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• Mafê

A gente tinha vindo pro alto do morro e já estávamos por aqui à mó tempão. O Fael falava comigo sobre vários assuntos, acho que ele tava tentando me deixar calma. Nunca vi ele tão amoroso igual tava sendo nessas últimas horas.

Eu já estava mal desde que tinha saído de casa, tinha brigado com meu pai pra variar. Comecei a sentir um sentimento ruim e medo do nada e foi aí que entrei em crise.

Mafê: Acho que boa parte das pessoas sabem como acalmar uma pessoa que tá tendo uma crise de ansiedade. Mas com você foi diferente, você me olhou com um olhar de quem sabia o que estava fazendo... - Ele ficou calado enquanto olhava pro nada.

Fael: Eu tinha dezessete anos quando meu pai morreu e a minha irmã mais nova tinha quinze. - Falou depois de um tempo calado. - Ela era apegada pra caralho nele... Com a falta dele e umas outras parada que aconteceu aí, ela entrou em depressão e junto veio as crises de ansiedade. - Ele parou de falar.

Mafê: Se você não quiser falar dela não precisa. - Olhei pra ele.

Fael: Todo mundo ajudava ela quando ela tinha as crises, mas ninguém sabia o que era direito. Aí eu comecei a pesquisa sobre os bagulho e descobri que era ansiedade, eu procurei a melhor forma de ajudar ela e quando ela tinha as crises era eu quem sempre fazia ela melhorar. Geral ajudava, mas achavam que boa parte do tempo era bobeira dela. Só foram da valor ao que ela tinha quando em janeiro a oito anos atrás... Acharam ela... -Ele parou de falar e na hora eu vi o olho dele se encher de lágrimas.

Mafê: Não precisar falar mais. - Falei calma.

Fael: Quando eu te vi, no banheiro naquele estado eu lembrei dela eu queria sair de lá na hora. Tu tava lá toda desesperada, chorando...

Mafê: Eu comecei a ter as crises com quinze anos de idade, acho que um grande motivo foi a perda da minha mãe também. Passei várias e várias vezes na psicologia me ajudava demais, mas quando um chegava em casa eu tinha que ouvi do meu pai que era drama meu, tudo isso pra chamar atenção e mais uma pá de coisa.

Fael: Esse é o mau dos pais tá ligado? Acha que o filho tá fazendo drama, se vê o filho no quarto o dia todo fala que o moleque é preguiçoso, se o filho não trabalha falar que é vagabundo e assim vai. Isso fode com a mente de qualquer um.

Mafê: Eu sempre vou ser grata por tudo que você fez e tá fazendo por mim. Pode ter certeza. - Ele me abraçou de lado e beijou a minha testa.

Fael: Ih pô... A Bárbara tá ligando aqui. - Olhou o telefone que tocava. - Atende aí que provavelmente o assunto é contigo. - Me entregou o telefone.

Atendi e ela queria saber se eu estava bem falei que sim e ela ainda passou o telefone pra Beca que queria ouvir a minha voz de qualquer jeito pra saber se eu estava bem mesmo. Desliguei depois de um tempinho e entreguei o celular de volta pro Fael.

Fael: Vai da cinco da manhã pô. Bora?

Mafê: Vamo você me deixa lá na casa da Bárbara? - Me levantei junto com ele.

Fael: Ia te chamar pra dormir lá em casa. Sem maldade nenhuma! - Me olhou.

Mafê: Tá.

Fael: Cê vai pra lá?

Mafê: Uhum. - Murmurei balançando a cabeça.

Chegamos na casa dele e eu tomei um banho e vesti uma camisa dele como sempre. Não estava a fim de dormir sozinha então pedi pra dormir com ele, que deixou. Deitei junto com ele ali, que me abraçou e apaguei em menos de minutos.

Pôr do SolDonde viven las historias. Descúbrelo ahora