CAPÍTULO 62

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~ David Barnatt ~

Tudo estava correndo como ele queria. Sentia que em breve teria Antônio em seus braços para destruí-lo. Ele havia começado a fugir de seu irmão, o que o dava uma grande vantagem. Gabriella havia cumprindo com sua parte do plano - o qual ela não fazia idéia que estava o ajudando - e tudo estava ao seu favor. David sabia que ainda teria que ralar muito se quisesse que Antônio ao menos quisesse o beijar, era implacável e impenetrável. Bom, eu vou penetrar ele de qualquer jeito, pensou David com um sorriso sujo enquanto o observava.

Antônio parecia querer sair de perto de David e evitar conversa, mas ao mesmo tempo aparentava estar curioso para saber do que se tratava a conversa que teriam. Eles iniciaram uma caminhada pelas dependências da propriedade em silêncio. David não podia mentir, gostava de estar sem brigar com Antônio desse jeito na minoria das vezes. Eles pararam próximo a uma treliça enfeitada com rosas vermelhas e se sentaram sobre um banco de pedra.

- Então, qual a sua urgência, David? - Perguntou ele.

- Quero apenas conversar com você.

- Só isso? - Perguntou desconfiado.

- Você ainda me odeia? - David não havia planejado isso, foi uma curiosidade verdadeira e automática.

- Talvez. - Respondeu dando de ombros. Isso afetou um pouco David. Esperava uma resposta diferente do usual.

- Tudo bem... - David perdeu o foco, mas logo lembrou o porquê de chamá-lo a uma conversa. - Eu percebi que você está "fugindo" do meu irmão.

- Uh, impressão sua.

- Eu não sei, fazer isso pela sua irmã é dureza. Se vocês namoravam, não deveria deixá-lo de mão-beijada pra ela. - Disse David escondendo sua pretensão. Dava um ar de inocência a sua frase.

- Nós nunca tivemos nada, okay? Nada! - Exclamou Antônio levantando rapidamente do banco. Ele estava irritado com as insinuações de David e isso apenas atiçava mais o rapaz.

- Calma, não está mais aqui quem falou.

- Tenho certeza que não me chamou aqui só pra perder seu tempo falando de Arthur, anda, solta o verbo. - Exigiu ele.

- Tudo bem, eu só queria ganhar tempo pra formular um pedido. - Disse David com aos mãos levantadas em forma de rendição. - Como não consegui pensar em nada, vou pela raiz, quer sair comigo amanhã a noite?

- Não sei se vai dar, eu tenho mais o que fazer. - Respondeu ele sorrindo em sarcasmo.

- E se eu disser que tô gostando de você de verdade?

- O que?

- Você é quem eu quero.

David levantou e o agarrou pela cintura. Antônio prendeu a respiração e tentava se desvincular de David, mas seus comandos saiam trêmulos e nervosos. Ele sabia que Antônio não resistiria por muito mais tempo, porém isso não o impedia de brincar mais um pouco com as emoções de Antônio. Eles mantinham os olhares conectados.

David não estava mais sobre o controle dos próprios atos.

Lentamente suas bocas foram se aproximando, causando euforia em ambos. Antônio se sentia assustado e David deslocado. Os lábios de ambos se conectaram em um beijo, um beijo curto, porém cheio de emoções. Raiva era a mais forte, Antônio não queria ter se deixado ser beijado por David, e o rapaz tão pouco queria ter dado esse beijo.

Porra, porra, porra, porque merdas eu fiz isso? Pensou David ainda com as mãos na cintura definida de Antônio.

- Vamos sair amanhã, quero levar você a um lugar bacana. - Disse David quando recuperou seus sentindos. Antônio ainda não havia dito nada, apenas saiu andando sem nem olhar para trás.

De longe, Gabriella observava de trás de alguns arbustos a cena, incrédula e magoada. Seus sentimentos foram esmagados e ela estava ferida. Ver o cara quem ela ama beijando seu irmão foi demais, não conseguia acreditar que seu irmão foi tão oferecido a esse ponto. Mesmo que não soubesse, poderia ter perguntado antes. Ele perguntou várias vezes mas nesse momento ela não conseguia lembrar de nada, apenas sentia ódio.

Em sua cabeça vendo o beijo que trocaram, pensava em como era idiota, não conseguia entender porquê os dois de uma vez, seu irmão era egoísta. Era um sonho, ou pior, um pesadelo. Não havia dito que gostava de Arthur para perder David para seu irmão pentelho. Ele deveria tomar cuidado, ela não deixaria que fosse roubado dela.

Enquanto isso, David permanecia com as mãos nos lábios, seus dedos passeando por onde há alguns segundos atrás os lábios de Antônio estava. Odiou ter gostado do breve beijo, mas sabia que não era recíproco e preferia assim. Um sentimento começou a tomar conta de seu corpo: medo. Medo de estar se envolvendo, de estar gostando de verdade de estar com Antônio, de beija-lo e senti-lo a cada toque. Não seria nada bom para ele que isso acontecesse. Precisava seguir com o plano, custe o que custar a ele.

Até a Próxima!

Um Último MinutoWhere stories live. Discover now