CAPÍTULO 02

381 57 3
                                    

~ David Barnatt ~

Ele havia acabado de chegar em casa. Seu estômago estava dando mil voltas, com os conselhos de sua barriga, foi até a cozinha procurar algo para comer. David era do tipo; faça o que eu mando e um pouco mais, tudo tinha que ser do jeito dele, se não fosse, queria dizer que não era bom o suficiente. Era tudo mais fácil quando não tinha seu irmão gêmeo por perto para importuná-lo com seu jeito ceticista e a pose de santo. Quando ele chegou a cozinha foi surpreendido por sua mãe, Tânia tinha uma pose seria, seu olhar pesado e a boca sem movimento.

— Eu preciso conversar com você, agora. — Disse ela ainda seria. Suas mãos uma por cima da outra nunca era um sinal bom.

— Fala, estou ouvindo. — Respondeu David mordendo uma maça.

— Olha como fala! — Repreendeu ela pelo seu jeito ríspido.

— Desculpe, mãe.

— Sabe onde estão seus irmãos? — Arthur entrou na cozinha totalmente despreocupado quando ouviu sua mãe.

— Estou aqui, mãe. O que aconteceu?

— Preciso falar com vocês. Onde está Vânia?

— Provavelmente dando um rolê com as amigas. — Respondeu David fazendo pouco caso.

— Então okay, depois falo com ela.

— O que a senhora tem de tão importante para conversar com a gente? — Perguntou Arthur atento. David não fazia questão de estar ali ouvindo, mas sua mãe o chamou também.

— Lembram-se que há algumas semanas estávamos procurando um empregado novo para nossa casa?

— Sim, um cara de Ohio? Certo? — Arthur questionou.

— Sim, um pouco longe. Porém, ele estava precisando do emprego e o currículo dele é impecável.

David odiou que sua mãe tenha demitido o único funcionário que o ajudava a fugir da casa pela madrugada para ir em festas clandestinas. Ele não se sentia culpado por fazer o cara ser demitido, apenas iria ser difícil achar outro que pudesse o ajudar a sair dali. Principalmente por causa de seu irmão fofoqueiro, claro, ele nunca disse isso em voz alta.

— Uh, e daí? O que tem a ver comigo?

— Pode parar por um minuto de se achar superior? — Pediu Tânia impaciente. David revirou os olhos e Arthur suspirou.

— Pode continuar, mãe. — Arthur disse massageando as têmporas. David o causava estresse.

— Ele vai se mudar para a casa dos fundos, porquê ele não tinha condição de alugar uma casa aqui perto, nem de ficar pegando três ônibus por dia para vir trabalhar. Então ofereci a casa dos fundos, assim ele não precisa fazer gastos desnecessários.

— Essa é a Dona Tânia que eu conheço! — Disse Arthur a abraçando e a beijando na bochecha.

— Ele não é o espânico? — Perguntou David desdenhoso.

— Ele é italiano. — Respondeu Arthur. — A maioria das pessoas confundem, razão? Nunca saberemos.

— Okay, recado dado, agora tô indo embora. Fui, valeu, o papo estava ótimo. — Disse ele saindo da cozinha, porém foi parado quando sua mãe o chamou.

— David Barnatt! Volte aqui que ainda não terminei. — Repreendeu ela ao filho rebelde. — Ele tem dois filhos, uma garota de 17 anos e um garoto de 16 anos.

— E o que isso tem haver? Vão trabalhar também?

— Não. Você é meu filho, e eu te conheço, não quero que iluda essa pobre garota. Você tem a mente muito suja e não quero que faça nada com nenhum dos dois, mantenha ambos em paz.

— Olha, se ela for gata eu não prometo nada. — Respondeu ele de forma arrogante. Sua mãe estava cansada disso. Ele olhou para o irmão que ouvia calado e riu. — Nem adianta mandar essa réplica ficar me vigiando.

— O que? Quer mesmo passar por cima das minhas ordens?

— Ah, tudo bem. Vocês não tem senso de humor. Não precisa se preocupar, vou manter distância dela. E do garoto também, provavelmente é um Zé Ruela que vai manchar minha reputação impecável.

— Não julgue alguém antes de conhecer. — Disse Arthur o repreendendo pelo o que disse.

— Já disse que vou ficar longe. Não é o suficiente?

— Não é exatamente o que eu quero pedir a vocês. Quero que sejam amigos, que ajudem ambos a se enturmar no colégio. Posso contar com vocês para isso?

— Claro que pode, mãe! — Disse Arthur mostrando um sinal de positividade com as mãos.

— E você David?

— Tudo bem, mas se forem dois retardados chatos não vai rolar.

David era uma péssima pessoa, não se importava em brincar com as pessoas e a única coisa que lhe importava era dinheiro e status. Entre sua família e a fama com milhões de dólares ele preferia o dinheiro. Sentia por sua mãe apenas afeto, amor era uma palavra muito forte. E seu irmão, tampouco se importava muito, gostava perto mas longe não faria falta. David era ambicioso e faria qualquer coisa para ter o que quisesse.

Até a próxima!

Um Último MinutoWhere stories live. Discover now