CAPÍTULO 68

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~ Antônio Zeebur ~


— Qual o nome dela? — Perguntou Antônio.

— Lívia. Ela tem dois filhos, eles também são muito simpáticos e estudam aqui. — Agustina dizia olhando para o alto, parecia mais falando para si mesma. — Uma vez ela me contou uma história enquanto eu esperava meu pai, ela contou que hoje teria uma filha um ano mais velha que eu se o pai não tivesse desaparecido com ela e o filho. Ela tinha um ano e ele alguns meses.

— Que triste... Se fosse eu, estaria procurando até hoje.

— Ela procura até hoje, mas nunca acha nada relevante, sempre que ela os acha em alguma cidade, eles já se mudaram. O último lugar que ficaram foi em Nashville e depois disso viraram fantasmas, não os achou.

— Detetives? — Perguntou Arthur interessado na história.

Quando Agustina afirmou, Karen foi detectada ao longe correndo com uma bandeja de comida em mãos, ela conhecia a história melhor que Agustina, inclusive detalhes sórdidos. Ela se aproximou ao ouvir que estavam falando sobre Lívia.

— Eu morei em Nashville por 2 anos e meio, antes de me mudar para Ohio. — Antônio comentou começando a comer sua comida.

— Posso entrar na conversa? — Karen perguntou sentando ao lado de Agustina. Todos afirmaram com a cabeça e ela esfregou aos mãos. — Ela sabe que eles não morreram por causa do “sexto sentindo materno”.

— O que diabos é isso? — Perguntou Antônio rindo.

— Minha mãe sempre diz que é um brinde que Deus colocou em cada mãe pra saber quando seu filho estiver em apuros. — Agustina explicou e Antônio assentiu que havia entendido.

— Bom, ela pessoalmente vai em cada cidade atrás deles, ela descobriu que ambos possuem seu tom de pele e que a garota tem a fisionomia dela quando mais nova. — Karen contava tudo com o ar sombrio de suas palavras. Como se fosse uma lenda urbana jamais contada. — Eu nunca descobri o que é, mas a senhora Lívia sabe que ambos tem uma marca de nascença.

— Todos temos, certo? — Perguntou Arthur para eles.

— Sim, por isso é o difícil, ela nunca disse pra ninguém qual é a marca, um sinal, uma mancha, uma anomalia, um dedinho torto ou–

— Dedinho torto? — Perguntou Agustina com as sobrancelhas arqueadas.

— Pode ser qualquer coisa. — Disse Karen dando de ombros.

— Deus me livre de você, um stalker parece menos informado. — Antônio disse arregalando os olhos e rindo.

— Que horror, eu sou apenas uma futura investigadora federal. — Karen debochou assoprando as unhas.

— Antes que eu esqueça, tem um jogo de basquete no condomínio na quinta-feira. Vocês duas estão convidadas pra irem. — Arthur avisou e ambas assentiram.

— Eu vou, mas depois vou tirar um tempo pra mim, se afastar do mundo. — Agustina disse de forma sombria. Todos se encararam até Karen rir.

— Isso é, ir pra casa da árvore no quintal da casa da mãe dela e se entupir de música dos anos 80. — Karen traduziu rindo. O ambiente parecia descontraído e sem pressão.

Todos na mesa riram, e risadas melhoravam qualquer astral. A campainha tocou os assustando, por alguns segundos todos amaldiçoaram a moça que apertava o botão na cantina. Podiam dar um desconto para os alunos, pensou Antônio rindo. Eles levantaram e se despediram. Agustina e Karen teriam aula juntas de sociologia enquanto Antônio iria ter geografia. Arthur estava com horário vago mas não podia ir pra casa, ainda teria aula.

Um Último MinutoOnde histórias criam vida. Descubra agora