Um Último Minuto

CAPÍTULO 46

 ~ David Barnatt ~

David agora sentia que deu algum passo positivamente com Antônio. Não era um grande passo, mas é aos poucos que se conquista. Era um começo. Ele agora precisava apenas ser como Arthur, legal com todo mundo. Sua única preocupação ainda era sobre Gabriella, esperava que Antônio ainda acreditasse que sua irmã gostava de Arthur. Bom, se descobriu a mentira e não disse nada, iria mata-lo quando soubesse o real motivo da mentira ter sido criada. Fora que ele iria fazer questão de esfregar na cara de David que ele ainda era um babaca em sua perspectiva.

Ele estava no jardim esperando Antônio. Chamá-lo para sair não foi tão difícil quando pensou, ao menos pra ele, achou que seu corpo e sua boca iria relutar em fazer o convite, mas ele disse, e pra sua surpresa, Antônio aceitou. Ele estava cada vez mais perto de cuspir em sua cara e humilhá-lo, seria o preço a ser pago por ter se metido na vida perfeita que David tinha. David observou alguém indo em sua direção pelo caminho de pedras do jardim, as flores vermelhas o guiando pelo caminho e o pôr-do-sol brilhando sobre sua pele branca o valorizava. Ele tinha que admitir que o rapaz não estava tão ruim, estava apresentável ao menos.

Antônio se aproximou e David abriu a boca algumas vezes mas nada saiu. Nada externamente, por dentro estava o xingando por tê-lo feito o elogiar.

— Oi, você está bonito. — Disse David.

— Valeu? — Respondeu Antônio meio incerto do que dizer. Só então ele notou os olhos castanhos de Antônio sem óculos. As luz do Sol os dava um brilho especial. Por alguns segundos David se sentiu hipnotizado. Porra, puta que pariu, caralho, pensou David o olhando dos pés a cabeça.

— Cadê seus óculos? Está enxergando? — Perguntou ele passando a mão de cima pra baixo várias vezes sobre o rosto de Antônio. Ele se irritou levemente e deu um tapa na mão de David para que parasse com aquilo.

— Tô de lente babaca. — Respondeu ele levemente irritado. — Bom, onde vamos?

— Dois lugares que eu gosto de ir aos fins de semana, é ótimo.

— Você não respondeu minha pergunta 100%.

— Ainda tem um pé atrás em relação a eu, não é? — David perguntou iniciando uma caminhada até a frente da garagem.

— Não, não tenho.

— Sério? — David estava surpreso.

— Sim, não tô com um pé atrás por você. Estou com os dois. — Nesse momento David se frustou mas riu mesmo assim. — De que está rindo?

— De você. Tenho certeza que esses dois pés vão confiar mais em mim depois de hoje. — Respondeu David piscando o direito.

— Confiante demais eu diria.

Ambos chegaram na moto de David, ele estendeu um capacete para Antônio e colocou o outro em sua cabeça. David virou-se para Antônio e verificou a fivela para que não soltasse. Antônio lentamente removeu sua mão, ela perto de seu pescoço não estava confortável. David pegou uma mão de Antônio e a segurou.

— Eu quero que você me conheça hoje... Conhecer de verdade.

— Tudo bem, mas sem gracinhas. Tente me beijar outra vez que eu dou um jeito de você caber dentro do escapamento da sua moto.