CAPÍTULO 59

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~ Antônio Zeebur ~

Antônio nunca havia se sentindo tão pressionado, esperava que fosse apenas um calor de momento e logo estaria bem. Também precisava de uma desculpa para evitar Arthur sem parecer que estava ignorando ele. Karen e Antônio finalmente pararam sua maratona de corrida em frente ao armário do zelador. Karen se agachou e sentou no chão com as costas na parede, o corredor estava vazio, havia apenas os dois. Antônio sentou ao seu lado e respirou fundo sentindo seu pulmão doer pelo sedentarismo que o cercava ultimamente.

— O que você precisava me contar de tão urgente? — Perguntou Antônio. Ela havia dito algo sobre assuntos importantes também.

— Nada, não. Era só pra tirar você de lá, o que rolou? Eu notei o climão. — Comentou ela.

— Você e a Agus me aconselharam a conversar novamente com a minha irmã. Lembram?

— Claro, isso foi ontem, eu não tenho memória curta como você. — Respondeu ela rindo. Karen logo se portou corretamente e o olhou incrédula. — Você conversou com ela!?

— Sim, eu falei, e ela desta vez me contou a verdade. Estava confusa.

— Isso quer que ela é apaixonada por Arthur?

— É o que ela disse. Sendo assim, eu não posso fazer nada, se ele é a felicidade que ela procura, fico feliz por ela.

— Isso é uma pena. Você vai se afastar dele?

— Já estou me afastando, o climão que você pegou ali foi exatamente eu recusando um passeio e tentando achar uma desculpa.

— Poxa, eu realmente torcia por vocês. São tão fofos um perto do outro que parecem um casal.

— Karen, seja menas, por favor. Nós nem namorávamos e ele muito menos se quer pensou na possibilidade de gostar de mim a cima do patamar da amizade.

— Mesmo assim, acho que você teriam sido felizes juntos.

— Éramos e somos só amigos. — Insistiu Antônio. Karen suspirou e soltou os ombros.

— Meus pais e todos os casais desse mundo eram apenas amigos também. — Respondeu ela rindo.

— É, menos os que se odiavam nos filmes clichês.

— Tomara que isso não esteja no script, já pensou se você no final da história acabasse casando e tendo filhos com o David?

— Ew, arrepiei só de pensar. Está repreendido em nome de Jesus, antes disso eu peço uma morte comendo chumbinho. — Retrucou Antônio se tremendo dos pés a cabeça. Ele se levantou e virou-se para a amiga. — Isso aqui não vai ser um clichê, acho falta de senso por o mocinho principal com o vilão, o filho da puta que maltratou ele do início ao fim e só parou porquê acidentalmente se apaixonou.

— É, mas todos amam um clichê.

— Não sou todo mundo, como diz meu pai. — Disse Antônio pegando seu celular. Estava quase atrasado para entrar em sua turma

Karen e Antônio começaram a andar pelo corredor em direção as escadas para ir para o próximo andar. Antônio e Karen não tinham muito a ver um com outro, mas sinceramente estavam melhores unidos e amigos do que inimigos. Um trio estava se formando e eles esperavam que durasse para sempre. No caminho para a sala, Antônio passou por seu pai, ele parecia irritado e carregava papéis em suas mãos. Talvez não havia sido tão agradável na diretoria da escola. Ele tentou disfarçar a irritação na frente filho mas não deu certo. Francisco logo se foi e deixou os amigos sozinhos novamente. Na porta de entrada da sala, Karen estava inquieta.

— Vai dizer o que é ou vai explodir em borbulhas? — Perguntou Antônio tonto ao ver a amiga rodar pela terceira vez. — Daqui a pouco você abre um buraco no chão.

— Sua irmã destruiu meu shipp, que raiva. — Respondeu ela totalmente indignada com Gabriella.

— Shipp? Você fez um shipp para um casal que nem existia? — Antônio perguntou incrédulo.

— Eu sou fanfiqueira! Porém isso não quer dizer que era Unreal. Se toca, meu filho.

— Na verdade era Unreal, pois não teve chance alguma de ser real.

— Não estraga minha felicidade.

Antônio deu de ombros e riu. Eles entraram na turma e sentaram um ao lado do outro, ambos procuravam por Agustina mas não a viam, estava atrasada ou não iria a escola. Karen por um instante virou para a porta e instigou Antônio a olhar também, era David quem havia acabado de chegar. Eles trocaram breves olhares e David piscou discretamente o olho direito. Antônio – de forma nada discreta – sorriu e lhe mostrou o dedo médio. David por ironia pegou o dedo e pôs sobre o coração como se fosse um presente beijando a própria mão.

— Me diz, como você descobriu sobre sua irmã gostar de Arthur? Está trabalhando para o FBI ou entrou na MIT?

— Nem um, e nem outro. Bem que eu gostaria.

— Me conta, eles nem sempre estão juntos, pra ser sincera nunca vi os dois juntos por mais de um minuto. — Exigiu Karen. — Ele passa mais tempo com você do que com ela, na verdade.

— O Gustavo andou conversando com ela, e ela lhe confidenciou esse sentimento pelo irmão dele.

— Ele plantou a semente da discórdia na sua cabeça oca.

— E pelo visto estava certo. Ou seja, não fui tão idiota de ter acreditado nele, não é? — Disse Antônio pegando seus livros. A professora Martina era severa e odiava conversas em sua turma de aula, mas ainda faltavam dois minutos para aula começar. Dois minutos de rebeldia, pensou ele rindo.

— Olha, não quero me intrometer, mas já me intrometendo. Essa história está estranha, mesmo que você tenha ouvido da boca dela própria isso. Mesmo que seja sua irmã, não acredito, sinto muito. Sem querer desrespeitar mas ela até uma semana achava que você queria o Cara Infernal dela, não é suspeito ela voltar atrás de algo que já tinha negado?

— Ela não mentiria pra mim, nós temos um pacto, ambos nunca mentiram um para o outro independente de qualquer coisa.

— É só minha opinião, não precisa ouvir.

— Não, tudo bem. Eu aceito o palpite. — Disse Antônio sorrindo.

Martina bateu os livros sobre a mesa e o sinal de silêncio foi estabelecido. Arthur passou no corredor olhando para dentro da turma, estava com um olhar diferente mas mesmo assim conectou por segundos o olhar com Antônio e sorriu... Antes de Martina bater a porta com força na cara de ambos.

— A aula é aqui dentro, senhor Zeebur. — Disse ela em voz alta. Antônio odiava quando as pessoas olhavam estranho para ele ao ouvirem seu nome do meio.

— Vamos estudar que é melhor. — Sussurrou Karen abrindo seu enorme fichário.

Ela não tinha pena dos alunos, mas não queria dizer que era uma professora ruim, não, longe disso, era uma das mais experientes e gostava de ver seus alunos na vida adulta totalmente no topo. Todos ficaram em silêncio e Martina começou a andar em frente ao quadro com sua régua de 95 centímetros mas mãos. Antônio imaginava tudo que ela já havia feito com aquele instrumento em mãos.

Até a Próxima!

Um Último MinutoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant