CAPÍTULO 38

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~ Antônio Zeebur ~

Minhas aulas de espanhol não foram em vão, eu sabia! Nunca fiquei tão feliz, pensou Antônio excitado. Ele, Arthur e Agustina caminhavam pelos corredores da escola, a noite já caia e ele ainda estava animado por ter conseguido improvisar. Nunca ficou tão nervoso, mas também nunca ficou tão animado e satisfeito com algo que fez. Arthur o desejou boa sorte muitas vezes e quando foram liberados, ele veio até Antônio e o parabenizou enquanto abraçava. Agustina também entrou no abraço e isso encheu o coração dele de amor. Seus dois amigos ali ao seu lado o apoiando era o suficiente. Na área externa do colégio, pais esperavam seus filhos em seus carros importados. Agustina falava no celular com o pai e Arthur fazia companhia para Antônio.

— Você mandou bem, parabéns mais uma vez. Bem que sua irmã disse que sua voz era incrível. — Comentou Arthur.

— Ela exagera no que diz. — Respondeu Antônio com as mãos nos bolsos de trás.

— Não acho, ainda acho que ela descreveu de uma forma rala sua voz. Eu descreveria como: incrível, encantadora, apaixonante e–

— Disse “apaixonante”? — Perguntou Antônio ficando de frente para Arthur. Precisava ter certeza para sabe que não tava enlouquecendo.

— Sim, disse. Por que?

— Por nada. — Nesse momento o celular de Arthur tocou. Ele atendeu e suspirou com força. Desligou o telefone e guardou no bolso da calça. — Problemas?

— Sim, com nome e sobrenome. Eu preciso ir, mas queria ficar aqui com você, ou melhor, fazer companhia pra você até em casa. Moramos na mesma casa mesmo. — Respondeu Arthur soando frustado.

— Não, pode ir. Pode ser alguma coisa séria, eu posso ir sozinho pra casa.

— Você tem certeza?

— Sim, eu posso. Não vai ser a primeira vez que tenho que ir pra casa sozinho. Fica tranquilo. — Disse Antônio tranquilizando o amigo. — E eu também preciso ir no mercado antes de chegar ir em casa, não posso deixar para amanhã, ainda está cedo, são apenas 18hrs34mim.

— Posso te dar outro abraço? — Perguntou Arthur abrindo os braços. Antônio virou a cabeça rindo e se encaixou nos braços abertos de Arthur. O abraço estava quente e aconchegante. Agustina chegou e cobriu o rosto para criar humor. Antônio revirou os olhos e soltou Arthur. — Vejo você depois em casa.

— Não tenho certeza, vou acabar dormindo com certeza. — Respondeu ele rindo. Arthur abraçou Agustina de lado e se despediu.

— Uih, clima bom, não é? — Insinuou Agustina.

— Nem vem, okay? Somos amigos.

— Ele sabe disso? — Perguntou Agustina rindo. Logo eles pararam o humor e ela voltou a ser um pouco menos humorada e mais casual. — Eu preciso ir, meu pai chegou, ele quer me levar para um jogo de beisebol.

— Por que? Você não iria dormir na casa da sua mãe de novo?

— Não, ela saiu em uma emergência do trabalho e eles não querem me deixar sozinha em casa. É bem perigoso no bairro dela embora tenha viaturas no bairro que fazem ronda de madrugada. — Explicou Agustina. — Meu pai está saindo com a treinadora desse time de beisebol. Ela convidou ele para ver o jogo e quer me levar pra conhecer ela.

— Oh, ele encontrou o amor novamente. Fico feliz por ele.

— Eu também, ela faz bem pra ele. Os olhos dele brilham quando diz o nome dela. — Disse ela aérea provavelmente lembrando de conversas entre ela e o pai. Um carro parou ao lado deles e buzinou, assustou um pouco ambos mas logo Agustina percebeu de quem era o carro. — É o meu pai, vejo você amanhã?

— Claro, até mais, Agus. — Disse Antônio a abraçando. Ela entrou no carro e acenou para ele. Antônio acenou de volta e recebeu um aceno do pai de Agustina.

Assim que eles saíram, ele começou seu caminho até o supermercado que havia no caminho para a casa. Seus fones de ouvido estavam na mochila junto com o celular, não era nada seguro andar com aparelhos e jóias naquele horário. Bom, as jóias não tinha, mas apenas seu velho celular. Antônio chegou ao supermercado e fez a compra de tudo que faltava em sua casa. Ao passar tudo no caixa, colocou as sacolas dentro da mochila. Assim ficaria com as mãos lives. Começou a cair uma leve chuva, o que causou uma escuridão maior do que o horário trazia naturalmente.

Debaixo da chuva fraca ele voltou seu caminho para casa. Faltavam apenas oito quadras para chegar a mansão. Antônio estava com uma sensação estranha, um frio na barriga. Havia alguém atrás dele, andava com as mãos no bolso  do moletom e capuz na cabeça, um tanto surrados. Ele apertou o passo e o homem que estava atrás dele fez o mesmo. Seu coração batia rápido no peito e seus sentidos se aguçaram. O homem correu e jogou Antônio no chão e tentou levar a mochila, por reflexo ele segurou a mochila e derrubou o homem no chão molhado.

Ele tentou correr mas seu pé foi puxado buscramente, e isso o impediu de ir para longe. Precisava sair dali, seus pensamentos eram os piores possíveis. Ele pegou Antônio pelo pescoço e o arrastou para uma parede atrás de uma caçamba de lixo. Ninguém veria o que estava acontecendo por causa da má iluminação e chuva.

— Você não vai fugir, otário. — Disse ele com uma voz grave.

— ME SOLTA! — Gritou Antônio mordendo a mão dele. Ao tentar fugir levou um soco no rosto. Agora estava no chão com o assaltante colocando o pé em seu pescoço. Sua respiração estava começando a ficar limitada. — O que você quer?

— Primeiro quero que fique quieto. Se não quiser apanhar mais. — Respondeu ele rindo. O coração de Antônio começava a disparar no peito. O homem o agarrou pelo pescoço novamente e o ergueu na parede, seus pés não alcançavam o chão.

— Não me machuque, por favor...

— Com você eu vou fazer o que eu quiser e você não vai dar um pio! — Disse o homem tirando uma faca do bolso. Ele passeava a faca por todo corpo de Antônio, e parou em cima de seu coração.

Até a Próxima!

Um Último MinutoWhere stories live. Discover now