CAPÍTULO 20

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~ Antônio Zeebur ~

Acasa sempre estava arrumada, era incrível como os empregados deixavam tudo um brinco, para depois os amigos de David e ele destruírem sua limpeza. Imagino a frustração da senhora que cuida da limpeza do piso, pensou Antônio ao ser guiado até o quarto de David. A casa tinha um elevador e segundo ele: “a casa é grande e precisamos de tempo, por isso temos um elevador aqui.” Antônio achava gasto desnecessário, afinal tinham uma escada que fazia exatamente o mesmo trabalho bem ao lado da caixa de ferro.

Dentro do elevador, o espaço diminuiu, e isso o forçou a ficar um passo de distância de David. Ele parecia tranquilo por outro lado, e Antônio não relaxava, com David perto nunca poderia relaxar, já havia entendido isso. Suas defesas permaneciam de pé independente de qualquer coisa que ele fizesse para reparar a péssima primeira impressão que Antônio tinha dele. Quando finalmente o elevador abriu, eles saíram e caminharam mais um pouco, então David parou em um porta e a empurrou, com sua mão fez um gesto para Antônio passar primeiro. Idiota, pensou ele.

Seu quarto era extremamente arrumado. Isso surpreendeu Antônio. A decoração era linda, tudo parecia ter sido planejado em cada detalhe, sem dúvidas o arquiteto que trabalhou ali deu um duro danado. Se Antônio ainda não o conhecesse diria que era um cara legal, mas a realidade era outra. Haviam todos os livros de Harry Potter na parede e mais uma instante com bonecos pequenos e cabeçudos de Star Wars, o Mestre Yoda foi o que mais chamou a atenção de Antônio, era pequeno e bonito. Ao voltar o olhar para David percebeu que ele o encarava.

— Bem vindo ao meu quarto. — Disse David e Antônio revirou os olhos. — O que achou?

— Legal, pra alguém como você. — Respondeu Antônio não fazendo questão.

— O que quer dizer com: como eu?

— Um cuzão babaca. — Respondeu ele e David riu. Antônio estranhou essa reação mas não disse muita coisa. Estava esperando uma explosão. — Vamos logo começar o trabalho.

— Tudo bom, estressadinho. É sobre o que mesmo? — Perguntou David se sentando sobre a cama e abrindo o navegador de seu MacBook.

Isso porquê estava interessado no trabalho, pensou Antônio.

— Verbos transitivos e intransitivos diretos na língua espânica. E a importância do estudo das línguas estrageiras na america latina. — Respondeu Antônio. David pegou o notebook e sentou no carpete do quarto, bem aos pés de Antônio.

— Fazemos hoje o trabalho sobre as línguas estrageiras na america latina e amanhã a gente começa e termina o sobre verbos. Tudo bem?

— Sim, por mim tudo bem. — Respondeu Antônio.

O garoto se sentou a alguns metros de distância de David, por garantia. Começava a achar que babaquice era contagiosa. Enquanto Antônio começava um pequeno texto escrito em espanhol para fazer uma pequena introdução de setenta linhas, David pesquisava textos que poderiam ser usados de exemplo e apoio no trabalho, e até mesmo no dia da apresentação da atividade.

— Achei isto aqui! — Anunciou David chegando mais perto de Antônio e mostrando a tela do notebook.

— Não, está muito superficial. — Disse Antônio fazendo careta.

— E esse aqui? — Perguntou ele mostrando outra aba do computador.

— Falta muita informação nesta. Iríamos parecer burros. — Respondeu Antônio.

— Deixa eu ver... E esse? — David deu mais um clique e abriu outra aba.

— Está mais incompleto ainda. Se dependermos do seu navegador estaremos sem nota ao fim do bimestre.

— É difícil de agradar você, não é?

_ Eu sou perfecionista demais. Não curto deixar nada pela metade. — Respondeu Antônio dando de ombros. Com um estalo lembrou-se do que David havia dito. — Além disto, sou nerd, como você faz questão de ressaltar todas as vezes que a gente se encontra.

E eu estava certo. — David disse em voz alta sem nem perceber. — Quer dizer, não que seja ruim ter boas notas e tal.

— Eu sou nerd sim, e me orgulho disso. Por causa disso que tenho muitas das minhas conquistas hoje. Nerds gostam de notas altas.

— Tudo bem. Sendo assim você pode procurar um texto melhor. — Disse David levantando e colocando o MacBook em frente a Antônio. David pegou os pincéis e começou a produzir os cartazes.

— Okay, vai ser melhor.

Antônio colocou o notebook sobre as pernas e com um caderno ao lado destacou os principais pontos aparentandos nos textos. Ele lia cada texto cuidadosamente e tomando o máximo de cuidado para não deixar passar nada. Suas anotações estavam bem detalhadas e ricas em informações, estava ótimo para ele. Mas ainda faltavam algumas coisas. Quando estava prestes a finalizar o texto, Antônio tirou o MacBook das pernas e leu o que tinha escrito minusiosamente, estava atento aos erros de ortografia – quase inexistentes – e outros menos importantes que mesmo sem relevância, precisariam ser corrigidos.

— Como está indo a pesquisa? — Perguntou David se aproximando e olhando por cima.

— Estou quase terminando, falta só revisar e depois passar para os cartazes. — Disse Antônio devolvendo a folha para dentro do fichário, mas ainda deixando aberto.

— Deixa eu ver!

David sentou ao lado de Antônio, leu o papel nas mãos de Antônio sem tira-los do lugar, mas não entendia nada do que estava escrito, não pela caligrafia, afinal sua caligrafia era impecável, mas por estar em outro idioma. Antônio olhou um pouco para o lado ao perceber que David não prestava mais atenção no que estava escrito, mas no rosto de Antônio. Ele engoliu em seco ao perceber que quando virou de lado seu rosto estava muito perto do rosto de David, perto a ponto de sentirem a respiração uma do outro. Essa proximadade fez seu coração bater rápido, seu peito subir e descer por puro nervosismo. Sua mente queria lhe pregar uma peça ao prever o que vinha pela frente.

Até a Próxima!

Um Último MinutoWhere stories live. Discover now