CAPÍTULO 45

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~ Antônio Zeebur ~

Antônio estava se arrumando para o passeio com David naquela tarde, estava tudo bem laranjado e as flores do jardim passavam uma sensação de segurança. Ele sorriu ao lembrar dos beijos que recebeu de Arthur. Foi fofo e bacana, mas sua barriga havia se transformado em um casulo onde milhares de borboletas voavam para todos os lados. Quando ele foi embora para o colégio junto com Agustina, ele tentou mais alguns instantes fazer uma leitura, mas sua visão o sacrificava. Então, quando entrou novamente foi até Gabriella e pediu que o ajudasse a por as lentes, irritavam seus olhos mas seria melhor que não enxergar.

O café da manhã foi tranquilo, embora a todo momento seu pai e Gabriella perguntavam se ele estava bem. Todas as vezes era a mesma resposta. Gabriella não pode ir até a audição, estava trabalhando, ela conseguiu um emprego na lanchonete que foram há alguns dias. Trabalhava as terças-feiras e quintas-feiras. Seu pai achava que ela havia entrando nas líderes de torcida. Por isso não questionou nada. A única requisição para trabalhar na lanchonete era saber andar de patins. Ela não sabia. Seu primeiro dia foi voltado a aprender a sair do lugar. Ela não era ruim, estava apenas sem prática. Por falar nela, Gabriella entrou no quarto e sentou a frente do irmão. Ficou curiosa pra saber onde iria.

— Você vai sair? — Perguntou Gabriella.

— Sim, David me convidou para um passeio. Eu aceitei, espero que não se importe.

— Da fruta que você curte ele quer distância. — Disse ela rindo e Antônio riu também. — Como vão as lentes?

— Incomodando, mas é só falta de costume, logo meus olhos irão se acostumar. Comprar outro óculos agora está fora de cogitação, não estamos rasgando dinheiro ainda. — Respondeu Antônio a olhando.

— Se o papai perguntar onde você foi, o que eu digo?

— A verdade, que eu saí com David e não sabe que horas eu volto. Depois de ontem acho que o papai confia em David cegamente.

Por alguns segundos Gabriella ficou silenciosa. Depois voltou a falar preenchendo o silêncio.

— Ainda não dá pra acreditar que quem salvou você foi David...

— Nem eu acredito nisso, a ficha ainda não caiu.

— Vocês dois se odeiam. Como você aceitou sair com ele? — Perguntou Gabriella totalmente curiosa.

— Depois que ele me salvou, tô tentando dar uma chance pra ele. Talvez se redimindo comigo poderemos ser amigos. — Respondeu Antônio terminando de escolher a roupa que usaria.

— Então agora são amigos?

— Não, eu disse “talvez”. Só aceitei sair porquê não tenho uma forma de agradecer. Bom, fora isso, talvez hoje eu consiga descobrir quem é o David de verdade. Sem farsas, e sem máscara. — Disse ele guardando as roupas que não usaria de volta nas gavetas.

— Isso quer dizer que vão continuar tentando se matar? — Questionou Gabriella rindo. Seu irmão atirou uma almofada em sua cabeça a fazendo rir mais ainda.

— Não. Eu o ofereci uma trégua. Se ele não mexer comigo, eu não o provoco. — Respondeu Antônio dando de ombros. Gabriella suspirou, parecia decepcionada. — O que foi? Parece desapontada.

— Eu? Não, imagina. É só que com vocês brigando eu teria mais chances com ele. Você é melhor que eu em tudo. — Confessou ela sentando na cama.

— Não sou não, você é a melhor de todas. É minha irmã, a melhor do mundo. Você sempre me protegeu e isso te faz mais especial do que muitas garotas que só tem bunda e peito grande. Você tem nobreza, bravura, educação, gentileza, beleza. Entende? Você é incrível. Cada um é bom no que nasceu pra fazer. — Disse Antônio abraçando-a. Eles ficaram naquele abraço por dois minutos praticamente. — E como você disse: Ele não gosta de garotos. E seu eu gostasse, ele seria o último cara com quem eu iria querer transar.

— Eu não, mamãe tá on. Se ele me chama, já tô indo. — Disse ela fazendo referência. Antônio a empurrou na cama e riu. — Vi você conversando com Arthur daqui da janela. O que rolou ali? — Perguntou ela maliciosamente.

— Nada. Beijos ajudam males a se curarem. — Respondeu a Antônio entrando no banheiro. Ele só pode ouvir a risada de sua irmão ao lado de fora.

Até a Próxima!

Um Último MinutoWhere stories live. Discover now