estar viva. Admita que acabou.
Talvez você devesse se matar agora enquanto ainda tem chance, enquanto ninguém pode sentir a sua falta.

Com amor, um amigo.

✥✥✥

ALOHA, ALOHA BONITINHOS, COMO VÃO?! Então, é essa a carta... Eu tentei não ser má, ”tentei” não dar pistas de quem poderia ter escrito a carta e acho que não dei kakak, mas espero que vocês tentem descobrir quem foi. Algum palpite? Alison? Joan? Quem?!

Emily ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora