CAPÍTULO 16

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~ Arthur Barnatt ~

Ele estava feliz por sua irmã estar junto deles novamente, geralmente ela ficava na casa do pai, mas amava estar na casa da mãe com os dois irmãos. Vânia era uma boa garota e sempre ajudou os irmãos, mesmo que fosse mais nova, com certeza tinha vivido mais coisas do que Arthur ou David, grandes traumas foram superados e mesmo tendo ansiedade e depressão, ela todos os dias se superava com garra para vencer mais um obstáculo. Arthur a tinha como um exemplo a ser seguido.

Em poucas coisas ele a achava parecida com Antônio. Ambos eram odiados por todo mundo sem motivo e enchiam a paciência de ambos com se fossem sacos de batatas. Antônio, mais uma vez os pensamentos de Arthur se voltavam ao garoto com lábios sabor cereja. Ele sabia que tinha apenas sido uma manobra simples e não um beijo, mas era estranho beijar um cara pela primeira vez assim. Era estanho e bom ao mesmo tempo. Parecia tão errado, mas tão certo também. Porém Arthur estava feliz, salvou uma vida com os exercícios que nunca achou que precisaria usar algum dia.

Depois de tomar café, Arthur foi até a garagem e pegou seu carro. Durante seu percursso, em alguns momentos conseguiu ver a moto de seu irmão costurando o trânsito, ele sabia a placa, a tinha memorizada na cabeça, então tinha certeza que era ele. Em um certo momento ele simplesmente parou na calçada e conversou com um pedestre, Arthur não prestou atenção em quem era e apenas seguiu seu caminho para o colégio. O rádio do carro estava em um estação aleatória, mas o radialista sabia o que por para agradar os ouvidos de seus ouvintes diários, uma música boa é sempre uma ótima companhia para um lobo solitário.

Além disso, Arthur amava as músicas de Harry Styles, e no rádio por coincidência estava tocando “Sweet Creature”. Enquanto ouvia a canção, apenas vinha em sua mente um rosto, o de Antônio. Uma criatura doce, pensou ele.


Com certeza David não perdeu sequer uma chance de incomodar ou importunar Antônio. Conhecia bem seu irmão e sabia o quão chato e irritante podia ser. Alguma hora ele iria acabar perguntando a um dos dois o que aconteceu, possivelmente teria versões diferentes da história e opiniões iguais de um sobre o outro. Iria ser ótimo ter um amigo que não fosse mesquinho. Além do mais, Gabriella também parecia ser como o irmão, uma pessoa boa. Eles conversaram por um tempo antes de irem dormir via chat do Snapchat, Arthur não podia negar que gostou da conversa.

Chegando na escola ele teve grandes dificuldades para encontrar uma vaga livre no estacionamento, sua caminhonete era um tanto espaçosa e não tinham muitas vagas grandes sobrando. Quando Arthur finalmente entrou no colégio percebeu a quantidade de alunos que já circulavam ali, todos apressados e esbarrando uns nos outros para irem até suas turmas.

Arthur estava indo para a sua sala, mas viu Antônio guardando suas coisas no armário, algumas inclusive caíram no chão e quando ele juntou tudo acabou percebendo que Arthur o observava. Pela sua expressão tentava indetificar quem era, se era David ou Arthur. Ele chegou perto e acenou.

— Oi!

— Você é o Arthur ou o embuste chamado David? — Perguntou Antônio da forma mais gentil que conseguiu. Ele gostou do deboche sutil na pergunta de Antônio.

— Ainda não consegue diferenciar a gente? — Perguntou Arthur e Antônio estreitou os olhos esperando uma resposta. — Depois eu ensino você. Eu sou o Arthur.

— Desculpe, ainda não sei. Vocês são uma cópia perfeita um do outro. A diferença é que um é podre.

— No início é sempre assim, mas está tudo bem. Qual sua turma agora? — Perguntou Arthur.

— C-51, Espanhol. Com o bocó do seu irmão, tenho tanto azar que até satanás duvida.

— Você detesta ele, não é? — Perguntou Arthur rindo do jeito de Antônio.

— Sim, seu irmão foi um tremendo idiota desde a primeira vez que a gente se viu. Dele, quero distância. — Respondeu Antônio com sinceridade. Ele fechou o armário e começou a caminhar ao lado de Arthur.

— Sinto muito por isso, aliás.

— Você não tem que sentir nada, não foi sua culpa. — Disse Antônio com sinceridade.

— Bom, e sua irmã? Conversei com ela ontem pelo Snapchat mas acabei não perguntando como estava sendo essa mudança de escola, de cidade e até mesmo de vida.

— Ela sabe se virar, fez amizades novas aqui com uma galera. Ela se adapta bem fácil, como um camaleão.

— Isso é bom. —  Comentou Arthur. Eles pararam no corredor olhando para frente, onde estava a sala de aula que Antônio teria que entrar. — Olha, Antônio eu–

— Toni, pode me chamar de Toni. — Disse ele cortando Arthur.

— Toni, eu queria dizer que caso precise de alguma coisa pode falar comigo, eu vou estar aqui para te ajudar, tudo bem?

— Valeu, isso é bem gentiu da sua parte, Arthur.

— Pode me chamar de Thur se quiser. — Respondeu Arthur de forma distraída. — Bom, agora tenho um exame de aritmética avançada, então preciso ir porquê já estou atrasado.

— Tchau e boa sorte, Thur.

— Obrigada.

E assim, cada um foi para sua turma. Dentro da sala, David olhava desconfiado para o que aconteceu ali fora, mas abriu um sorriso quando Antônio o viu, por outro lado ele apenas revirou os olhos e sentou o mais longe possível de David. Arthur fez um progresso, conseguiu permissão para chamar Antônio pelo apelido, para ele estava ótimo para um começo de amizade.

Até a Próxima!

Um Último MinutoWhere stories live. Discover now